Nada Ficará Bem



- Como você se sente, Harry? – Hermione perguntou.



- Com relação a quê?



- Com relação à Gina.



A voz da garota estava embargada e seus olhos demonstravam tristeza. Havia marca de lágrimas secas em seu rosto, Hermione secou os olhos impedindo que mais delas caíssem.



- Exatamente desse jeito. – ele respondeu.



A vista da Torre de Astronomia era esplêndida, o sol do final da tarde estava quase se pondo e sua coloração alaranjada se misturava ao azul escuro do céu.



- Às vezes, e principalmente nesses últimos dias, venho aqui observar o céu e fico imaginando se as coisas poderiam ter sido de outro jeito. – Hermione confessou.



- Eu sei como se sente. Ser impotente para mudar o destino deles me mata todos os dias.



Hermione sentiu suas pernas fraquejarem e teve que segurar na grade para não cair. A dor era insuportável.



- Hermione, eu acho melhor voltarmos para o Salão Comunal da Grifinória. – ele a olhou preocupado.



- Não, tudo bem. Eu só preciso sentar.



- Tem certeza?



- Tenho.



Harry a encarou por alguns segundos e depois lançou seu olhar para o horizonte.



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- Draco?



- Hermione!



Ele veio em minha direção e me abraçou. Dois meses longe um do outro. Dois meses sem sentir esse perfume amadeirado. Dois meses sem tocar nesses fios platinados incrivelmente sedosos.



- Eu estava com tantas saudades! – ele me disse segurando meu rosto em suas mãos finas e alvas.



- A guerra chegou ao fim. Podemos ficar juntos agora.



Com um enorme sorriso em seu rosto ele selou nossos lábios. Mas tudo acabou rápido demais. Uma luz verde iluminou nossos corpos e segundos depois eu senti o peso morto de Draco em meus braços. Uma capa preta desaparecia ao longe. Um assassino anônimo.



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Soluços altos enchiam as paredes da Torre.



Harry abriu a boca para dizer alguma coisa, mas não havia o que dizer. Não havia consolo.



Hermione parou de chorar de repente e encarou Harry com os olhos atônitos.



Harry a encarou confuso.



- O que foi?



Hermione sorriu. Sorriu pela primeira vez em 6 meses. Ela sabia o que tinha que fazer.



- Nós precisamos ir.



- O quê? Ir pra onde?



Hermione se levantou depressa e começou a descer as escadas da torre. Harry não teve outra opção a não ser segui-la. Em poucos minutos já estavam fora do castelo em direção à entrada da escola.



Antes que pudesse entender ou protestar sua melhor amiga agarrou seu braço, Harry sentiu o famigerado puxão no umbigo.



Segundos depois estavam em Godric’s Hollow.



Gravetos e folhas secas jaziam sobre a imensidão branca. A neve caía aos pouquinhos, quase que em câmera lenta.



Ambos caminharam lado a lado até chegarem ao local exato. Dois túmulos. Dois nomes. Duas casas. Dois corações.



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- Harry! – ela me chamou enquanto corria ao meu encontro com os cabelos ruivos bagunçados e alguns ferimentos no rosto – Você precisa ser forte, Harry! Ficar a salvo! Está me entendendo? Você precisa ficar a salvo! Consegue fazer isso? Com segue fazer isso por mim, Harry?



Nós estávamos ajoelhados um de frente para o outro, escondidos atrás de um enorme escombro que havia caído de uma das torres do castelo, o mundo ao nosso redor estava um completo caos. Feitiços eram lançados por toda parte. Um em especial a acertou no meio das costas, o olhar suplicante e desesperado de momentos atrás se tornou frio e sem vida. Seu corpo caiu sobre o meu. Voldemort, logo atrás de Gina, me olhava com um sorriso demoníaco.



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Draco Malfoy e Gina Weasley, duas almas que se foram cedo demais. Dois corações partidos deixados para trás. Duas partidas sem despedidas. Mais duas almas vagando sem rumo, perdidas.



- Você está pronto? – Hermione perguntou enquanto segurava sua mão.



- Para o quê? – ele perguntou.



- Para a despedida.


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