DECRETO EDUCACIONAL







-- CAPÍTULO 17 --

DECRETO EDUCACIONAL

NUMERO VINTE E QUATRO





Harry se sentiu feliz pelo resto do fim de semana pois terminou todos os deveres. Ele e Rony passaram a maior parte do domingo pondo e dia seus deveres de casa novamente, o que não era divertido, o sol do outono ainda brilhava, olhavam constantemente para fora para ver o sol sob as copas das árvores. Hermione, que tinha terminado todos os seus deveres, trouxe lã e agulhas para fazer mais chapéus e roupas.



Sabiam que o que estavam fazendo para resistir a Umbridge e ao Ministério era parecido como uma rebelião, o que deu a Harry uma grande satisfação. Ele ainda estava pensando no encontro do sábado: todas aquelas pessoas foram até a ele para aprender Defesa Contra as Artes das Trevas... Parecia que ouviram muito as coisas que ele fez... E Cho o elogiando pelo Torneio Tribruxo, sabendo que muitas pessoas acreditavam nele, sabiam que não estava mentindo, continuou alegre até segunda de manhã, quando se lembrou das aulas que teria naquele dia.



Ele e Rony desceram as escadas do dormitório conversando sobre a idéia de Angelina praticarem uma nova manobra chamada Sloth Grip Roll durante todas as noites dos treinos de Quadribol. E quando tinham atravessado metade da sala comunal perceberam que um pequeno grupo estava os observando atentamente.



Um grande aviso foi afixado no quadro de notícias da Grifinória, tão grande que cobria tudo em sua volta, a lista dos livros de feitiços do segundo ano que estavam à venda, lembretes sobres as regras de Argo Filch, horário dos treinos de quadribol, ofertas para trocar figurinhas de Sapos de Chocolate, aviso para as cobaias dos inventos dos Weasley, as datas das visitas para Hogsmeade e últimas notícias. O novo aviso estava em grandes letras negras e tinha uma grande marca perto de uma assinatura.







"PELAS ORDENS DA GRANDE INVESTIGADORA DE HOGWARTS



Todas as organizações, sociedades, times, grupos e clubes de estudantes estão de hoje em diante proibidos.



Uma organização, sociedade, time, grupo ou clube com encontros regulares de três ou mais alunos.



Isso foi estabelecido pela Grande Investigadora (Professora Umbridge).



Qualquer organização, sociedade, time ou clube de aluno não poderá existir sem conhecimento e aprovação da Grande Investigadora.



De acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Quatro.



Assinado: Dolores Jane Umbridge, Grande Investigadora."







Harry e Rony leram o aviso sobre as cabeças de segundanistas ansiosos.



- Isso significa que nós fecharemos os Clube dos Gobstones? - um deles perguntou a seu amigo.



- Eu acho que você estará bem com os Gobstones - disse Rony de repente, fazendo o garoto do segundo ano pular. - Eu não acho que nós estamos com sorte, e você? - perguntou a Harry enquanto os garotos do segundo ano iam embora.



Harry estava lendo o aviso de novo. Sua felicidade do sábado tinha ido embora. Estava com raiva.



- Isso não é uma coincidência - disse com as mãos cerradas. - Ela sabe.



- Ela não pode.



- Tinha pessoas ouvindo no bar, nós podemos confiar no primeiro que a gente vê... Algum deles pode ter dito a Umbridge...



E até podiam conhecê-la, talvez admirá-la...



- Zacharias Smith! - disse Rony, dando um soco no ar. - Ou eu acho que podia ser Michael Corner, ele parece ser do tipo que...



- Será se Hermione já viu isso? - disse Harry, olhando para a porta do dormitório das garotas.



- Vamos lá e falamos com ela - disse Rony, indo até a porta e a empurrando, depois se aproximou da escada de caracol.



Ele estava no sexto degrau quando se ouviu um grito que ecoou pelas escadas. Foi um momento tenso, Rony resolveu voltar correndo.



- Eu acho que não deveríamos entrar nesse dormitório - disse Harry, tentando não gritar.



Duas garotas do quarto ano estavam rindo deles perto do corrimão.



- Quem tentou subir? - elas pareciam sorrir, estavam batendo os pés e olhando para Harry e Rony.



- Eu - disse Rony tímido, ele não poderia prever algo assim. - Não é justo! - falou com Harry, as garotas olhando rudemente. - Hermione permite, mas nós não...



- Bom, é uma regra bem antiga - disse Hermione, que tinha acabado de aparecer - mas isso diz em "Hogwarts: Uma História", que os garotos são menos confiáveis que as garotas. De qualquer forma, por que vocês estavam querendo entrar lá?



- Para lhe ver, olhe para isso! - disse Rony, levando-a para o quadro de avisos.



Hermione leu, parecia ter petrificado.



- Alguém deve ter contado a ela! - disse Rony feroz.



- Eles não podem ter feito isso! - disse Hermione fracamente.



- Você é tão ingênua, você acha que só porque você é confiável...



- Não, eles não podem ter feito isso porque eu pus uma azaração naquele papel que todos nós assinamos - disse Hermione. - Acredite em mim, se alguém contou para Umbridge nós saberemos quem foi.



- O que acontecerá com ele? - disse Rony nervoso.



- Bem, descobriremos no caminho - disse Hermione -, eu usei a azaração antiacne da Heloíse Midgeon, isso fará aparecer manchas no culpado. Vamos descer para o café da manhã e ver o que os outros pensam... Será que puseram isso em todas as casas?



Essa resposta foi dada na hora que entraram no Salão Principal, o aviso de Umbridge não apareceu somente na Torre da Grifinória. Havia um rumor intenso, pessoas nas mesas conversando sobre o que leram. Harry, Rony e Hermione se acomodaram à mesa quando Neville, Dino, Fred, Jorge e Gina vieram em sua direção.



- Vocês viram?



- Você acha que ela sabe?



- O que nós faremos?



Todos olhavam Harry, que olhou em volta para ter certeza que não havia professores perto.



- Nós faremos isso de qualquer forma, é claro - ele disse baixinho.



- Eu sabia que você diria isso - disse Jorge, triunfante, dando tapinhas no braço de Harry.



- Os monitores concordam? - disse Fred, interrogando Rony e Hermione.



- É claro - disse Hermione secamente.



- Aí vem Ernie e Ana Abbott - disse Rony sob seu ombro. - Todos da Corvinal e Smith... Nenhum deles está manchado.



Hermione olhou em alarme.



- Nenhum manchado, os idiotas não podem vir aqui agora, seria muito suspeito. Sentem-se! - ela murmurou para Ernie e Ana, gesticulando freneticamente para eles voltarem para a mesa da Lufa-lufa. - Depois! Nós... Falaremos... Com... Vocês... Depois!



- Eu falarei com Michael - disse Gina impaciente -, o tolo, honestamente...



Ela se apressou, passando pela mesa da Corvinal; Harry a viu ir embora. Cho não estava sentada tão longe, falando com sua amiga de cabelos encaracolados que tinha levado para o Hog's Head. Poderia Umbridge saber se eles se encontrassem de novo?



Mas as conseqüências do aviso foram embora quando deixaram o Salão Principal para a aula de História da Magia.



- Harry! Rony!



Era Angelina, que estava apressada olhando para eles desesperada.



- Está bem - disse Harry calmo, quando ela estava próximo a ele. - Nós ainda vamos...



- Você acha que ela estava incluindo quadribol nisso? - Angelina disse para ele. - Nós temos que pedir permissão para reformar o time de quadribol da Grifinória!



- O quê? - disse Harry.



- Sem chances - disse Rony.



- Você leu o aviso, mencionava times também! Então escute Harry... Eu estou dizendo isso pela última vez... Por favor, por favor, não perca seu controle com Umbridge ou ela pode não nos deixar jogar nunca mais!



- Ok, ok - disse Harry, olhando Angelina, que parecia estar com lágrimas nos olhos. - Não se preocupe, eu me comportarei...



- Aposto que Umbridge está na aula de História da Magia - disse Rony. - Ela não inspecionou Binns ainda... Aposto qualquer coisa que ela está lá...



Mas ele estava errado; o único professor que entrou foi Binns; flutuando através da sua cadeira como sempre e pronto para continuar a falar sobre guerras de gigantes. Harry não prestou no que ele disse; ignorou os olhares de Hermione para ele.



- O quê?



Ela apontou a janela. Harry olhou em volta. Edwiges estava lá fora, na janela, batendo no vidro, uma mensagem amarrada em sua perna. Harry não pôde entender isso; tinham acabado de tomar café da manhã, por que ela não entregou a carta como o normal? Muitos colegas estavam apontando para Edwiges também.



- Oh, eu sempre quis ter essa coruja, ela é tão bonita - Harry ouviu Lilá falando com Parvati.



Ele se virou para o professor Binns, que continuou ler o livro, calmo, sem perceber que a atenção da classe fora desviada para outra coisa. Harry saiu de sua cadeira, agachou-se e se apressou para abrir a janela, o que fez muito lento.



Esperava que edwiges levantasse sua perna para poder tirar a carta e depois voar para o corujal mas no momento que a janela se abriu ela entrou, parecia que estava triste. Ele fechou a janela com um olhar ansioso para o professor Binns e voltou para seu lugar com edwiges em seu ombro. Ele sentou, transferiu Edwiges para seu colo e tirou a carta de sua perna.



Só depois que viu que as penas de edwiges estavam estranhas e ela estava segurando suas asas de um modo diferente.



- Ela está ferida! - Harry murmurou, abaixando sua cabeça. Hermione e Rony se aproximaram; Hermione se abaixou. - Olha, há algo errado com a asa dela.



Edwiges tremia; quando Harry foi tocar na asa dela esta deu um pequeno salto, todas as penas no final disso estavam inchadas, e o fitava, reprovando-o.



- Professor Binns - disse Harry alto e toda a classe olhou para ele. - Eu não estou me sentindo bem.



O professor Binns tirou seus olhos do livro, olhando assustado, como sempre, quando olhava para a sala cheia de gente.



- Não está se sentindo bem? - repetiu sombriamente.



- Não totalmente - disse Harry, com Edwiges aos seus pés logo atrás. - Eu acho que preciso ir à ala hospitalar.



- Sim - disse professor Binns, claramente. - Sim... Sim, ala hospitalar... Bem, pode ir, depois, Perkins...



Harry saiu da sala, pôs Edwiges no ombro e se apressou pelo corredor, foi quando pensou. Sua primeira escolha para curar Edwiges seria Hagrid, é claro, mas ele não fazia idéia onde Hagrid estava e sua única chance seria a professora Grubbly-Plank, esperava que ela pudesse ajudar.



Harry olhou a janela, não parecia que estava próximo a cabana de Hagrid; se não estava dando aula provavelmente estava na sala dos professores. Ele desceu as escadas, Edwiges estava inquieta em seu ombro.



Tinha duas estátuas de pedra em forma de gárgula na sala dos professores. Quando Harry se aproximou uma delas falou alto.



- Você deveria estar na aula.



- É urgente - disse Harry rapidamente.



- Oooh, é urgente, não é? - disse a gárgula. - Bem, ponha-se no nosso lugar.



Harry bateu. Ouviu passos, depois a porta se abriu deu de cara com a professora McGonagall.



- Você pegou outra detenção! - ela disse de repente em tom de alarme.



- Não, professora! - disse Harry rapidamente.



- Bem, então por que você está fora de sua aula? Espero que seja realmente urgente! - disse ela rudemente.



- Eu estou procurando pela professora Grubbly-Plank - Harry explicou. - É minha coruja, ela está machucada.



- Sua coruja machucada?



A professora Grubbly-Plank apareceu atrás de McGonagall, fumando um cachimbo e segurando uma cópia d'O Profeta Diário.



- Sim - disse Harry, levantando Edwiges cuidadosamente em seu ombro. - Ela veio até a mim e sua asa está machucada, olhe...



- Hum - disse a professora Grubbly-Plank, com seu cachimbo balançando quando falava. - Parece que algo a atacou. Não posso pensar o que fez isso. Thestrals às vezes gostam de pássaros, mas Hagrid treinou os Thestrals de Hogwarts para não tocar nas corujas.



Harry não sabia e nem ligava sobre o que Thestrals eram; só queria saber se Edwiges ficaria bem. McGonagall, entretanto, olhou com raiva para Harry.



- Você sabe o quanto essa coruja viajou, Potter? - ela lhe indagou.



- Eh - disse Harry -, para Londres, eu acho.



Seus olhos se encontraram com os dela e soube quando suas sobrancelhas se uniram que ela havia entendido que "Londres" significava "Grimmauld Place, número 12".



A professora Grubbly-Plank se aproximou mais para examinar Edwiges.



- Eu gostaria de levá-la comigo, Potter - ela disse. - Ela não deveria estar voando longas distâncias em poucos dias.



- Eh, está bem, obrigado - disse Harry rapidamente.



- Sem problemas - disse a professora Grubbly-Plank, virando-se e saindo da sala dos professores.



- Só um momento, Wilhelmina! - disse a professora McGonagall. - A carta de Potter!



- Oh, sim! - disse Harry, que tinha se esquecido da carta na perna de Edwiges. A professora Grubbly-Plank entregou a carta e desapareceu pela sala carregando Edwiges, que estava olhando fixo para Harry.



- Potter!



- Sim, professora?



Ela olhou de relance pelo corredor; tinham alunos vindo em todas as direções.



- Controle-se - disse rápida e calma, seus olhos na lista em sua mão. - As vias de comunicação de Hogwarts podem estar sendo olhadas, não acha?



- Eu... - disse Harry, mas muitos alunos estavam passando no corredor e quase o carregaram. A professora McGonagall entrou na sala dos professores, deixando Harry ser varrido pelos alunos no corredor. Ele avistou Rony e Hermione e foi até eles. Abriu o pergaminho e encontrou cinco palavras com a letra de Sirius.



"Hoje, mesma hora, mesmo lugar."



- Edwiges está bem? - perguntou Hermione ansiosa.



- Onde você a levou? - perguntou Rony.



- Para Grubbly-Plank - disse Harry. - E eu encontrei McGonagall... Ouçam...



E ele contou o que a professora McGonagall disse. Para sua surpresa eles não pareciam assustados, pelo contrário, se entreolharam.



- O quê? - disse Harry, olhando para Rony e Hermione.



- Bem, eu estava dizendo para Rony... Que se alguém tentou interceptar Edwiges? Ela nunca foi ferida enquanto voava.



- Para quem era a carta? - perguntou Rony, pegando o pergaminho de Harry.



- Snuffles - murmurou Harry.



- "Mesma hora, mesmo lugar"? Significa o fogo na lareira na sala comunal?



- É obvio - disse Hermione, olhando a carta. Estava inquieta. - Espero que ninguém tenha lido isso...



- Mas estava selada e tudo mais - disse Harry, tentando se convencer. - E ninguém entenderia se não souberem onde falamos com ele antes, não é?



- Eu não sei - disse Hermione ansiosa, jogando sua mochila sobre seus ombros quando a sineta tocou. - Seria difícil selar novamente o pergaminho por mágica... E se alguém está vigiando a Rede de Flu... Mas eu não vejo como podemos avisá-lo para não vir, porque alguém pode perceber!



Desceram para a masmorra para Poções, todos os três perdidos em pensamentos, mas foram chamados pela voz de Draco Malfoy, que estava fora da porta da sala de aula de Snape, vigiando imponente e falando mais alto que o necessário, tanto que podiam ouvir cada palavra.



- Sim, Umbridge deu permissão ao time de quadribol da Sonserina para continuar jogando, eu fui perguntá-la essa manhã. Foi automático, eu digo, ela conhece meu pai, ele sempre está lá no Ministério... Seria interessante ver se a Grifinória tem permissão para continuar jogando, não é?



- Não se levantem - Hermione murmurou, implorando para Harry e Rony, que estavam olhando Malfoy com os rostos contraídos. - É o que ele quer.



- Eu quis dizer - disse Malfoy, levantando a voz ainda mais, seus olhos cinzas brilhando maliciosamente na direção de Harry e Rony -, se essa é uma questão de influência no Ministério eu não acho que eles têm muita chance... Pelo que meu pai diz, eles têm procurado uma desculpa para tirar Arthur Weasley por anos... E quanto a Potter... Meu pai diz que é um questão de tempo antes de o Ministério levá-lo para o St. Mungus... Eles têm uma área especial para pessoas que têm o cérebro deteriorado pela mágica.



Malfoy fez uma careta, sua boca abriu e seus olhos giraram. Crabbe e Goyle deram grunhidos de risadas; Pansy Parkinson deu uma sonora risada.



Algo colidiu com o ombro de Harry e passou direto. Depois de uns segundos ele percebeu que Neville acabara de passar por ele, indo em direção a Malfoy.



- Neville, não!



Harry segurou atrás da roupa de Neville, este se sacudiu, tentando chegar a Malfoy, que olhou por um momento, chocado.



- Me ajude! - Harry falou para Rony, tentando passar seus braços pelo pescoço de Neville e arrastá-lo para longe dos alunos da Sonserina. Crabbe e Goyle cruzaram seus braços e ficaram na frente de Malfoy, prontos para lutar. Rony segurou os braços de Neville e, juntamente com Harry, arrastaram-no para longe da fila da Grifinória. O rosto de Neville estava vermelho; a força que Harry estava fazendo para segurá-lo era enorme mas falou algumas palavras.



- Não... Engraçado... Não... Mungus... Mostre... A ele...



A porta da masmorra se abriu. Snape apareceu. Seus olhos percorreram a fila da Grifinória e parou onde Harry e Rony estavam segurando Neville.



- Brigando, Potter, Weasley e Longbottom? - Snape disse friamente. - Dez pontos da Grifinória. Solte Longbottom, Potter, ou entrará em detenção. Para dentro todos vocês.



Harry soltou Neville, que estava arfando e olhando para ele.



- Eu tinha que lhe deter - Harry murmurou pegando sua mochila. - Crabbe e Golye fariam você desaparecer.



Neville não disse nada, pegou sua mochila e entrou na masmorra.



- Em nome de Merlin - disse Rony devagar, seguindo Neville. - O que era aquilo?



Harry não respondeu. Sabia exatamente que as pessoas que estavam no St. Mungus sofreram danos mágicos em seu cérebro, como os pais de Neville, mas jurou a Dumbledore que jamais falaria o segredo de Neville. Até mesmo Neville não sabia que Harry sabia.



Harry, Rony e Hermione foram até seus lugares que costumavam a sentar, atrás da sala, tiraram suas penas, pergaminhos e seus exemplares de Mil Ervas e Fungos Mágicos. A classe em volta estava murmurando sobre o que Neville tinha acabado de fazer mas quando Snape fechou a porta da masmorra todos imediatamente ficaram em silêncio.



- Vocês vão notar - disse Snape baixo, numa voz irônica - que nós temos uma visita conosco hoje.



Ele gesticulou em direção a um canto da masmorra e Harry viu a professora Umbridge sentada lá, com uma prancheta em seu joelho. Olhou para Rony e Hermione com as sobrancelhas levantadas. Snape e Umbridge, os dois professores que mais odiava. Era difícil decidir quem mais odiava.



- Nós vamos continuar com a Poção da Força hoje. Vocês vão usá-la na poção que vocês fizeram aula passada; se foi corretamente feita no fim de semana, com as instruções - acenou sua varinha de novo - no quadro.



A professora Umbridge passou meia hora fazendo anotações. Harry estava tão interessado em ouvir suas perguntas para Snape, tão interessado, que estava se descuidando da poção de novo.



- Sangue de Salamandra, Harry! - Hermione o advertiu sobre o ingrediente errado pela terceira vez. - Não suco de pomegranate!



- Certo - disse Harry vagamente, adicionando o vidro e continuando a vigiar o canto, Umbridge acabara de se levantar. - Há - ele disse devagar, quando ela passou pelas duas filas de cadeiras, próximo a Snape, que estava olhando o caldeirão de Dino Thomas.









- Bom, a classe parece próximo a um nível avançado - ela disse atrás de Snape. - Eu gostaria de perguntar se é aconselhável ensinar uma Poção de Força. Acho que o Ministério preferiria que fosse removida.



Snape se virou para fitá-la.



- Agora... Quanto tempo você ensina em Hogwarts? - perguntou com sua pena descansada na prancheta.



- Quatorze anos - Snape respondeu. Seu rosto estava contraído. Harry o olhava de perto e adicionou algumas gotas a mais em sua poção; que ficou laranja.



- Você lecionou primeiro Defesa Contra as Artes das Trevas, não foi? - perguntou Umbridge.



- Sim - disse Snape calmo.



- Mas não teve sucesso?



Snape mordeu os lábios.



- É óbvio.



A professora Umbridge escreveu em sua prancheta.



- E você tem ensinado regulamente Defesa Contra as Artes das Trevas desde que entrou para a escola, eu acho?



- Sim - disse Snape quieto, mordendo seus lábios. Parecia irritado.



- Você tem alguma idéia por que Dumbledore recusou que você continuasse? - perguntou Umbridge.



- Eu sugiro que você pergunte a ele - disse Snape furioso.



- Oh, eu devo - disse a professora Umbridge com um doce sorriso.



- Eu acho que isso é relevante? - Snape perguntou, com seus olhos semicerrados.



- Oh, sim - disse a professora Umbridge. - Sim, o Ministério quer tudo sobre os professores e seus antecedentes.



Ela se virou, andou até Pansy Parkinson e começou a perguntá-la sobre as aulas. Snape olhou para Harry e seus olhos se encontraram com os dele por um momento. Harry deixou cair algo em sua poção, que estava exalando um cheiro de queimado no ar.



- Errado de novo, Potter - disse Snape maliciosamente, esvaziando o caldeirão de Harry com sua varinha. - Você vai me escrever a correta composição da poção, indicando como e por que você errou, para ser entregue na próxima aula, você entendeu?



- Sim - disse Harry furioso.



Snape já tinha dado dever de casa e Harry ainda tinha treino de quadribol naquela tarde; significava mais uma noite mal dormida. Não seria possível estar alegre quando acordasse de manhã. Todos os seus sentimentos se transformaram em tristeza até o fim do dia.



- Talvez eu deva faltar Adivinhação - disse mal humorado, quando ficaram no pátio após do almoço, a brisa calma batendo em seus rostos. - Eu pretendo ficar doente e fazer esse dever rapidamente, depois eu não terei que fazer isso de noite.



- Você não pode faltar Adivinhação - disse Hermione severa.



- Estamos falando, você desistiu de Adivinhação, você odeia Trelawney! - disse Rony indignado.



- Eu não a odeio - disse Hermione. - Eu só acho que ela é uma fraude. Mas Harry já faltou História da Magia e eu não acho que deva faltar mais nada hoje!



Era verdade, não podia ignorar isso, tanto que meia hora depois Harry estava sentado na calorosa e perfumada atmosfera da aula de Adivinhação, com raiva de todos. A professora Trelawney estava olhando as cópias do Oráculo dos Sonhos. Harry achou que seria muito melhor estar fazendo o trabalho de Snape do que ficar sentado interpretando sonhos.



Pareceu, entretanto, que não era o único a estar desanimado. A professora deixou a mesa entre Harry e Rony, pegou outra cópia do Oráculo de Dino e Simas e atirou na mesa, quase acertando a cabeça de Simas.



- Bem, vamos! - disse a professora Trelawney alto, sua voz ficando um pouco histérica. - Vocês sabem o que fazer! Ou vocês não sabem como abrir um livro?



A turma ficou perplexa olhando para ela, depois para cada um. Harry, no entanto, achava que sabia qual era o problema. A professora repentinamente voltou para a cadeira do professor, com seus olhos cheios de lágrimas de raiva, e ele falou próximo de Rony.









- Eu acho que ela recebeu os resultados da inspeção.



- Professora? - disse Parvati Patil numa voz estranha (ela e Lilá sempre a admiraram). - Professora, tem alguma coisa errada?



- Errada! - chorou a professora Trelawney numa voz emocionada. - Claro que não! Eu fui insultada... Insinuações contra mim... Acusações... Mas não, não há nada de errado, certamente!



Ela respirou fundo e olhou para Parvati, lágrimas de raiva escorrendo pelo seus óculos.



- Eu não disse nada - ela falou chocada - em dezesseis anos de serviço... Se passaram, aparentemente, nada... Mas eu não deveria ser insultada, não, não deveria!



- Mas, professora, quem está lhe insultando? - perguntou Parvati tímida.



- O estabelecimento! - disse a professora Trelawney, uma profunda, dramática, soluçante voz. - Sim, com esses olhos pelo simples "Eu vejo como, Eu vejo, eu Sei como, eu Sei"... É claro, nós, Videntes, sempre fomos feridos, insultados... É nosso... Nosso fardo.



Ela soluçou, limpou suas lágrimas, e depois soluçou. Rony gemeu, Lilá deu um olhar angustiado.



- Professora - disse Parvati - a senhora quer dizer... É algo com a professora Umbridge?



- Não me fale daquela mulher! - chorou a professora Trelawney, levantando-se trêmula. - Turma, continue com seu trabalho!



E ela passou o resto da aula quieta, soluçando, com lágrimas nos olhos e de vez em quando murmurando algo.



- ...talvez devemos ir... A indignidade disso... Provavelmente... Nós devemos... Como ela se atreve...



- Você e Umbridge têm algo em comum - Harry disse para Hermione quando se encontraram em Defesa Contra as Artes das Trevas. - Ela obviamente reconheceu que Trelawney é uma velha fraude também... Parece que a desaprovaram.



Umbridge entrou na sala quando ele falou, com uma expressão de satisfação.



- Boa tarde, turma.



- Boa tarde Professora Umbridge - todos falaram meio aborrecidos.



- Varinhas guardadas, por favor.



Mas não houve nenhum movimento anormal, ninguém se opôs a guardar a varinha.



- Por favor, vão até a página trinta e quatro da Teoria da Defesa Mágica e leiam o terceiro capítulo, intitulado "O Caso de Não-ofensivos Ataques Mágicos". Tem...



- Não precisa falar - disseram Harry, Rony e Hermione juntos.



*



- Sem treino de quadribol - disse Angelina quando Rony, Harry e Hermione entraram na sala comunal depois do jantar.



- Mas eu me comportei! - disse Harry horrorizado. - Eu não disse nada a ela, Angelina, eu juro, eu...



- Eu sei, eu sei - disse Angelina triste. - Ela apenas disse que precisava de mais tempo para reconsiderar.



- Considerar o quê? - disse Rony com raiva. - Ela deu permissão para a Sonserina, por que para nós não?



Mas Harry pôde imaginar como Umbridge estava se divertindo punindo o time de quadribol da Grifinória, tentava entender o porquê disso tudo.



- Bem - disse Hermione -, olhe pelo lado bom, pelo menos agora você vai poder fazer o trabalho de Snape!



- Esse é o lado bom, é? - falou Harry enquanto Rony fitava Hermione incrédulo. - Sem treino de quadribol e mais dever de Poções?



Harry sentou em uma cadeira, tirou o dever de Poções da mochila e começou a trabalhar. Era difícil se concentrar; porque sabia que Sirius apareceria no fogo dali a pouco, não podia deixar que ninguém visse. Havia muito barulho na sala: Fred e Jorge fizeram finalmente um perfeito Skiving Snackbox, estavam demonstrando para várias pessoas.



Primeiro Fred pegou um pouco do lado laranja, mastigou e vomitou tanto que só parou quando mastigou o lado púrpuro. Lino Jordan, que estava assistindo a demonstração, fez o vômito desaparecer, o mesmo feitiço que Snape usava nas poções de Harry.



Com os sons de aprovação, Fred e Jorge davam ordens para as pessoas, Harry estava achando muito difícil se concentrar em seu dever. Hermione não estava ajudando, o som de Fred e Jorge vomitando fez com que ela desse um suspiro de desaprovação.



- Apenas vamos e paramos eles! - ele disse irritado, errando na poção pela quarta vez.



- Eu não posso, eles não estão fazendo nada errado - disse Hermione entre os dentes. - Eu não encontrei uma regra que diga que outros idiotas não possam comprar nada inútil que seja perigoso, coisa que parece que não é.



Ela, Harry e Rony olharam o projeto de vômito de Jorge arrancar aplausos.



- Você sabe, eu não entendo por que Fred e Jorge só conseguiram três pontos cada - disse Harry, olhando Fred, Jorge e Lino recolherem dinheiro das pessoas. - Eles realmente sabem fazer essas coisas.



- Oh, eles somente sabem fazer essas coisa que são inúteis - disse Hermione.



- Inúteis? - disse Rony, discordando. - Hermione, eles conseguiram vinte e seis galeões.



Passou-se um tempo, depois todos foram embora. Agora só tinha Harry, Rony e Hermione na sala comunal. Harry teve um pequeno progresso com o dever de Poções e resolveu desistir. Guardou os livros, Rony gemeu algo para a lareira.



- Sirius! - ele disse.



Harry se virou. A cabeça de Sirius estava no fogo novamente.



- Oi - ele disse rouco.



- Oi - responderam Harry, Rony e Hermione, todos os três se aproximando da lareira, tentando cobrir a cabeça de Sirius para ninguém mais visse.



- Como estão as coisas? - disse Sirius.



- Não estão boas - disseram Harry e Hermione.



- O Ministério forçou outro decreto, significa que não temos permissão para praticar quadribol...



- Ou grupos de Defesa Contra as Artes das Trevas? - disse Sirius.



Fez-se uma pausa.



- Como você sabe sobre isso? - perguntou Harry.



- Vocês precisam escolher seus lugares de encontro mais atentamente - disse Sirius mais rouco. - O Hog's Head, eu lhe pergunto.



- Bom, era melhor que o Três Vassouras! - defendeu-se Hermione. - Lá sempre está cheio de gente...



- Isso significa que foi difícil os cobrir - disse Sirius. - Você tem que aprender Hermione.



- Quem estava nos cobrindo? - perguntou Harry.



- Mundungo, é claro - disse Sirius quando olharam desconfiados, ele riu. - Ele era a bruxa atrás do véu.



- Aquilo era Mundungo? - disse Harry, espantado. - O que ele estava fazendo no Hog's Head?



- O que você acha que ele estava fazendo? Vigiando vocês, é claro.



- Eu ainda estou sendo seguido? perguntou Harry com raiva.



- Sim. É justo, não é, se a primeira coisa que vocês fazem no seu fim de semana é organizar um grupo ilegal.



Mas ele não parecia com raiva nem irritado. Pelo contrário, olhava para Harry com orgulho.



- Por que Mundungo estava escondido da gente? - perguntou Rony, parecendo desapontado. - Nós gostaríamos de o ter visto.



- Ele foi banido do Hog's Head há vinte anos e o homem do bar tem uma longa memória. Nós perdemos a capa de invisibilidade de Moody quando Sturgius foi levado, então Mundungo se vestiu como uma bruxa há muito tempo... De qualquer forma... Rony, eu mandei uma mensagem para sua mãe.



- Ah é? - disse Rony apreensivo.



- Ela disse que você não pode fazer parte de um grupo ilegal de Defesa Contra as Artes das Trevas. Disse que você será expulso e seu futuro será arruinado. Disse que você terá tempo suficiente no futuro para aprender como se defender, e que você não tem que se preocupar com isso agora. Ela também - Sirius se virou para os outros dois - aconselhou Harry e Hermione a não continuarem com esta idéia, ela sabe que não tem nenhuma autoridade sobre vocês mas os adora. Ela queria escrever para vocês mas se a coruja fosse interceptada vocês realmente estariam com problemas e ela não pode dizer isso porque está limpando a poeira hoje à noite.



- Limpando a poeira o quê? - disse Rony rapidamente.



- Coisas da Ordem . Então me mandou como mensageiro para passar esse conselho para vocês e ela depois tem que ter certeza que eu fiz isso, porque eu não acho que ela confia em mim.



Houve outra pausa. Rony estava com o coração disparando.



- Então você veio me dizer que eu não devo participar do grupo de Defesa? - ele murmurou.



- Eu? Claro que não! - disse Sirius surpreso. - Eu acho que é uma grande idéia!



- Você acha? - disse Harry, espantado.



- É claro que acho! Você acha que eu pai e eu aceitaríamos as ordens de Umbridge?



- Mas você me disse para ter cuidado...



- Ano passado parecia que tinha alguém em Hogwarts tentando lhe matar, Harry! - disse, impaciente. - Esse ano sabemos que há alguém dentro de Hogwarts que gostaria de matar todos nós, então eu acho que vocês têm que aprender a se defender, essa é uma boa idéia!



- E se formos expulsos? - perguntou Hermione.



- Hermione, tudo isso foi sua idéia! - disse Harry, olhando fixamente para ela.



- Eu sei que foi. Eu só quero saber o que Sirius acha - ela resmungou.



- Bem, melhor expulsos e aptos para se defender.



- Ouçam, ouçam - disseram Harry e Rony entusiasmados.



- Então, como vocês estão organizando esse grupo? Onde vocês estão se encontrando?



- Isso é um problema - disse Harry. - Eu não sei onde nós podemos no encontrar.



- Que tal a Casa dos Gritos? - sugeriu Sirius.



- É uma boa idéia - disse Rony excitado, mas Hermione fez um barulho de desaprovação e todos os três olharam para ela.



- Bom, Sirius, vocês quatro se encontravam na Casa dos Gritos porque todos vocês se transformavam em animais e tinham uma capa de invisibilidade. E há vinte e oito de nós e nenhum pode se transformar em animais e não temos muitas capas de invisibilidade...



- É justo - disse Sirius. - Bom, eu acho que vocês podem chegar lá, há uma sala de uma passagem secreta atrás de um grande espelho no quarto andar, vocês terão muito espaço para praticarem azarações.



- Fred e Jorge disseram que está bloqueada - disse Harry, balançando a cabeça. - Algo dentro.



- Oh... - disse Sirius, pensativo. - Eu acho que tenho que voltar para...



Seu rosto estava tenso. Ele se virou, olhando para a parede de tijolos da lareira.



- Sirius? - disse Harry ansioso.



Mas ele desapareceu. Harry olhou as chamas por um momento e se virou para Rony e Hermione.



- Por que ele...?



Hermione deu um soluço horrível, ainda olhando para o fogo. Uma mão apareceu atrás das chamas, pegando algo, com dedos curtos e com anéis. E os três foram até a ela. Harry olhou para a porta do dormitório dos garotos. A mão de Umbridge estava se movendo atrás das chamas, elas sabia que Sirius estivera lá momentos antes e estava determinada a encontrá-lo.





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