A chave do portal



Capitulo 1:
A chave do portal

Ħ Virginia Weasley Ħ

- Droga! Atrasada de novo! Desse jeito o Sr. Rivers vai me demitir! - ela exclamou correndo para o banheiro. Não daria tempo para tomar o banho que tanto gostava. Escovaria os dentes e se desse, sorte pegaria uma maça na cozinha antes de aparatar no departamento.
- Acordou atrasada de novo, Vi? - perguntou a amiga sentada á mesa da cozinha tomando café calmamente.
- É, Li. De novo. Estou indo, se conseguir volto para o almoço...
E sem dizer mais nada, desaparatou.

***

- Bom dia, Srta. Weasley!- disse um homem de aparente meia idade.
- Ah, bom dia Sr. Rivers, eu tenho uma boa explicação de estar chegando á essa hora. - ela tentou justificar-se, mas o homem que se entendia como John Rivers a impediu.
- Eu já conheço as suas explicações, Srta. Weasley. - ela abaixou a cabeça - Mas temos problemas mais sérios para resolvermos. O Sr. Potter virá aqui essa tarde para resolvermos o que faremos com os Malfoy's. Parece que Lucio Malfoy não sairá fácil dessa... Foi pego com a boca na botija, ou melhor, a varinha em cena!
- Todos os Malfoy's? - perguntou a jovem Weasley sobressaltando-se.
- Não, senhorita. Parece que tivemos uma pequena ajuda do jovem Malfoy. Ele entregou de bandeja onde o pai e a mãe atacariam. Só temos que ficar de olho caso isso seja alguma armação...
Ela assentiu e perguntou:
- Sr. Rivers, que horas o Sr. Potter virá?
- Por volta das onze horas. Por que? Algum compromisso?
- Não senhor. Só gostaria de almoçar em casa. Sabe, Eliza está me esperando...
- Veremos isso mais tarde, senhorita. Hora de trabalhar, e a senhorita já está atrasada.
- Eu estava indo a direção a minha sala nesse exato momento, senhor.
- Então pode continuar o seu caminho.
O homem saiu pelo corredor de portas e Virginia Weasley seguiu o lado contrario. Abriu uma das ultimas portas do corredor do departamento de controle da magia negra. Abriu a porta onde havia a plaqueta escrita "Virginia Weasley, controle das varinhas".
Sentou-se á sua mesa, olhou para o porta-retrato: sua melhor amiga, - com quem dividia a casa onde morava - Eliza Nuttall e ela própria sorrindo animadas. Lembrou-se do dia que tirara a foto: um passeio á rua trouxa onde moravam, foi no mesmo dia em que se mudaram para lá.
Elas se conheceram na faculdade bruxa de Grenwim, na Alemanha. Virginia estava preste a se formar em uma Auror, quando conheceu Eliza, que também se formaria no mesmo ano que Virginia, porem em professora de estudos dos trouxas. Por esse motivo moravam em uma rua desse tipo de gente.
Virginia classificava a amiga como "doida". E a "doida", por sua vez, classificava-a como "careta".
A "doida" tinha 23 anos, com cabelos curtos na altura da nuca, loiros, os olhos cor de mel e misturava-se aos trouxas com muita facilidade. Apesar de ser sangue-puro, assim como Virginia, Eliza sempre foi apaixonada por trouxas, igual ou mais, que o próprio Artur Weasley, pai de Virginia, morto quando a mesma estava com vinte anos.
Virginia estava com 25 anos. Seus cabelos ruivos não mudaram muito, apenas cresceram e estavam, agora, no meio de suas costas. Seus olhos chocolates não tinham o mesmo brilho de quando era a simples irmã caçula de Rony Weasley, apaixonada por Harry Potter. Era agora uma mulher tanto melancólica, por mais que fizesse a todos rir. E risse também, era difícil vê-la sem um sorriso nos lábios, mas seus sorrisos não atingiam aos olhos, sempre tristes. Nem mesmo Eliza, quem Virginia contava os maiores segredos sabia o por que te tanta melancolia.
Foi quando lembrou o por que chegara atrasada naquele dia e em tantos os outros: sonhara com ele de novo. Ele estava com aquele sorriso que só dirigia a ela. O olhar. Seus olhos que tanto lhe lembravam a...
- Olá? Tem alguém aí?
Uma mão balançava na frente de seu rosto quando ela percebeu que tinha mais alguém na sala.
- Desculpe entrar sem bater, mas achei que não fosse preciso, a porta estava aberta!
- Claro que não Harry. Eu estou um pouco desligada hoje... Desculpe.
- Há... - ele sentou-se na cadeira de fronte á ela - Ele ainda habita essa cabecinha, é?
- Hã? - ela perguntou sentindo o coração bater mais rápido, como ele poderia saber, se nem Eliza, que convivia quase 24 horas do dia com ela não sabia? No Maximo, as pessoas com quem Virginia tinha um contato que poderia saber era Hermione. A não ser que ela tivesse contado á Harry sobre isso.
- O Sr. Rivers. Está com medo dele te despedir, é?
- Ah, é. É isso sim... - ela respirou aliviada.
- Não se preocupe, o velho te adora. Ele nunca teve filhos e te trata como uma.
- É. - isso era verdade, o Sr. Rivers não era um simples patrão, era feito um pai. Desde a morte do pai, o Sr. Rivers foi quem mais ajudou a família Weasley. Era mesmo um homem de ouro.
- Alguma coisa mais está perturbando essa cabecinha? - perguntou levantando-se e sentando-se na beira da mesa, ficando mais próximo á ruiva.
- Só estou com uns trabalhos e queria almoçar em casa...
- Bem, quando eu terminar o meu serviço aqui posso trocar uma letra com o John que te levaria para almoçar fora...
- Você faria isso por mim? - perguntou levantando-se.
- Faria. Com uma condição...
Ela se jogou na cadeira novamente cruzando os braços.
- Fala logo...
- Que eu almoce com você.
- Só isso? Então almoçaremos na minha casa. - ela levantou-se de novo, ficando de frente para o namorado.
- Eu estava com saudades, Virginia. - ele acariciou-lhe a face.
- É... Pra quem pensou que assim que Voldemort fosse derrotado tudo seria mais fácil...
- Mas isso tudo já esta acabando. Ganhamos uma ajuda inesperada. Adivinha quem?
- Draco Malfoy. - ela disse em tom monótono, enquanto o namorado a segurava pela cintura.
- Como você sabe? - perguntou chateado por não ser o primeiro a contar a novidade.
- O Sr. Rivers me contou algo do tipo: "O jovem Malfoy nos ajudou a colocar os pais em Azkaban".
- Também não é assim! Ele nos ajudou a pegá-los no flagra, mas ainda não os mandamos para a prisão, foi por isso que eu vim aqui hoje. E também porque estava morrendo de saudades da namorada mais linda do mundo!
Ele inclinou-se para dar-lhe um beijo, mas um rapaz jovem, de apenas 19 anos bateu na porta entreaberta.
- Desculpe atrapalhar, mas - o rapaz ruborizou - o Sr. Rivers está lhe chamando, Sr. Potter.
- Estou indo, Michael. - disse Harry mal-humorado.
O rapaz chamado Michael saiu da sala, deixando Virginia e Harry a sós novamente.
- Tenho que ir, meu amor. O dever me chama! - deu-lhe um beijo rápido e saiu pela porta, mas pondo somente a cabeça para dentro da sala outra vez e disse: - Eu passo aqui para te levar para almoçarmos! - e sumiu, não sem antes lançar um beijo ao ar.
Virginia respirou fundo antes de começar a trabalhar pra valer.

***

- Foi um dia bem atarefado, hoje, não foi? - perguntou Harry quando estavam na sala de estar da casa de Virginia e Eliza, no final do dia: Ele, a namorada, e a amiga de sua namorada.
- Foi. E o que resolveram em relação aos Malfoy's?
- Tentamos arrancar o Maximo de informações deles. Eles disseram que ainda há comensais espalhados por aí. Poucos, uns três ou quatro, mas nada que com a ajuda do herdeiro dos Malfoy's não possa nos ajudar a captura-los.
- E o que fizeram com Lucio e Narcisa? - perguntou Eliza, que estava por dentro dos acontecimentos do pós-guerra.
- Azkaban. - respondeu Harry secamente, por ter alguém como "candelabro" para ele e Virginia.
Eliza pareceu perceber, pois soltou um bocejo que se fosse um teste para teatro a expulsariam alegando que ela estava de curtição com a cara deles. Disse um "boa noite" e subiu para o quarto.
- Finalmente, achei que ela nunca fosse se mancar! - exclamou Harry, aproximando-se de Virginia.
- Harry, por que você tem essa implicância toda com a Li? Você sabe que por anos ela foi minha única amiga!
- Foi única por que você cismou de fazer faculdade fora da Inglaterra. Você nunca me disse o por que de ficar longe da sua família por cinco anos.
Assim que terminara Hogwarts, aos dezessete anos, Virginia decidira fazer faculdade fora da Inglaterra. Aos 22 anos, com a faculdade concluída ela voltou a Inglaterra, com Voldemort derrotado, trouxe também Eliza, na época com 21 anos.
No mesmo ano que voltara ao país natal, arrumou trabalho no ministério da magia e Eliza em Hogwarts.
- Ah, Harry, quantas vezes vou ter que lhe dizer que eu queria conhecer novos territórios?
Ela levantou-se da poltrona e foi até a janela. Estava um fim de tarde nublado. As nuvens cinzas e sem graça diziam a ela que teria sido melhor se tivesse permanecido em seu lugar, pois vendo o céu daquela cor lhe trouxeram lembranças que desde aquela manha ela não havia pensado mais. O céu lhe lembrou de imediato a cor dos seus olhos. Os olhos a quem ela poderia passar horas observando sem nenhum receio. Quando a voz de seu namorado lhe tirou de seus pensamentos como um solavanco, embora ele nem houvesse tocado nela.
- Eu sei, Vi. Não vamos mais falar nisso, Ok?
- Está bem. - ela virou-se para ele e viu que ele estava em pé atrás de si.
- Eu tenho que ir. Amanha terei uma visita desagradável e terei que descansar para me manter em pé.
- Hum, e quem é essa visita desagradável? Não me diga que é a Sra. Cho Chang Wood?
- Não. Não será a esposa do Olívio, Srta. Ciúmes. - ele a abraçou com ar zombeteiro.
- E quem é?
- Draco Malfoy. Ele marcou uma hora comigo. Falou que quer conversar. Provavelmente sobre sua herança. Acho que certas coisas nunca mudam...
Virginia não escutava mais. Ele iria lá? Estaria perto dela novamente. Afinal, a sala de Harry era depois da sua, ele teria que passar pela sua porta.
- Eu vou indo. Tem certeza que não quer dormir lá em casa? - ele deu um sorriso maroto.
- Absoluta. Ainda mais agora que você me disse que precisa descansar...
- Eu e minha boca grande! - ele reclamou - Então vou indo. Durma com os anjinhos, já que não quer dormir comigo.
Virginia deu um sorriso forçado.
- Boa noite Harry.
Ele deu-lhe um beijo e desaparatou.
Subiu as escadas, passou pelo quarto da amiga, e mais umas três portas, que eram quartos desocupados até chegar no seu próprio. Deitou na cama de modo largado. Tantas coisas vieram a sua mente ao mesmo tempo. O sonho que tivera - o motivo pelo seu atraso - a prisão dos Malfoy's e a visita que Draco Malfoy faria a seu namorado no dia seguinte.
Relembrando-se do sonho que tivera, ou melhor, do pouco que ainda estava em sua mente, lembrou-se de anos atrás. Mais precisamente em seu sexto ano em Hogwarts:

- Draco? Draco, você está aí? - Gina foi abrindo a porta da sala secreta vagarosamente, esperando encontrar o namorado.
"Está quase na hora de entrarmos no salão de mãos dadas e assumirmos de vez o nosso namoro". Ela pensou terminando de abrir a porta da sala.
Draco estava lá, mas não sozinho. Gina levou a mão á boca ao ver a cena. Eles pareceram perceber que havia mais alguém na sala. O semblante de Draco era surpresa e da menina há quem ele estava beijando era um sorriso cínico.
Talvez o choque fosse menor se fosse Pansy Parkinson, apaixonada por Draco e conhecida como a cara de buldogue ou cara de coruja seca. Mas não era Parkinson quem estava lá, era...
- Hermione? - foi tudo o que a menina conseguiu pronunciar antes de sair correndo dali.
Draco tentou ir atrás dela, mas era tarde, ela já estava longe.
Ela ainda podia ouvi-lo gritar:
- Gina! Gina, me espera, por favor!
Era tarde, ela sumira. Ela nunca mais falou com ele depois disso.


Foi nesses pensamentos, que ás 3:30am que ela finalmente conseguiu dormir.

***

- Michael, você sabe se o Harry já chegou? - Virgínia perguntou ao rapaz que havia entrado em sua sala no dia anterior quando Harry ia beija-la.
- Acabou de chegar, mas eu acho que ele não vai poder atender a senhorita agora, o Sr. Malfoy já chegou para a reunião marcada com ele. Está na sala de espera do departamento.
Cada departamento ficava em um andar, e cada andar tinha suas respectivas salas de espera, banheiros, recepção e por aí vai.
E no departamento que Harry e Gina trabalhavam não era diferente.
- Obrigada, Michael.
- Não há de que, senhorita! - e saiu, deixando Gina com trabalhos e pensamentos para trás.
Uma hora depois, Virginia já havia esquecido completamente que Draco Malfoy estava no mesmo prédio que ela.
Estava cansada, acabara de fazer um relatório sobre como melhorar a segurança em Azkaban que deveria entregar para o Sr. Rivers.
Tocou a varinha em um aparelho parecido com o telefone e disse: Michael venha até a minha sala, por favor.
Ela ouviu uma voz parecida com a de Michael sair do aparelho: "Sim, senhorita".
Michael era mesmo muito prestativo.
Caminhou até a janela e abriu-a um pouco. Sentiu o vento do final de manha bater-lhe a face. Uma garoa fina caía do céu nublado.
Estava com um principio de dor de cabeça e temia que isso fosse adiante.
- Pronto, senhorita.
- Michael, o Sr. Rivers está ocupado?
- Não senhorita. Pelo o menos não tem ninguém na sala dele.
- Ótimo, me anuncie. Preciso entregar um relatório a ele.
Michael estava saindo quando ela lembrou-se de fazer mais um pedido:
- E, Michael, providencie uma poção para dor de cabeça para mim, por favor.
Ele saiu murmurando um "Sim senhorita", como sempre fazia.
Pegou o relatório em cima da mesa e estava saindo quando o vento soprou mais forte e trouxe consigo para dentro da sala da ruiva um folheto. Ela voltou e olhou para a folha, agora em sua mão. Era um poema, ela resolveu ler com mais atenção em casa. Saiu da sala com o relatório e o tal poema na mão.
Realmente, a sala dela ficava ao final do corredor, mas depois de sua sala ainda tinha a sala de Harry, Remo Lupim, uma sala vazia, Hermione Granger - onde ela passava como se ali habitasse um Flobber worm*- , Rony Weasley e finalmente a sala do Sr. Rivers.
Estava fechando a porta de sua sala, olhou no relógio: dez horas da manha. Virou-se e bateu em alguém, deixando cair toda a papelada no chão.
- Desculpe. - murmurou antes de abaixar-se e começar a pegar os papeis sem nem ver em quem tinha batido. Seja lá quem fosse estava lhe ajudando a catar todo o relatório.
Já com alguns papéis na mão, sua mão livre foi em direção ao poema. Mas a outra pessoa pareceu pensar a mesma coisa, pois acabou colocando sua mão por cima da de Virginia.
Ela olhou a mão branca de um homem. Seus olhos foram levantando-se até encontrar os olhos da pessoa com quem batera. Sentiu o coração saltar como há anos não saltava.
Draco Malfoy retirou delicadamente sua mão de cima da delicada mão da ruiva e segurou o papel.
Ambos levantaram vagarosamente, ainda segurando o papel.
Nenhum dos dois ousava cortar o contato visual, porém, o silêncio foi cortado pela voz de Virginia.
- Olá Sr. Malfoy. Fiquei sabendo de tal heroísmo foi de sua parte colocar seus pais em Azkaban. Meus parabéns. Nos ajudou bastante. - ela disse ironicamente.
- Pois é, Weasley, as pessoas mudam. Há quanto tempo não nos vemos, não é?
- É. Oito anos... Realmente, as pessoas mudam. Mas algumas mudam por que querem, normalmente, quando isso acontece, elas logo voltam a ser o que eram antes. Outras mudam por causa da vida, e essas sim, não voltam a ser o que eram nunca.
Por mais que estivessem jogando indiretas um para o outro, eles não largavam o papel.
Ele ia retruca, mas sentiu algo lhe puxando para perto dela. Ela sentiu a mesma coisa. De repente tudo estava rodado. O chão saiu de seus pés e eles não estavam mais no corredor do departamento.



Nota da autora:

*Flobber Worn: de acordo com o livro"Animais fantásticos e onde habitam", esse animal, também conhecido como verme-cego vive em valas úmidas. É de cor castanha que chega a atingir vinte e cinco centímetros de comprimento, ele se meche muito pouco. Suas duas extremidades são indistinguíveis uma da outra, e ambas produzem um muco, que é por sua vez usado para engrossar poções. O alimento preferido do verme cego é a alface, embora ele como praticamente qualquer vegetal.

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