I'm feeling so small



 “I’m still learning to love.”



(Eu ainda estou aprendendo a amar.)



.



.



Seus passos foram duros e rápidos. Você não me deixou protestar, não me deixou dizer nada. Você simplesmente foi embora. E eu fiquei parada, estática, sem nada a dizer. Quando a porta do café bateu eu senti uma parte de mim indo junto com você.



Nós já brigamos antes, já discutimos e gritamos um com o outro. Isso não deveria ser grande coisa. Mas eu senti algo diferente dessa vez, uma coisa que nunca existiu em outras de nossas brigas. Senti meu coração partido. Senti que você não iria voltar.



O vento gelado batia contra a minha pele sem piedade enquanto eu fazia o caminho de volta para o nosso apartamento. Senti a neve envolver a minha bota de couro, vi minhas pegadas na neve e olhei para trás na esperança de te ver correndo em minha direção. Fechei os olhos e imaginei para onde você poderia ter ido.



Abri a porta de casa e minha esperança foi embora quando vi tudo escuro. Todos os sinais de que você não estava ali. Todos os sinais de que você não havia retornado.



Fechei novamente meus olhos e senti as lágrimas descendo incessantemente pelo meu rosto. A dor era imensa. Não queria acreditar que dessa vez era definitivo.



Despi minhas roupas enquanto ia em direção ao banheiro. Abri a torneira para que a água escorresse e enchesse a banheira. Coloquei a chaleira no fogo baixo. As lágrimas continuavam e, cansada de enxugá-las, deixei que descessem livremente.



Senti todo o meu corpo se anestesiar ao colocar meu pé dentro da banheira. O vapor da água se alastrava pelo banheiro na medida em que eu me afundava na água. Isso me acalmou. Deixei todo o meu corpo sentir a sensação de estar totalmente submerso pela água e ao segurar a respiração por poucos minutos libertei minha mente dos pensamentos que a estavam enlouquecendo.



Senti pingar gotas de água do meu cabelo assim que emergi. Cruzei meus braços acima das minhas pernas. Eu não conseguia parar de pensar. Cenas e frases ditas em nossa briga ecoavam na minha mente como um filme.



Comecei a pensar que tudo isso foi causado por um motivo infantil e que tudo poderia ter sido evitado. Minhas mãos pressionavam minhas orelhas na esperança de impedir que meu cérebro pensasse e processasse tudo o que havia acontecido. Um soluço de repente escapou de minha garganta. Gostaria que tudo fosse uma mera ilusão. Um maldito sonho.



Ouvi a chaleira. Peguei a toalha a centímetros de mim e me sequei vestindo meu roupão em seguida. Segui para a cozinha. O aroma do chá parecia tentar aliviar a minha alma.



A vista da janela do nosso quarto era convidativa. Sentei em minha cadeira de leitura e fiquei a apreciar o mundo lá fora. A noite caía fria e inóspita.



Fiquei imaginando quantas vezes nós já tínhamos brigado e de quantas maneiras diferentes tínhamos feito as pazes. Imaginava que você fosse aparecer a qualquer momento, que eu escutaria o barulho da chave na porta. São coisas que imaginamos quando estamos desesperados.



Observando os flocos de neve lá fora pensei em nossos dias felizes. Todos os momentos. Todos os sorrisos e brincadeiras.



Toda a melancolia e tristeza do mundo parecia se abater sobre mim apenas de imaginar que não teríamos mais isso.



Um nó se formou em minha garganta ao perceber que estávamos desistindo de tudo pelo o que lutamos. Isso doía, doía mais do que qualquer coisas que eu já havia sentido na vida.



Sentindo o chá frio em minhas mãos deixei a caneca sobre a cômoda e deitei em nossa cama. Todo o seu perfume entrou por minhas narinas e me fez estremecer.



Meus olhos pesavam. Senti o sono me pegar desprevenida. Talvez dormir fosse a solução. Mas ele não veio. Meu corpo estava cansado, mas minha mente se recusava a descansar. Por horas eu fiquei a estudar o teto.



Longas horas se passaram. O céu já clareava. Na mesma proporção em que a noite virava dia a minha esperança desaparecia. A realidade caiu sobre mim e meus olhos finalmente se fecharam deixando a exaustão vencer a batalha.



Então, suas mãos me rodearam e eu ouvi você sussurrar em meu ouvido.



“Ainda estou aprendendo a amar, mas não vou desistir de você”, seu cabelo loiro fazia cócegas em minha bochecha.



Eu sorri. Agora eu compreendia. As coisas que perdemos acabam voltando para nós, mas nem sempre da forma como esperamos.


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