PROFESSORA UMBRIDGE







Simas se vestiu a toda velocidade na manhã seguinte e deixou o dormitório antes mesmo de Harry pôr suas meias.



- Ele acha que vai virar um NUTTER se ficar na mesma sala que eu muito tempo? - Harry perguntou alto enquanto a bainha da capa de Simas saía de vista.



- Não esquenta com isso Harry - Dino murmurou enquanto encaixava sua mochila em seus ombros. - Ele só está...



Mas aparentemente ele era incapaz de dizer exatamente como Simas estava, e depois de uma pequena e embaraçosa pausa também saiu do dormitório.



Neville e Rony deram a Harry aquele olhar de é-problema-dele-não-seu, mas ele não se consolou muito. Quanto mais disso teria que agüentar?



- Qual o problema? - Hermione perguntou quando os encontrou no meio da sala comunal enquanto se dirigiam para o café da manhã. - Você está parecendo... Oh, tenha santa paciência...



Ela estava olhando para o quadro de avisos, onde um novo e grande cartaz havia sido pregado.



"GALÕES DE GALEÕES - Sua mesada não dá para o gasto? Gostaria de ganhar uma graninha extra? Entre em contato com Fred e Jorge Weasley, sala comunal da Grifinória, para um simples, de pouco tempo, e virtualmente indolor trabalho (lastimamos que todo trabalho será por sua conta e risco)."



- Eles estão no limite - Hermione falou severamente, arrancando o cartaz que Fred e Jorge tinham pendurado por cima de um pôster informativo sobre o primeiro fim de semana em Hogsmeade, que seria em outubro. - Nós temos que falar com eles, Rony.



Rony ficou positivamente alarmado.



- Por quê?



- Porque nós somos monitores! - disse hermione enquanto saíam pelo buraco do retrato. - Nós temos que impedir esse tipo de coisa!



Rony não disse nada; Harry podia dizer pela sua cara que a perspectiva de impedir Fred e Jorge de fazer exatamente o que queriam não era nem um pouco atraente.



- Bom... O que tá acontecendo Harry? - Hermione continuou, enquanto desciam correndo as escadas cheias de retratos de bruxas e bruxos antigos, todos os ignorando e entretidos em suas próprias conversas. - Você parece mesmo brabo com algo.



- Simas pensa que Harry está mentindo sobre Você-Sabe-Quem - disse Rony brevemente, quando Harry não respondeu.



Hermione, que Harry esperava reagir agressivamente em sua defesa, suspirou.



- É, Lilá pensa assim também - disse abatida.



- Estava tendo uma boa conversinha com ela sobre se eu estou ou não mentindo, mimado chamando atenção, não é? - disse Harry alto.



- Não - Hermione disse calmamente -, na verdade eu disse pra ela ficar com a grande e gorda boca dela fechada sobre você. E seria muito bom se você parece de pular no nosso pescoço, Harry, porque se você ainda não percebeu, Rony e eu estamos do seu lado.



Houve uma curta pausa.



- Desculpem - disse Harry baixinho.



- Tá tudo bem - disse Hermione com dignidade. Então ela balançou sua cabeça. - Você não lembra o que Dumbledore disse na festa do fim do período letivo?



Harry e Rony olharam pra ela sem ação e Hermione suspirou de novo.



- Sobre Você-Sabe-Quem. Ele disse que "seu talento para disseminar a desarmonia e a inimizade é grande". Nós podemos lutar contra isso somente se mostrarmos um grande laço de amizade e verdade igualmente forte.



- Você se lembra dessas coisas? - perguntou Rony, olhando para ela com admiração.



- Eu escuto Rony - disse Hermione com um pouco de aspereza.



- Eu também, mas eu não posso dizer exatamente o quê.



- A questão - Hermione continuou mais alto - é exatamente sobre isso que Dumbledore falava. Você-Sabe-Quem só está de volta há dois meses e nós já estamos lutando uns contra os outros. E o Chapéu Seletor disse a mesma coisa, fiquem juntos, sejam unidos.



- Harry sentiu isso mesmo a noite passada - rebateu Rony. - Se isso quer dizer que devemos nos misturar com a Sonserina... Esqueça.



- Bem, eu acho que é uma pena não tentarmos uma união entre as casas - disse Hermione irritada.



Eles chegaram ao fim da escada de mármore. Uma fileira de alunos do quarto ano da Corvinal cruzavam o hall de entrada; viram Harry e se apressaram a formar um grupo mais unido, como se tivessem medo de ele atacá-los.



- Tá, a gente tem mesmo que tentar ser amigos de gente como essa aí - Harry falou, sarcástico.



Seguiram os alunos da Corvinal para o Salão Principal, todos olhando instintivamente para a mesa dos professores. A professora Grubbly-Plank estava conversando com a professora Sinistra, a professora de Astronomia, e Hagrid mais uma vez estava ausente. O teto encantado sobre eles combinava com o humor de Harry; estava com um miserável cinza-chuva.



- Dumbledore nem mencionou por quanto tempo essa Grubbly-Plank vai ficar? - ele disse enquanto abriam caminho para a mesa da Grifinória.



- Talvez... - disse hermione pensativamente.



- O quê? - perguntaram Rony e Harry ao mesmo tempo.



- Bem... Talvez ele não queira chamar atenção para o fato de Hagrid não estar aqui.



- O que você quer dizer com chamar a atenção? - disse Rony meio rindo. - Como a gente deixaria de reparar?



Antes de Hermione poder responder uma garota negra, alta, com um longa trança marchou em direção de Harry.



- Oi Angelina.



- Oi - disse ela alegremente. - Teve um bom verão? - e sem esperar por uma resposta. - Escuta, eu fui eleita capitã do time de quadribol.



- Legal - disse Harry, sorrindo para ela, achava que as preleções de Angelina como capitã não seriam tão longas como de Olívio Wood, o que só seria uma melhora.



- É, bem, nós precisamos de um novo goleiro agora que Olívio foi embora. Os testes são na sexta-feira às 5 horas e eu quero o time todo lá, certo? Aí vamos ver se o escolhido vai se entrosar.



- Tá bom - disse Harry.



Angelina sorriu e foi embora.



- Eu tinha esquecido que Olívio foi embora - disse Hermione vagamente enquanto sentava ao lado de Rony e puxava um prato de torradas para perto de si. - Eu imagino que vai fazer muito diferença pro time, não?



- É, imagino que sim - disse Harry, sentando do outro lado da mesa. - Ele era um bom goleiro.



- Mesmo assim, não vai fazer mal ter um pouco de sangue novo não acha? - disse Rony.



Com estrépito, centenas de corujas entraram voando pelas janelas superiores. Elas desceram pelo Salão Principal, levando cartas e pacotes para seus donos e respingando água pelos alunos, claramente estava chovendo forte lá fora. Edwiges não estava entre elas, mas Harry não estava nada surpreso; o único correspondente dele era Sirius, e duvidava que Sirius tivesse algo novo para lhe falar depois de somente 24 horas da partida deles. Hermione, no entanto, teve que mover rápido seu copo de suco para o lado para fazer espaço para uma grande coruja de Igreja segurando um Profeta Diário encharcado no bico.



- Por que você ainda está recebendo isso? - disse Harry irritado, pensando em Simas enquanto Hermione colocava um nuque na bolsinha de couro da coruja, que se foi. - Eu não me incomodaria... Um monte de porcaria.



- É sempre melhor saber o que o inimigo está dizendo - disse Hermione sombriamente, desdobrou o jornal e desapareceu atrás dele, não saindo até que Harry e Rony terminaram de comer.



- Nada - ela disse simplesmente, enrolando o jornal e colocando ao lado de seu prato. - Nada sobre você ou sobre Dumbledore ou sobre qualquer coisa.



A professora Minerva estava agora andando entre as mesas, distribuindo os horários.



- Olha só hoje! - gemeu Rony. - História da magia, duas aulas de Poções, Adivinhação e Defesa Contra as Artes das Trevas. Dupla.... Binns, Snape, Trelawney e a tal professora Umbridge, tudo em um dia! Eu queria que Fred e Jorge andassem rápido com aqueles Skiving Snackboxes.



- Meus ouvidos me enganam? - disse Fred, chegando com Jorge e se espremendo no banco ao lado de Harry. - Os monitores de Hogwarts certamente não desejariam perder suas aulas?



- Olha o que a gente tem hoje - disse Rony emburrado, enfiando seu horário de aulas debaixo do nariz de Fred. - Essa é a pior segunda-feira que eu já vi.



- Louvável ponto de vista, mano - disse Fred, olhando o horário. - Você pode ter um pouco de dose de sangra nariz barato se quiser.



- Por que é barato? - disse Rony desconfiado.



- Porque vai ficar sangrando até você murchar, nós ainda não temos o antídoto - disse Jorge, servindo-se de salmão defumado.



- Animador - disse Rony bem humorado, puxando seu horário. - Mas acho que vou assistir às aulas.



- E falando em sua Skiving Snackboxes - disse Hermione, olhando Fred e Jorge -, vocês não podem colocar cartazes atrás de cobaias no mural da Grifinória.



- Quem disse? - disse Jorge parecendo perplexo.



- Eu digo - disse Hermione. - E Rony.



- Me deixa fora disso - disse Rony ansiosamente.



Hermione olhou para ele. Fred e Jorge riram.



- Você vai estar cantando outra música logo, logo, Hermione - disse Fred, passando manteiga numa torrada. - Vocês estão começando o quinto ano, vão estar implorando por um Snackbox logo.



- E por que começar o quinto ano significa querer Skiving Snackbox? - perguntou Hermione.



- Quinto ano é ano de N.O.M. - disse Jorge.



- E daí?



- E daí que você tem seus exames de N.O.M.s chegando, não tem? Eles vão fazer vocês enfiarem seus narizes no amolador que eles vão ser esfolados - disse Fred com satisfação.



- Metade da nossa turma teve pequenos colapsos quando chegou o exame - disse Jorge alegremente. - Lágrimas e acessos de raiva. Patricia Stimpson não parava de desmaiar.



- Kenneth Towler se encheu de furúnculos, lembra? - disse Fred rememorando.



- Isso porque você colocou pó de Bulbadox no pijama dele - disse Jorge.



- Ah é - disse Fred sorrindo. - Eu esqueci... Difícil lembrar de tudo às vezes, não é?



- De qualquer maneira, é um pesadelo de ano, o quinto - disse Jorge. - Se você se importa com os resultados dos exames. Fred e eu demos um jeito de manter o ânimo de qualquer forma.



- Tá... Vocês tiveram... Quanto foi mesmo, 3 N.O.M.s cada um? - disse Rony.



- Isso aí... - disse Fred despreocupado. - Mas nós pensamos que nosso futuro está fora do mundo acadêmico.



- Nós debatemos seriamente se vamos nos incomodar em voltar pro sétimo ano - disse Jorge animadamente. - Agora que nós temos...



Ele parou ao olhar de aviso de Harry, que sabia que Jorge esteve a ponto de mencionar o prêmio do Torneio Tribruxo que havia dado a eles.



- ...Agora que nós temos nossos N.O.M.s - disse Jorge apressadamente.- Digo, nós precisamos mesmo de N.O.M.s? Mas não achamos que mamãe vai deixar a gente deixar a escola, ainda mais agora com Percy se revelando o maior imbecil do mundo.



- Nós não vamos desperdiçar nosso último ano aqui - disse Fred, olhando carinhosamente para o Salão Principal. - Nós vamos usar esse tempo para fazer um pouco de pesquisa de mercado, descobrir exatamente o que o estudante médio de Hogwarts quer de uma loja de logros, avaliar com cuidado os resultados da nossa pesquisa, e então produzir produtos que se encaixem à demanda.



- Mas onde vocês vão conseguir o ouro para começar a loja de logros? - Hermione perguntou céptica. - Vocês vão precisar de todos materiais e ingredientes, eu suponho...



harry não olhou para os gêmeos. Seu rosto ficou quente; ele deliberadamente derrubou um garfo e mergulhou para baixo para pegá-lo. Ele ouviu Fred por cima de sua cabeça.



- Não nos faça perguntas e nós não te contaremos mentiras, Hermione. Vamos Jorge, se a gente chegar lá cedo vai dar para vender algumas Orelhas Extensíveis antes de Herbologia.



Harry emergiu de baixo da mesa para ver Fred e Jorge indo embora, cada um carregando uma pilha de torradas.



- O que eles quiseram dizer? - disse Hermione, olhando para Harry e Rony. - "Não nos faça perguntas". Isso quer dizer que eles já têm algum ouro pra começar a loja de logros?



- Sabe, eu andei pensando nisso - disse Rony, com as sobrancelhas franzidas. - Eles me compraram um jogo novo de trajes esse verão e eu não consigo entender de onde tiraram os galeões...



Harry decidiu que era hora de desviar a conversa dessas águas perigosas.



- Você acha que esse ano vai ser mesmo duro? Por causa dos exames?



- Ah, claro - disse Rony. - Seguramente tem que ser, não é? N.O.M.s são super importantes, afeta a profissão que você vai seguir e tudo mais. Nós vamos ter também conselheiros para escolha da profissão, no fim do ano, Gui me disse, assim você pode escolher os N.I.E.M.s (Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia) que você vai fazer no próximo ano.



- Você sabe o que você quer fazer depois de Hogwarts? - Harry perguntou para os outros dois, enquanto deixavam o Salão Principal e se dirigiam para a aula de História da Magia.



- Ainda não - disse Rony devagar. - Exceto... Bem... - ele parecia embaraçado.



- O quê? - Harry o apressou.



- Bem , seria legal ser um Auror - disse Rony em uma voz sem cerimônia.



- É, seria sim - disse Harry apaixonadamente.



- Mas, eles são, sabe? Como a elite - disse Rony. - Você tem que ser realmente bom. E você, Hermione?



- Eu não sei. Eu penso que farei algo realmente valoroso.



- Um Auror é valoroso! - disse Harry.



- É, claro que é, mas não é a única coisa que vale a pena - disse pensativa. - Digo, se eu pudesse fazer os exames de N.I.E.M.s mais tarde...



Harry e Rony evitaram se olhar.



História da Magia era de comum acordo o assunto mais enfadonho jamais visto nos meios da magia. O Professor Binns, seu professor fantasma, tinha uma voz asmática e monótona que certamente causava severa sonolência em dez minutos, cinco com o tempo quente. Ele nunca variava sua forma de dar as aulas, nunca fazia uma pausa enquanto olhava os alunos tomarem notas, ou mesmo enquanto olhavam sonolentos para o espaço. Harry e Rony tinham até dado um jeito de passar raspando nessa matéria somente por copiar as notas de Hermione antes dos exames; somente ela parecia apta a resistir ao sonífero poder da voz de Binns.



Naquele dia sofreram uma hora e meia babando em uma aula sobre a guerra dos gigantes. Harry ouviu somente o suficiente dos primeiros 10 minutos para saber que nas mãos de outro professor esse assunto seria muito interessante, mas aí seu cérebro se desconectou e ele passou o restante da um hora e vinte minutos jogando forca com Rony no canto de seu pergaminho, enquanto Hermione dardejava olhares raivosos para eles pelo canto dos seus olhos.



- Como seria - ela perguntou friamente, enquanto eles deixavam a sala de aula para um recesso (Binns desaparecendo através do quadro negro) - se eu me recusasse a emprestar minhas notas pra vocês esse ano?



- Nós seriamos reprovados nos nossos N.O.M.s - disse Rony. - Se você quer isso na sua consciência, Hermione...



- Bem, vocês bem que merecem isso - ela rebateu. - Vocês nem tentam ouvi-lo, tentam?



- Nós tentamos - disse Rony. - Nós só não temos seu cérebro ou sua memória e nem mesmo sua concentração, você é simplesmente mais esperta que nós. Que você acha disso?



- Ah, nem vem com essas besteiras - Hermione disse, mas ela parecia ter amolecido um pouco enquanto os guiava para o pátio.



Uma garoa fina estava caindo então os alunos estavam pelos cantos do pátio, que estava abarrotados. Harry, Rony e Hermione escolheram um canto debaixo de um balcão gotejante, levantando as golas das suas capas contra o frio ar de setembro e falando sobre o que possivelmente Snape lhes daria como primeira aula do ano. Concordaram que com certeza seria algo de extrema dificuldade, só para pegá-los com a guarda abaixada depois de dois meses de férias, e de repente alguém virou a esquina e foi em direção a eles.



- Olá Harry!



Era Cho Chang e, o que era fantástico, estava só outra vez. Isso não era normal: Cho estava quase sempre cercada por um bando de meninas risonhas; Harry lembrava da agonia que tinha sido tentar pegá-la sozinha para convidá-la para o Baile de Inverno.



- Oi - Harry disse, sentindo seu rosto pegar fogo. "Ao menos você não está coberto de gosma dessa vez", ele pensou consigo. Cho parecia pensar a mesma coisa.



- Você conseguiu se livrar daquilo então?



- É - disse Harry, tentando sorrir como se a lembrança do último encontro deles fosse engraçada em vez de mortificante. - Eh, e então você teve... Um... Bom verão?



No momento que ele disse isso desejou ter ficado de boca fechada - Cedrico fora namorado de Cho e a memória de sua morte devia ter afetado as férias dela tanto quanto afetara a sua.



O rosto de Cho se retesou, mas ela disse.



- Oh, foi tudo bem, você sabe...



- Esse é um distintivo dos Tornados? - Rony perguntou subitamente, apontando para a capa de Cho, onde um distintivo azul céu decorado com um duplo T estava preso. - Você não torce por eles, torce?



- Sim, eu torço - disse Cho.



- Você sempre torceu por eles ou só agora que eles começaram a ganhar? - disse Rony, no que Harry considerou uma tom desnecessariamente acusatório.



- Eu torço pra eles desde que eu tinha seis anos - disse Cho friamente. - Bom... Te vejo depois Harry.



Ela foi embora. Hermione esperou até Cho sumir de vista antes de atacar Rony.



- Você é tão sem tato!



- Que foi? Eu só pergunte se...



- Você não percebeu que ela queria falar com Harry a sós?



- E daí? Ela podia ter falado, eu não estava impedindo...



- Por que você estava atacando ela sobre seu time de quadribol?



- Atacando? Eu não estava atacado, eu estava apenas...



- Quem se interessa pra quem torce pros Tornados?



- Ah, que é isso, metade das pessoas que você vê usando esses distintivos só compraram na última temporada...



- Mas o que isso IMPORTA!



- Isso quer dizer que eles não são realmente fãs, eles estão somente seguindo a moda...



- É o sino - disse Harry a tempo, porque Rony e Hermione estavam brigando em voz tão alta que nem ouviram.



Eles não pararam de discutir durante todo o caminho até a masmorra de Snape, o que deu tempo a Harry para refletir que entre Neville e Rony teria muita sorte se conseguisse dois minutos de conversa com Cho do que pudesse se lembrar depois sem querer fugir do país.



E ainda assim, pensou enquanto se juntava à turma em frente à sala de aula de Snape, ela tinha escolhido ir falar com ele, não tinha? Ela tinha sido namorada de Cedrico; podia facilmente odiar Harry por ter saído vivo do Torneio Tribruxo enquanto Cedrico havia morrido, ainda assim estava falando com ele no modo mais amigável, não como se pensasse que ele fosse louco ou mentiroso ou de alguma maneira terrível fosse responsável pela morte de Cedrico... Sim, ela definitivamente tinha escolhido ir falar com ele e tinha feito isso pela segunda vez em dois dias... Com esse pensamento o espírito de Harry se animou. Mesmo o som agourento da porta da masmorra de Snape abrindo não diminuiu a pequena esperançosa bolha que parecia ter inchado em seu peito. Ele entrou na sala atrás de Rony e Hermione e os seguiu até uma mesa nos fundos, onde sentou entre ambos e ignorou os ruídos melindrosos e irritantes que vinham dos dois.



- Sentem-se - disse Snape friamente, fechando a porta atrás de si.



Não havia a necessidade de chamar por ordem, no momento que a classe ouviu a porta fechar o silêncio caiu e todo movimento cessou. A mera presença de Snape era normalmente o suficiente para assegurar o silêncio da classe.



- Antes de começarmos a aula de hoje - disse Snape, atirando-se para sua mesa e virando para os encarar - eu acredito que seja apropriado lembrá-los que em junho vocês vão estar encarando um exame importante, durante o qual cada um vai estar provando o quanto aprendeu sobre a composição e o uso das poções mágicas. Sendo alguns dessa classe claramente estúpidos, eu espero de vocês um sofrível "Aceitável" em seus N.O.M.s, ou vão sofrer meu... Descontentamento.



Seu olhar buscou dessa vez Neville, que engoliu em seco.



- Depois desse ano, é claro, muitos de vocês não vão mais estudar comigo - Snape continuou. - Eu apenas aceito os melhores em minhas classes para os N.I.E.M.s, o que certamente quer dizer que alguns de vocês estarão se despedindo.



Seus olhos pousaram em Harry e seus lábios de curvaram. Harry o encarou de volta, sentindo certo prazer em pensar que poderia desistir de Poções depois do quinto ano.



- Mas ainda temos um ano antes desse momento alegre de despedida - disse suavemente - então estando ou não vocês dispostos a tentar os N.I.E.M.s eu aconselho todos a concentrarem todos seus esforços em manter os níveis mais altos como espero de meus estudantes de N.O.M.s. Hoje nós vamos misturar uma poção que costuma ser dada em Níveis Ordinários de Magia: o Gole da Paz, a poção para acalmar a ansiedade e suavizar a agitação. Tenham cuidado: se você pesar a mão nos ingredientes vão colocar quem a beber em um sono pesado e às vezes irreversível, então precisam prestar muita atenção no que estão fazendo - à sua esquerda, Hermione sentou um pouco mais ereta, sua expressão de extrema concentração. - Os ingredientes e método - disse Snape, balançando sua varinha - estão no quadro negro - eles apareceram no quadro. - Vocês vão encontrar tudo que precisam - balançou sua varinha de novo - no armário de estoque - a porta do dito armário se abriu. - Vocês têm uma hora e meia... Comecem.



Assim como Harry, Rony e Hermione tinham predito, Snape não poderia ter lhes dado poção mais difícil. Os ingredientes tinham que ser adicionados ao caldeirão na ordem e quantidade corretas; a poção tinha que ser mexida um número exato de vezes, primeiro no sentido horário e então no anti-horário; o fogo em que estava sendo cozinhado tinha que ser baixado a um determinado grau por um numero especifico de minutos antes que o ingrediente final fosse adicionado.



- Um leve vapor prateado deve estar agora levantando de suas poções - avisou Snape, com dez minutos para o fim do tempo dado.



Harry, que estava suando profusamente, olhou desesperado pela masmorra. Seu caldeirão estava soltando montes de fumaça cinza escura; o de Rony estava cuspindo faíscas verdes. Simas estava incitando febrilmente as chamas na base de seu caldeirão com a ponta da sua varinha, enquanto elas pareciam estar apagando. A superfície da poção e Hermione, no entanto, estava tremeluzindo com uma nuvem de vapor prateado, e como Snape passou por ela olhando para baixo com seu nariz de gancho apontado para seu caldeirão sem nenhum comentário, isso queria dizer que ele não achara nada para criticar.



Ao chagar ao caldeirão de Harry no entanto, Snape parou, olhou para baixo com um horrível sorriso no rosto.



- Potter, o que isso deveria ser?



Os alunos da Sonserina na frente da classe olharam para trás ansiosamente, adoravam ouvir Snape acabar com Harry.



- O Gole da Paz - disse Harry tenso.



- Diga-me Potter - Snape falou suavemente -, você sabe ler?



Draco Malfoy gargalhou.



- Sim, eu sei - Harry falou, seus dedos se fechando ao redor de sua varinha.



- Leia a terceira linha da instrução para mim, Potter.



Harry apertou os olhos para ver o quadro negro, não era fácil ler as instruções com as nuvens multicoloridas que agora enchiam a masmorra.



- Adicionar pó de pedra-da-lua, mexer três vezes no sentido horário, deixe cozinhar por sete minutos e adicione duas gotas de xarope de hellebore.



Seu coração afundou. Ele não tinha adicionado o xarope de hellebore, mas tinha sim, pulado direto para a quarta linhas depois de deixar a poção descansar 7 minutos.



- Você fez tudo que mandava a terceira linha, Potter?



- Não - disse baixinho.



- Perdão...?



- Não - disse Harry mais alto. - Eu esqueci o hellebore.



- Eu sei que você esqueceu, Potter, o que quer dizer que essa mistura não vale nada. Evanesce.



Os componentes da poção de Harry desapareceram, ele estava parado tolamente ao lado do caldeirão vazio.



- Aqueles que conseguiram ler corretamente as instruções encham um frasco com uma amostra da sua poção, etiquetem claramente com seu nome e tragam para minha mesa para ser testada - disse Snape. - Dever de casa. Trinta centímetros e meio de pergaminho sobre as propriedades de pedra-da-lua e seus usos para o preparo de poções, para ser entregue na quinta-feira.



Enquanto todos à sua volta enchiam seus frascos de poção, Harry recolhia suas coisas, irritado. Sua poção não estava pior do que a de Rony, que estava agora exalando um cheiro de ovos podres; ou a de Neville, que tinha atingido a consistência de cimento recém misturado e que o garoto estava agora tendo que raspar de seu caldeirão, ainda assim tinha sido a dele, Harry, que ia receber zero pelo trabalho do dia. Ele enfiou sua varinha de volta na mochila e se atirou no seu banco, olhando todos marcharem para a mesa de Snape com seus frascos cheios e etiquetados. Quando o tão esperado sino tocou, Harry foi o primeiro a sair da masmorra e já havia começado seu almoço quando Rony e Hermione se juntaram a ele no Salão Principal. O céu havia escurecido ainda mais durante a manhã. A chuva estava fustigando as janelas.



- isso não é justo - disse Hermione confortadora, sentando ao lado de Harry e se servindo de torta de pastor. - Sua poção não estava nem de longe tão ruim quanto à de Goyle; quando a pôs no frasco ele derreteu e pôs fogo nas vestes dele.



- É, bem - disse Harry, encarando seu prato. - Desde quando Snape é justo comigo?



Nenhum deles respondeu; os três sabiam que a inimizade entre Snape e Harry era absoluta desde o dia que o garoto pisara em Hogwarts.



- Eu pensei que ele estaria melhor esse ano - disse Hermione com desapontamento na voz. - Quero dizer... Vocês sabem... - ela olhou em volta cautelosamente; haviam bem uma meia dúzia de acentos vazios em cada lado deles e ninguém estava passando entre as mesas. - ...Agora que ele está na Ordem e tudo mais.



- Sapos venenosos não mudam suas pintas - disse Rony sabiamente. - De qualquer maneira eu sempre pensei que Dumbledore pisava na bola confiando em Snape. Onde está a evidência de que ele parou realmente de trabalhar para Você-Sabe-Quem?



- Eu acho que Dumbledore provavelmente tem montes de evidências, mesmo que ele não as divida com você, Rony - vociferou Hermione.



- Ah, calem a boca, vocês dois - disse Harry brabo, enquanto Rony abria a boca para rebater. Hermione e Rony congelaram, parecendo raivosos e ofendidos. - Vocês não podem dar um tempo? Vocês estão sempre discutindo sobre algo, isso tá me deixando louco - e abandonando sua torta de pastor, jogou sua mochila no ombro e os deixou lá sentados.



Ele subiu a escada de mármore dois degraus por vez, passando pelos muitos estudantes que se apreçavam para o almoço. A raiva que tinha explodido tão inesperadamente ainda queimada por dentro e a visão dos rostos chocados de Rony e Hermione lhe propiciou uma profunda satisfação. Bem feito pra eles, pensou, porque não podem dar um tempo... Se bicando o tempo todo... É o suficiente pra fazer qualquer um subir pelas paredes...



Passou pela grande pintura de Sir Cadogan, o Cavaleiro na paisagem; Sir Cadogan desembainhou sua espada e a brandiu para Harry, que o ignorou.



- Volte aqui, seu cão sarnento! Em guarda e lute - gritava Sir Cadogan numa voz abafada por trás do seu visor, mas Harry continuou seu caminho e Sir Cadogan tentou seguí-lo correndo para a pintura vizinha, foi rechaçado pelo seu habitante, um cão sabujo enorme e de aparência feroz.



Harry passou o resto do horário do almoço sentado sozinho embaixo do alçapão da Torre Norte. Conseqüentemente, ele foi o primeiro a subir a escada prateada que levava à sala de aula de Sibila Trelawney quando o sino tocou.



Depois de Poções, Adivinhação era a matéria que Harry menos gostava e isso se devia principalmente ao hábito da professora Trelawney de predizer sua morte prematura a curtos espaços de tempo. Uma mulher magra, pesadamente envolta em chales e brilhantes correntes de contas, sempre lembrava a Harry alguma espécie de inseto, com seus enormes óculos aumentando seus olhos. Estava ocupada colocando gastos livros de couro em cada pequena mesa com que a sala estava abarrotada. Harry entrou na sala mas a luz que vinha dos abajures cobertos por chales e o fogo baixo da lareira, de cheiro enjoativo, era tão sombrio que ela parecia nem o ter notado enquanto ele se sentava nas sombras. O resto da classe chegou nos cinco minutos seguintes. Rony emergiu do alçapão, olhou em volta cautelosamente, viu Harry e foi diretamente para ele, ou tão diretamente quanto podia já que tinha que rodear mesas, cadeiras e puffes espalhados pela sala.



- Hermione e eu paramos de discutir - ele disse, sentando ao lado de Harry.



- Ótimo - resmungou Harry.



- Mas Hermione disse que ela acha que seria bom se você parasse de perder a cabeça com a gente.



- Eu não...



- Eu estou só passando o recado - disse Rony, cortando-o. - Mas eu acho que ela está certa. Não é nossa culpa o modo como Simas e Snape te trataram.



- Eu nunca disse isso...



- Bom dia - disse a professora Trelawney na sua usual misteriosa e sonhadora voz, e Harry parou, novamente se sentindo aborrecido e vagamente envergonhado de si mesmo. - E bem-vindos de volta a Adivinhações. Eu tenho, é claro, seguido seus destinos muito cuidadosamente durante as férias e estou deliciada em ver que todos retornaram a Hogwarts em segurança. Como, é obvio, eu sabia que voltariam. Vocês vão achar sobre as mesas cópias de O Oráculo dos Sonhos, de Inigo Imago. Interpretação de sonhos é um dos meios mais importantes para ler o futuro e um dos que provavelmente vão ser testados nos seus N.O.M.s. Não, é claro, que eu acredite que a aprovação ou não ou notas importem quando se nos referimos ao divino poder da Adivinhação. Se você tem o terceiro olho, certificados e notas importam muito pouco. Entretanto, o diretor gosta que vocês prestem exames, então...



Sua voz navegou delicadamente, deixando poucas dúvidas sobre o que a professora Trelawney pensava sobre um assunto sórdido como exames.



- Abram, por favor, na introdução e leiam o que Imago tem a dizer sobre a interpretação de sonhos. Então se dividam em pares. Usem O Oráculo dos Sonhos para interpretar os sonhos mais recentes uns dos outros. Vamos.



A única coisa boa a se dizer dessa aula era que não era duplo período. Quando estavam terminaram de ler a introdução do livro mal tinham dez minutos sobrando para interpretar sonhos. Na mesa ao lado de Harry e Rony, Dino fizera par com Neville, que imediatamente adentrou numa longa explicação sobre um pesadelo envolvendo um uma tesoura gigante usando o melhor chapéu de sua avó; Harry e Rony se olharam carrancudos.



- Eu nunca lembro dos meus sonhos - disse Rony. - Conta um você.



- Você deve se lembrar de algum - disse harry impaciente.



Ele não ia dividir seus sonhos com ninguém. Sabia perfeitamente bem o que significava seu pesadelo constante sobre o cemitério, não precisava que Rony ou a professora Trelawney ou o estúpido Oráculo dos Sonhos dissesse pra ele.



- Bom, eu sonhei que eu estava jogando quadribol na outra noite - disse Rony, franzindo o rosto no esforço para se lembrar. - O que você acha que isso quer dizer?



- Provavelmente que você vai ser comido por um marshmallow gigante ou algo assim - disse Harry, virando as páginas d'O Oráculo Dos Sonhos sem interesse.



Era um trabalho besta ficar procurando por pistas de sonhos n'O Oráculo e Harry não ficou nada animado quando a professora Trelawey lhes deu como tarefa de fazer um diário de sonhos por um mês como dever de casa. Quando o sino tocou, ele e Rony lideraram a saída pela escada, Rony resmungando alto.



- Você já se tocou de quanto dever de casa nós já temos? Binns já pediu quarenta e oito centímetros de pergaminho sobre a Guerra dos Gigantes, Snape quer trinta sobre os usos da pedra-da-lua e agora a gente tem que manter um mês de diário para a Trelawney! Fred e Jorge não estavam errados quando disseram como ia ser o ano de N.O.M.s, não é? É melhor essa tal de Umbridge não nos dar nenhum...



Quando entraram na sala de Defesa Contra as Artes das Trevas encontraram a professora Umbridge já sentada em sua mesa, usando o mesmo cardigan rosa estufado da noite anterior e a boina de veludo preto sobre a cabeça. Harry de novo se lembrava de uma enorme mosca sentada no topo de um ainda maior sapo.



A classe estava quieta enquanto entrava na sala; a professora Umbridge era, ainda, uma incógnita e ninguém sabia quão severa ela podia ser.



- Bem, boa tarde! - disse ela quando finalmente toda classe se sentou.



Alguns alunos murmuraram um "boa tarde" em resposta.



- Tsc, tsc - fez a professora Umbridge. - Assim não pode ser, agora, poderia? Eu gostaria que vocês respondessem, por favor, "boa tarde professora Umbridge". Uma vez mais, por favor. Boa tarde classe!



- Boa tarde professora Umbridge - entoaram de volta.



- Agora sim - disse docemente. - Não foi tão difícil, foi? Agora, varinhas guardadas e penas nas mãos, por favor.



Muitos alunos trocaram olhares melancólicos; a ordem "varinhas guardadas" ainda não viera seguida de uma aula que achassem interessante. Harry enfiou sua varinha de volta na mochila e tirou sua pena, tinta e pergaminho. A professora Umbridge abriu sua bolsa e tirou sua própria varinha, que era bem mais curta do que o normal, tocou o quadro negro com ela; palavras apareceram:



"Defesa Contra as Artes das Trevas, Um retorno aos Princípios Básicos"



- Agora, seus ensinamentos nessa matéria têm sido constantemente interrompidos, não é? - começou a professora Umbridge, olhando para a classe com suas mãos cruzadas à sua frente. - A constante mudança de professores, muitos dos quais parecem não ter seguido nada do currículo aprovado do Ministério, fez vocês estarem infelizmente muito abaixo do nível que esperamos de vocês para esse ano de N.O.M.s. Vocês ficaram felizes em saber, entretanto, que esses problemas agora serão retificados. Nós vamos, esse ano, estar seguindo um curso de defesa mágica bem estruturado, teoricamente centrado e aprovado pelo Ministério. Copiem isso que se segue, por favor.



Ela tocou o quadro negro novamente; a primeira mensagem desapareceu e foi substituída por:



"Propósito do curso



. Entendimento dos princípios básicos da magia defensiva.



. Aprender a reconhecer situações onde a magia defensiva pode ser legalmente usada.



. Colocando o uso da magia defensiva em um contexto para uso prático."



Por alguns minutos a sala ficou cheia dos sons de penas arranhando pergaminhos. Quando todos haviam copiado os três propósitos do curso da professora Umbridge ela perguntou.



- Todos têm uma copia de Teoria de Defesa Mágica, de Wilbert Slinkhard?



Houve um fraco murmúrio de assentimento pela classe.



- Acho que temos que tentar de novo - disse a Professora Umbridge. - Quando eu fizer uma pergunta gostaria que vocês respondessem "Sim, professora Umbridge". Então... Todos têm uma cópia de Teoria de Defesa Mágica, de Wilbert Slinkhard?



- Sim, professora Umbridge - correu pela sala.



- Ótimo. Gostaria que vocês abrissem e lessem a página cinco, Capitulo um, Básico Para Iniciantes. Não será preciso falar.



A professora Umbridge deixou o quadro negro e se ajeitou na sua cadeira atrás de sua mesa, observando-os de perto com aqueles olhos de sapo. Harry abriu na página cinco de sua cópia e começou a ler.



Era desesperadamente estúpido, quase tão ruim quanto escutar o professor Binns. Sentiu sua concentração se esquivando; logo já tinha lido a mesma linha uma dúzia de vezes sem na verdade absorver mais do que algumas palavras. Vários e silenciosos minutos se passaram. Ao seu lado, Rony estava distraído girando sua pena nos dedos sem parar, olhando para o mesmo ponto na página. Harry olhou para o outro lado e a surpresa o sacudiu do seu torpor. Hermione nem ao menos abrira seu livro. Ela estava olhando fixamente para a professora Umbridge com sua mão estendida no ar.



Harry não podia se lembrar de Hermione ter alguma vez se negado a ler se isso fosse pedido, ou até mesmo resistido à tentação de abrir qualquer livro que aparecesse debaixo do seu nariz. Olhou para ela inquisitivo, mas ela mal balançou a cabeça, indicando que não ia responder nenhuma pergunta, e continuou a encarar a professora, que estava olhando resolutamente em na direção oposta.



Depois que vários minutos se passaram, entretanto, Harry não era o único olhando para Hermione. O capítulo que foram convidados a ler era tão tedioso que cada vez mais alunos escolhiam olhar para a muda tentativa de Hermione de atrair a atenção da professora Umbridge do que do que lutar com "Básico Para Iniciantes".



Quando mais do que a metade da classe estava encarando Hermione em vez de ler seus livros, a professora Umbridge pareceu decidir que não podia ignorar a situação por mais tempo.



- Você deseja perguntar algo sobre o capítulo, querida? - perguntou para Hermione, como se só agora a notasse.



- Não sobre o capitulo, não.



- Bem, nós agora estamos lendo - disse a Professora Umbridge, mostrando seus dentes pontudos. - Se você tem outras dúvidas nós podemos lidar com isso ao fim da aula.



- Eu tenho uma dúvida sobre os propósitos do curso.



A professora Umbridge levantou suas sobrancelhas.



- E seu nome é?



- Hermione Granger.



- Bem, Srta. Granger, eu acho que os propósitos do curso estão claros se você os ler cautelosamente - disse a professora Umbridge com uma voz de determinada doçura.



- Bem, eu não acho isso - disse Hermione asperamente. - Não há nada escrito ali sobre o uso de feitiços defensivos.



Houve um pequeno silêncio durante o qual vários alunos da classe viraram suas cabeças para ler mais atentamente os três pontos dos propósitos do curso que ainda estavam escritos no quadro.



- Usar feitiços defensivos? - a professora repetiu com uma curta risada. - Porque, não posso imaginar qualquer situação surgindo na minha sala de aula que exigiria o uso de feitiços defensivos, Srta. Granger. Você certamente não está esperando ser atacada durante as aulas?



- Nós não vamos usar mágica? - Rony exclamou alto.



- Estudantes levantam suas mãos quando desejam falar em minha classe, Sr...?



- Weasley - disse Rony, jogando sua mão para o alto.



A professora Umbridge, sorrindo ainda mais abertamente, virou suas costas para ele. Harry e Hermione imediatamente levantaram suas mãos também. Os olhos de sapo da professora pousaram em Harry por um momento antes de se voltar para Hermione.



- Sim, Sra. Granger? Deseja perguntar alguma coisa mais?



- Sim. Claramente todo o objetivo de Defesa Contra as Artes das Trevas é praticar feitiços defensivos?



- Você é uma expert educacional treinada do Ministério, Srta. Granger? - perguntou o professor Umbridge, em sua falsa voz doce.



- Não, mas...



- Então temo que não esteja capacitada para decidir sobre "todo objetivo" de qualquer matéria. Bruxos mais velhos e espertos do que você aconselharam nosso novo programa de estudos. Vocês estarão aprendendo sobre feitiços defensivos de uma maneira livre de riscos...



- Que uso tem isso? - disse Harry alto. - Se formos atacados, não vai ser em...



- Mão, Sr. Potter! - cantou a professora Umbridge.



Harry jogou seu punho para o ar. Novamente a professora deliberadamente deu as costas a ele, mas agora vários outros alunos tinham as mãos levantadas também.



- E seu nome é? - a professora perguntou a Dino.



- Dino Thomas.



- Bem, Sr. Thomas?



- Bom, é como Harry disse, não é? Se nós formos ser atacados, não vai ser num ambiente livre de risco.



- Eu repito - disse a Professora Umbridge, sorrindo de um modo irritando para Dino. - Você espera ser atacado em minha aula?



- Não, mas...



A Professora o cortou.



- Eu não desejo criticar a maneira que as coisas estão correndo nessa escola - disse, um falso sorriso rasgando sua boca - mas vocês têm sido expostos a bruxos muito irresponsáveis nessa matéria, muito irresponsáveis mesmo. Pra não mencionar - ela deu uma risada maldosa - raças extremamente perigosas.



- Se você se refere ao professor Lupin - silvou Dino com raiva - ele foi o melhor que nós...



- Mão, Senhor Thomas! Como eu ia dizendo... Vocês foram introduzidos em feitiços que foram complexos, inapropriados para sua idade e potencialmente letais. Vocês foram levados por medo a acreditar que poderiam estar sendo atacados pelo mal a cada dia...



- Não, não fomos - disse Hermione. - Nós somente...



- Sua mão não está levantada Srta. Granger!



Hermione levantou a mão. A Professora Umbridge deu as costas a ela.



- É do meu conhecimento que meu predecessor não só praticou feitiços ilegais em frente a vocês, também os praticou em vocês.



- Bom, ele se revelou um louco, não foi? - Disse Dino alterado. - Mas, mesmo assim aprendemos muita coisa.



- Sua mão não está levantada, Sr. Thomas! - ralhou a Professora Umbridge. - Agora, essa é a visão do Ministério que o ensinamento teórico mais do que suficiente para vocês passarem pelo exame, que, afinal, é para o que serve a escola. E seu nome é? - disse, apontando para Pavarti, que acabara de levantar a mão.



- Pavarti Patil, e não há exame pratico de Defesa Contra as Artes das Trevas nos N.O.M.s? Nós não devemos mostrar que podemos realmente fazer um contra feitiço e outras coisas?



- Contanto que vocês estudem a teoria com afinco, não há motivo para que não aptos a praticar feitiços sobre condições cautelosamente controladas - disse a professora, dando por encerrado o assunto.



- Sem nem mesmo praticarmos antes? - disse Pavarti, incrédula. - Está dizendo pra nós que a primeira vez que faremos os feitiços vai ser no exame?



- Eu repito, contanto que estudem com afinco a teoria...



- E que bem a teoria pode fazer no mundo real? - disse Harry alto, seu punho no ar.



A professora Umbridge olhou para ele.



- Isso é a escola, Sr. Potter, não o mundo real - disse suavemente.



- Então nós não devemos estar preparados para o que está esperando por nós lá fora?



- Não há nada lá fora, Sr. Potter.



- Ah, é? - disse Harry, seu humor, que parecia estar borbulhando abaixo da superfície o dia todo, estava chegando ao ponto de fervura.



- Quem você imagina que atacaria crianças como vocês? - inquiriu a professora Umbridge numa voz horrivelmente melada.



- Hum, deixa eu ver... - disse Harry em voz de escárnio. Talvez... Lord Voldemort!



Rony engasgou; Lilá Brown soltou um pequeno grito; Neville escorregou do seu banco. A professora Umbridge, entretanto, nem piscou. Estava encarando Harry com um sorriso de satisfação no seu rosto.



- Dez pontos da Grifinória, Sr. Potter.



A classe estava silenciosa e parada. Todos estavam encarando Umbridge e Harry.



- Agora, vamos deixar algumas coisas claras.



A professora levantou e se inclinou para eles, seus dedos gorduchos espalmados em sua mesa.



- Foi dito a vocês que certo mago negro retornara dos mortos...



- Ele não estava morto - disse Harry com raiva - mas é, ele retornou!



- Senhor Potter, você já perdeu para sua casa dez pontos, não faça as coisas piores para você mesmo - disse a professora Umbridge em um só fôlego, sem olhá-lo. - Como eu dizia, vocês foram informados que certo bruxo negro está ao largo novamente. Isso é mentira.



- Não é mentira - gritou Harry. - Eu o vi, Eu lutei com ele!



- Detenção, Sr. Potter! - disse a Professora Umbridge triunfante. - Amanhã de tarde. Cinco horas. Meu escritório. Eu repito, isso é uma mentira. O Ministério da Magia garante que vocês não estão em perigo vindo de nenhum bruxo das trevas. Se ainda estiveram preocupados sobre qualquer coisa venham me ver depois das aulas. Se alguém está alarmando vocês com besteiras sobre bruxos das trevas eu vou gostar de ouvir sobre isso. Estou aqui para ajudar. Eu sou sua amiga. E agora, vocês vão amavelmente continuar lendo a pagina cinco, "Básico Para Iniciantes".



A professora Umbridge sentou atrás de sua mesa. Harry, entretanto, continuou em pé. Todos estavam olhando para ele. Simas parecia meio-assustado, meio fascinado.



- Harry, não! - Hermione sussurrou numa voz de aviso, puxando sua manga, mas Harry puxou o braço longe do seu alcance.



- Então, de acordo com você, Cedrico Diggory caiu morto de acordo com ele mesmo, não foi? - Harry perguntou, sua voz tremendo.



Houve uma coletiva tomada de ar da classe, pois nenhum deles, fora Rony e Hermione, nunca escutaram Harry falar sobre o que acontecera na noite que Cedrico havia morrido. Eles olhavam avidamente de Harry para a professora Umbridge, que havia levantado seus olhos e o estava encarando sem um traço do sorriso falso no rosto.



- A morte de Cedrico Diggory foi um trágico acidente - disse friamente.



- Foi assassinato - disse harry. Podia sentir todo seu corpo tremendo. Mal havia falado com alguém sobre isso, muito menos para os trinta companheiros de classe ouvindo ansiosos. - Voldemort o matou e você sabe disso.



A rosto da professora Umbridge estava sem expressão. Por um momento Harry pensou que ela ia gritar com ele. Mas ela disse no seu macio, mais doce tom de voz:



- Venha aqui, Sr. Potter, querido.



Ele chutou sua cadeira para o lado, passou por Rony e Hermione e foi até a mesa da professora. Podia sentir o resto da classe segurando a respiração. Estava com tanta raiva que nem se importava com o que aconteceria depois.



A professora puxou um pequeno pergaminho rosa de sua bolsa, esticou-o na mesa, molhou sua pena na tinta e começou a escrever, curvando-se para Harry não ver o que estava escrevendo. Ninguém falava. Depois de um minuto ou quase ela enrolou o pergaminho e bateu nele com a varinha; ele se selou, assim Harry não poderia lê-lo.



- Leve isso à professora McGonagall, querido - disse, estendendo a nota para ele.



Harry pegou sem dizer uma palavra, deu a volta e deixou a sala, nem mesmo olhando de volta para Rony e Hermione, batendo a porta da classe atrás de si. Andou muito rápido pelo corredor, a nota para McGonagall apertada em sua mão, e virando um canto deu de cara com Pirraça, o poltergeist, um pequeno homem de boca grande flutuando de costas no ar, jogando vidrinhos de tinta para cima.



- É Potter Wee Potter! - caçoou Pirraça. Deixando os vidros de tinta caírem no chão onde eles se quebraram e espalharam tinta pelas paredes; Harry pulou para trás com um rosnado.



- Sai fora Pirraça.



- Oooohh, malucão tá mal humorado!!! - disse Pirraça, perseguindo Harry pelo corredor, olhando de soslaio enquanto passava debaixo dele. - Que foi dessa vez, meu grande amigo Potter? Ouvindo vozes? Tendo visões? Falando em... - Pirraça cuspiu uma framboesa. - Línguas?



- Eu disse, me deixa em paz - Harry gritou, correndo para a escada mais próxima, mas Pirraça escorregava contente no corrimão ao seu lado.



- Oh, pensam que ele late, o coitado do Pottynho, outros são mais gentis e dizem que ele só está triste, mas Pirraça, que sabe melhor, diz que ele é louquinho...



- CALA A BOCA!



Uma porta à esquerda abriu de repente e a professora McGonagall emergiu do seu escritório, parecendo severa e um pouco perturbada.



- Pelos céus, por que você está gritando, Harry? - ela vociferou, enquanto Pirraça gargalhava alegremente e sumia de vista. - Por que você não está em aula?



- Fui mandado pra vê-la - disse Harry cerimoniosamente.



- Mandado? O que você quer dizer, mandado?



Ele mostrou a nota da professora Umbridge. A professora McGonagall a pegou, franzindo o cenho, abriu a nota com um toque da sua varinha, esticou o pergaminho e começou a ler. Seus olhos corriam de um lado a outro atrás de seus óculos quadrados enquanto lia o que Umbridge havia escrito, e a cada linha seus olhos se estreitavam mais.



- Venha aqui Potter.



Ele a seguiu para dentro de seu escritório. A porta fechou automaticamente atrás dele.



- Bem? - disse a Professora McGonagall, passando por ele. - É verdade?



- O que é verdade? - Harry perguntou, mais agressivo do que pretendia. - Professora? - ele juntou na tentativa de soar mais polido.



- É verdade que você gritou com a professora Umbridge?



- É.



- Você a chamou de mentirosa?



- Sim.



- Você disse que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado está de volta?



- Sim.



A professora McGonagall sentou atrás de sua mesa, olhando atentamente para Harry.



- Pegue um biscoito, Potter.



- Pegar... O quê?



- Pegue um biscoito - repetiu impaciente, indicando uma lata em cima de uma pilha de papéis em sua mesa. - E sente-se.



Houvera uma outra ocasião em que Harry, esperando ser punido pela professora McGonagall, havia em vez disso sido indicado por ela para apanhador do time de quadribol da Grifinória. Ele afundou na cadeira à frente dela e pegou um biscoito da lata, sentindo-se confuso e meio sem pé como fora naquela ocasião.



A professora McGonagall abaixou a nota da professora Umbridge e olhou séria para ele.



- Potter, você precisa ser cauteloso.



Harry engoliu sua boca cheia de biscoito e olhou para ela. O tom de voz não era o que ele estava acostumado, não estava forte, nítido e severo; estava baixo e ansioso e de alguma maneira mais humana que o usual.



- Mal comportamento na aula de Dolores Umbridge pode te custar muito mais do que alguns pontos da casa e detenção.



- O quê...?



- Potter, use a cabeça - rebateu a professora McGonagall, com um abrupto retorno às suas maneiras usuais. - Você sabe de onde ela vem, você deve saber a quem ela está se reportando.



O sino tocou anunciando o fim da aula. Por todo lado se escutavam os sons de centenas de estudantes se movimentando.



- Aqui diz que ela colocou você de detenção por toda semana, começando amanhã - a professora falou, olhando para a nota da professora Umbridge.



- Toda tarde essa semana! - Harry repetiu horrorizado. - Mas professora, a senhora não poderia...?



- Não, não posso.



- Mas...



- Ela é sua professora e tem todo direito de te dar detenção. Você vai ao escritório dela amanhã às cinco horas para a primeira. Apenas lembre: tenha cuidado com Dolores Umbridge.



- Mas eu estava falando a verdade! - disse harry ofendido. - Voldemort está de volta, a senhora sabe que está; o professor Dumbledore sabe que ele está...



- Pelos amor de Deus, Potter! - disse a professora McGonagall, arrumando os óculos, que balançaram horrivelmente ao som do nome de Voldemort. - Você realmente pensa que isso é sobre verdades e mentiras? Isso é sobre manter sua cabeça fria e seu temperamento sob controle!



Ela se levantou, suas narinas abertas e sua boca em um rasgo, e Harry levantou também.



- Pegue outro biscoito Potter - disse irritada, empurrando a lata para ele.



- Não, obrigado - disse Harry friamente.



- Não seja ridículo.



Ele pegou um.



- Obrigado - disse mal humorado.



- Você não ouviu o discurso de Umbridge no banquete de início do ano, Potter?



- É - disse Harry. - Ouvi... Ela disse... Que o progresso ia ser proibido ou... Bem, quer dizer... Que o Ministério está interferindo em Hogwarts.



A professora McGonagall o olhou atentamente por um momento, então fungou, deu a volta na sua mesa e segurou a porta aberta.



- Bem, fico feliz que você escute Hermione Granger em qualquer medida - disse ela, indicando a porta a ele.

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