Reuniões secretas
O ar naquela noite já não era como antes. O som do farfalhar das plantas era como o aranhar de garras contra paredes de madeira. Uma capa negra ondulava lentamente pela floresta não muito longe dos portões do castelo. Quem se arriscaria a sair com uma noite tão tempestuosa? Somente quem teria algo muito, mas muito importante para resolver. Uma sombra atravessa rapidamente o corredor a céu aberto entre as árvores se misturando logo depois a escuridão da noite.
– É bom ver que sua malícia em escapar de situações complicadas ainda está bem apurada minha irmã... – ouviu-se uma voz rouca e mordaz que fez a mulher alta, de cabelos ondulados e olhos claros rodopiar rapidamente. Ela conhecia a voz que ouvira, era de seu irmão. Amycus pelo que soubera estivera preso em Azkaban dias antes por suspeita de prática de magia negra sem permissão.
– Pelo que vejo a política ministerial não é mais a mesma também não é irmãozinho... – disse ela andando lentamente até ele com um sorriso – deixam qualquer um sair por bem das prisões bruxas.
– Sabe como é... ninguém resiste ao meu charme... – Amycus não é lá o que se possa chamar de um bruxo lindo de arrancar suspiros, mas sabia como cativar as pessoas quando ele quisesse. Esse era uma de suas principais virtudes e acreditem, ele fazia muito bom uso dela. – não que seja esse o caso... – completou rapidamente enquanto andavam rumo a clareira no meio da floresta fechada - ... Potter fez exatamente o que o Lord das trevas disse que faria. Previsível como sempre.
A gargalhada ameaçadora de Alecto assustou alguns pássaros que saíram voando pela noite. Por sorte estavam distantes de alguma civilização ou isso chamaria a atenção do Lord das trevas que acabava de aparatar no centro da clareira. Seus planos pareciam concretizar-se com rapidez, clareza e perfeição.
A situação de incerteza e medo cobria o mundo mágico de forma sutil, afinal, seu plano de desviar a atenção dos bruxos das ações dos verdadeiros comensais da Morte e dirigi-las para um ex-herói fazendo deste um bode expiatório para toda a crise que há anos crescia e tomava conta de tudo tinha sido uma cartada de mestre.
Uma sombra havia entrado no ministério da magia apoderando-se de seus mais altos agentes e chefes incluindo o próprio ministro da magia. Fora até fácil lançar um feitiço naquele velhaco, foi só vigiá-lo por dois dias e pronto. Já sabia todas as manias que ele tinha. E o velho hábito de tomar chá as 4h da tarde ainda era algo que ele, como um bom inglês o fazia. Regularmente ele saia da sua sala as 3h30, subia até o átrio, conversava por mais ou menos cinco minutos com o vigia, depois seguia rumo a terceira lareira perto do jornaleiro. Dali viajava por pó de flu até o caldeirão furado, e de lá seguia para a cafeteria de Madame Bootroof. Sabendo onde ele iria estar não foi difícil colocar alguém o seguindo e no melhor momento executar um feitiço Imperius capaz de controlá-lo a sua vontade. Era exatamente isso que o Lord Voldemort, o mais temido bruxo das trevas. Mas apesar dos grandes avanços, os planos ainda precisavam ser concluídos. As primeiras batalhas de uma grande guerra onde às artes das trevas sobrepusessem o bem ainda estava por vir, os exércitos daquele que se intitulou lord, começam a se juntar e a crescer junto com um novo império, império este que Lord Voldemort, aquele que todos temem, possuía planos tão esplêndidos que faria do Reino Unido apenas o começo de várias de suas conquistas.
Contudo, ainda existia aqueles que eram contra o seu modo de pensar. Uma frágil resistência liderada por Charlus Potter, Alastor Moody e o pior deles, Albus Dumbledore. O velhote patético que ainda possuía plenos poderes em Hogwarts.
– Veremos até quando terás esse controle... – disse para si mesmo enquanto via sombras se movendo por entre as árvores, seus comensais já estavam ali. Um sorriso brotou em seus lábios, sentado no que parecia ser um trono, poucas são os bruxos que conseguiram chegar até ali. Atravessando diversas armadilhas e feitiços de proteção conjurado pelo próprio Lorde das Trevas. De seu “trono” ele conseguia ver ao longe ou como ele gostava de pensar, as terras onde estariam guardadas alguns itens que eram primordiais para seus planos.
Planos esses que a muito ele tinha em mente. E embora ele não os tivesse revelado ainda, tinha certeza de que mexendo as peças com certeza ele chegaria ao seu objetivo. Por esse motivo convocara seus comensais, era chegada a hora.
“Os segredos de Ynys Wyndryn serão meus... “ – pensou consigo mesmo enquanto seus pupilos se curvavam diante dele. – “mas primeiro... preciso tomar o poder de Hogwarts...”
Não era difícil entender porque razão o lord das trevas precisava urgentemente conseguir o poder de hogwarts. Muitos estudiosos, incluindo o velho professor Bins, eram adoradores de Merlim. O mais alto bruxo na história da magia. Pois bem, muitos acreditavam que ele não existia, e que o nome “Merlim” era apenas um título dado a bruxos que o mereciam por seus feitos. Porém, existiam os “Merlinianos”, estudiosos que acreditavam que Merlim realmente existiu e fora sim um grande mestre bruxo com segredos que se fossem revelados ou descobertos por mãos erradas, poderia causar um grande caos. Não que Lord das Trevas acreditasse em histórias do gagá professor Bins, porém, encontrara indícios de que realmente Merlim existiu. Então imaginem vocês se ele, o Mais cruel bruxo que já existiu, obtivesse esse conhecimento?
A muito tempo Lord Voldemort vinha investigando sobre essas informações tanto que a alguns anos, mandara um de seus mais preciosos pupilos, Nicholas Carter para obter maiores informações. Este voltara com a confirmação que ele precisava. Embora tivesse sido “quase” pego por um auror ministerial, conseguira resolver o problema. O Auror fora morto “em serviço” e seu pupilo lhe trouxera uma informação valiosíssima. Bins havia conseguido provas de que Ynys Wyndryn era a guardiã dos segredos do bruxo. Agora, só faltava ele chegar até onde Bins havia chegado.
Seu olhar avermelhou-se. Os Comensais estavam com um grande medo devido a falhas que cometeram e depois de uma longa sessão de tortura eles fariam de tudo para não o desagradar novamente.
– Venham até mim meus comensais...
O chamado havia sido feito, a marca negra queimava e todos seus servos deveriam se apresentar. E quando este dizia “todos” eram todos e imediatamente.
Aquele que não se deve nomear havia executado uma manobra de grande risco, iria para um assalto de grandes proporções que apesar da dificuldade deveria ser realizado na surdina.
A primeira a sair fora uma de suas principais comensais, Alecto Carrow. O seu rosto tão claro como uma pedra de mármore branco refletia os pequenos raios de sol enquanto caminhava. Os olhos extremamente verdes como esmeraldas e passos largos ela percorreu a distância que a mantinha afastada e um sorriso de canto brotou em seus lábios. Em seu íntimo ela tinha a nítida sensação de que mesmo com o fracasso da missão que seu mestre havia lhe dado, ainda assim haviam tirado de circulação Charlus Potter, pelo menos com baixas, sua irmã havia sido assassinada deixando o auror, ou porque não dizer obrigando-o a aparecer. Tecnicamente era um pensamento encorajador, afinal ele havia lhe tirado a liberdade então ela apenas havia devolvido na mesma moeda. Assim que se curvou na presença de seu Amo o viu assentir e logo seu irmão Amycus aparecia ao seu lado. Para Amycus o som do medo que reinava sobre o mundo mágico, era o mais belo som que ele poderia imaginar. O Lord das trevas em seu trono aguardava a chegada de seus servos, o chamado tinha sido realizado e agora eles se materializavam-se em sua frente. Seus olhos estavam voltados para o norte, um pequeno reino ainda a conquista, seu reino de direito, onde pela primeira vez mostrara que era senhor de grande poder e que apenas perdera para um infeliz inimigo, Albus Dumbledore. Inimigo este que logo logo estaria fora de circulação. Assim como Charlus Potter.
“Charlus Alex Potter... seu aliado em Hogwarts vai deixar de existir logo...”
Agora o círculo da clareira estava cobertos com vultos de longos mantos negros e mascaras de prata. O ministério ficara a mercê de alguns insignificantes que não ofereciam perigo, contudo ainda não entendia por que motivo seus súditos ainda se misturavam a uma reles ralé.
– Deve ser divertido mandar nos trouxas, não é? – disse friamente, porém logo esboçou um pequeno sorriso e virou-se encarando os demais na sala – Alguns bruxos gostam de sujar-se com a proximidade desses seres inferiores. E por falar em seres inferiores, hoje após mover peças por todo o tabuleiro e tomar postos importantes para a guerra chegou a hora de destruir de vez todos os inimigos, acabar com aquela resistência agora é questão de tempo... Willian Cygnus abandou-os e fugiu do país com a filhinha... Mas... – sua voz mudou drasticamente para algo cheio de rancor – Entretanto Charlus Potter ainda está vivo devido à incompetência de alguns de vocês... – abriu um sorriso sarcástico – Não irão me decepcionar de novo, não é? – lentamente depois de ter severamente castigado cada comensal envolvido na missão fracassada, Lord Voldemort sabe que ninguém vai querer “pisar na bola” outra vez – Alecto quero que assassine o primeiro ministro, faça parecer para os trouxas que foi um atentado terroristas... A Resistência ira ter muito trabalho com um caso deste, o Velho vai acreditar que eu quero revelar nossa existência aos trouxas, mas não ainda... – seus olhos avermelham – Entretanto vamos fazer um ataque direto contra as diretrizes de Hogwarts, está na hora de estarmos presentes na educação de nossos filhos de puro sangue... Evitando que esses mestiços e sangues-ruins poluem a mente de nossas novas gerações. O sorriso de Lord Voldemort para seus comensais deixara-os sem fala. Seus olhos reconheceram todos que ali estavam apesar de suas máscaras. Suas mentes abriam-se como o virar de páginas dos velhos livros da ala restrita de Hogwarts. Contudo ele continuou.
– Entretanto minha cara Serpente... – seus olhos penetravam os de Alecto enquanto falava, retornando ao tom frio e cosmogonico de sempre – Quero que designe um grupo permanente de aurores para a proteção de Hogwarts... Não queremos novamente nenhum rato aproximando de meu castelo sem minha permissão. De a liderança desse grupo para algum auror leal as nossas diretrizes ministeriais... Alguém que poderá crescer... – Logo em seguida virou-se para Beckhan novamente – Já você... – disse secamente, sabia que ele realizara varias missões com sucesso, mas o teste final começaria agora – Seu cargo dentro do ministério da magia lhe torna o agente perfeito para a missão que tenho para você, Beckhan. Você ira para Hogsmeade, devera manter uma guarda permanente naquela vila até segunda ordem. Parece uma missão simplória, não é? – seu olhar desafiava o bruxo a falar algo, mas sua aura inibia qualquer reação – Mas é de suma importância, está me entendendo? Se falhar na sua guarda, tomarei providencia para que toda sua linhagem pague por seu erro... – Uma ameacinha sempre faz com que as coisas fluem com perfeição – Logo iremos tomar o poder em Hogwarts, mas para isso se tornar completo, preciso de um perímetro seguro. Durante sua guarda, deverá fingir que está coletando informações para ser analisadas pelo Departamento de Mistérios... Acho que entendeu? Deverás lançar a Imperius no máximo de bruxos que puder, mas seja discreto, Lorigan Bruce e Dumbledore estão todos os dias nos pubs da vila. Agora Vocês dois vão e se depararem com Charlus Alex Potter e sua esposa matem-nos, mas proíbo que façam o mesmo com o filho, ainda tenho planos para ele... - Sorriu irônico, tornou-se a sentar. Alguns esboçaram suas aprovações e Alecto apenas meneara a cabeça. A comensal sabia que assim como eles tinham suas fontes Olho tonto Moody também teria os seus. E era apenas uma questão de tempo para que soubessem uns dos outros. As últimas palavras foram essas, “planos para ele” mas que planos seriam esses? Um a um os comensais se inclinaram e desapareceram em uma nuvem de fumaça negra. Agora que o tabuleiro estava pronto, era só esperar o movimento do inimigo.
Bem como era de se esperar a confusão na aula de Herbologia fora o assunto do momento. Como uma planta de nível tão perigoso estava ali, na sala camuflada digamos assim como uma simples plantinha insignificante? Isso era o que estava martelando na cabeça do Jovem Potter naquela manhã e o deixava ainda mais enfurecido era o fato disso ainda não ter sido resolvido, ou melhor, ter sido praticamente “esquecido”.
– Que cara feia é essa Prongs... você sabe que não é nem um pouco atraente pensando... – disse Sírius jogando-se na poltrona puída.
– Não vou lhe responder da maneira que merece porque sei que é apenas inveja do meu semblante jovial e galante... – retorquiu James seguido de uma gargalhada de ambos. – Estou apenas a divagar sobre o que aconteceu ontem na nossa aula de herbologia.. – James jogara a cabeça para trás no encosto e e fechara os olhos. Ao mesmo instante que Peter e Remus chegavam e sentavam-se formando o círculo de poltronas.
– Ah qual é... – respondeu Peter - ... Foi apenas uma travessura de algum sonserino...
– Não Rabicho... – disse Remus apoiando os cotovelos nos joelhos e alisando o queixo pensativo - ... não acho que tenha sido apenas uma travessura. Aquela planta não era realmente uma simples flor, era uma muda de visgo do diabo.
– Como é que você sabe disso?- dessa vez era Sírius quem perguntava.
– Ora meninas... - respondia Olívia do outro lado da sala, o assunto na escola não era outro a não ser a confusão na aula de Herbologia e como Sarah e Peter haviam resolvido o assunto. - ... O tom roxo meio esverdeado daquela partícula que caiu na minha frente quando Sarah detonou os flocos de gelo do Peter, é idêntico ao que eu vi no livro de "Ervas venenosas e Plantas que jamais podemos chegar perto" da sessão reservada... - então bateu no braço de Alice - Lembra Ali? Estávamos procurando uma solução para fazermos aquele kit de beleza de Pomona Slinguer Taubot.
– Ahhhh sim... eu recomendo aquele livro... é muito instrutivo... - então levara a mão a cabeça e coçara em dúvida - ... se bem que tem muitos ingredientes lá que é impossível de se conseguir...
– Exatamente... - concluiu James Potter enquanto andava entre as poltronas próximo a lareira onde estavam sentados os marotos - ... dificilmente alguém conseguiria algo assim, a não ser que tivesse as costas quentes...
– Ou acesso ao arsenal particular da professora Sprout... - disse Remus apoiando os braços no joelho enquanto olhava para o outro lado da sala. Olívia, Sarah, Alice e Emmeline estavam sentadas em círculo absortas em uma conversa nem se quer notando a presença deles, seja lá qual fosse o assunto era até bom elas não prestarem atenção neles.
– Ou acesso ao estoque particular do professor Slughorn... - agora Sírius olhava para James, sabiam exatamente como alguém conseguiria tirar algo do professor, se você simplesmente fizesse parte do seu "círculo de celebridades" conseguiria qualquer coisa.
– É isso que eu estou querendo dizer... - agora James sentara-se próximo aos marotos praticamente grudando uma cabeça na outra para que ninguém conseguisse ouvir - ... tínhamos aula com os sonserinos, ninguém iria notar se algum deles entrasse com alguma planta, afinal, era aula de Herbologia e nós não estávamos lá quando chegaram...
– Eles já estavam lá... - agora era Sarah quem falava curvando-se na mesa a ponto de ficarem as quatro falando baixinho e vez ou outra Alice tentando ver se não havia ninguém as ouvindo - ...quem me garante que não foram eles?
– Mas com que motivo? - perguntou Emmeline sentando-se normalmente agora afinal a sala comunal agora já estava começando a ficar apinhada de gente e não seria legal ter alguma reação que despertasse suspeitas.
– E aquelas cobras lá precisam de motivos? - disse Alice mais uma vez - Só o fato de estarmos no mesmo castelo... ou... ou... ou na frente na taça das casas já é motivo suficiente para que eles façam algo do gênero.
– Sério meninas... eu não sei o que esse pessoal está tramando, mas me dá arrepios só de pensar... - disse ela agora levantando-se e indo até a janela. O céu estava límpido, a lua praticamente iluminava as planícies da floresta proibida e dentre o meio dessas árvores, ao longe... ela pode ver uma núvem de pássaros alçando vôo. Como se algo os tivesse assustado.
– O que é que vocês estão tramando? - era a voz de Lily a monitora que acabara de chegar ao salão comunal. Olhara tanto para a mesa onde estavam as meninas todas juntas quanto do lado oposto onde estavam os marotos e então fez a maior cara de responsável - Quem vê vocês (e olhou para as meninas) e vocês (olhou para Remus e os meninos) tão juntos e falando baixo com certeza vai pensar que vocês estão armando alguma.
– Ah qual é ruiva... - disse James espreguiçando e colocando os pés na mesinha de centro. - ... não podemos nem se quer relaxar com os amigos em uma conversa amigável e descontraída próximo a lareira?
– Foi apenas uma observação Potter... - disse ela agora indo em direção a mesa das garotas. - ... Todos vocês com as cabeças juntas falando baixinho... muito suspeito...
– Suspeito nada... - retorquiu Sírius com a maior e melhor cara de inocente - apenas estávamos fazendo apontamentos sobre nossa aula de Herbologia, que aliás, foi muito instrutiva...
– Sei... aula de herbologia... - murmurou ela sentando-se ao lado de Alice e agora abrindo o livro. - ... nem tivemos aula de Herbologia pra fazer algum apontamento...
– Estão dizendo que faziam o mesmo que nós "gênia" de cabelos de fogo... - retorquiu Olivia - ... tá na cara que estavam falando sobre o que aconteceu na aula... eu daria minha coleção de figurinhas de sapo de chocolate pra saber o que eles estavam falando...
– Ok... você prefere me pagar isso agora ou esperar até o jantar... - disse Emmeline se levantando da cadeira.
– O que você vai fazer? - perguntou Olivia e todas ficaram piscando atônitas olhando para a garota.
– Oras... vou lá perguntar... embora eu já ache que eles tem a mesma opinião que a nossa, que tem veneno de cobra nesse assunto... - disse Emmeline ajeitando a saia do uniforme.
– Você quer parar... - agora Sarah a puxava de volta para o banco. - ... você por acaso acha que eles vão dizer a você o que eles estão falando? Até parece Emme... eles são "Os marotos" o que falam entre si, fica só com eles até o túmulo...
– São uma espécie de "os três mosqueteiros"... - disse Olivia cruzando os braços - não é isso Lily? Aqueles caras daqueles contos dos seus livros trouxas...
– Exatamente... - agora era vez de Lily - ... olha garotas, eu sei que vocês estão suspeitando de que foi algo proposital dos sonserinos... mas não tem provas... pode ser qualquer um...
– Mas nada Lily... - disse Sarah - você está achando que a própria McGonagall é quem colocou aquela planta?
– NÃO... não foi isso que eu quis dizer... - respondeu Lily com o rosto ficando rosado.
– É mas foi exatamente isso que pareceu... - agora era Emmeline quem a encarava séria... - ou você esqueceu que teríamos aula de DCAT e que pra evitar transtorno a McGonagall transformou a sala numa estufa...
– Sim... mas poderia haver um engano não é? - Lily já estava com o rosto totalmente vermelho como os cabelos.
– McGonagall não comete erros... - respondeu Sarah adrupdamente - ...se você não consegue ver o que está embaixo do seu próprio nariz Evans... não venha reclamar quando a bomba de bosta explodir na sua cara...
Nessa hora até mesmo os marotos que estavam entretidos na sua conversa já tinham levantado sua cabeça e prestado atenção na conversa das meninas. Alice e Olivia agora olhavam torto para Lily que fechara a cara e encarava Sarah que havia lhe dado as costas e subido para o dormitório. Uma a uma as garotas foram se levantando deixando Lily Evans sozinha. Remus cruzara os braços olhando para sua companheira de monitoria, Sírius e James apenas trocaram olhares surpresos e curiosos para saber o que talvez teria acontecido para que o clima esquentasse de tal maneira.
– O que você acha que aconteceu? - perguntou Peter sério para James e Sírius.
– Não sei rabicho... mas deve ter sido algo muito sério... - respondeu James torcendo os lábios e arqueando uma das sobrancelhas. - ... e acreditem, o James "gostosão" Potter aqui, vai descobrir.
– Como? Você não pode invadir o dormitório das garotas... - respondeu Sírius baixinho.
– Não aqui por dentro... - então um sorriso brotou nos lábios de James e tanto Sírius quanto Remus entenderam as artimanhas do garoto.
Todos sabiam que as meninas podiam entrar no dormitório dos meninos MAS por terem sempre segundas intenções os meninos não podiam entrar no dormitório das meninas. Era um feitiço simples que infelizmente não podia ser “desfeito” não que Sarah, Olívia, Emmeline ou Alice tivessem intenção de invadir algum dia o dormitório dos meninos, contudo também achavam difícil ou nem se quer imaginavam o que iria acontecer.
– Sarah... porque você perdeu a calma daquele jeito com a Lily? – perguntava Olivia se jogando na cama.
– Oras... desde que ela anda pra cima e pra baixo com o Snape, parece que o fato de Snape ser “bonzinho” como ela acha... apaga todas as maracutaias que os sonserinos já fizeram na vida... – disse ela respirando fundo e tirando a capa e o sweter que vestia. Puxara a gravata desfazendo o nó e então sentou-se na cama que ficava próximo a janela desabotoando os primeiros botões da camisa branca.
– A gente sabe... – disse Alice tentando apaziguar os nervos - ... mas não podemos bater de frente com a ruiva...
– Ah tenha dó... – disse Emmeline agora se jogando na cama ao lado de Olivia – Lily pode ser monitora, poderia ser até a rainha da Inglaterra, que sempre que for se quer citada alguma confusão ela vai dizer que estamos culpando os sonserinos.
– Além do mais... como ela se quer imaginou na hipótese de que a McGonagall tivesse colocado aquela planta na sala??? – disse sara prendendo os cabelos com o auxílio da varinha, a torre parecia muito abafada aquele dia e mesmo com a noite já começando o ar estava seco. Ela levantou-se então e foi até a janela para abri-la mas o que houve foi um belo grito seguido de um soco.
– Ouuuuuuuuuouuuu – ouviu-se uma voz masculina vinda da janela e Sarah dera um salto pra traz ao mesmo tempo que um pé era posto para dentro e a cabeça de James Potter. O garoto se impulsionou para dentro com sua vassoura. Sarah praticamente caíra sentada na cama, Emmeline e Olivia sentaram-se rapidamente e Alice parou a meio caminho da boca com um sapo de chocolate.
– Caramba... que direita você tem... – disse ele abrindo um sorriso - por sorte sou rápido.
– O que é que você está fazendo aqui? – perguntou Sarah mais nervosa do que de costume. – Esqueceu que os garotos não podem entrar aqui?
– Nah, não vá dar uma de Monitora Sarah... a ruiva tá lá em baixo absorta em uma conversa com o Remus... e acredite, as regras são que “nenhum garoto deve subir as ESCADAS para o dormitório das meninas... ninguém falou que eu não poderia vir voando.. – James então olhou para o peito de Sarah a camisa estava meio aberta e a pedra azul reluziu com o último resquício de sol daquela tarde – belo colar...
Sarah mais que depressa tratou de fechar os botões da blusa resmungando algo sobre não se ter mais privacidade, algo que James com certeza nem se quer ouviu ou, fingiu não ouvir.
– Tá certo... – agora era a vez de Olivia tentar saber o motivo - ... e o que você veio fazer aqui? Já vou logo dizendo que minha coleção de figurinhas de quadribol não estão a venda.
– O que me trás aqui minha cara Olivia não são suas preciosas figurinhas... – disse James voltando-se para Sarah - ... precisava ter uma palavrinha com a Srta Perks em particular se não se importam.
– Hein??? – disse a garota levantando-se e encarando as amigas atrás dele dando sorrisinhos.
– Claro... – disse Emmeline enganchando nos braços de Olivia e Alice as arrastando para fora do quarto – comportem-se crianças e por favor, que Potter não esteja aqui quando a ruiva subir hein?
– Ei... onde... – tentou dizer Sarah mas só conseguiu foi ouvir a porta batendo e pronto, estava sozinha com um garoto no seu dormitório. Que Merlin tivesse piedade dela e Morgana ajudasse para que ninguém entrasse e pegasse ela naquela situação ou estaria duplamente encrencada. “Ok... respira fundo Sarah e haja naturalmente e não perca a cabeça” dizia ela mentalmente e então viu James sorrindo para ela com aquela cara de Don Juan dos bruxos e então decidiu logo ir pondo um ponto final nas esperanças dele, se é que ele estava tendo alguma. – Ok, você disse que tinha “algo a tratar” então deixa de rodeios e de sorrisinhos pois não estou com a menor paciência para brincadeiras Potter.
– Primeiro... – disse ele jogando-se na cama dela enquanto a garota ficava de braços cruzados apenas olhando - ... me chame de James... Potter é sobrenome e diz respeito apenas meu pai... segundo... – ele colocara os braços atrás da cabeça deitando-se confortavelmente e então abrindo os olhos a encarando – como sei que você é boa em quadribol... vim lhe convidar para fazer parte do nosso time... e em terceiro... – ele então agarrou seu travesseiro e a encarou - ... por algum motivo você se irritou com nossa monitora e... creio eu, deve ser basicamente o mesmo motivo que todos aqui da torre estamos nos desentendendo com ela.
Sarah arqueou uma das suas sobrancelhas desconfiada, não que não estivesse curiosa pelos motivos de levarem o capitão e mais popular garoto de Hogwarts ao dormitório dela porém, querendo saber sobre fofocas femininas?
– Desculpe mas... - então fez uma expressão mais séria - ...porque os marotos ligariam para briguinhas ou discussões de garotas? Bem, se está achando que é por sua causa ou de algum dos outros fique tranquilo que não é por esse motivo...
– Não acho que vocês duas discutiriam por nós... - então ele sentou-se e sorriu para a garota da maneira mais natural e inocente que conseguiu - ... é de conhecimento geral da escola que eu e a Ruiva não nos damos bem... eu até que tento... mas ela não me engole de jeito nenhum... então...
– Então... - disse Sarah agora ainda mais intrigada. Se não era pela razão mais óbvia, qual seria o real motivo daquela visita?
– Então... - finalmente ele disse se levantando e dando um suspiro enquanto andava até Sarah. A garota o vira se aproximar, e não abaixara a cabeça, continuou o encarando sem esboçar nenhuma reação como Mandy e suas amigas, porém ele estava cada vez mais perto e ela dera um passo para trás e viu que estava "encurralada" por assim dizer, pois acabava de encostar suas costas no armário. James então apoiara uma mão em cada lado, próximo aos ombros de Sarah e aproximara seu rosto do dela. Para um garoto como ele, isso não era nada difícil, pra falar a verdade era normal até, mas para uma jovem que tinha passado desapercebida até agora na escola (a não ser é claro, para o zelador e a bibliotecária) bem, ela não tinha lá vivido muitas experiências desse nível. Sarah batera levemente com a parte de trás da cabeça na porta do guarda-roupa e arregalara os olhos quando notou os olhos castanho esverdeados de James a encararem por trás dos óculos. Nunca havia reparado naqueles olhos antes, e sentiu como se uma pedra de gelo caísse no seu estomago.
– Então... - James pegara uma mecha do cabelo de Sarah e enrolara nos seus dedos brincando - ...queria apenas saber o motivo da discussão...
Sarah então abaixou-se e se esquivando do garoto foi até a janela, virou-se com autoridade, autoridade esta que basicamente lhe rendeu mais uma pedra de gelo no estomago e encarou o garoto.
– Ok... olha Po... - então ele lhe encarou e ela lembrou-se do que ele havia lhe dito - Ah... James... porque não vai direto ao ponto... esse papinho de Don Juan dos bruxos não cola comigo...
– Está bem... - disse ele dando mais um suspiro e encarando, Sarah pode ver que a postura do garoto mudara o que era uma coisa boa, ela não gostava e nem um pouco do lance conquistador... achava é claro fofo em Sírius mas em Potter... - ... estava comentando com os marotos lá em baixo... alguém transfigurou uma muda de visgo do diabo e colocou na sala sem que ninguém visse - então ele olhou para a garota a espera de alguma reação e então continuou - achamos que foi algum sonserino afinal, a velha McGonagall não colocaria um vaso assim numa sala... aliás... nem a professora Sprout colocaria.
– É... foi mais ou menos esse o motivo da discussão... - disse Sarah sentando-se no parapeito da janela - ... Lily está convicta de que tudo é possivel, menos que um sonserino tenha feito isso... ela chegou a dizer que foi um ... como é mesmo que ela disse... "enganos acontecem" quando eu levantei a questão dela estar "sugerindo" que McGonagall tivesse cometido algum engano...
– Lily Evans... a nossa Monitora, seguidora de regras... e absurdamente chata... desconfiando que a nossa diretora Minerva McGonagall, a que nunca erra e não admite erros... cometera um que quase mata os alunos em sala de aula? - disse James andando até a garota e soltando um assovio logo em seguida - ... é sério, ranhoso deve ter lançando algum feitiço que inibe a visão daquela garota... e depois eu quem precisa de óculos...
– É exatamente isso que eu quero dizer... - disse Sarah finalmente achando alguém além das garotas que tinha a mesma opinião que ela - ... ninguém consegue uma muda desse tipo assim... do nada... eu disse a Lily que quem colocou aquilo não fez para apenas dar um susto... Serena, a aluna da corvinal está na Ala hospitalar ainda sabia? Se não fosse Porthos... ou... Aramis... sei lá... um dos gêmeos da Corvinal ajudar... ela teria sido sufocada...
– Hum....Bem... - disse James encarando Sarah e estendendo a mão - ... eu não sou do tipo que misturo "negócios com prazer"... mas... que tal se entrarmos juntos nessa aventura?
– Hein??? - disse a garota sem entender e então James sentou-se ao seu lado no parapeito e começou a falar.
– Está mais do que na cara que tem alguma coisa asquerosa rastejando pelas masmorras de Hogwarts... e não falo das pulgas do Sírius ou o Rato do Rabicho... - Sarah então o encarou sem entender e ele rapidamente sorriu - esquece... enfim... o que eu quero dizer que essa não é a única coisa que anda acontecendo por ai... pensei que a guerra lá fora não chegaria em Hogwarts mas pelo visto eu estava enganado... e quanto mais ajuda tivermos... melhor vai ser para nos defendermos...
– Mas do que é que você está falando? - Perguntou a garota agora sem entender e então James pareceu voltar do seu devaneio.
– Simples minha cara... - então ele se levantou e estendeu a mão outra vez - ... gostaria que você e as meninas... assim como eu e os marotos... e alguns garotos de confiança... formássemos um grupo...
– Er... um grupo? - então ela novamente arqueara a sobrancelha e cruzara o braço.
– É... - disse ele novamente e abrindo um sorriso - ... sei que Malfoy, Bellatrix e Lestrange estão aprontando alguma... boa coisa não é... e mesmo que eu tentasse descobrir, Lily seria uma pedra no sapato...
– E eu acho que ela jamais contaria se soubesse de algo que enquadrasse o Snape... - respondeu Sarah começando a entender onde o garoto queria chegar .
– Sabe... a tempos eu queria montar um grupo de pessoas de confiança... - dizia ele - ... não me entenda mal... mas acho que se realmente as coisas que estão acontecendo lá fora... começarem a refletir aqui dentro... bem... é melhor que estejamos prontos pra enfrentar não acha?
Sarah não sabia o que dizer, na verdade achava era uma maluquice afinal eles tinham Dumbledore... McGonagall... e professores que jamais deixariam algo acontecer a eles... e ela mesmo estava por fora do que estava acontecendo, então não podia opinar né? Respirou fundo e encarou o garoto, que tinha algo de estranho ultimamente na escola... isso tinha, ela já tinha comentado com Emmeline e esta havia lhe dito que repara que os sonserinos estavam muito "libertos" como se pudessem fazer qualquer coisa... e não enfrentariam os castigos merecidos. Não, era hora de se preparar e enfrentar aquele bando de FBs.
– Bem Sr. Potter... - ele fizera uma careta e ela sorriu - ok... ok... James... eu não tenho muita noção do que está acontecendo, mas não é preciso ser uma Evans ou Lupin pra se ter uma noção do que pode "vir" a acontecer... os FBs... - então James a olhara com curiosidade e ela sorriu mais uma vez - ... ah, é minha maneira "carinhosa" de chamar eles... FBs... Filhotes de Basilisco... no caso do Malfoy é FBO - Filhote de Basilisco Oxigenado... mas o ponto é... - nisso James gargalhou com a observação e Sarah praticamente parou de falar.
– FBO... sério... essa foi ótima... - disse ele fazendo sinal para ela continuar.
– Enfim... eles tem se comportado "estranhamente" como se nada pudesse os atingir... nem mesmo McGonagall... isso não é bom sinal e antes que a bomba exploda na nossa cara... é melhor começarmos a planejar uma barricada...
– É exatamente aí que eu quero chegar... - respondeu James - ... Vou fazer uma reuniãozinha na sala comunal as 3h da manhã do sábado... obviamente depois que todos estiverem dormindo... então espero que você esteja lá...
– Ok... eu aviso as garotas... - respondeu Sarah enquanto ele pegava a vassoura.
– Não Sarah.. - disse ele agora e encarou-a - ... só você... não quero que Evans note que todas vocês saíram... ela pode suspeitar de algo, então vamos por partes... até eu encontrar um lugar apropriado onde possamos conversar... vamos revesar... - agora James subia no parapeito da janela e olhava pra garota, aproximou-se do rosto dela e deu-lhe um beijo rápido no rosto saltando logo em seguida sem dar tempo para ela protestar ou pestanejar.
– Sábado... não esqueça... - disse ele desaparecendo na noite. Sarah ainda ficou algum tempo encarando a escuridão tentando entender se o que acabara de acontecer fora mesmo, um convite para montarem um grupo de investigação, ou ela estava caindo direitinho nas garras do Maroto Mor. Meneou a cabeça e então fechou a janela, era informação demais para ser digerida em apenas uma noite.
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