O JARDIM SECRETO
CAPÍTULO 3
O JARDIM SECRETO
Harry acordou, cerca de uma hora e meia após adormecer, sentindo um pouco de sede. Levantou-se, tomando cuidado para não acordar Rony, pegou sua varinha, seus óculos e desceu, em direção à cozinha, para tomar um pouco de água. No corredor, não querendo executar um Feitiço Lumus a fim de não acordar ninguém, resolveu utilizar um feitiço experimental, no qual estivera trabalhando nas últimas semanas e cuja idéia lhe viera depois de assistir a um filme de espionagem trouxa. Apontou a varinha para os seus óculos e murmurou baixinho:
_ “Infrarubra Thermosensora”! _ imediatamente as lentes dos óculos começaram a captar a emissão de calor dos objetos e o espectro infravermelho, permitindo que Harry enxergasse naquela escuridão completa como se fosse dia. Desceu as escadas e chegou à cozinha. Serviu-se de um copo de água e bebeu, aliviando sua sede. Tendo perdido o sono, dirigiu-se à porta e verificou que não haviam Feitiços de Segurança. Abriu-a e saiu para a varanda, sentando-se em um banco e respirando o ar puro e fresco do campo na madrugada. Haviam muitas coisas perturbando seus pensamentos e não eram apenas coisas relacionadas ao que Voldemort pudesse estar planejando. Pensava muito nos seus sentimentos em relação a Gina Weasley. Não que eles tivessem diminuído, muito pelo contrário. Porém sentia que, além do amor, seu desejo físico pela bela ruiva também crescia e bastante. Isso, de certa forma, lhe trazia conflitos à mente, pois não queria que sua querida Gina pensasse que ele era movido apenas a paixões físicas, embora soubesse que isso era algo natural entre duas pessoas que se amam. Só não imaginava que seria tão intenso.
Tentou acalmar a mente e recuperar o sono, relaxando através de meditação, mas nem isso foi o bastante. Então resolveu fazer algo de diferente, uma coisa que só havia feito uma vez na vida mas que, com certeza, iria ajudá-lo a relaxar. Apontou a varinha para si mesmo e murmurou: “Indumentaria cambio”. Imediatamente seu pijama transfigurou-se no já conhecido traje Ninja da AD, só que com uma diferença.
No lugar do escudo da Grifinória, o que se via do lado esquerdo do peito era um bordado, representando a figura estilizada de um raio dourado. Harry guardou os óculos em um bolso interno do traje e em seguida fechou os olhos, concentrando-se e deu um pequeno salto para a frente. No instante seguinte, já não era mais Harry Potter que estava ali. No seu lugar, uma ave de rapina alçava vôo e ela possuía características bem interessantes: era um falcão-peregrino inteiramente negro, exceto pelos olhos, de um cintilante verde-esmeralda.
Subiu a uma grande altitude, podendo ver abaixo de si a Toca, o povoado de Ottery St. Catchpole e o Monte Stoatshead. Resolveu testar suas habilidades e desceu, em mergulho, na direção da praça da cidadezinha, a qual encontrava-se deserta àquela hora da madrugada. Bem próximo ao solo, saiu do mergulho e executou um rasante pela praça, subindo novamente e circulando a cidade, a observá-la do alto.
_ “Meu Deus, é maravilhoso! Como é bom fazer isso! Acho que poucas coisas devem igualar-se a voar por meios próprios. É ótimo!” _ pensou o jovem Animago.
_ “E é ainda melhor quando se pode fazê-lo na sua companhia, meu querido.” _ ouviu-se uma voz, na sua mente.
_ “Gina?!” _ admirou-se Harry. Olhando para o lado, viu outro falcão, uma fêmea, voando emparelhado com ele.
_ “Claro, meu amor. Quantos falcões-peregrinos fêmeas você conhece, que possuem plumagem ruiva e olhos verde-jade...”
_ “...Salpicados de castanho-dourado. Me pegou, meu bem. Eu sequer imaginava que você havia conseguido tornar-se uma Animaga.”
_ “É algo que sempre é melhor manter em segredo, Harry. A Animagia não é monitorável, portanto não há problema em praticá-la, mesmo ainda menor de idade. Eu queria fazer uma surpresa para você, mas parece que você também tinha uma surpresa para mim.” _ disse a ruiva, telepaticamente.
_ “Sim, Gina. Consegui, pela primeira vez, duas noites antes da final do Quadribol.”
_ “Que coincidência, Harry! Também consegui naquela noite. Acho que voamos para lados opostos, por isso não nos encontramos.”
_ “Por isso os apelidos ‘Redbird’ e ‘Hawkeye’. Acho que Sheldrake deve ter algum tipo de Vidência.”
_ “Vamos descer na orla daquele bosque. Há algo que ninguém nunca viu e que eu quero lhe mostrar.”
Desceram na orla do bosque e voltaram às formas humanas. Harry vestia o traje Ninja e Gina usava bermudas jeans estonadas, um moletom rosa-claro da GAP e calçava tênis para Trekking, com meias sem cano. Harry colocou os óculos, que ainda estavam com o Feitiço de Visão Noturna e conjurou um par para Gina, que admirou-se de estar vendo tudo claramente, como se fosse dia.
_Venha comigo, Harry. Quero levá-lo a um lugar muito especial para mim. _ e seguiram, para dentro do bosque, até chegarem a um pequeno lago, alimentado por uma cascata, com algumas pedras, na verdade seis, próximo a ela.
_É muito bonito aqui, Gina.
_Ainda não chegamos, Harry. Esta é apenas a entrada. Pise nas mesmas pedras que eu e na mesma ordem: 2-1-3-4-6-5-6.
Harry acompanhou a noiva e, quando chegaram à sexta pedra, Gina levantou os braços e disse:
_ “Virgínia Weasley, senhora do Jardim Secreto, ordena que a passagem se abra para ela e seu convidado.” _ imediatamente a cascata abriu-se em duas, como uma cortina. Um túnel era visível, por baixo do leito do rio que alimentava o lago. Seguiram por ele e, logo depois, atravessavam uma cortina de hera.
_Pode desfazer o seu Feitiço de Visão Noturna agora, Harry. Ele não será mais necessário.
Harry fez desaparecerem os óculos que havia conjurado para Gina e, em seguida desfez o Feitiço de Visão Noturna dos seus próprios óculos. O local todo possuía uma suave luminosidade que parecia emanar do chão, das plantas e, em última análise, do próprio ar. Era um belo jardim com flores de todos os tipos e de onde era possível ver a Toca, Ottery St.Catchpole e o Monte Stoatshead. O chão era revestido por uma grama verde e aveludada. No centro do jardim havia um chalé e, em frente a ele, um gazebo e uma piscina, com água corrente. Harry tocou a água.
_Quente!
_Uma fonte termal natural, Harry. Este lugar fica dentro dos limites da nossa propriedade e eu o encontrei por acaso, quando era criança. Comecei a cultivar o gramado e as flores. Meu pai construiu a piscina, aproveitando a fonte termal e também criou o Feitiço de Luminosidade e a maneira de entrar. Somente eu sei a senha e somente eu posso acionar a entrada. Ninguém mais sabe da existência deste lugar. Nem meu pai.
_Mas ele não pode ter feito um Feitiço Fidelius. Sendo uma bruxa menor de idade você não pode funcionar como uma Fiel de Segredo, pelas Leis da Magia.
_Realmente, não posso. Mas meu pai conseguiu contornar isso. Depois de colocar todos os Feitiços de Ocultamento, Luminosidade e Segurança, principalmente o de Anti-Aparatação/Desaparatação e mais as senhas de acesso, confiando-as apenas a mim, ele executou um Feitiço de Memória nele mesmo. Portanto eu sou a única pessoa que tem acesso a este lugar. Na cascata, por exemplo, não basta dizer corretamente a frase. A cascata só responde à minha voz.
_Por que, Gina? Por que todo esse segredo?
_Quando descobri este lugar, aos nove anos, me apaixonei por sua beleza, pela vista e pela fonte termal, já prevendo que daria uma excelente piscina. Meu pai entendeu que a sua filha caçula precisaria de um lugar só dela e então fez a piscina, o chalé e o gazebo. Desde então este jardim tem sido meu refúgio, quando quero ficar só ou mesmo quando apenas tenho vontade de vir aqui para tomar um relaxante banho na piscina, muitas vezes nua. _ e corou, violentamente _ Mas, desde os onze anos, este tem sido o meu lugar de reflexões e pensamentos. E devo lhe dizer, Sr. Harry Tiago Potter, que o senhor tem ocupado boa parte deles, principalmente os inconfessáveis. _ E Gina corou, novamente, como só uma Weasley sabia fazer.
_Já que a senhorita falou em pensamentos inconfessáveis, Srta. Virgínia Weasley... _ Harry começo a falar, mas Gina o interrompeu.
_Sei que há algo perturbando você, meu amor. Senti a alteração vibracional do seu Ki, desde que você chegou e, ao que parece, é alguma coisa que já vem há algum tempo. Vamos nadar um pouco e, quem sabe, você relaxa o suficiente para me dizer.
_Boa idéia, Gina. “Indumentaria cambio”! _ com um movimento de varinha, transfigurou seu traje Ninja em um calção de banho preto e as roupas de Gina em um biquíni, também preto, que contrastava com a pele clara e os cabelos ruivos de sua noiva. Em seguida entraram na piscina, cuja água estava, realmente, com uma temperatura muito agradável. Deram algumas braçadas e depois sentaram-se, abraçados, em um degrau na parte mais rasa.
Então Gina olhou direto nos olhos do noivo e disse:
_Fale, Harry. Diga para mim o que está lhe incomodando.
Harry abriu-se para a ruiva, dizendo o quanto preocupava-se em manter o equilíbrio amor/desejo e como não queria que ela fizesse uma idéia errada dele. Após ouvir tudo o que Harry tinha a dizer, Gina sorriu e disse a ele:
_Não há nada de errado nisso, Harry. O simples fato de você demonstrar preocupação já deixa bem claro que você não é movido puramente por desejo. O mesmo acontece comigo, meu amor. Eu te amo e, ao mesmo tempo, te desejo fisicamente. Isso apenas quer dizer que nosso momento aproxima-se cada vez mais. Amor e desejo não são antagônicos, não são como se fossem os dois lados de uma moeda, Harry. Na verdade eles caminham lado a lado, separados por uma linha muito tênue que, em algumas vezes, fica indefinida e, em outras, deixa de existir, permitindo que se toquem, se dêem as mãos. Quando isso acontece, os dois tornam-se uma coisa só, um amor completo e sincero, no plano físico, sentimental e espiritual. Eu também sinto que meu desejo por você aumenta cada vez mais e resolvi sair para voar pelas mesmas razões que você, meu amor, para refletir, pensar e tentar relaxar. Tê-lo encontrado durante o vôo foi como um sinal. Por isso eu o trouxe ao meu Jardim Secreto. Se tiver de acontecer hoje, que seja aqui, neste lugar que é tão especial para mim. Eu sinto que estou pronta para ser sua, Harry. E também sinto que você está pronto, que me quer tanto quanto eu te quero.
_Sim, Gina. Eu te quero tanto quanto jamais quis antes. Quero me entregar completamente a você.
_Então que hoje nós nos tornemos um só. Eu te amo e quero ser sua, Harry Potter.
_Que assim seja, Virgínia Weasley. Eu também te amo e quero ser seu.
Seus rostos, cada vez mais próximos, traduziam com suas expressões sorridentes o que passava por seus corações e mentes. Os seus lábios se encontraram, primeiro roçando-se, suavemente e depois unindo-se, em um ardente beijo no qual as línguas, digladiando-se como dois sabres, pareciam possuir vida própria. Saíram da piscina e Harry conjurou dois roupões, pois a sensação era de um pouco de frio, devido aos seus corpos estarem quentes pela imersão na piscina térmica. Em um instante estavam secos e aquecidos. Gina disse:
_Harry, o que você acharia se fosse aqui, ao ar livre e tendo por teto esse céu estrelado?
_Eu acharia maravilhoso, Gina. _ e conjurou uma grande manta sobre o gramado, na qual os dois se deitaram, abraçados.
Desatou a faixa do roupão de sua noiva e cobriu de beijos aquele belo corpo, que tanto lhe aparecera em sonhos enquanto estiveram longe um do outro. Ela fez o mesmo com ele. Nem perceberam como se desvencilharam dos roupões e das roupas de banho. Gina apenas conseguiu, entre gemidos e suspiros, sussurrar:
_Lembre-se, minha vassourinha despenteada, de que não temos uma Poção Anticoncepcional à mão, no momento.
_Tem razão, minha pequena leoa. “Condom” _ a proteção necessária foi conjurada e devidamente ajustada. Dentro em pouco os dois iam cada vez mais tornando-se um só e, quando a última barreira deixou de existir, não mais houve separação entre eles.
À medida que mais e mais empolgavam-se e aproximavam-se do clímax, seus corpos começaram a brilhar, o Ki de cada um manifestando-se na forma de uma aura, não a dourada de Harry nem a rosa-clara de Gina, mas uma fusão de ambas, que ia tornando-se cada vez mais intensa e radiante até que ao atingirem juntos, como se dizia no Japão feudal, “as nuvens e a chuva”, os dois encontravam-se brilhando como um pequeno sol e levitando, a cerca de dois metros do gramado, sem ao menos perceberem o que acontecia. Em seguida baixaram ao solo, suavemente.
Ainda em êxtase, separaram-se lentamente e Harry fez desaparecer a proteção que havia conjurado e que levava com ela os vestígios de suas virgindades compartilhadas. Deitados sobre a manta, de mãos dadas, cobriram-se com os roupões pois começaram a sentir um pouco de frio. Olhando para o céu, viram passar uma estrela cadente. Em seguida, outra e mais outra. Logo o céu estava riscado por uma chuva de estrelas, que durou quase meia hora e que não estava nas previsões de nenhum observatório astronômico do mundo.
_Será que fomos nós? _ perguntou Harry, meio de brincadeira _ Isso vai dar uma dor de cabeça nos astrônomos de toda a Grã-Bretanha e, quem sabe, de outros países.
_Sim, acho que fomos nós, Harry. _ Gina sorriu e abraçou o noivo, recostando sua cabeça no peito dele _ Falando em dor de cabeça, lembro-me de que Jan me contou que ela e Draco fizeram, na primeira vez deles, com que o Big Ben desse treze badaladas à meia-noite. Ninguém entre os trouxas conseguiu explicar a razão.
Foram para o chalé onde amaram-se novamente, tentando não provocar nenhum fenômeno inexplicável. Certa hora consultaram os relógios.
_É melhor voltarmos ou vão notar que saímos. _ disse Harry.
_Sim, querido. Ainda que meus pais gostem de colocar Feitiços de Silenciamento no quarto deles, para garantirem uma boa noite de sono, seria bom retornarmos antes que acordassem ou teríamos muito que explicar. Quanto a Rony e Mione, deixa para lá. Acho que eles têm mais com o que se ocupar do que com nossos vôos noturnos. _ Gina olhou para Harry e sorriu.
Lembrando-se do Baile de Inverno e das expressões do casal de amigos, Harry sorriu de volta para a sua noiva e disse, após consultar o relógio:
Tem toda a razão, Gina. Agora vamos voltar. Temos cerca de uma hora e meia antes do amanhecer e eu sei como a Sra. Weasley gosta de madrugar.
Saíram do chalé e Harry transfigurou os trajes de banho nas roupas que estavam usando antes. Fez desaparecerem os roupões e a manta. Por último...
_Teríamos alguma dificuldade para explicar os cabelos molhados, caso alguém nos visse. Portanto... “Secar”! _ e, logo, os cabelos de ambos estavam novamente secos.
Logo que os dois viram-se do lado de fora da cascata, Harry abraçou Gina e beijou-a, desaparatando em dupla. Aparataram na varanda da Toca e, por via das dúvidas, Harry utilizou um Feitiço de Desilusão em ambos. Transparentes como dois espectros, adentraram a casa e subiram as escadas. Assim que Gina abriu a porta de seu quarto, Harry desfez o feitiço dela e seguiu para o quarto que ocupava. Lá chegando, desfez o seu próprio feitiço, transfigurou o traje Ninja de volta no pijama que usava e deitou-se, dormindo imediatamente. Sequer percebeu que Rony não estava na cama, assim como Gina, que cansada, relaxada e satisfeita, nem reparou que a cama de Hermione encontrava-se vazia.
Coincidentemente, todos na Toca levantaram-se tarde naquele dia. Harry estava tranqüilo, a angústia das semanas anteriores deixara de existir. Seu alívio vinha não apenas do fato de ele e Gina haverem compartilhado suas virgindades mas, principalmente, por ele ter conseguido se abrir com a ruiva e expor seus pensamentos, vencendo seu característico perfil reservado. Resolveram todos dar, naquele dia, uma pequena folga para os exercícios e dedicaram-se a relembrar os acontecimentos do ano anterior e a tecer suposições sobre quais seriam os planos de Voldemort, pois sabiam que o Lorde das Trevas não ficaria parado e logo surgiria com uma nova tentativa de matar Harry e conquistar o poder.
_O que vocês acham que Voldemort deve estar fazendo? _ perguntou Gina.
_Primeiro deve estar se recuperando da derrota que lhe infligimos em Azkaban. Ele conseguiu, por um fiapo de sorte, escapar com vida do Olho de Shiva, mas deve ter saído bem prejudicado. _ comentou Harry _ Mas aquela mente diabólica nunca pára de maquinar crueldades. Aposto que, neste exato momento, aquela cobra peçonhenta deve ter algum plano maligno apenas esperando para ser iniciado.
_Tem razão, Harry. _ disse Rony _ pessoas como Voldemort não têm olhos para outra coisa que não seja a busca permanente de poder e fortuna.
_Principalmente se o plano incluir, como bônus, a minha cabeça em uma bandeja de prata ou decorando a ponta de uma lança.
_Sem-graça! _ disse Gina, abraçando o noivo _ Isso não é coisa para se falar em uma conversa entre pessoas que se gostam.
_Ele sabe como funciona a mente de Voldemort, Gina. _ comentou o Sr. Weasley _ E isso é a vantagem pois, agora que consegue vislumbrar os pensamentos daquele demônio, mantendo a mente fechada à penetração dele, pode traçar a defesa contra o que quer que ele armar.
_É, Sr. Weasley. _ disse Hermione _ Mas fico pensando no que poderia ter acontecido no último ano, se Draco não tivesse conhecido Janine e rompido definitivamente com as Trevas.
_Talvez ele não tivesse tomado a decisão naquele momento e, mesmo a contragosto, seguisse os passos de Lucius, sendo muito mais difícil de abandonar a Ordem das Trevas depois de já estar dentro dela. Se essa hipótese tivesse tornado-se uma realidade, Janine estaria morta, eu e Draco provavelmente ainda seríamos inimigos e Voldemort teria vencido. Espero que nós consigamos sempre tomar a decisão certa. _ disse Harry.
_Depois que você fica conhecendo o Draco, vê que ele não é uma má pessoa. Ele apenas era muito pressionado por Lucius. _ comentou Gina _ Deve ser horrível viver durante anos dividido entre o que você quer e o que outros querem, ainda mais quando esses outros são pessoas às quais você deve respeito filial.
_Mesmo quando a pessoa a quem você deve respeito não presta, meus queridos. _ disse Molly Weasley, que acabara de chegar, avisando que o almoço estava servido _ A família Malfoy é de origem francesa e Lucius é o mais velho de quatro irmãos. Os outros chamam-se René, Jacques e Danielle. Todos são devotos das Trevas e vivem no continente. René e Danielle na França, ele no Vale do Loire, onde possui uma grande vinícola e ela em Marselha, trabalhando com um forte comércio de poções e objetos mágicos. Jacques vive em Portugal, onde também administra vinhedos na região do Douro, produzindo um excelente Vinho do Porto. Já chegamos a adquirir garrafas dele, há algum tempo atrás.
_Draco chegou a comentar algo a respeito, no Dia dos Namorados, lá em Hogsmeade, lembram-se? _ perguntou Harry _ Ele revelou ter sido lá que teve contato com Literatura Portuguesa.
_Pois é. _ continuou Molly, enquanto todos sentavam-se à mesa e começavam a se servir _ Lucius foi o único que estudou em Hogwarts. Todos os outros foram alunos da Beauxbatons e lá fizeram o possível para espalhar a doutrina das Trevas por lá. Madame Maxime havia acabado de assumir a Academia quando eles estavam estudando lá e teve um trabalhão para evitar que o mal se propagasse.
_Mas ela tem uma aparência tão jovem. Como pode ter sido Diretora da Academia Beauxbatons quando os tios de Draco eram estudantes? _ perguntou Rony.
_Ora, meu querido, você se esqueceu de que Madame Maxime é meio-gigante? Significa que a longevidade dela deve ser de mais ou menos uns duzentos ou trezentos anos. _ explicou Hermione _ Ela deve ser, relativamente, pouco mais do que uma adolescente pelos padrões da raça. Aliás, o namoro dela e Hagrid continua de vento em popa. Eles só não se vêem com mais freqüência devido às atribuições de cada um. Ela tem bastante trabalho como Diretora e ele também, acumulando as funções de Guarda-Caça e professor de Trato das Criaturas Mágicas.
_Hagrid é o tipo de pessoa que, com certeza, merece toda a felicidade do mundo. _ comentou Molly. Pode-se dizer que ele foi a primeira vítima de Voldemort, pois Tom Riddle armou para que ele fosse expulso, quando ainda estava no terceiro ano.
_Mas Fudge iniciou um processo no Ministério, visando a reabilitação do nome de Hagrid e a restituição dos seus privilégios de bruxo, novamente concedendo a ele o direito de portar uma varinha. _ disse Arthur Weasley.
_ “Varinha” é modo de dizer. _ brincou Gina _ O Sr. Olivaras vai ter de fazer uma sob medida para ele com, pelo menos, uns cinqüenta centímetros de comprimento, por uns cinco de diâmetro.
_Assim ele vai substituir a antiga, que foi quebrada e cujos pedaços ele ainda conserva. _ disse Harry.
_Como você sabe? _ perguntou Hermione.
_Ele os esconde, emendados, por dentro do cano do guarda-chuva dele. Quando recebi a carta de Hogwarts e ele foi me buscar, utilizou o guarda-chuva por algumas vezes. Na primeira, acendeu a lareira de uma cabana, em uma ilhota no meio do mar, para onde os Dursley haviam me levado, na esperança de que os bruxos não me alcançassem.
_E na segunda? _ perguntou Gina.
_Duda ganhou um rabo de porco. _ as risadas de todos ecoaram pela sala _ Hoje ele ri ao lembrar-se daquilo mas, na época, o rabo teve de ser removido cirurgicamente. Tio Valter não deveria ter ofendido Dumbledore na frente de Hagrid.
_Hagrid até que pegou leve. _ disse o Sr. Weasley _ A lealdade dele a Dumbledore é lendária. Certa vez um lobisomem disse que pegaria Dumbledore, da próxima vez em que se transformasse. E tentou cumprir a promessa.
_O que aconteceu, então? _ perguntou Harry, curioso.
_Bem, acho que vocês já devem ter visto um tapete de pele de lobo, lá na cabana de Hagrid, não viram? Ele nega em todas as instâncias, mas quem sabe da história não pode deixar de pensar que o pobre lobisomem acabou virando peça decorativa.
_É, gente. _ comentou Hermione _ Hagrid não é o tipo de pessoa para se tirar do sério. Basta lembrar o que ele conseguiu fazer com meia dúzia de Aurores que foram pegá-lo no ano passado, a mando daquela sapa da Umbridge, lembram-se?
_E como! _ disse Harry _ Chegou a dar medo dele naquela noite.
_Hagrid sabe muito bem a quem direcionar sua agressividade, minha gente. _ disse Molly. Todos terminaram de almoçar e foram ajudá-la com a louça.
Os jovens dividiram o tempo, naquelas últimas semanas de férias, entre exercícios, conversas e especulações sobre os planos de Lord Voldemort. Harry e Gina amavam-se quase todas as noites, procurando manter a discrição. Pelo seu lado, Hermione e Rony faziam a mesma coisa. Aproximava-se o dia de irem para Londres, a fim de tomarem o trem para Hogwarts, para mais um ano letivo. Para Harry, Rony e Hermione, aquele seria o último, pois iriam se formar. Gina iria para o sexto ano. Ficariam alguns dias no apartamento de Harry e, de lá, iriam para King’s Cross.
Quando estavam com as bagagens prontas para irem para Londres, algo chamou a atenção deles. Na lareira, via-se a cabeça do Prof. Mason e a expressão dele era um misto de preocupação e espanto.
_Arthur, meus jovens, que bom encontrá-los, antes de sua viagem. Preciso que venham todos ao St. Mungus assim que possível. É muito importante.
_OK, Prof. Mason. _ disse Harry. _ Deixaremos as bagagens no meu apartamento e iremos encontrá-lo no St. Mungus (“Mas que cara! Deve ter acontecido algo de grande importância”). Todos prontos?
Ante a concordância de todos, beijou Gina e desaparataram. Rony, Hermione e o Sr. Weasley também desaparataram, logo em seguida.
Não faziam a menor idéia do que os aguardava no St. Mungus. Na verdade, nada poderia prepará-los para o que iriam encontrar naquele hospital.
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