A “revanche” de Sirius Black
O final de semana havia terminado para Elizabeth, sem que ela identificasse qualquer sinal da presença de Sirius Black, mas apesar daquela ausência, Lizzie não excluía a possibilidade de o aluno ter esperado a semana acabar, para que pudesse executar o seu plano de vingança.
Até porque, o aluno expôs que haveria uma revanche, quando se encontraram no término da aula de Astronomia, e ela tinha a certeza de que ele não estava flertando.
Então, durante todos os trajetos que percorreu durante aquela segunda-feira, a estudante ficou em alerta ao caminhar pelo castelo e na permanência em sala de aula, ainda mais que o rival havia se sentado perto dela em todas as matérias e de propósito.
A garota achava pouco provável que ele revidasse durante o período de aula, mas mesmo assim, não abaixou a guarda.
Após a tarde de estudos e jantar, Mcguire se despediu dos amigos e logo foi para o seu dormitório, a tensão de resguardo havia a deixado cansada de modo físico e mental, já que os ombros rígidos e a dor de cabeça denunciavam o stress que havia passado ao longo daquele dia.
Por mais estranho que parecesse, ela queria que Black se vingasse logo, para enfim conseguir respirar aliviada.
Em um determinado ponto do trajeto, até o seu Salão Comunal, a estudante sentiu a presença de alguém que a seguia, e diferentemente da noite em que teve os cabelos coloridos de verde, dessa vez, ela conseguiu identificar um corpo físico há poucos metros de distância.
Era Sirius Black.
-Por que você está me olhando assustada? – Perguntou Sirius risonho, se posicionando na frente da garota.
-Você... – Mcguire interrompeu o que estava dizendo, com o surgimento de um soluço que veio sem aviso – ...você... – A garota acabou soluçando novamente.
-Qual o problema? Não está conseguindo falar direito? – Provocou Sirius, analisando a reação da rival, com atenção.
-Olha seu... – A garota interrompeu a fala mais uma vez, por causa de um novo soluço.
-O que será que aconteceu com você? – Sirius a encarou, falsamente preocupado – Bom, eu já estudei a respeito de um feitiço que faz as pessoas soluçarem, sempre quando elas tentam falar alguma coisa. – Sirius fez uma pausa para apreciar a feição de indignação que a rival manifestava. – E se esse for o seu caso, não se preocupe em ficar assim para sempre, porque o encanto dura apenas uma semana. – Sirius a encarou, simulando estar surpreso – Que coincidência, é o mesmo tempo que dura o feitiço que você lançou em mim.
-Filho...da... – Elizabeth tentou retrucar, mas se sucesso, pois a cada nova palavra um novo soluço surgia.
-Nossa, que boquinha suja. – O estudante riu – Se eu fosse você, ficava bem quietinha para não provocar mais soluços, e isso me pouparia de ouvir as suas esquisitices sem sentido. – Black posicionou as duas mãos nos ombros da garota – Não vai tentar falar mais nada? – Sirius a encarou por alguns instantes, para verificar se ela tentaria falar mais alguma coisa – Sabe como isso se chama? 3º Lei de Newton.
Elizabeth sacudiu os ombros para que o aluno se afastasse dela e assim que ele o fez, Black se virou com um ar triunfante, por ter conseguido colocar seu plano em ação.
-Você não deveria ter me chamado de amador. – Disse Black por último, antes de sair do campo visual de Elizabeth, que ao perdê-lo de vista, o xingou mentalmente por diferentes expressões.
Mas apesar de toda a irritação que sentia, por ter caído em uma pegadinha do rival, Lizzie se sentia aliviada por saber que aquela, seria a vingança dele, afinal em Ilvermorny as brincadeiras contra ela eram muito mais pesadas do que aquilo que Black havia aprontado.
(...)
Após realizar uma ampla pesquisa, a respeito do feitiço lançado por Black, Elizabeth chegou ao infeliz remate, de que aquele encanto não possuía reversão.
Por causa daquele desfecho, a garota teve de bolar um plano para que pudesse responder aos professores sem o uso da voz, já que era competitiva e gostava de responder aos questionamentos dos mestres, para ganhar pontos para a sua casa.
Chegou à conclusão de que seria uma boa ideia ter por perto, pedaços médios de papéis, para que pudesse escrever as respostas e mostrar para os mestres, assim que esses fizessem perguntas para ela ou para a classe e ela levantasse os braços para responder.
Se os professores questionassem o uso dos papéis, sempre teria o auxílio de um dos amigos que explicaria a falta de voz dela.
Os papéis também foram usados para se comunicar com os amigos, que cogitaram em tirar satisfações com Sirius Black, mas a novata não quis que eles se envolvessem naquela disputa, pois não queria que eles sofressem as consequências de sua rivalidade com o adversário.
Seriam somente os dois naquela guerra.
A pior parte daquele cenário, não vinha do fato de que ela estava sendo privada da fala, afinal de contas, a sua estratégia com as folhas a permitia “falar” com quem quisesse, o real estorvo era o de ouvir as provocações de Sirius, sem ter a oportunidade de responder na mesma altura.
Seria impraticável responder todas as zombarias com a escrita, sendo que ele a irritava todas as vezes que se encontravam durante as trocas de aulas e após o jantar, quando não estava mais com os amigos e com os seus papeis estratégicos em mãos.
E naquela quinta-feira não seria diferente, pois após se despedir dos colegas e caminhar no sentido do Salão Comunal da Sonserina, o grifinório a seguiu no intuito de irritá-la.
-Sabe, Mcguire, a minha semana está sendo de plena paz, ainda mais que o feitiço que você lançou em mim está por acabar, e o seu vai durar por mais alguns dias. – Afirmou ele empolgado, andando ao lado dela, que tentava ignorá-lo aumentando a velocidade dos passos. – Por que você está tentando fugir de mim, linda? A nossa conversa durante esses dias se tornou tão divertida, você não acha?
-Srta. Mcguire, posso conversar com você? – Perguntou Thomas Borage, se aproximando dos dois alunos.
-Boa sorte com a conversa. – Disse Sirius rindo, antes de se despedir do professor, que já estava próximo.
-Chegou aos meus ouvidos, que lançaram um feitiço de transfiguração em você, e que está te fazendo soluçar, todas as vezes que você tenta construir uma frase. – Afirmou o mestre, obtendo um positivo da aluna, que balançou a cabeça horizontalmente de um lado para o outro. – Então, eu fiz uma poção de reversão para acabar com isso. – Informou, obtendo de volta um sorriso da estudante – Eu só não consegui te entregar antes, porque essa poção demora alguns dias para ficar pronta. – Afirmou, entregando um frasco com um líquido roxo nas mãos de Elizabeth.
Assim que ela engoliu o liquido, a aluna conseguiu sentir um formigamento percorrer toda a sua garganta, como se aquele fenômeno físico estivesse limpando toda aquela área de seu sistema digestivo.
-Professor, deu certo. – Disse Lizzie impressionada, por poder proferir uma frase completa, após passar dias se interrompendo, por causa dos soluços – Mas como é possível, eu pesquisei em todo canto a reversão, e não encontrei.
-Esse é um dos poucos feitiços de transfiguração que podem ser revertidos por meio de uma poção, isso porque esse encanto em específico fica concentrado na garganta, e a poção ingerida passa pelo local.
-Nossa, muito obrigada. – Elizabeth sorriu em agradecimento – Mas quem te contou que haviam lançado esse feitiço em mim? – Perguntou curiosa.
-Esse segredo eu não posso te revelar, srta. Mcguire – Respondeu Thomas – A pessoa me pediu descrição.
-Bom, o importante é que eu estou livre daqueles soluços. – Afirmou a garota. – Muito obrigada, professor, eu te devo uma.
-Eu vou cobrar, viu. – Sorriu de maneira zombeteira – Além do mais, com a srta. podendo falar, a Sonserina tem mais chances de ganhar pontos e eu como diretor da casa, preciso prezar por isso. Agora, vá descansar que amanhã ainda temos aulas. – Disse Thomas, antes de se afastar de sua pupila.
Ao entrar no Salão Comunal da Sonserina, Elizabeth conseguiu identificar Regulus conversando com dois outros alunos, em um dos sofás do local, e logo se lembrou do diálogo que tivera com ele há alguns dias, no qual ele se colocou à disposição em revelar alguma fraqueza do irmão, caso fosse necessário.
Lembrado disso, a garota se aproximou dos estudantes e o chamou para conversarem em um canto isolado do salão.
-Eu preciso saber de alguma fraqueza do Sirius, de algo que ele goste muito nele mesmo. – Pediu ela, o encarando com atenção.
-Uma coisa que ele goste muito... – Repetiu o aluno, tentando se lembrar de algo que fosse muito precioso para o irmão – Olha, o Sirius ama o cabelo dele, sempre fica se gabando de como é bonito e de como as garotas gostam.
-E o que você acha que seria pior? Se eu deixasse ele careca ou se eu ficasse desdenhando do cabelo dele, o tempo todo? – Perguntou Mcguire.
-Se você o deixasse careca, ele iria morrer de raiva e eu falo de modo literal. – Respondeu Regulus, rindo com a colega.
-Isso eu não quero, eu preciso dele vivo. – Disse Elizabeth pensativa – Já sei, eu vou aprontar com ele e sem usar magia.
-E o que você vai fazer? – Perguntou Regulus, curioso.
-Eu vou mexer com o ego dele de uma forma, que ele nunca mais vai esquecer. – Respondeu animada, já pensando em como seria a sua vingança contra o rival.
(...)
No caminho para o desjejum de sexta-feira, Lizzie avistou o aluno Sirius Black de longe e esse assim que percebeu a presença da rival, se aproximou para provocá-la, assim como fizera no decorrer de toda a semana.
-Bom dia, Mcguire, eu só vim te dizer que você fica adorável, caladinha. – Afirmou ele, se aproximando da aluna, na companhia dos amigos.
-Que bom que eu te encontrei, Black. – Afirmou sorridente, se contentando com a cara de interrogação que ele e os amigos faziam, por presenciarem ela dialogando sem interrupções de soluços.
-Mas como que você... – Dizia Black, antes de ser interrompido por Elizabeth.
-O feitiço de transfiguração que você lançou em mim tem reversão. – Respondeu ela.
-Impossível, eu estudei a respeito dele e... – Lizzie o interrompeu novamente.
-E tem reversão. Se não tivesse, eu não estaria conseguindo ter uma conversa com você. – Elizabeth fez uma pausa – Mas o que interessa agora, é que eu cansei de lidar com amadores como você e por causa disso, a nossa guerra se encerra aqui. – A aluna o encarou com desdém – O meu conselho é, ao invés de você perder o seu tempo, elaborando pegadinhas contra mim e que não dão certo, você deveria pegar esse tempo e gastar arrumando o seu cabelo ridículo.
-Ah não, ela falou do cabelo! – Exclamou Tiago, se divertindo com a situação
-Ridículo? Meu cabelo é lindo. – Afirmou Sirius, indignado.
-Tão lindo, que faz você parecer um Playmobil. – Afirmou Lizzie, tentando manter a seriedade, pois fazia parte do seu plano.
-Playmobil? – Perguntou Black.
-Playmobil é um boneco que os trouxas usam para brincar, e o cabelo dele é igual ao seu. Agora, se me dão licença, eu vou rir da sua cara em companhia dos meus amigos. – Afirmou sorrindo, antes de se virar e andar no sentido oposto em que estavam.
Assim que a garota saiu do campo visual dos alunos da Grifinória, Sirius começou a reclamar do ocorrido com os amigos.
-Isso é impossível, eu estudei esse feitiço e não tinha reversão. – Afirmou Black, indignado.
-Como sempre, você não estudou direito. – Retrucou Pedro, fazendo os outros Marotos rirem.
-Fica na sua, Rabicho. – Disse Black, ainda inconformado. – Me chamou de amador de novo, essa praga.
-Essa menina vai dar mais trabalho do que você imaginava. – Afirmou Tiago, encarando o amigo.
-Ótimo, vocês sabem que eu amo um desafio. – Disse Sirius, que ainda não havia se conformado de ter ouvido a aluna zombar de seu cabelo.
Seu lindo cabelo.
-Ou você poderia deixar ela em paz, e acabar com essa rivalidade sem sentido. – Ditou Lupin encarando Black, que revirou os olhos em sinal de desdém.
-Eu não faço nada pela metade. – Afirmou Sirius – Mas deixa ela achar que ganhou a nossa disputa, quanto maior a altura que ela estiver, maior será o tombo.
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