CAPÍTULO 7 - O CONVIDADO DO DI



CAPÍTULO 7



 



O CONVIDADO DO DIA DAS BRUXAS



 



 



 



 



 



Aproximava-se o Dia das Bruxas, 31 de outubro, no qual Hogwarts sempre fazia uma grande festa e declarava feriado. A origem do Halloween remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcadas diferenças em relação às atuais abóboras ou da famosa frase "Gostosuras ou travessuras", exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o Halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (Samhain significa literalmente "fim do verão" na língua celta). O fim do verão era considerado como ano novo para os celtas. Era pois uma data sagrada uma vez que, durante este período, os celtas consideravam que o "véu" entre o mundo material e o mundo dos mortos (ancestrais) e dos deuses (mundo divino) ficava mais tênue. O Samhain era comemorado por volta do dia 1° de novembro, com alegria e homenagens aos que já partiram e aos deuses. Para os celtas, os deuses também eram seus ancestrais, os primeiros de toda árvore genealógica.



 



Naquela data, Hagrid exibia o melhor de suas hortas de abóboras, com exemplares descomunais que, depois de escavados, forneciam grandes lanternas e cuja polpa dava um ótimo suco. Todos apreciavam aquele dia mas, para Harry, ele possuía um significado especial.



 



_Então, Harry, animado para a festa do Dia das Bruxas? _ perguntou Rony.



_Sem dúvida. Para mim é uma data marcante e não é pelas tortinhas de abóbora. _ respondeu Harry, fazendo uma gozação com o excelente apetite do amigo.



_É mesmo, eu havia me esquecido! Não foi quando Voldemort tentou matá-los?



_Foi. Então, para nós, é como se fosse um renascimento. Uma coisa eu lhe digo, Rony. Se minha família tivesse sido morta e somente eu tivesse sobrevivido, essa data seria muito triste para mim.



_Tem razão. Vamos ao pátio, aproveitar um pouco o sol.



 



Encontraram-se com Hermione, Nereida e Soraya, que também aproveitavam o sol do outono, sentadas sobre uma manta no gramado. Obviamente, Hermione tinha um livro nas mãos. Interrompeu sua leitura à aproximação dos bruxinhos.



 



_Oi, Rony. Oi, Harry. Na expectativa para a festa do Dia das Bruxas?



_Sim, Mione. _ respondeu Rony _ Festa, banquete e surpresas.



_Seria uma surpresa você não mencionar o banquete. _ brincou Soraya.



_Engraçadinha. _ Rony fingiu-se melindrado.



_Não esquenta, ela está brincando. _ disse Nereida.



_Eu também. _ riu-se o ruivo, quebrando o gelo _ Pena já não estarmos no terceiro ano.



_Por que? _ perguntou Hermione.



_Aí já teríamos permissão para irmos a Hogsmeade, nos feriados.



_É mesmo. Dizem que o povoado é muito bonito. _ comentou Harry.



_Sem dúvida. _ ouviram-se duas vozes idênticas.



_Fred! Jorge! Vocês nos assustaram! _ disse Hermione.



 



Os gêmeos Fred e Jorge Weasley cumprimentaram os amigos e sentaram-se.



 



_Mas como é que vocês podem conhecer Hogsmeade, se agora é que vai ser a primeira visita e vocês passaram agora para o terceiro ano? _ perguntou Soraya.



_Cá entre nós, Hogsmeade já é uma velha conhecida. Como vocês acham que conseguimos os logros da Zonko’s, doces da Dedosdemel e cerveja amanteigada do Três Vassouras para nossas festinhas?



_Vocês conseguem ir a Hogsmeade? _ perguntou Nereida _ E ainda compram cerveja amanteigada no Três Vassouras? Como é que minha mãe nunca mencionou isso?



_Ela nem desconfia, Nereida. _ disse Jorge.



_Mas Taylor tem uma estranha atração por galeões, sicles e nuques, que lhe provoca uma certa... amnésia seletiva. _ comentou Fred.



_Pois é. Ele acaba esquecendo que nos vendeu o material. _ disse Jorge.



_Mas vocês estão se desviando do principal. Como é que vocês conseguem driblar o olho de águia do Filch e aquela gata magrela espiã dele? O cara parece ter olhos e ouvidos por toda Hogwarts. _ quis saber Hermione _ Sem contar que, como disse Soraya, vocês passaram agora para o terceiro ano e esta vai ser a primeira visita ao povoado.



_Bom, Mione, não deveríamos estar dizendo isso. _ disse Fred.



_Não é bom divulgar nossos segredos. _ continuou Jorge.



_Mas, como vocês são legais... _ Fred deixou a frase no meio.



_... E são amigos do nosso mano, Roniquinho... _ Jorge continuou, divertindo-se com a cara de bravo de Rony. Ele detestava ser chamado assim.



_... Sem contar que nossa princesinha, Gina, parece ter desenvolvido uma predileção por anões de óculos com cicatrizes na testa... _ disse Fred, sorrindo, enquanto todos viam Harry ficar da cor dos cabelos de Rony. Embora ele e Gina só tivessem se visto e conversado uma única vez, mantinham uma correspondência regular.



_... Então, vamos revelar alguma coisa sobre as (e Jorge baixou a voz para um sussurro) passagens secretas.



_Como é? _ perguntou Harry, baixinho.



_Vamos falar somente de uma delas, que leva direto ao porão da Dedosdemel. Como o movimento lá é grande, ninguém repara em mais alguns alunos.



_Principalmente no inverno, quando todo mundo está encasacado.



_É só não cometer a besteira de tentar sair sem pagar. O sistema mágico de segurança detecta quem tenta tirar doces da loja, desonestamente.



_Um idiota, para variar da Sonserina, chamado Montague, que é goleiro-reserva da equipe de Quadribol, tentou sair com algumas lesmas gelatinosas no bolso das vestes. Ficou paralisado na soleira da porta. _ disse Jorge.



_Tá, mas o principal vocês não disseram. _ atalhou Harry _ Onde é a entrada dessa passagem?



_Corredor do terceiro andar... _ disse Fred.



_... Estátua de Gunhilda de Gorsemoor. _ completou Jorge.



_Você toca a corcunda dela com a varinha... _ continuou Fred.



_... E diz “Dissendium”. _ concluiu Jorge.



_Pode ser interessante. _ comentou Rony.



_É. Interessante para conseguir uma detenção. _ disse Hermione, com seu famoso olhar que parecia perfurar rochas.



_Ora, Mione! Onde está seu espírito de aventura? _ perguntou Harry.



_É verdade, Mione. _ comentou Soraya _ Não tem curiosidade de conhecer um pouco de Hogsmeade?



_Respondendo às suas perguntas, primeiro você, Soraya Zaidan-Black. Já li bastante sobre Hogsmeade e posso esperar até o terceiro ano para conhecê-la in loco. Quanto ao senhor, Harry Tiago Potter, meu espírito de aventura está bem guardado no fundo da gaveta da escrivaninha do meu quarto, lá em Notting Hill, onde eu o deixei, antes de ir para a Plataforma 9 ½.



_Argumentos Hermione Jane Granger. _ disse Rony _ Incisivos e conclusivos.



_E uma ducha de água fria em qualquer pretensão de se fazer alguma coisa divertida ou diferente. _ disse Harry.



_Pode ter certeza disso. _ disse Soraya, fingindo-se amuada.



_ “Marotum filius, Marotum est”. _ brincou Nereida _ Filho de Maroto é Maroto, não adianta.



 



Entre risos, os amigos continuaram a aproveitar o sol daquela tarde de domingo, esquecendo a passagem secreta para Hogsmeade, ao menos por enquanto.



 



Será?



 



Uma tarde, antes do Dia das Bruxas, Harry caminhava pelos corredores, após o almoço. Sem que se desse conta, seus passos levaram-no ao corredor do terceiro andar. Ouvindo um barulho, escondeu-se atrás de uma estátua e viu... Neville, Rony, Soraya e Nereida.



 



_Ora, ora. O que fazem aqui?



_Acho que o mesmo que você, Harry. _ disse Soraya _ Ficamos curiosos com a história de Fred e Jorge, então viemos conferir.



_E vamos voltar, rapidinho. _ disse Hermione, saindo de trás de outra estátua.



_Mione! Veio nos fazer companhia? _ perguntou Rony, de brincadeira.



_Engraçadinho. _ disse Hermione _ É melhor voltarmos, antes que arranjemos problemas.



_Tipo? _ perguntou Harry.



_Tipo esse! _ exclamou Neville, apontando para um animal peludo, perto deles. Madame Nor-ra, a gata magrela de Filch.



_Caracas! Vamos sair daqui! _ sugeriu Nereida _ Onde ela aparece, o Filch vem em seguida.



Saíram dali, correndo. Mas logo ouviram a voz de Filch, chamando pela gata. Naquele corredor, não encontraram porta alguma pela qual pudessem entrar e se esconder. Só havia uma saída para que não fossem pegos pelo bruxo abortado, zelador e bedel de Hogwarts e não precisassem ter de dar muitas explicações, ainda mais que uma deles era filha de um professor.



A estátua de Gunhilda de Gorsemoor.



Alcançaram a estátua da bruxa corcunda e zarolha, responsável pela descoberta da cura para a Varíola de Dragão. Rapidamente, Harry sacou sua varinha e tocou a corcunda da estátua.



_ “Dissendium”! _ o bruxinho disse e a corcunda abriu-se, deixando ver uma passagem, pela qual os cinco entraram. A passagem fechou-se atrás deles, bem a tempo. Filch e Madame Nor-ra viraram em uma curva do corredor.



_Tenho certeza de que ouvi passos e vozes daqueles pirralhos! Não me importa que uma deles seja filha de um dos professores de Hogwarts. Junto com o filho do Potter e a filha do Black, boa coisa é que não pode dar. _ disse Filch para si mesmo, com sua voz asmática.



 



No interior da passagem, os cinco tateavam, procurando o caminho.



 



_Para onde vamos? “Lumus”! _ disse Rony e a ponta de sua varinha se acendeu. Os outros fizeram o mesmo e a passagem iluminou-se, revelando um corredor talhado em pedra e com chão de terra batida, que avançava em um suave declive. Sem poderem voltar, seguiram adiante.



_Se a gente se prejudicar por causa disso, vocês me pagam. _ disse Hermione.



_Vamos pensar nisso mais tarde, OK, Mione? _ perguntou Rony.



_Sim. Agora vamos ver onde isso aqui vai dar. Afinal, é só o que podemos fazer, no momento. _ disse Nereida.



 



Seguiram pelo corredor subterrâneo, notando que ele nivelava-se e, mais adiante, dava lugar a uma escada de pedra, que começava a subir. Ao final dos degraus, viram um alçapão. Harry forçou um pouco e ele abriu-se. Mas logo ele tratou de fechá-lo, pois viu que haviam duas pessoas no porão da Dedosdemel. Não podia ver quem eram, mas podia ouvir suas vozes. Uma delas era totalmente desconhecida para ele, ao contrário da outra, que ele conhecia muito bem.



Ela pertencia ao pai de Nereida, Severo Snape.



 



Deixando uma pequena abertura no alçapão, Harry deixou que o som da conversa fluísse e eles ouvissem.



 



_É o pap... _ e o sussurro de Nereida foi interrompido pela mão de Hermione, que tampou sua boca.



 



Os dois bruxos conversavam no porão da Dedosdemel, sem saberem que suas palavras eram ouvidas pelos cinco bruxinhos no túnel.



 



_Você arriscou-se muito, vindo até aqui. O que o trouxe de volta a Hogwarts? _ perguntou Snape.



_Ora, Severo, não p-posso sentir saudades da nossa... nossa antiga escola? Eu prometi a Dumbledore que v-viria passar um Dia das... das Bruxas com meus velhos c-c-companheiros, respondendo a um convite dele e hoje est-estou cumprindo minha promessa.



_Por onde você tem andado?



_Por aí, viajando pelo mundo e adquirindo c-conhecimento para tentar aquilo que v-você sempre... sempre quis e j-jamais conseguiu.



_Sem essa, espertinho. Eu te conheço de outros tempos e afirmo que não almejo mais aquilo. O que eu queria está em melhores mãos do que as minhas e, obviamente, do que as suas.



_Derek Mason, eu sei muito b-bem. Mas o mais importante é q-que não me esqueci do que d-deve ser feito. Ao c-contrário de outros, que p-parece que se ... se acomodaram e c-cuja lealdade parece f-fraquejar.



_Não estou gostando nada do que estou ouvindo. _ em um rápido movimento, Snape segurou o pescoço do outro, com uma mão que parecia uma garra de aço e apertou, o suficiente para que ele protestasse com um gemido _ E, quanto a lealdade, creio que você deve rever o conceito do que isso significa. Quanto a mim, farei o que me foi determinado fazer. Isso é lealdade.



 



Snape soltou o pescoço do outro e deixou-o, recostado em uma das prateleiras, a tossir.



 



_Você... você está l-louco, Severo. _ disse o desconhecido.



_Pelo contrário, meu caro. Jamais estive tão lúcido e seguro de meus atos. Agora, vamos sair daqui, pois ainda quero levar alguns doces da Dedosdemel para minha filha.



 



Os bruxos desaparataram do porão, com um estalido. Nereida tentou falar algo, mas Harry não deixou.



 



_Depois a gente conversa sobre isso, Nereida. Vamos primeiro retornar para Hogwarts. _ sussurrou ele.



 



O trajeto de volta para Hogwarts foi feito em silêncio. Nenhum dos bruxinhos teve coragem de dizer uma palavra. Chegando a Hogwarts, abriram a entrada da passagem e verificaram que o corredor estava vazio. Procuraram sair logo dali e voltaram para o pátio. Só depois de algum tempo foi que Nereida rompeu o silêncio.



 



_Mas o que meu pai estaria fazendo no porão da Dedosdemel, tendo uma conversa altamente suspeita com um desconhecido?



_Não sei, Nereida. _ disse Hermione _ Mas o cara parecia conhecer seu pai muito bem.



_Talvez um contemporâneo da época de alunos. _ sugeriu Rony.



_Provavelmente. _ disse Harry _ Mas eu acho que, nos próximos dias, saberemos quem é ele.



_???



_Lembram-se de que ele disse que Dumbledore convidou-o para a festa do Dia das Bruxas? Então saberemos quem é a figura.



_Sim. Bem, que tal continuarmos a trabalhar no nosso “Dossiê Voldemort”? _ sugeriu Soraya.



_Boa idéia. _ os outros concordaram e foram pegar suas anotações.



 



Em outro ponto da propriedade, Draco Malfoy lia um livro. “Os Canhões de Navarone”. Silenciosamente, Pansy Parkinson aproximou-se e tampou os olhos do loiro.



 



_Adivinhe quem é?



_Hmm... deixe-me ver. Wynona Ryder? Angelina Jolie? Lindsay Lohan? Alícia Silverstone? Não, claro que não. Além delas serem trouxas e não poderem estar aqui, somente uma pessoa que eu conheço usa esse perfume e teria o atrevimento de atrapalhar minha leitura. Ninguém além de Pansy Parkinson faria isso. _ disse Draco, em tom de gozação.



_Sem-graça. _ disse Pansy, dando-lhe um beijo no rosto e sentando-se ao seu lado _ Literatura trouxa, Draco?



_Alistair McLean. Gosto de histórias ambientadas na época da II Guerra. Aqui um grupo de Comandos Ingleses precisa destruir dois canhões de alta potência.



_Navarone. Onde fica?



_É uma ilha grega, a certa distância do Cabo Demirci, na Turquia. A história é a seguinte: Dois potentes canhões alemães controlam uma passagem marítima na ilha de Navarone. Por estarem localizados num alcantilado rochoso, é quase impossível que sejam atingidos de um barco ou do ar. Um grupo do exército britânico, junto com soldados e civis gregos, será enviado numa missão de sabotagem para atingir e dinamitar os canhões. Só que para cumprir o objetivo terão de atravessar a perigosa zona que está sob estrito controle nazista. Foi realizado um filme sobre a missão. Protagonizado pelo trio composto de Gregory Peck, David Niven, Anthony Quinn, além de outros atores, tipo James Darren, o Tony Newman do antigo seriado “Túnel do Tempo”, “Os Canhões de Navarone” é um filme bélico de aventuras que tem muitos dos temperos do melhor do gênero: uma missão complicada em terreno inimigo, uma geografia pouco propícia à sabotagem, as diversas maneiras de ver a guerra (e o mundo) dos três oficiais principais, a necessidade de se camuflar entre os moradores, e o inevitável confronto com umas tropas contrárias muito maiores em número.



_Gostaria de assisti-lo, qualquer dia desses. Você sabe muito bem que gosto do cinema trouxa. _ Pansy achegou-se a ele, que marcou a página e interrompeu a leitura. Outros colegas da Sonserina aproximaram-se. Blaise e Milly, Crabbe e Goyle, Theddy Nott e Daphne Greengrass.



_Ei, Pansy! Deixa a minha irmã ficar sabendo que você está aí, grudada no Draco! _ disse Daphne _ Ela não vai gostar nadinha.



_Pois a Astoria pode ir tirando o hipogrifo da chuva, Daphne. Todos sabem que Draco e eu já estamos prometidos, ao atingirmos a maioridade.



_Continua com essa história, Pansy? _ perguntou Draco.



_Ué, você não se lembra? O acordo de nossas famílias?



_Claro que lembro, Pansy. Mas você parece dar a isso uma importância maior do que realmente tem.



_Não gosta mais de mim? _ perguntou Pansy, fingindo um biquinho e arrancando um sorriso de Draco Malfoy.



_Pansy, você sabe que gosto, nós nos conhecemos desde o berçário do St. Mungus, mas há muito mais do que o acordo de nossos pais.



_Como o que, por exemplo?



_Lembre-se de que temos apenas onze anos, minha cara. Imagine quanto ainda pode rolar até chegarmos à maioridade. Você pode acabar gostando de outra pessoa, eu posso acabar gostando de outra garota...



_... Repete isso que eu te azaro! _ e o olhar de Pansy Parkinson não deixava dúvidas de que ela seria capaz daquilo.



_Impossível não é. _ disse Draco, procurando não prolongar-se mais, ao ver a mão direita de Pansy mover-se para o bolso das vestes _ Mas vamos deixar para pensar em cada coisa na sua hora. Por enquanto, estamos aqui e estamos juntos. É isso o que importa.



 



_Mas e depois, se não rolar?



_Pansy Ashley Parkinson, eu já lhe disse que vamos pensar em cada coisa na sua hora. _ disse Draco, abraçando Pansy e dando uma leve desarrumada nos cabelos “à la Louise Brooks” da garota, vendo que ela já se acalmara _ Temos vários anos em Hogwarts e vamos aproveitá-los bem. Falando nisso... “Pruris”!



Draco apontara disfarçadamente a varinha para Justin Finch-Fletchley, que passava a uma certa distância. Imediatamente, o garoto da Lufa-Lufa começou a se coçar, incontrolavelmente. Saiu correndo em direção à ala hospitalar, enquanto os sonserinos riam.



À distância, Harry e seus amigos viram Justin passar correndo e se coçando.



_Adivinhem. _ disse Neville.



_Malfoy e suas serpentes. _ comentou Hermione _ Aprontaram mais uma.



_Aposto que usaram uma Azaração de Coceira. _ disse Nereida, adivinhando o que o colega de Casa havia usado _ Ele adora essa.



_Caras assim é que dão má fama à Sonserina. _ disse Soraya, com uma cara séria _ Não sei como você ainda consegue achar algo de bom nesse cara, Harry.



_Palpite, Soraya. Ninguém me tira da cabeça que seu “priminho” não é de todo mau.



_Precisa me lembrar que aquilo lá é meu parente? Ninguém merece.



_Não sei não, Soraya. Acho que há mais em Draco Malfoy do que aquilo que ele demonstra. _ disse Harry.



_Só mesmo você, Harry, para ver algo de bom naquela lombriga. A gente quase chega a concordar com você. _ disse Rony.



_Falando de coisas melhores, gente, parece que a festa do Dia das Bruxas deste ano promete. _ disse Neville.



_Com certeza. Dez anos sem Voldemort, a Bruxidade vai toda ela comemorar.



Naquele momento, uma coruja deixou uma carta para Harry. Ele abriu e leu.



_ “Filho, não foi possível evitar. Como parte das comemorações de dez anos do desaparecimento de Voldemort, o ‘Profeta Diário’ acabou por nos entrevistar e também querem falar com você. Dumbledore não teve alternativa senão permitir que um repórter vá procurá-lo amanhã. O problema é que designaram aquela gralha albina da Rita Skeeter. Por sorte, Dumbledore estará ao seu lado, evitando que aquela fofoqueira distorça o que você disser. Quanto ao seu pedido, para passar as comemorações de Natal com os Weasley, em Ottery St. Catchpole, tenho uma novidade. Arthur e Molly Weasley convidaram todos nós. Portanto, você poderá ir de Hogwarts direto para Devon, com Ronald, Fred, Jorge e Percy, que nós nos encontraremos lá. Um Feliz Dia das Bruxas para você e seus amigos, meu filho. Você sabe o quanto essa data é importante para nós. Abraços e beijos de seu pai e sua mãe.



Tiago e Lílian



 



_Beleza, Harry! _ disse Rony _ Então, sairemos juntos daqui. Você vai gostar de nossa casa. É modesta, mas bastante acolhedora.



_Tenho certeza de que vou gostar bastante. _ disse Harry, colocando a mão no ombro do amigo, que abriu um grande sorriso.



 



Pouco depois, retornaram para o interior do castelo. Harry aproveitou para dar uma passada na ala hospitalar, a fim de ver como estava Justin, estranhando ao ver Draco Malfoy sair de lá, sozinho, com uma expressão de alívio no rosto. Por mais que tentasse espremer alguma informação, Justin Finch-Fletchley não disse uma palavra do que ele e Draco haviam conversado.



 



No dia seguinte, Harry foi entrevistado por Rita Skeeter, sob a supervisão de Dumbledore, que já conhecia a fama da repórter fofoqueira e sua venenosa pena de repetição rápida. O bruxinho não tinha o que dizer sobre o atentado, pois estava com apenas um ano de idade na época. Disse a ela o que esperava para a Bruxidade, vivendo em um mundo sem a ameaça do Lorde das Trevas e, de forma muito inteligente, omitiu quaisquer suspeitas sob o retorno dele. Rita deu-se por satisfeita, Dumbledore e Harry revisaram as anotações da repórter, vendo que eram fiéis às declarações e despediram-se da loira de óculos, que saiu satisfeita.



Enfim, chegou o Dia das Bruxas. À noite, todos desfrutaram de um banquete que provocou os mais variados elogios. Depois, Dumbledore fez uso da palavra, para apresentar um convidado, que estava sentado à mesa dos professores. Era um homem aparentando uns vinte e tantos anos, de aspecto franzino, que vestia um terno vitoriano cinza, tendo um turbante roxo em sua cabeça. Sorria bastante, mas tinha um ar assustado, semelhante a um esquilo.



 



_Gostaria de lhes apresentar um ex-aluno de Hogwarts, que chegou a lecionar Estudo dos Trouxas e, depois, viajou bastante pelo mundo, procurando aprimorar-se em Defesa Contra as Artes das Trevas, Poções e Feitiços. Ele sabe que as vagas de professor dessas matérias já estão preenchidas por, respectivamente, Derek Mason, Severo Snape e Filius Flitwick, mas compromete-se a proporcionar-nos apoio, através do estabelecimento que abriu recentemente em Hogsmeade, para comércio de ingredientes para poções, livros e artigos de Defesa Contra as Artes das Trevas. Gostaria de apresentar a todos vocês Quirinus Quirrell. _ Após a apresentação, a palavra foi passada a ele.



_Muito o-obrigado por poder est-estar novamente nesta escola que me é t-tão cara ao... ao p-pensamento e à l-lembrança. Minha loja em Hogsmeade está d-de portas abertas para aqueles que necessitarem d-de m-materiais para p-poções, literatura ou outros art-artigos. Aos al-alunos do primeiro e segundo ano, q-que ainda n-não têm p-permissão para irem a Hogsmeade, p-podem pedir p-por f-formulários, disponíveis n-nas suas Casas. Muito o-obrigado.



Quirrell terminou de falar e olhou para os alunos. Quando ele olhou para a mesa da Grifinória, Harry sentiu uma ligeira ardência na cicatriz. Reconhecera a voz de Quirinus Quirrell como a do misterioso interlocutor de Severo Snape, lá no porão da Dedosdemel. Estranhou o fato de sua cicatriz arder na hora em que Quirrell olhou para ele e preocupou-se mais ainda com uma outra coisa.



 



Severo Snape olhava diretamente para ele, ao mesmo tempo que Quirinus Quirrell.


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