O Pendente Perdido



O estampido soou tão pequeno no beco estreito e abandonado. Poderia ter sido um pedaço de madeira de nogueira sendo partido ao meio ou um tijolo caindo em uma poça. O som disso - um estalo seco, sem eco - mal foi registrado nos pensamentos de Wilfred até que o bruxo à sua frente se abaixou e largou a bengala, depois caiu de joelhos. O olhar no rosto do velho horrível não era de surpresa, mas de confusão afrontada. Ele abriu a boca, respirou fundo e entrecortou. Antes que ele pudesse falar, no entanto, seus olhos ficaram vazios. Ele caiu para a frente no pavimento de tijolos, morto.



A alguma distância atrás dele, com a varinha ainda erguida em seu punho minúsculo, estava uma elfa jovem. Seu rosto estava mortalmente pálido, mas composto. “Para Vrisna,” ela disse baixinho, falando com o Duende morto. “Do noivo dela, Wilfred. E de mim, sua irmã. Weista.



Uma faixa de luz ainda tremeluzia pelo trajeto até o Duende. Tremendo, Weista abaixou sua mão.



Wilfred tinha certeza de que estava prestes a morrer, para se juntar à sua amada Vrisna na vida após a morte, e estava pronto para receber essa nova realidade. Agora, em vez disso, o assassino de Vrisna jazia morto entre o lixo, derrubado por um único tiro inesperado. O vilão, Jacob Folk, pode ter sido um bruxo poderoso — mas ele não tinha sido poderoso o suficiente para impedir que uma duende vingativa o derrubasse. E quaisquer julgamentos que o esperassem na próxima vida.



Wilfred aproximou-se do morto, mal acreditando que tudo estava acabado. Weista juntou-se a ele um momento depois, trêmula.



Três jovens bruxos apareceram na entrada do beco, seguindo Weista. Wilfred os viu e por um breve momento pensou em fugir, levando Weista com ele. Afinal, o beco havia se tornado cenário de um assassinato. Ambos poderiam ir para a prisão ou ainda algo pior podia os estar esperando pelo resto de suas vidas. Pois haviam matado um bruxo, e isso era imperdoável perante o Ministério da Magia. Ainda assim, algo sobre aqueles jovens dizia a Wilfred que eles não estavam exatamente surpresos com o que havia acontecido, nem que planejavam assobiar para alguém e gritar.



- Esses três disseram que ele roubou algo deles. – disse Fracamente, Weista - Eles o seguiram até aqui, na esperança de recuperá-lo. Eles não vão nos entregar, eu não acho. Eles só querem seus bens de volta.



Wilfred olhou para eles. O bruxo na frente assentiu sério. Ele tinha cabelos escuros rebeldes e parecia ter cerca de trinta e poucos anos. Atrás dele estava um bruxo maior com um olhar de solenidade tensa em seu rosto gentil. O terceiro tinha cabelos cor de milho, bastante comprido e não parecia ter mais que seus vinte anos.



Wilfred se ajoelhou ao lado do corpo de Jacob Folk. A bengala perversa do bruxo ainda estava presa em seu punho morto. O cabo era feito de ferro, trabalhado para se parecer com a cabeça de uma gárgula maliciosa. Folk usou a bengala para lançar seus feitiços indescritíveis. Wilfred a arrancou dos dedos frios do homem, odiando o peso dela, mas querendo — precisando — quebrar seu poder. O bruxo maior se aproximou e pegou a bengala. Ele a ergueu com os dois punhos e o quebrou habilmente sobre o joelho, partindo-a em dois. A haste de madeira ele jogou fora, mas a cabeça de metal brilhante o jovem bruxo a olhou. Era horrivelmente feia, seu rosto de gárgula olhando maliciosamente.



Wilfred baixou o olhar para o bruxo morto novamente. Uma bolsa de cordão de veludo estava pendurada na mão de Folk. Ele fez um gesto em direção a ela.



- Seus bens roubados podem não ser o tipo de coisa que caberia em uma bolsa de veludo, não é? – perguntou Wilfred com curiosidade.



- Pode ser... - respondeu o bruxo da frente.



Wilfred deu um passo à frente, hesitou e então ajoelhou-se. Ele extraiu o saco da mão do morto, e o atirou em direção aos jovens. O saco caiu sobre a calçada com um baque forte.



O Jovem de cabelos cor de milho foi até o saco de veludo, olhou para dentro da bolsa por um momento, depois olhou para seus companheiros e acenou com a cabeça confirmando.



- Vocês três... -  Wilfred disse - ...vocês são como ele. Não é?  - Ele apontou para o corpo novamente.



O bruxo mais velho que estava na frente balançou a cabeça, mas foi o jovem maior quem respondeu.



 - Lamentamos o que aconteceu com Vrisna... - disse ele solenemente. - Este verme pode ter feito parte do nosso mundo…, mas não somos como ele.



Wilfred apenas olhou para os três Jovens, medindo-os. Eles sabiam sobre sua pobre e perdida Vrisna. Isso queria dizer que já estavam atrás dele a tempos.



- Não sei o que há nessa bolsa de veludo... - disse ele com firmeza, sombriamente - ... e tenho certeza de que não quero saber. Mas está acabado. Vocês seguem seu caminho. E eu e ela, vamos tentar seguir o nosso. Justo?



Todos os três bruxos assentiram. Depois de um momento, eles recuaram, viraram-se e saíram correndo do beco, levando consigo sua misteriosa bolsa de veludo.



Wilfred levantou-se e Weista encostou-se a ele. Ele a apoiou com o braço esquerdo e ela permitiu que ele recolhesse seu peso. Ela estava tremendo.



Pela primeira vez, ele se perguntou como Weista havia chegado ao beco. Ela morava com a família do outro lado do cais, a cerca de quinze quarteirões de distância. Era no meio da noite. O próprio Wilfred estava vigiando o beco há semanas, na esperança de pegar Jacob Folk quando e se ele voltasse à cena do assassinato da pobre Vrisna. Surpreendentemente, o maldito voltou, tão ousado quanto bronze, andando como se fosse dono de toda a rua, ou mesmo de todo o maldito mundo. Wilfred pensou que estava pronto para ele, mas não estava preparado para os poderes diabólicos do bruxo.



Mas Weista estava. Ela não tinha perdido tempo com palavras. Ela o matou com um simples estalar de dedos, a sangue frio.



Mas como ela sabia? Como ela chegou bem a tempo, para matar o homem responsável pela morte de sua irmã? Não era um pequeno mistério. Por enquanto, porém, não havia tempo para discutir o assunto.



Wilfred arrastou o corpo de Jacob Folk para as sombras e o cobriu com lixo. Ele teria que voltar mais tarde para se livrar do cadáver. Felizmente, a beira do rio ficava a apenas alguns quarteirões morro abaixo. O cais estaria deserto àquela hora. O corpo do assassino pode ser encontrado nos próximos dias, flutuando na corrente lamacenta do rio, mas talvez não. De qualquer maneira, Wilfred não se importava.



Silenciosamente, Wilfred acompanhou Weista até em casa. Nenhum dos dois falou, apesar das perguntas que pairavam no ar. Por enquanto, tudo o que importava era que estava acabado. A justiça - pelo menos a versão básica dela que estava ao alcance deles - havia sido feita. Quem ou o que quer que o velho terrível tenha sido, ele estava morto. Vrisna foi vingada.



Isso não a trouxe de volta, e os dois teriam que viver para sempre com a mancha do assassinato em suas almas, mas por enquanto Wilfred achava que poderia viver com isso. Ele só esperava que Weista também pudesse.



 



***



Já havia se passado uma semana sem Minerva McGonagall na escola, e sem ela Amycus Carrow I estava cada vez mais aterrorizante. Por algum motivo, a jovem não se sentia mais segura e evitava a todo custo sair da torre da Gryffindor. James e os Marotos estavam sempre por perto assim que ela chegava perto da saída do retrato. E nos corredores estavam sempre de vigília. Algo parecia estranho, embora até mesmo Olivia agia assim. Estava sim agradecida que talvez os amigos estivessem lhe dando suporte já que não tinha mais McGonagall para isso, contudo, chegou a um ponto que começou a ficar extremamente estranho. Fora quando saiu para fazer um de seus exames de poções para o NIEMs e dera de cara com Olivia sentada em uma das carteiras na sala.



- O que está fazendo aqui? – perguntou a Olivia, sabia que a jovem já não queria exercer essa profissão.



- Oras... eu te disse que estava pensando em uma carreira no Ministério não disse? – falou Olivia agindo tão naturalmente quanto conseguiu.



- Olivia... – começou Sarah, mas a garota a interrompeu.



- Olha... eu sempre estive com você... não vou te deixar sozinha nem quando estiver com o Po... hum... – então ela fingiu um pigarro na garganta - ... você me entendeu. Ordens de um certo monitor... além disso, vocês dois parecem ter alvos pintados na testa.



Sarah acabou por concordar nesse ponto, ela sempre tinha sido um imã para encrencas, mas desde que começara a conviver mais com os marotos isso acabou ficando ainda mais evidente. Sendo pelos sonserinos, inimigos eternos dos marotos ou a torcida imbecilizada de Mandy, que aliás, fazia muito tempo que ela não a via.



- Não querendo resgatar os fantasmas desaparecidos..., mas... – disse ela enquanto seguiam o caminho para a sala do próximo exame escrito - ... por onde tem andado a Wilson?



- Você não soube? – perguntou a garota ajeitando a mochila no ombro – A coitada teve um surto psicótico vestindo roupas intimas a alguns meses. Lily a encontrou perambulando nos jardins a noite.



- Eu sabia que ela era doida... – disse Sarah estranhando o comportamento da garota – e que poderia fazer algo do gênero se os marotos estivessem por perto, mas... daí a sair sem roupa em pleno jardim?



- Pois é... também pensei que ela poderia ter visto alguns dos marotos... – disse ela e então se aproximou mais - ... sabe, quando Remus tem seu... probleminha peludo... – então cobriu a boca tentando não rir - ... eu sei que não devia rir, mas essa expressão de Sírius sempre causa isso...



- E por falar nisso... – perguntou Sarah – e nossa monitora anda fazendo o que? Não a vejo a meses...



- Bem... – começou Olivia torcendo os lábios em desagrado, mesmo com o passar do tempo, Olivia ainda não havia perdoado Lily - ... desde que os Niems se aproximaram eu acho que a vi apenas algumas vezes. Ela tem andado com o ranhoso mais do que devia se quer saber...



Sarah sabia da amizade da Monitora ruiva com Severus, e bem, depois do que ele tinha feito a ela, até ela tinha certas dúvidas se ele era tão “severo” assim como o pintavam. Ele podia a ter salvo, mas até aquele dia ela não o tinha mais visto, pelo menos não fora das aulas as quais eles dividiam a sala desagradavelmente com a turma da sonserina. Até mesmo James havia parado de importuna-lo, algo que ela agradecia.



- Remus diz que é por ele ter salvo sua vida... – ouviu Olivia dizer e ficou um pouco espantada. – Está lendo meus pensamentos agora Hornby?



- É que pela sua cara... nem precisei.... – respondeu a morena com um sorrisinho maroto - ... Remus disse que James tem uma “dívida” embora Potter o tenha salvo da brincadeira do Sírius... e mesmo a contra gosto... ele salvou sua vida...



- Ele só impediu a ruiva de ser expulsa... – respondeu Sarah - ... ele não faria isso por mim se tivesse sido outra pessoa a me atacar...



Olivia parou no meio do corredor e encarou a garota. Sarah então notando que a amiga não lhe acompanhava, olhou para trás.



- Você... Sarah Leah Perks acha que ele seria capaz de algo tão horrível? – perguntou Olivia.



Na verdade, Sarah não tinha muita certeza. Algo nos olhos de Severo aquele dia da confusão no castelo, parecia não ser realmente o que estava acostumada a ver. Talvez o pânico de ver o amor de sua vida fazendo algo que jamais pensou que fosse fazer. Ou ver Lily mesmo perceber o que acabara de fazer, enfim, eram muitas suposições na sua mente. O único problema é que mesmo ele sendo como a cobra que representava sua casa, talvez bem lá no fundo, Lily tivesse razão em dar-lhe uma chance como pessoa. Ele talvez não fosse exatamente uma pessoa ruim.



- Bem... – disse Sarah encarando Olivia - ... a professora Minerva diz que Dumbledore tem muito apreço por Snape... vai saber... se o professor Dumbledore acredita que ele pode ser alguém bom, então... quem sou eu pra duvidar...



- É exatamente as palavras que achei que você ia dizer... – respondeu Olivia a alcançando com um sorriso.



Estavam chegando próximo a sala onde seria feito o exame, quando encontraram Frank conversando com Alice e Vance.



- Sabe aquela poção que te dei depois do primeiro exame? – dizia Frank a Emmeline Vance olhando em volta furtivamente enquanto o trio se amontoava perto da antiga estátua de Lokimagus, o Perpetuamente Produtivo.



- A coisa do sono? - Emme assentiu.



- Que coisa do sono? – perguntou Sarah um tanto interessada na conversa ainda mais, quando vira a cara do garoto por ela ter ouvido.



- Ah, relaxa Frank... – disse Olivia – Todo mundo já sabe do seu “elixir” para os NIEMs... que deixa a gente acordado tempo suficiente pra estudar para uma boa prova...



- Não é “meu elixir” Hornby... – gemeu Frank em voz baixa - ... É algo que eu consegui...



- Sim claro. – disse Sarah – isso quer dizer... que você o roubou do armário de Poções?



- Não exatamente. – disse ele e então voltou-se para Olivia - E faz mais do que ajudá-lo a pular uma noite de sono... – Frank então olhou para o resto do corredor onde os alunos começavam a se amontoar. A certa distância, Pirraça pintava bigodes em uma linha de retratos, a maioria dos quais já tinha bigode e reclamava ruidosamente dos acréscimos. - Nós mesmos preparamos as poções, usando esta planta realmente rara, Somnambulis, que foi banida pelo Ministério por um monte de razões chatas. Algo sobre acordos comerciais mágicos com produtores de outras nações... a Amy explicou mas eu não ouvi.... O que quero dizer é que alguns de nós descobriram que a professora Sprout começou a plantar secretamente essa espécie durante nosso primeiro ano. No caso, Amos Digory pensou que poderia ser algo que nos ajudaria com a memória ou algo assim. Pegamos um pouco, preparamos com uma velha receita de poção que ele encontrou e acabamos acordados a noite toda sem nada para fazer...



- Então você decidiu que seria uma boa forma de ganhar galeões vendendo essa poção para ficar com “insônia” e estudar para os NIENs? – disse novamente Olivia cruzando os braços.



- Demoramos algumas semanas para ter a ideia depois disso, era apenas uma questão de roubar um suprimento dos Somnambuli. E... eiii a ideia de vender isso foi do Remus... – disse Frank para espanto de Olivia.



- Não me pinte de vilão ganancioso... – Ouviu-se a voz de Remus aparecendo por trás da estatua - ... eu apenas disse que vocês engordariam suas contas bancarias se patenteassem essa poção...



- Mas é praticamente sua ideia ué... – disse Frank novamente - Era para ser apenas um experimento..., mas a coisa toda parecia ganhar vida própria. As pessoas não podiam deixar de contar a outras pessoas. Eventualmente, havia uma pessoa de cada casa. Tivemos que estabelecer algumas regras pois era como um “grupo de estudos de poções”, mas depois, com a ajuda de Evans e Snape...



- Então é isso que a nossa monitora anda fazendo? – perguntou Sarah e Frank apenas meneou a cabeça.



- Ela e Snape praticamente nos ajudaram a estudar poções... – disse Frank - ... não que eu fosse excepcionalmente ruim nisso, mas pelo menos meu caldeirão não explodiu mais...



- O que já é um avanço... – disse Alice dando um beijo estalado na bochecha do garoto.



- O caso é... – Começou Frank agora um pouco mais sério - ... é que Snape praticamente parou de vir... ok que ele estava lá apenas pela Evans, mas algum tempo depois ela também sumiu. Obviamente com nosso ilustre diretor fechando o cerco, tivemos que bolar algumas regras sobre isso...  Primeiro, nunca falamos sobre... - Ele parou e olhou para todos significativamente.



- Entendi... -  Remus assentiu gravemente. - Essa conversa nunca aconteceu.



- Dois... - Frank sussurrou, voltando-se para Pirraça enquanto o poltergeist se aproximava, rindo loucamente, com pincel na mão. - Novos clientes só podem ser adicionados, porém SE por acaso forem pegos usando... estão por conta própria. Você, por exemplo. Você ficou desconfiado e questionou a Perks... ela obrigatoriamente tem de admitir que fez a poção sozinha...



- E se usarem veritasserum para descobrir? – agora era a voz de James que se aproximava com Sirius e Peter em seu encalço.



- Aí é que entra a genialidade da Evans... – disse Frank - ... a poção reage a veritasserum... fazendo a pessoa esquecer completamente o que fez, incluindo confusão mental...



- Que horror... – disse Olivia que ficara apavorada, mas Sírius, James e o resto ficaram até bem empolgados.



- Isso é brilhante... – falou James com um sorriso.



- Obviamente essa “confusão” é apenas passageira...  – Concluiu Frank coçando o queixo - ... embora a Leonor Goldstein tenha ido parar na Ala hospitalar a uns dois meses atrás..., mas ela bebeu um rejuvenescedor então...



Enquanto Frank ia falando, Sarah ia observando as expressões que apareciam no rosto dos marotos, principalmente em James.



- A terceira regra é apenas uma espécie de acordo tácito - Frank murmurou - Ninguém da casa verde deve saber a fonte. Não queremos que aquelas cobras alertem o sádico.



— Mas Snape estava lá... — perguntou Emme encarando. - Ele é da Slytherin.



- Ele entrou nisso no começo. – disse Frank dando de ombros - Não podíamos tira-lo. Além disso, ele é o favorito da Evans e consequentemente... favorito do Slug...



- Você quer dizer… - começou Sírius.



- Slughorn sabe tudo sobre nós... - Frank assentiu, contendo um sorriso perverso. - Quero dizer, ele sabe agora. Ele nos pegou entrando furtivamente nas estufas no início do período. Contamos tudo a ele, e por que não? Ele tem seu próprio segredo para manter, pegando plantas para vender no mercado negro em primeiro lugar. Acho na verdade que ele queria ficar bravo conosco, mas também acho que gostou da ideia das poções desde a primeira vez que ouviu. Ele até foi em um de nossos encontros.



- Você não está falando sério! -  Olivia sorriu.



- De fato, eu estou. Ele é muito legal, sério. – disse Frank - E ele está decidido a manter segredo SE lhe fornecermos alguns frascos da poção.



- Possivelmente está pensando em quantos galeões pode conseguir com ela... - refletiu Sírius, ainda sorrindo recebendo um peteleco de Sarah.



- Você sabe o que eles dizem... - Frank disse, endireitando-se. – Slug é considerado um mestre no que faz... desde a sua época de escola. Todo mundo fala sobre... e sua influencia dentro e fora de Hogwarts.



- Então provavelmente nenhum de nós estaria aqui... – James falou com um sorrisinho sinistro – Se o velho Slug tivesse aberto o bico, não é?



- Vamos, antes que Pirraça tente pintar bigodes em nós...- Frank advertiu.



Sarah, contudo, ficou apenas observando o olhar de James enquanto ele trocava sorrisinhos com Sírius, obviamente estariam tramando alguma coisa, mas ela não sabia dizer o que era. Cruzou os braços e encarou o grupo que se reunia. Sírius percebendo o olhar da garota dera um sorrisinho travesso.



- Porque me olhas se não me amas leoa? – disse ele gracejando e olhando de canto para James.



- Porque perguntas se já sabes a resposta... oh nobre cachorrão? – respondeu a jovem de volta o fazendo gargalhar – O que estão tramando?



- Nada de tão anormal assim que possa nos comprometer... – respondeu James com um sorrisinho que não convencia ninguém.



- Aham... sei... – respondeu a garota o encarando com uma sobrancelha arqueada - ... meus dias de marotice me dizem exatamente o contrário...



- Alunos... por favor... – ouviu-se uma voz na porta da sala onde seria realizado o exame teórico de poções. O examinador parecia um tanto magro e alto. Se conhecesse bem Peter, saberia que o jovem se perguntaria se nos tempos de escola esse professor não teria passado por uma tortura com Filch. PORÉM, todos sabiam que enquanto Dumbledore estava no comando, isso nunca aconteceu. Mas não foi por falta de vontade do zelador. - ... entrem e se acomodem, estamos prestes a começar.



Remus entrou acompanhado de Olivia assim como Peter, James apenas passou por ela e dera uma piscadela marota enquanto Sírius passara a mão por seu pescoço em um meio abraço e a levou para dentro da sala.



- É sério isso? – perguntou ela e o garoto apenas sorriu.



- Digamos que estamos sendo uma péssima influencia para você... se já consegue nos decifrar tão bem assim...



O garoto dera uma gostosa gargalhada enquanto o professor fechava a porta atrás deles.



***



O tempo estava correndo, e os planos de Lord das trevas não estavam ganhando forma exatamente como ele queria. Tudo bem, sua equipe estava plantada em Hogwarts como tinha sido planejado anteriormente, porém, por culpa dos meros estudantes as coisas estavam saindo do controle.



- Eu lhe disse que colocar crianças para fazer trabalho de adultos daria problemas... – Alecto começou a dizer enquanto seguia o irmão pelos corredores do castelo - ... você não sabe como as coisas estão no ministério a essa altura. Meu trabalho como inominável está sendo questionado e o conselho mágico está vindo. E o Lord faz o que? Manda você chamar esses imprestáveis bruxos adolescentes pra fazer o trabalho dos adultos!



- Você quer falar isso pessoalmente ao lord? – ralhou Amycus enquanto andava pela sala circular. Ninguém sabia como sua irmã havia entrado no castelo, afinal, ele usou seus privilégios de diretor para que tanto ela quanto ele pudessem ir e vir sempre que quisessem. Pode notar que sua irmã estremeceu quando sugeriu que ela falasse pessoalmente com ele. Na verdade, o fato de Lord Voldemort ter pessoalmente desintegrado uma vila de duendes perto de Glastonbury foi o que bastava para que o Conselho internacional de Magia intervisse no Ministério. Ele na verdade não tinha ideia do que havia acontecido exatamente para que ele perdesse a paciência e chamasse tanto a atenção para si. Afinal, estava a anos pedindo cautela para que pudesse concretizar seus planos. – Eu não sei o que houve quando ele chegou na ilha de vidro.... – Então caiu em seus próprios pensamentos - ... ou se é que ele chegou lá...



- Pelo estado que ficou a vila de duendes... – disse Alecto agora encarando o irmão com um sorrisinho - ... eu tenho certeza de que ele não conseguiu...



- E se ele não conseguiu... – começou Amycus, mas nessa hora sentiu algo começar a sufocar lhe.



- É porque você falhou na única coisa que eu lhe pedir para ser responsável... – uma voz gultural ecoou pelo aposento como se saída das sombras. Alecto levantou-se de um salto com o olhar para o irmão se perguntando a quanto tempo o Lord das Trevas estaria ouvindo sua conversa, o que ele não demorou para responder - ... e sim minha cara Alecto, eu ouvi tudo o que estavam conversando. Alecto praticamente sentiu o gosto de sangue surgir em sua garganta somente pelo fato de os olhos de Lord Voldemort recaírem sobre ela.



- My Lord... – começou Amycus mas Lord Voldemort apenas levantou uma de suas mãos lhe mostrando a palma.



- Não estou aqui para ouvir mais desculpas esfarrapadas... – começou o bruxo, sua voz parecia calma e serena embora Amycus soubesse que quando isso acontecia era porque algo não estava certo e ele havia ido até eles por algum motivo. - ... er... fiquei sabendo do pequeno imprevisto em sua jornada...



- Pequeno... – sussurrou Voldemort com uma calma que fez com que os dois pararam de respirar. – Eu não chamaria um artefato falso de “pequeno” ... – Lord Voldemort então começou a andar lentamente até onde os dois estavam dando a impressão de que crescia mais a cada passo que dava, seus olhos ainda mais estreitos faziam com que Amycus parecesse sufocar - ... não conseguiu ter nem uma vaga ideia do quão frustrante eu estava a ponto de dizimar toda aquela vila de duedes?



Pouco a pouco, o bruxo começou a sentir sua garganta começar a ser comprimida novamente. Alecto parecia tão sem ar quanto ele.



- Mas..., mas... mestre... – tentou dizer Amycus mas sua respiração começava a falhar.



- Como eu pude deixar uma função tão importante em suas mãos... – ouviu Lord Voldemort dizer e se contorceu pela falta de ar. - ... era algo muito simples... tirar um pingente de uma criança... algo fácil.



- Me... Me.... Mestre... – gaguejou Amycus.



- Eu devia ter imaginado... como uma criança estaria com algo tão valioso assim... – Continuou Voldemort começando a andar pela sala.  - ... algo que seguramente pertenceu a Merlin, um mago excepcionalmente poderoso... certamente teria sido substituído...



- Mes... Mestre... as evidencias... – novamente tentou Amycus e outra vez foi ignorado por Lord Voldemort.



- Mas é aí que eu me pergunto... – Voldemort agora encarava os irmãos praticamente sem ar, se contorcendo em sua frente - ... como meros bruxos adolescentes podem ter escondido algo tão importante? Bem debaixo do seu nariz, caro diretor...



No que pareceu ser uma eternidade sem ar, Amycus e Alecto foram libertados do feitiço caindo de joelhos diante a Lord Voldemort.



- As... As... as evidencias mestre... – disse finalmente Amycus tomando um belo golfe de ar - ... ela é filha do auror morto no Egito pelo Carter. Tudo nos levava a crer que ela estaria em posse do pingente verdadeiro.



- Tudo o que? – perguntou o Lord agora com os olhos cerrados e brilhando para cima do bruxo que se sentou novamente na poltrona.  – Na palavra de outra bruxa adolescente?



- O senhor viu suas memórias... – tentou falar Amycus mas novamente sentiu sua garganta começar a apertar novamente. - ... o senhor viu...



- É... realmente... eu as vi... – teve de admitir o Lord embora meio a contra gosto - ..., mas não passou pela sua cabeça em se certificar se não haviam outras cópias?



- Cóp... cópias? – perguntou ele assim que conseguiu tomar ar novamente.



- Chame a garota novamente... aquela sua pupila... – respondeu Lord - ... pretendo me certificar exatamente onde está o verdadeiro pingente.



- Mas my Lord... – começou Amycus mas ao ver o olhar que seu mestre lhe lançara acabara se calando.



- Mesmo que tiverem cópias my Lord... – agora era Alecto quem tomava a palavra - ... como saberemos quem está com a verdadeira?



- Eu creio que a Srta deva se preocupar mais com os seus problemas no Ministério do que com os problemas delegados ao seu irmão, Srta Carrow... – disse Lord Voldemort agora encarando a mulher que praticamente se encolheu - ... dei-lhe grande responsabilidade se não estou enganado e sei de que não estou. Devia estar ao lado da Ministra da Magia, a influenciando, mas por algum motivo, sua incompetência chamou atenção do conselho internacional de magia não foi?



- Mas mestre... não foi culpa minha... – começou Alecto mas novamente o olhar a fez se calar.



- Desculpas.... desculpas é somente isso que tenho ouvido... – começou Voldemort andando lentamente para próximo a janela - ... estou inclinado a presumir que, se eu quiser fazer algo, terei de fazer com minhas próprias mãos...



Lord Voldemort então estendeu sua mão para que Amycus lhe entregasse seu antebraço e mostrasse a tatuagem de caveira com uma serpente saindo pela boca. Rapidamente o bruxo encostou sua própria varinha na tatuagem de Amycus e esta começou a se mexer lentamente. Quanto mais apertado e fundo a ponta da varinha ia no braço de Amycus mais seu rosto se contorcia de dor.



- Acho que isso é o suficiente para chamar a garota aqui... – disse o lord agora soltando o braço de Amycus.



O bruxo ainda dera as costas e sentara-se na “cadeira do diretor”. Não demorou muito para que Bellatrix Lastrange batesse a porta.



- Vamos... pode entrar... – disse Amycus. A essa altura ele já não estava mais preocupado se alguém veria ou não seu mestre afinal, ele mesmo havia entrado em Hogwarts sem ao menos pestanejar. Suas investidas a torre de Dumbledore foram todas fracassadas, e a torre do antigo diretor continuava trancada magicamente. Por mais que ele reportasse para o ministério sobre o assunto, ninguém havia conseguido entrar ou se quer arranhar a porta da torre. Ou a famosa gárgula havia deixado passar. – Sente-se Srta Black.



Bellatrix um tanto receosa por estar diante de seu maior ídolo, andou vagarosamente até a cadeira em frente a mesa onde Lord Voldemort estava.



Era inegável a admiração que a bela morena tinha pelo bruxo a sua frente, apesar de suas deformidades faciais. (Sim, Lord Voldemort tinha traços de uma serpente, isso era bastante visível) mas para a jovem bruxa isso não queria dizer absolutamente nada. Bella simplesmente ajoelhou-se mostrando um enorme respeito pelo seu mestre o que deixou Voldemort bastante orgulhoso de si mesmo.



- Levante-se... – disse Amycus sério e sem rodeios.



Bellatrix exitou um pouco antes de ficar em pé, mas não levantava os olhos para encarar nenhum dos bruxos a sua frente.



- Não tenha medo minha cara... – disse Voldemort levantando-se lentamente como se estivesse flutuando - ... a chamei aqui apenas pois quero me certificar de algumas de suas lembranças...



- Minhas... lembranças... – perguntou Bellatrix um tanto incerta erguendo os olhos, mas quando vira o bruxo a sua frente abaixou-os rapidamente.



- Sim... – agora quem falava era Alecto - ... precisamos ter certeza de alguns fatos que você alegou ter visto da última vez que esteve com o Mestre.



Um pouco confusa, Bellatrix encarou a bruxa. Ela não parecia muito mais velha do que ela. Na verdade, Bellatrix podia se passar por sua irmã uns 5 anos mais nova.



- Não assustem a criança... – disse calmamente Voldemort indo até Bellatrix e a ajudando a se levantar. O bruxo então tocara a face da garota delicadamente o com suas mãos magras e pálidas a fazendo olhar para ele. Bellatrix então estremecera. - ... é só algo que preciso me certificar antes de colocarmos meu plano em ação.



A garota então apenas dera um sorriso temeroso.



- Venha... sente-se aqui... – com um aceno de varinha, uma cadeira fora posta diante de Bellatrix que se sentou rapidamente. - ... Não se preocupe minha jovem, preciso ver algumas de suas lembranças, e isso não vai tomar muito o seu tempo. Logo você poderá voltar para o conforto e companhia de seus amigos.



O bruxo pode ver que ali diante dele havia uma jovem bruxa diferente, contudo não demonstrou. Apenas delicadamente tocou o rosto da bruxa que ao olhar diretamente para os olhos do seu mestre paralisou instantaneamente. Rapidamente sua visão ficou turva e várias imagens começaram a passar por sua mente, obviamente não por sua vontade.



Ela era pequena, estava sentada em uma poltrona grande enquanto ouvia gritos do lado de dentro do quarto. Momentos depois o choro de um bebê. Mesmo ela estando consciente de que era o momento de nascimento de sua irmã mais nova, Narcisa, ela também tinha plena consciência de que não tinha voltado no tempo. Era como se ela estivesse novamente revivendo suas memórias. Ao seu lado, Lord Voldemort estava apenas observando.



- Não... – disse ele - ... preciso ver algo mais atual...



Como se recebesse um puxão em seu umbigo, sua visão ficara turva por alguns segundos antes de ela emergir do lago. Era um dos seus primeiros dias em Hogwarts e dois garotos haviam feito ela tropeçar e cair no lago negro. Ela podia sentir o ódio crescente por esses meninos e ainda mais quando um deles ela pode reconhecer seu primo Sírius Black. Saiu de dentro do lago e novamente viu Lord Voldemort parado mais afastado ainda olhando a cena. Ele meneara a cabeça e novamente sua visão ficou escura.



- Preciso ir mais fundo nessas suas memórias... – disse ele agora com a varinha em punho. Não precisou dizer nenhum feitiço, apenas Bellatrix sentiu milhares de agulhas entrando em sua cabeça e começando a queima-la. Rapidamente levou as mãos para a cabeça e começou a gritar de dor.



- Abafaffiato! – Alecto rapidamente lançou em torno da porta da sala. Não seria nada prudente alguém ouvir os gritos de Bellatrix Black.



As imagens começaram a brotar em sua mente em frente ao lord das trevas. A dor era tanta que a garota não sabia dizer o que realmente era real ou não. Foi então que se viu diante de Lucius e Severus.



– Encontrei aquela mestiça imunda ao vir para cá. Sarah Perks... Ouvi os pensamentos da insolente, e ela está bastante desconfiada sobre a lufana morta. Parece que mais alguém entrará para sua lista de “quem devo matar primeiro” ... – disse Lucius a ela.



- Perks.... – Fizera barulho com os lábios - ... é uma imbecil intrometida. - Falou entre os dentes – Não sei porque ela está tão desconfiada, ela vive em alucinação por estar com o Potter.



Nessa hora percebeu que eles não estavam sozinhos, Lord das trevas estava entre eles, porém não dizia uma única palavra. Sem saber como controlar, e mesmo estando consciente, Bella continuou interagindo com a lembrança.



-  Acredito, todavia, que Perks não tenha provas que incriminem você, mesmo tendo te visto ou não. – Afirmou Lucius.



-  Ela não tem nada. – Repetiu Bella - Nem mesmo me viram com a varinha na mão pois esta estava por baixo da capa. -  Sentenciou. – Ela tem apenas a dúvida…



            Rapidamente outra vez sentiu o coração ferver, a vontade que tinha de lançar lhe uma maldição era tentadora demais.



- Você sabe que, de qualquer maneira, My lord ficará com raiva. A morte da lufana, como disse na sala comunal, pode amenizar o problema. – alertou Lucius novamente.



- Lucius, você deve se lembrar que não sou como minhas irmãs a chorar por qualquer castigo. - Falou novamente em tom gélido – E my lord terá suas razões para a raiva ou não, e eu irei aceita-las. – As palavras saíram com clareza e tranquilidade.



- E então Severus? – perguntou Lucius ao virar seus olhos claros para o outro colega de casa.



- A barra está limpa, alguns Corvinais estiveram aqui, mas já se foram e a enfermaria está silenciosa… - comentou o garoto rapidamente - Então vamos acabar logo com isso...



- Não me diga que está receoso em ver um cadáver. – Disse Bella com ironia recebendo dele um olhar gélido e sorriu. – Então não trema tanto, Snape... Não seja ansioso.



- Isso se Bellatrix não se atrapalhar com a varinha novamente... – concluiu o garoto.



Bella caminhava suavemente pelo corredor parando próxima a porta da enfermaria. Então ao ouvir a última frase de severo estalou a língua no céu da boca e se aproximou dele como uma cobra prestes a dar o bote ficando as suas costas o rondando.



- Cuidado Severus... – disse ela em tom cortante - ... posso querer brincar com sua ruivinha… imagino que nem seja fácil definir o sangue e o cabelo dela, seria uma imagem tão bela… - as palavras saíram como veneno deixando claro que ela havia percebido uma cumplicidade entre eles dois - Mas é claro eu posso falar a você que apenas me atrapalhei com a varinha, assim não há ressentimentos em relação a ruiva, não é?



A garota já tinha visto tudo aquilo antes, fora na noite que aquela lufana desavisada cruzou seu caminho. Ela sabia como isso terminaria, mas não entendia o porque seu mestre queria ver tal memória. Mas como não tinha controle sobre a sua visão, não tinha como saber até chegar ao final. Lord Voldemort os acompanhava como se fosse um fantasma, uma mera sombra atenta a todos os detalhes.



- Vamos agir, hora da diversão Morsmordre. – ouviu a própria voz enquanto um sorriso insano brotava em seus lábios. Ver a morte era algo agradável..., mas seria ainda melhor se pudesse ouvir lentamente a agonia da vítima e seus gritos. - Você não vai acompanhado da Evans, não é, Severus? – Disse de maneira desdenhosa – Talvez esteja preparado para morrer caso o Lorde das Trevas descubra...



- E suponho que o delator não será você, será, Bellatrix? – respondeu o garoto enquanto andavam pelos corredores até chegar à porta de uma sala.



- Você é mais patético que o seu inimigozinho pessoal, Snape – vociferou Bellatrix enquanto o bruxo tentava abrir a porta – Agora resolveu virar um traidorzinho do sangue...



- Bella – disse Snape, virando-se para a sonserina – Você deveria poupar essa sujeira que sai da sua boca para jogá-la no seu primo imundo. Ele sim é o rei dos traidores.



Bellatrix apertou em suas mãos a varinha de nogueira prestes a azarar o companheiro de casa quando ouviram um barulho no corredor. Não era para ter alunos perambulando pelos corredores, e Lucius virou-se para a porta do escritório a frente. Com um manejo de sua própria varinha, Malfoy destrancou a porta e os três escorregaram para dentro.



- Seja rápido – tornou a virar para o colega – Não temos o dia... – e então, como se um pé tivesse atingido seu estômago com um chute potente, ele viu uma menina agachada, escondida, atrás de um criado-mudo suficientemente grande para escondê-la. Ela vira Malfoy descobrir seu esconderijo, e como este ficara estático de tanta surpresa, recebera um feitiço de atordoamento e proporcionara tempo para que ela fugisse correndo dali – Mas que...



Snape e Bella também não reagiram na verdade espantados tentando entender o que estava acontecendo. Quando deram por si, e as consequências que a fuga da garota e do elfo trariam para eles e para a Morsmordre, a espiã já estavam longe do seu alcance.



Lucius virou-se novamente para destrancar, e quando pôs a varinha no cós da calça, dirigiu-se para a porta, jorrando pragas para todo lugar.



- Ela não deve estar longe daqui – disse Bella, também irritada – Vamos, Snape, Lucius pode achar aquele mapa do velho Bins antes que mais alguém apareça e quanto ao Neminger, você pode mata-lo mais tarde... ele não vai acordar mesmo... Snape, você segue pra esquerda. Eu sigo pra direita. - Os garotos concordaram, aflitos - Conheço aquela garota do Balthking, e provavelmente deve estar com aqueles lufanos incompetentes. Irei matá-lo na primeira oportunidade.



- A garota deve ser a Smith, é uma lufana também, provavelmente amiga do Neminger – disse Lucius, a voz expressando sua raiva –. Vamos logo.



- E por favor – finalizou Bellatrix – Nada de sobreviventes desta vez - e com um virar de capas começou a correr pelos corredores. Não haveria sobreviventes, não poderia haver... Aqueles que no meio do caminho estivessem teriam de ser eliminados. Sem piedade, sem remorso.



“Piedade, Remorso” - duas palavras das quais ela jamais soube o verdadeiro significado.  Seus passos eram rápidos, porém silenciosos, sua capa se movia assim como seus cabelos. Mas seus olhos estavam presos em um rastro, em uma única vítima, o elfo intrometido que vira o que não deveria. Como sempre.



A decida pelas escadas que levariam as masmorras foram breves, a varinha escondida nas vestes, os olhos a cintilar uma frieza que estava cravada em sua alma. Se é que um dia ela realmente teve uma, desceu mais um nível virando em um corredor muito pouco utilizado, as poeiras e teias ali existentes eram a prova crucial de tal fato, no final deste encostado a uma parede estava o elfo a tremer. As sobras a encobriam, lhe davam a vantagem que ela queria. Segurou sua varinha firmemente a erguendo e tal elfo antes que pudesse aparatar fora atingido por um raio que o paralisara. Sorriu se aproximando com passos mais lentos passando a varinha pela face enrugada e imunda de tal animal cretino. Seu sorriso era carregado de uma sede de morte, sede de tortura. Inclinou a cabeça para o lado analisando a pequena criatura.



- Vou lhe contar um segredo...- Falou baixo se inclinando e sussurrando na orelha do animal o que ela realmente fizera com seu mestre dele. E quando se afastou notou algo que parecia uma lagrima a sair do olho esquerdo daquela criatura. - Adeus... - Murmurou voltando a caminhar o deixando ali e somente quando seu corpo fora coberto pelas sombras apontou a varinha e murmurou o feitiço que fez um raio verde esmeralda sair de sua varinha e atingir certeiro a cabeça de tal criatura o tombando para trás em um baque surdo. Provavelmente aquele cadáver só encontrariam quando o cheiro se espalhasse. -Blood.. blood.. sweeter blood...-Cantarolou enquanto saltitava, porém nessa hora vira novamente a imagem do seu mestre a encarando. O que ele estaria novamente fazendo em seus sonhos?



- Eu quero Potter! – ouviu-o dizer. Seus lábios moviam-se como se fossem em câmera lenta. Ela ainda se questionava o porque ele se daria ao trabalho de querer um simples verme como o Potter. O que ele tinha de tão especial? Foi então que novamente sentiu um puxão em seu umbigo e estava sentada em meio ao salão de estudos. Olhou em volta tentando recordar-se do que se tratava. Sua mente estava turva e embora sentisse uma dor dilacerante em seu cérebro. Era como se ela não se lembrasse do que seu mestre queria, a dor aumentaria. E tinha a mais absoluta certeza de que era isso o que estava acontecendo. E se ele queria que ela visse Potter, tudo bem... ela tentaria puxar em sua memória alguma lembrança da visão do imbecil.



Olhou a sua volta, ela recordava-se daquele dia. Era quase inicio de inverno. Aquele dia em específico ficara nervosa pois no dia anterior em um confronto no quadribol, ela e a idiota da Perks quase haviam colidido no ar. Sentiu novamente uma pontada forte em sua cabeça e não demorou muito para que a visse sentando-se na mesa reservada aos gatunos. Hornby estava com ela, assim como seu priminho idiota e o monitor imbecil. Achou estranho Potter não estar a acompanhando, mas o que lhe chamara a atenção nessa hora, era o pendente em seu pescoço. O mesmo que seu mestre havia ficado interessado a alguns meses quando os recrutou.



“Chegue mais perto...” – ouviu a voz de seu mestre e disse baixinho – Eles vão perceber que eu estou bisbilhotando....



Porém, ninguém pareceu notar que ela estava falando sozinha. Então levantou-se e chegou mais perto. Não conseguia ouvir o que estavam falando, porém algo lhe chamou ainda mais a atenção. Não era só Perks que estava usando aquele pendente... Black, Horby... até mesmo o monitor idiota estava usando.



- Mas como? – perguntou a si mesma e na mesma hora, como um baque forte em sua mente, sentira uma dor lancinante em seus joelhos. Demorou um pouco para que sua visão voltasse ao normal, e bem, além dos zumbidos em seus ouvidos só ouvia a represália que seu mestre estava dando no diretor. Tinha algo haver como “mandar crianças fazerem trabalho de adultos” e “como ele não viu que haviam mais pendentes”. Rastejando e apalpando o chão conseguiu encontrar a cadeira onde estava sentada e levantar-se ainda meio tonta. Ela não era mais criança, sabia que se conseguisse mostrar isso ao seu mestre, ele não a veria mais como uma pirralha.



- Eu mesma vou encontrar esse pendente... – disse ela o mais alto que conseguiu.



- Não se meta Black... – ralhou Amycus mas ela não se dirigia a ele.



- Se alguém sabe o que aconteceu... e onde está o verdadeiro pendente... é a Perks! – disse ela novamente – Por favor, me deixe mostrar do que eu sou capaz.



Amycus até abrira a boca para falar, mas Lord Voldemort erguera a mão para que ele se calasse. Prestando mais atenção a Bellatrix, o senhor das trevas a encarou bastante interessado.



- Eu posso arrancar da Perks qualquer informação que precise... – disse ela com toda a confiança que poderia falar.



- Não seja estupida... – agora era a voz da outra mulher que ela não conhecia, mas estava junto com Amycus.



- Se essa jovem diz que pode fazer... – disse lord das trevas suavemente e isso causou-lhe arrepios - ... vamos ver o que ela consegue...



Ainda sentindo-se tonta, Bellatrix ficara de pé e encarou seu mestre com um sorriso.



- Volte para as masmorras e convoque quem for preciso para descobrir onde está o verdadeiro pendente. – disse Amycus.



Bella então fizera uma enorme reverencia para seu mestre e então girou os calcanhares passando pela porta rumo aos corredores. Se seu mestre a havia dado esse pequeno gesto de confiança, ela não iria desperdiça-lo.



***



Quando Sarah finalmente chegou à torre da gryffindor já se passava das quatro horas da tarde. Seus NIEMs de poções acabaram sendo mais complexos do que ela esperava o que a fez perder ainda mais tempo na hora de revisar suas respostas. Não podia marcar bobeira e mesmo que Amycus não querendo que eles passassem nos exames ela não ia marcar bobeira. Na hora que entrou na sala circular estranhou o fato de não haver nenhum aluno estirado no sofá em frente a lareira. Jogou sua mochila sobre a poltrona e ouviu o ronronar de Luide se aproximando e assim que ela se sentou, o gato pulou em seu colo. Não demorou muito para que ouvisse vozes vindas do andar de cima e Sírius juntamente com James descessem as escadas.



- Não é isso galhudo... – dizia Sírius andando alguns passos a frente e então virou-se – não podemos simplesmente meter os pés pelas mãos. Longbottom já está encrencado por fingir ser você se pegarem ou suspeitarem desses tônicos dele...



- Não vão suspeitar, mas você não vê pulguento? É uma ótima maneira de escaparmos de uma veritasserum... é simplesmente brilhante! – respondia James.



- Como sempre... vocês dois tentando arrumar confusão... – disse Sarah colocando um Luide reclamão por ter sido acordado - ... e se querem saber... os dois estão completamente certos.



- O que quer dizer? – perguntou James a encarando.



- Simples capitão... – começou a garota - ... Sírius tem razão sobre Frank, ele já foi pego usando poção polissuco...  fingindo ser você, ok que não foi conseguido provar nada, MAS ele passou mais de duas semanas na Ala hospitalar...



- Me lembre de pedir desculpas a ele... – disse James a Sírius que confirmou com uma piscadinha de olho.



- PORÉM... – continuou Sarah – não temos mais McGonagall para nos livrar de qualquer reprimenda que nosso diretor inventar contra nós. Por isso, acho bom todos principalmente o Senhor, senhor Potter beber essa poção como prevenção. Eu posso não saber o que se passa lá fora ou com bem... você sabe o que..., mas você sabe e de muita coisa...



- Eu não disse? – falou James com um sorriso maroto nos lábios – Temos de reunir a AG o quanto antes. Foi mais ou menos nessa hora que Remus e Peter entraram pelo buraco no retrato.



- Ainda bem que encontrei vocês dois aqui... – começou Remus sentando-se ao lado de Sarah – temos que conversar.



- O que é tão sério para “termos que conversar”? – perguntou Sírius mas, levara um pescotapa de James.



- Os elfos estão completamente apavorados... – começou Peter e então Remus continuou.



- Se não bastasse a perseguição de nosso ilustre diretor a eles, os jornais estamparam que uma vila oculta de duendes fora exterminada ontem a noite. – Remus então trocou olhares com eles - ... não acho que manter seus elfos na torre seja seguro...



James então encarou os amigos por alguns segundos. Sarah até que conhecia aquele olhar, mas duvidava que ele fosse fazer outra vez o que prometeu que não faria. Contudo ele encarou os amigos.



- Acho que Moony tem razão... – disse ele por fim - ... não posso arriscar que meus Elfos sejam pegos por Carrow e sua corja...



- Podemos falar com Hagrid e ver se ele pode cuidar deles... – sugeriu Sirius e então James meneou a cabeça em negativa.



- Hagrid só não foi expulso ainda por ninguém querer fazer o serviço de um guarda caça... – respondeu James coçando a nuca – mas quem garante que ele permanecerá aqui?



- E se mandarmos eles para a professora McGonagall? – perguntou Sarah – Eles a conhecem, ela está fora do castelo, e bem... não irão suspeitar deles lá. Além disso, Hagrid mesmo pode os levar sem que ninguém desconfie.



- Pode ser que funcione... – disse James encarando os amigos, não sei se é permitido aparatar, mas, vamos ter de usar de meios nada ortodoxos para tira-los do castelo.



- E o retrato da Ariana? – perguntou Sarah – Eles podem ir até o cabeça de Javali... de lá o dono pode ajuda-los a ir em segurança até a professora McGonagall...



- Hooch já conhece o caminho, já mostramos a ele várias vezes quando fomos pegar provisões... – disse Sírius – então só precisamos mandar alguma mensagem para a Mimi...



- Professora Sprout talvez? – perguntou Olivia.



- Não acho que seja possível, ela deve estar sendo vigiada 24h por dia... – disse Remus respirando fundo.



- Depois da tentativa de dar asas ao diário dos Corvinais... – começou Peter - ... a segurança do comensal em cima dos que eram “amigos” da professora McGonagall aumentou consideravelmente... não sei quem a gente poderia pedir...



- E se pedirmos para Madame Pomfrey? – perguntou Sarah e todos a encararam. Ela mesmo me disse das várias vezes que fui lá, que não tinha problemas de fazer algo se não soubesse o porquê. Se não sabia porque motivo os alunos iam para a enfermaria, não tinha porque reportar para o diretor.



- E será que ela toparia? – perguntou James um tanto receoso, mas suas chances de sair do castelo eram mínimas ainda mais com o diretor e seus capangas no seu encalço.



- Eu acho que é nossa única opção... – afirmou Sírius.



- Posso ir até ela pedir alguma poção... – disse Sarah, levantando-se - ... sabe, algum tônico para o cérebro... não imaginam como estou exausta dos meus exames... – e fez uma cara de doente.



- Eu já disse... e repito... – falou Sírius com um tom orgulhos - ... somos uma péssima influencia para você!



- Vou com você... – disse Olivia se levantando - ... se algum de vocês 4 forem com a gente, vai levantar suspeitas, melhor duas belas donzelas indefesas do que acompanhadas por marotos travessos.



- Nós???? Travessos??? – perguntou Sirius com um ar de falsa ofensa. Sarah, no entanto, percebeu o olhar de James. Cruzou os braços e o encarou de volta. Ele então se aproximou deixando a conversa entre Olivia, Remus e Sírius de lado.



- O que foi? – perguntou a garota na hora e ele apenas dera um sorriso nada convincente. – Ok, eu sei... não devemos sair sozinhas..., mas você tem uma ideia melhor?



- Eu sei... – respondeu ele afastando uma mexa de cabelo do rosto da garota- ... mas não me peça pra não me preocupar, sabe que quando meu instinto aciona o gatilho, o tiro geralmente é certeiro.



- No momento a prioridade é tirar seus elfos do castelo... – respondeu Sarah - ... e se não temos Hagrid para isso, temos de dar um jeito.



Mesmo querendo não demonstar, James sempre acabava deixando transparecer preocupação com ela. Isso acabava atraindo olhares curiosos o que queria dizer que infelizmente o plano de deixarem os outros pensarem que não estavam juntos havia sido um completo e terrível fracasso. E ela tentou lhe dizer isso com o olhar, porém ele a puxou em um abraço o que a deixou sem reação.



- Não consigo esconder o obvio... – disse ele em seu ouvido e dera-lhe um beijo no pescoço a fazendo rir.



- Você não tem jeito... – disse ela por fim girando os olhos, dando meia volta e se dirigindo para o buraco do retrato com Olivia em seu encalço. Sabia que não devia deixar seus sentimentos tão evidentes. Ainda mais com James, mas não conseguia evitar.



- E pelo visto... nem ele... – ouviu a voz de Olivia e parou em meio ao corredor. Olivia a encarou de volta. – O que foi?



- Sério Olivia... você está praticando Legilimencia ou algo do gênero? – perguntou Sarah cerrando os olhos.



- Não... você pensou em voz alta... – respondeu a menina andando até ela, e enganchando em Sarah e a puxando para que voltassem a andar. – E está estampado na sua cara, então... não é muito difícil...



Podia-se perceber que as folhas da floresta proibida começaram a mudar de cor e o céu parecia um pouco mais convidativo embora não conseguissem sair sem ter alguém em seus calcanhares. O clima começara a ficar mais quente, não só fora de Hogwarts como também dentro. Enquanto passavam pelos corredores para ir em direção a Enfermaria, as evidencias da decadência gerada pela péssima administração de um péssimo diretor estava mais que evidente. Esperava com sinceridade que os seus avaliadores levassem essas informações para fora daquelas paredes de pedra. E quem sabe assim, fizessem alguma coisa. Olivia tinha tomado o cuidado de escrever um pequeno bilhete a Madame Pomfrey, para entregar-lhe enquanto conversavam sobre os tônicos. Sempre com os olhos atentos, tinha a mais absoluta certeza de que alguém as ouviria caso tentasse comentar sobre o transporte dos elfos. Discretamente quando foi se despedir, Sarah pegou o tonico da mesa ao qual estavam os vários remédios enquanto Olivia abraçava a enfermeira confirmando que ela havia entendido. Sabia que era arriscado, mas não podiam deixar que os elfos morressem caso Carrow I soubesse de sua existência.



- Vou lhe dar essa lista de Srta... – disse madame Ponfrey pegando uma brilhante e sedosa pena vermelho fogo e escrevendo em um pequeno pedaço de pergaminho. Sarah conhecia aquela pena. Era uma das penas de Falkes, a fênix majestosa pertencente ao Diretor Dumbledore. Por vezes a tinha visto em seu poleiro quando fora chamada a sua sala quando mais nova. Sem mencionar que tanto sua professora Minerva, quanto Lorigan, também tinham penas idênticas. Assim que terminou de escrever, a enfermeira fizera uma careta - ... não... acho melhor eu mesmo fazer esse tônico... – e fingindo pegar a varinha e atear fogo no pedaço de pergaminho que automaticamente incinerou-se sozinho, esperou ele desaparecer em cinzas para voltar sua atenção a Sarah novamente - ... façamos assim Srtas, vou aprontar o tônico para hoje a noite, lá pelas oito horas. Como as Srtas não estão autorizadas a sair de suas torres. Eu me comprometo a entrega-las pessoalmente a vocês.



- Ótimo... – responderam as meninas em uníssono. – Nos vemos mais tarde então Madame Ponfrey... – disse Sarah e então sorriu.



A primeira fase do plano já estava em andamento. Madame Ponfrey avisara pelo pergaminho a professora Minerva sobre a ida dos Elfos. Agora só precisavam conseguir leva-los. As duas se apressaram a seguir caminho para a torre da Gryffindor onde foram passadas as informações ao resto da AG. Logo mais a tarde teria prova de Herbologia, sendo assim teriam de deixar de sobre aviso os elfos o que James se prontificou de fazer. Alguns minutos após estavam formando grupos para se dirigirem as estufas onde seria aplicada a prova prática de Herbologia. Sarah obviamente ficara ao lado de Olivia. Enquanto os quatro Marotos se posicionaram na parte da frente da bancada. O condutor do teste não parecia ser exatamente uma pessoa confiável. Sarah tinha a impressão de que o nobre senhor alto e magro. Com o rosto fundo como o de uma caveira onde a pele havia sido esticada ao máximo, era exatamente o oposto de um dos avaliadores da comissão. Como esperado Amycus esperava-os dentro da estufa numero 7. Pelo que todos puderam notar, o bruxo escolhido para sua avaliação era muito “chegado” ao diretor, isso queria dizer que estariam BEM encrencados se não tomassem o dobro de cuidado.



- Não se preocupe... – ouviu Remus falar a Olivia quando percebeu que ela comentara alguma coisa sobre o assunto. - ... ele não tem como alterar nossos resultados se tiverem várias testemunhas...



- Eu não contaria muito com isso Remus... – disse Sarah para que só eles ouvissem - ... alguma coisa eles irão fazer...



Por sobre a bancada, e depois das “apresentações”. O diretor Carrow ficou sentado ao lado do examinador enquanto a prova prática transcorria anormalmente bem. Sarah podia ver que era basicamente coisas simples, como reenvazar plantas, adubar, ou até mesmo podar alguns galhos de algumas plantas. Nada muito complicado. O que realmente a deixara com a pulga atrás da orelha. A impressão que Sarah tinha, era de que aquela prova não era exatamente uma “prova” apenas algum motivo obscuro estava por trás. Ela só não sabia dizer o que.



Quando a aula terminou, Sarah seguiu em direção à porta de saída da estufa em silêncio. James encabeçando a fila sob o olhar de Carrow. Seguido por Remus, e Olivia na sua frente. Porém algo prendeu bruscamente a bainha de sua capa, quase fazendo-a tropeçar. Ela parou, pulando em um pé só, forçando Sírius esbarrar nela.



- Epa... – disse ele passando o braço por sua cintura lhe segurando nos braços e quase caindo sobre a menina. Habilmente ele conseguiu segura-la e manter o equilíbrio ao mesmo tempo impedindo que fossem ao chão. – Se não fosse o cachorrão aqui...



- Algo prendeu na minha capa... – tentou dizer Sarah enquanto ouvia alguém reclamar.



- Por que a demora? – Era Peter tentando ver o motivo da fila única não andar para fora da estufa.



James olhou para trás por cima do ombro. Sírius dera uma piscadela para ele enquanto Sarah rapidamente tentava ficar em pé. Sarah então estendeu a mão para tentar desprender sua capa, mas a planta grudou teimosamente no tecido. Presa em uma massa de carrapichos espinhosos. Impacientemente, Sarah puxou com mais força. Meneando a cabeça, James dera um passo para trás, estendendo a mão para arrancar as vestes da massa atarracada e espinhosa que se prendera ali. Houve um estalo e um pequeno nó de carrapichos se soltou da planta, grudado firmemente nas vestes da garota.



- Acho melhor irmos logo James... – advertiu Remus - ... antes que arrumem um jeito de nos culpar de alguma coisa e pelo olhar de Carrow....



James assentiu e saiu da Sala assim como Remus enquanto Sírius terminava de ajudar Sarah.



- Nossa - murmurou Peter - Essa Lacrimando “encontra a pessoa que precisa” mesmo.



- O que? – perguntou Sarah franzindo a testa para a massaroca marrom presa na sua capa.



- Ué... você não se lembra? – respondeu Olivia, as sobrancelhas levantadas. – Na primeira aula de Herbologia desse ano... A professora Sprout nos disse que ela só encontrada quando ela quer... é algo meio que “místico” ...



- Não só místico... – respondeu Peter - ... ela só aparece quando “escolhe” uma pessoa. Geralmente essa pessoa se tomar um chá com ela, pode descobrir qualquer segredo... Eu diria que você foi encontrada.



- Ok... e porque raios ela me escolheria? – perguntou Sarah encarando os amigos – Eu lá tenho que descobrir algum segredo por acaso?



- Deixa de besteira Pettigrew.. -  Falou Olivia - ... Até hoje o que essa planta trouxe, foi desgraça... ou você não ouviu que sempre que ela se prende a alguém, essa pessoa sempre passa por perigos... é mais uma predição de desgraça... isso sim...



- Ela não me achou... minha capa ficou presa nela... só foi um acidente...- disse Sarah fechando a cara.



 - Eu não acho que coisas assim acontecem por acidente... – respondeu Sírius, agachando-se atrás de Sarah. Cuidadosamente, ele retirou a massa de carrapichos de sua capa.  Endireitando-se, ele os ergueu contra a luz. – Outh... - ele sibilou. – Coisinhas afiadas...



- O que temos aqui? -  Uma voz gultural perguntou diretamente atrás de Sarah a fazendo dar um salto.



Todo o restante se virou quase que instantaneamente, olhando culpados para o rosto de Amycus Carrow I. O bruxo olhou por cima do nariz para Sarah, seus olhos verdes brilhando na luz fria.



- Você parece ter propriedades de Hogwarts em suas mãos, minha Jovem. – ele disse com calma e severidade.



Sirius estufara o peito enfrentando o olhar do diretor enquanto Sarah segurava seu braço. Ele estendeu os pequenos carrapixos, oferecendo-as ao diretor.



- Ele estava apenas me ajudando, senhor... – começou Sarah a dizer



- Elas ficaram presas nas vestes da senhorita... apenas a ajudei a tirá-las.



O olhar de Carrow permaneceu fixo em Sarah.



- É nobre de sua parte assumir a culpa por seu amigo, Sr. Black. Mas equivocada. Ao contrário de outras escolas, o roubo é um crime muito sério dentro dessas salas. Especialmente roubo de algo tão valioso e raro das plantas Lacrimando



– Ela não roubou – disse Olivia, nervosa. - Realmente. Ficou presa nas vestes de Sarah. É como a professora Sprout nos disse, professor, a Lacrimando encontra a pessoa que precisa. Talvez haja alguma coisa que a planta queira mostrar a Sarah.



O olhar de Carrow I finalmente se voltou para Olivia, seus olhos se estreitando. Ele ergueu o queixo e estendeu a mão, com a palma para cima. Sarah olhou para baixo, sabendo o que significava. A garota olhou novamente para os olhos do Diretor, mesmo ela não tendo pego os carrapichos, puxou os que ainda estavam presos em suas vestes e com um suspiro,  colocou o bolo de carrapixos na mão do professor com força comedida, produzindo um leve crepitar quando os carrapichos se esmagaram.



- Outch... – murmurou Sírius.



- Creio que estão todos ai... – disse Sarah ignorando a dor em sua mão por ter amassado praticamente as plantas na mão do bruxo. – Ou o Sr. Pretende revistar minhas vestes?



- Srta Persk, se você puder fazer a gentileza... – Carrow falou calmamente, tocando o cotovelo de Sarah enquanto ela se aproximava da porta.



Sarah olhou para ele, viu que o Diretor queria que ela esperasse. Olivia, Sirius e Peter que estavam passando pela porta pararam e olharam para trás.



 - Vá em frente, Sr. Black... - Carrow sugeriu alegremente. – Srta Perks vai alcança-lo em um momento... Certamente ela já conhece o caminho.



Do lado de fora da porta, Olivia e Peter pareciam relutantes. Sirius olhou para Sarah, seus lábios pressionados em uma linha fina.



- Está esperando uma escolta Sr. Black? – novamente falou Carrow. O garoto então olhou para Sarah que apenas meneou a cabeça para que ele fizesse o que Carrow pediu. Muito provavelmente tomaria uma reprimenda, ou uma sessão básica de torturas e então estaria liberada.



Então, com um estalido dos saltos de suas botas e uma reverência rígida, Sirius então se virou e se afastou. Um a um os alunos foram saindo da pequena estufa enquanto Sarah permanecia parada com Carrow segurando seu braço.



- Eu não sou um homem irracional, Srta. Perks... – começou a dizer Carrow e então suspirou profundamente, afastando-se da porta e entrando na luz gelada da sala de aula. - E, no entanto, eu opero em um ambiente rígido. Certas coisas são esperadas de mim, não só pela administração desta escola, mas por seus alunos, e sim, depois de tantos anos, por mim também. Sou obrigado a manter uma certa imagem. Espero que você não pense muito mal de mim.



Sarah apenas observou as costas do professor enquanto ele se movia entre as plantas agora envoltas em uma espécie de véu. Sentindo-se um pouco encorajada, ela disse: Nem eu ou Sírius...  não roubamos nada. Eu estava dizendo a verdade. A planta ficou presa nas minhas vestes.



 - Senhor Black não foi acusado de coisa alguma pelo que eu sei... - anunciou Carrow com desdém. – Apenas a Senhorita portava escondidas em suas vestes plantas raras que não são comercializadas ou permitidas pelo ministério da magia...



- Isso é conversa fiada... – respondeu Sarah já sem um pingo de paciência. – Se está querendo me ver fora da escola, então faça isso! Não é assim que bruxos como o Senhor, Senhor diretor age? Quando seus planos não saem como quer, elimina qualquer coisa que estiver pela frente?



Carrow se virou, olhando para Sarah por cima do ombro. Ele parecia estar sorrindo estupefato. O sorriso enrugou seus olhos, tornando-os repentinamente quentes na sala de aula fria.



- Você é uma jovem muito ousada. Não muito diferente de seu pai quando ele tinha sua idade.



- Como você sabe alguma coisa sobre meu pai? - Sarah inclinou a cabeça confusa.



O sorriso de Carrow I suavizou. Oh, todos nós conhecemos seu pai. Afinal, ele foi bastante famoso enquanto trabalhava no Ministério. Eu aliás tenho muito respeito por ele. Ao contrário de muitos nestes salões. Mas não foi por isso que a detive.



Carrow acenou para Sarah avançar. Nervosamente, a garota se aproximou. O vento morno passando por seu rosto enquanto percorria os corredores atrás do Diretor.  A sala a qual ele estava lhe guiando descia através das escadarias normais indo até as masmorras, ela estava começando a ter certo receio de prosseguir, mas se por acaso se negasse a segui-lo as consequências poderiam ser muito piores.



- A pergunta que mais incomoda... -  Carrow I então sorriu, o que fez Sarah estremecer -  Você, eu acredito, é uma jovem com muitas questões irritantes, não é?



A Sala a qual Carrow I parou fazia parte da “Ala de tortura”, embora algumas salas ainda eram usadas por alguns professores, como a sala de Slughorn mais para frente. Sarah continuou a se aproximar de Carrow I embora sentisse que não deveria. O Bruxo jogou a capa que estava sobre seus ombros para trás, sentou-se sobre a mesa enquanto a encarava. Ela até pensou em perguntar-lhe novamente como ele conhecia seu pai, nem ela sabia muito sobre ele além do que seus avós haviam contado. Então... Ela então viu o punho do bruxo fechado frouxamente, aparentemente ainda segurando o que havia restado da planta que ela intencionalmente havia amassado na mão dele. Podia até estar sentindo dor por conta dos espinhos, mas não estava demonstrando. Queria saber exatamente o que ele sabia sobre seu pai.



- E ainda... Eu me pergunto qual pergunta é a mais irritante? É uma consideração importante, sim? – Carrow I continuou, encontrando os olhos da garota. Ela não tinha a mínima noção de onde ele estaria querendo chegar com aquelas perguntas - Afinal, algumas das perguntas mais incômodas da vida são aquelas que menos desejamos que sejam respondidas. Às vezes, as respostas podem ser muito mais perigosas do que as perguntas.



Sem dizer uma palavra, Sarah parou na frente do bruxo. Atrás dele, as janelas mostrando os picos das montanhas brilhando com os raios de sol. A luz verão reduzia Carrow I a uma mera silhueta.



- Mas eu não sou um homem irracional, Srta. Perks... -  ele disse novamente. - Meus aposentos não são longe daqui. Eu providenciei para que você possa sair livremente pela escola. Venha me ver se quiser. Estou disposto a responder às perguntas apropriadas. Se, isto é... você estiver disposta a responder as minhas...



Com isso, o Carrow estendeu a mão, abrindo o punho. Sarah olhou para a palma da mão, esperando ver o que havia sobrado dos carrapichos. Em vez disso, ele viu o pendente em forma de quarto crescente que, o mesmo que os ladrões haviam tirado de seu pescoço a alguns meses em Hogsmeade.



Sarah olhou para Carrow novamente. Um arrepio percorreu sua espinha, sacudindo-a. Carrow assentiu levemente, oferecendo a ela o pingente roubado. Tentando disfarçar o assombro que isso lhe causara, Sarah apenas olhou para o pingente, e novamente para o diretor.



- Não estou entendendo onde o Sr. Quer chegar senhor diretor... – falou a jovem.



- Ora vamos... – começou novamente o bruxo, seu sorriso sádico finalmente aparecendo. - ... eu sei que isso pertence a Srta.



- E como o senhor “sabe” que pertence a mim? – perguntou ela sem desviar o olhar do bruxo que agora cerrara seus olhos a encarando.



- Digamos apenas... que tenho vários olhos por esse castelo... – então ele levantou-se da mesa e dera dois passos em direção a garota. Fora mais ou menos nessa hora que Sarah percebeu que não estavam sozinhos. 


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