CHEGAM OS CONVIDADOS
CAPÍTULO 6
CHEGAM OS CONVIDADOS
O mês de setembro aproximava-se do seu final e a expectativa em relação à chegada das delegações de Beauxbatons e Durmstrang só crescia. Os alojamentos já estavam prontos e os bruxos de outros lugares, que atuariam como árbitros e observadores já haviam enviado correspondências avisando em que data chegariam. Alguns, inclusive, já haviam chegado.
Enquanto isso, os estudantes de Hogwarts procuravam levar suas atividades o mais próximo do normal que podiam. Na aula de Herbologia, a Profª Sprout lhes apresentara uma planta preta esquisita denominada “bubotúbera”, com várias saliências que a professora explicou que continham uma seiva que, ao espremerem sentiram um cheiro que lembrava gasolina e que, quando diluída na proporção correta, era um excelente tratamento para acne (a jovem Heloísa Midgen sorriu, esperançosa. Tinha um rosto bonito, mas uma rebelde acne rosácea não deixava que percebessem). Porém a professora recomendou que evitassem manusear a seiva pura sem as luvas de couro de dragão, a fim de evitar dolorosas queimaduras. Em Trato das Criaturas Mágicas, Hagrid mostrou aos alunos uma criação experimental de sua autoria, um cruzamento de Manticore com Caranguejo-de-Fogo, que ele ainda não havia batizado, o que logo se resolveu quando Draco sofreu uma pequena queimadura ao ser atingido por um flato explosivo de um deles.
_Hagrid, se você ainda não pensou em um nome para essas coisas, aceite minha sugestão para chamá-los de “Explosivins”. _ disse ele, enquanto Pansy e Janine logo vieram com um estojo de primeiros-socorros e começaram a tratar da lesão do loiro.
Durante uma aula de Adivinhação, a Profª Trelawney havia iniciado com o estudo da influência dos astros no destino das pessoas. Harry ainda estava pensando na visão que tivera do retorno de Lord Voldemort e nem havia percebido quando a professora se aproximou e repetiu uma pergunta que já havia feito.
_Harry, querido, você parece estar em outra dimensão. Eu havia comentado sobre pessoas que parecem ter nascido sob uma estrela de dificuldades e você tem tudo para ser uma delas, visto o que você já passou. Pelos meus cálculos, você nasceu no inverno, não foi?
_Com todo o respeito, professora, só se for no inverno do Hemisfério Sul. Mas eu não sou conterrâneo da Jan, nasci no dia 31 de julho, em pleno verão do Hemisfério Norte.
_Desculpe, devo ter me equivocado nos cálculos. _ disse Sibila meio sem jeito, enquanto Janine disfarçava um sorriso e não era a única. Todos os que já conheciam a verdade sobre Sibila Trelawney também tentavam não rir.
_Tudo bem, professora. _ disse Harry, afetando inocência _ Qualquer um pode se enganar uma vez ou outra.
_Sim, querido, mas há uma coisa da qual tenho certeza. Há algo que você teme que ocorra e eu receio que venha realmente a acontecer.
Aquelas palavras calaram fundo e Harry ficou em dúvida sobre se ela realmente sabia de algo ou se estava só jogando verde. O fato dela não ter sido específica fazia com que ele se inclinasse mais para a segunda hipótese. Mas a previsão que ela fizera no ano anterior minava a totalidade de sua certeza. De qualquer forma, não deixou transparecer seus pensamentos, usando o Ki para controlar as emoções.
Após o fim da aula, encontraram Hermione, que havia abandonado aquela disciplina optativa no ano anterior.
_Você está com uma cara preocupada, Harry. _ disse ela _ Alguma coisa que a “Libélula Cintilante” disse chegou a te perturbar?
_Sim e não, Mione. _ disse Rony, abraçando a namorada _ Realmente, a Profª Trelawney disse algo meio sério, mas parecia meio vago. Embora tenha provocado uma leve oscilação no Ki de Harry.
_Você percebeu, então? _ perguntou Harry.
_Sim, mas ela parecia estar tentando conduzir a conversa, para que você dissesse algo que se encaixasse no que ela disse.
_E havia algum motivo para isso? _ perguntou Gina, que havia chegado com Luna e Algie.
_Sim, havia. _ disse Janine _ O que ela disse se enquadrava na visão de Harry.
_Além disso, ainda há a previsão que ela fez no último ano, sobre Wormtail e sua fuga para se reunir a Voldemort.
_Sem contar que a gralha albina da Rita Skeeter continua aprontando, como se já não houvesse problemas suficientes. _ Draco chegou com Pansy e, disfarçadamente, deu um rápido e leve beijo em Janine _ O Ministério já está todo complicado com o desaparecimento de Bertha Jorkins e ainda houve o incidente da final da Copa Mundial de Quadribol. E o pior é que, além de ferrar com o Ministro, esse artigo dela ainda tenta colocar alguma responsabilidade na conta do seu pai, Weasley.
Rony pegou o exemplar do “Profeta Diário” e leu o artigo de Rita Skeeter, quase soltando fumaça pelas orelhas de indignação.
_Aquela V@K com um litro de laquê nos cabelos! _ exclamou o ruivo, passando o jornal para Hermione _ Dando a entender que Moody está totalmente louco, que o atentado contra ele havia sido um alarme falso e que meu pai entrou na viagem dele e que alterou memórias para abafar o caso.
_E ela ainda escreveu o nome dele errado, “Arnold”. _ disse Algie.
_Foi intencional, Algie. _ disse Gina _ Certa vez, papai recusou-se a dar a ela uma informação confidencial para um artigo. Ela escreveu o artigo de qualquer maneira e acabou tomando um processo. Desde então ela tenta falar mal dele em seus artigos, sempre que pode.
_Ora, ora, há uma foto da família Weasley em frente à sua... será que poderíamos chamar aquilo de casa, Draco? _ Crabbe e Goyle apareceram sem aviso e Goyle tomou o jornal das mãos de Hermione.
_Pega leve, Greg. _ disse Draco _ Aparecer sem aviso é uma coisa, mas ser grosseiro e ofender gratuitamente é outra.
_Qual é, Draco? _ perguntou Crabbe _ Desde quando você se importa com esses molambos traidores do sangue?
_Vaza daqui, Crabbe. _ disse Harry _ Não vou pedir novamente.
_Olha só, Vince. _ disse Goyle _ O Testa Rachada se ofendeu com nossos elogios à família de sua namorada.
_Pelo menos a família Weasley não parece que só desceu das árvores nos últimos anos. _ disse Harry _ Já vocês, bem... eu gostaria que Charles Darwin ainda estivesse vivo, para ver uma situação na qual a evolução da espécie humana empacou. Vamos embora, gente. Daqui a uma semana ele compreenderá o que eu quis dizer.
Harry deu as costas aos dois brutamontes e começou a se afastar. Embora o comentário de Harry estivesse muito acima da compreensão deles, Crabbe percebeu que era uma gozação refinada. Levou a mão ao bolso das vestes e sacou sua varinha, preparando-se para azarar Harry, embora ele já tivesse percebido e também tivesse colocado a mão no bolso, sacando a sua e começando a se virar.
_PODE ESQUECER ISSO, SEU TRAÍRA! _ a voz rouca de Moody se ouviu, enquanto o deslocamento de ar de um feitiço agitou o cabelo de Harry, que logo se virou, com sua varinha na mão.
A cena que se apresentava diante de seus olhos era a seguinte: Moody com a varinha apontada, Goyle paralisado de medo e Crabbe deixando cair a varinha no chão. No meio de tudo, uma doninha branca cujos olhos não eram vermelhos, como seria de se esperar de um animal albino, mas cinza-azulados. Graças a um daqueles movimentos reflexos que só ocorrem uma vez na vida de uma pessoa, Crabbe conseguira defletir um pouco o feitiço de Alastor Moody e o atingido havia sido ninguém menos que... Draco Malfoy.
Embora Crabbe estivesse com medo de Moody, o que mais o apavorou foi que a doninha correu em sua direção e, com um guincho, entrou por uma das pernas de suas calças e subiu.
_Não! Pare com isso, Draco! Não faça isso! Aí não! Me desculpe, Draco, eu não queria que atingissem você, foi um acidente! O que você está fazendo? NÃO, NÃO ME MORDA AÍ, DRACO... AAAAAAIIIIIIII!!!
A doninha saiu pela outra perna e se aproximou de Alastor Moody, que reverteu o feitiço. Draco se levantou, sacudiu a poeira das vestes e olhou para Crabbe, furioso.
_Concordo com Harry, seu lesado. Você é apenas um pouco mais evoluído do que um Australopitecus! _ disse o loiro, enquanto Crabbe massageava o traseiro dolorido _ Além disso, trocar de cuecas e tomar um bom banho são duas coisas que devem ocorrer diariamente, seu porco! Tenho a impressão que o cheiro nunca mais vai sair do meu nariz. Se me derem licença, quem está precisando de um banho sou eu. Que nojo!
Assim que Draco se afastou, Minerva McGonnagall chegou até ali, atraída pela confusão.
_Alastor, o que houve? _ perguntou ela.
_Nada de mais, Minerva. _ disse Moody _ Eu estava... ensinando.
_Como assim?
_Eu ia ensinar o Sr. Crabbe a não azarar os outros pelas costas, mas não sei como, acho que meio por reflexo, ele conseguiu defletir meu feitiço e quem acabou se transformando em uma doninha foi o Sr. Malfoy, acidentalmente.
_Doninha? Você ia transfigurar Crabbe em uma doninha? Mas Alvo não lhe disse que nós não usamos transfiguração nas punições? _ perguntou Minerva, irritada.
_Bem, acho que posso ter esquecido. Me desculpe. _ respondeu Moody, com uma inocência fingida que chegava a ser hilária. Minerva se afastou, indo ver se Draco estava bem.
Mas o fato de Vincent Crabbe, um aluno do quarto ano para o qual “medíocre” seria um elogio, ter conseguido defletir um feitiço de Alastor “Olho-Tonto” Moody ainda que por reflexo, foi algo que passou despercebido para todos, menos para uma pessoa.
Janine Sandoval.
_O senhor ouviu o que a Profª McGonnagall disse, Prof. Moody. De qualquer forma, contaremos aos nossos pais e ao pai de Draco. _ disse Crabbe.
_E o que é que vocês vão dizer? _ perguntou Moody _ Que uma doninha branca mordeu o traseiro do Sr. Crabbe? Mais fácil denunciar vocês à Sociedade Protetora dos Animais, por terem exposto a pobre doninha a essa tortura.
Ninguém conseguiu deixar de rir com as palavras de Moody, enquanto o veterano Auror continuava a falar.
_Além disso, posso dizer coisas sobre os armários descerebrados que são seus pais, Ebenezer Crabbe e Sylvius Goyle, das quais vocês nem sonham em ter conhecimento. Vocês se acham durões? Pois vocês, na verdade, não passam de valentões de curso primário, que ficam extorquindo o dinheiro do lanche de alunos mais fracos. _ disse Moody, fixando seu olho mágico nos dois _ Seus pais já fizeram coisas que poderiam fazer com que vocês os renegassem. E o pai de Draco, Lucius Malfoy, não fica atrás. Todos eles já fizeram coisas sob as ordens de Voldemort (os dois brutamontes tremeram ao ouvir o nome) que fariam com que os demônios do inferno se borrassem. Desapareçam daqui e o senhor vá direto para o chuveiro, Sr. Crabbe. O Sr. Malfoy tinha razão, estou começando a sentir o cheiro e ele não é nada agradável.
Crabbe e Goyle foram para a Sala Comunal da Sonserina e Moody seguiu seu caminho, passando pelos Inseparáveis.
_O senhor não se preocupa com o que Lucius Malfoy pode fazer, Prof. Moody? Ele é bem vingativo, como já sabemos. _ perguntou Rony.
_Não, Sr. Weasley. Aliás, que diabos, sou amigo dos pais de quase todos vocês. Não precisamos de tantas formalidades, Rony. _ disse Moody _ Como eu disse, sei coisas sobre eles que fariam o Ministério reabrir os processos.
Então, finalmente, as delegações das outras escolas de magia participantes do torneio chegaram a Hogwarts. À tarde, os alunos aguardavam em forma no pátio, agrupados em suas Casas. Argus Filch vigiava os arredores, portando um potente binóculo enfeitiçado e então, após olhar para o alto, sinalizou para Dumbledore, com uma bandeira azul-celeste.
_Atenção, todos! _ exclamou Dumbledore _ A delegação da Academia de Magia Beauxbatons está chegando!
Todos os presentes ao pátio olharam para o céu e tiveram uma visão fantástica. Uma enorme carruagem, mais ou menos do tamanho de um ônibus de turismo, realizava sua aproximação, puxada por seis cavalos voadores dourados, com brilhantes cascos de bronze e longas crinas chamejantes, que resfolegavam fogo.
Com um movimento de varinha, Dumbledore acendeu luzes mágicas que formaram uma pista perfeita, em cujo final Hagrid estava posicionado, portando dois bastões com extremidades luminosas, orientando a aterrissagem do grande veículo, que foi maravilhosamente executada. A comitiva de Beauxbatons desembarcou, trajando seus uniformes de viagem (franceses e britânicos, sempre competindo em aspectos de formalidade) e formou um corredor, enquanto um tapete vermelho se desenrolava.
Em seguida, uma mulher descomunal desceu da carruagem e passou pelos seus alunos, que a seguiam à medida que ela passava. Então, ela se postou à frente de Dumbledore e deu uma rápida piscadela para Hagrid, que ficou vermelho.
_Alvo Dumbledore, mais combien de temps (“Alvo Dumbledore, mas há quanto tempo”)! Pensei que o encontraria na final da Copa Mundial de Quadribol, mas você não estava. E nem você, Rúbeo Hagrid. _ disse ela, enquanto Hagrid ficava ainda mais vermelho _ Je suis très heureux de vous revoir (“Eu estou muito contente em revê-los”). Hagrid, meu caro, muito obrigado pelo tratamento que você providenciou para meus cavalos. Se não fosse por você, mon cher, eles teriam morrido.
_Tu sais que je ne fais rien pour toi, Olímpia (“Sabe que não há o que eu não faça por você, Olímpia”). _ disse Hagrid em um Francês perfeito, para surpresa de muitos, principalmente dos sonserinos.
_Merci, mon cher. _ foi a vez de Madame Maxime corar, enquanto Hagrid desatrelava os cavalos e ia levando-os para o cercado junto à sua cabana, na orla da Floresta Proibida.
_Não se preocupe, Olímpia. Tenho um bom estoque de Single Malt Whisky de excelente qualidade. _ disse Hagrid _ Sei que é o alimento dos seus cavalos e providenciei o melhor que pude encontrar. Afinal de contas, Whisky de alto padrão é o que não falta por aqui.
_Très bien, mon cher. _ disse Olímpia Maxime _ Alvo, vamos alojar o meu pessoal, para que possam estar prontos até a hora do jantar?
_Certainement, ma chère (“Certamente, minha cara”). _ disse Dumbledore _ Suivez-moi, s'il vous plaît (“Sigam-me, por gentileza”).
Não passou despercebido aos Inseparáveis o fato de que uma das integrantes da delegação lhes pareceu familiar.
Logo que a delegação de Beauxbatons foi devidamente alojada, Dumbledore retornou ao pátio, bem a tempo. Filch estava sinalizando com uma bandeira vermelha, a fim de avisar que a comitiva de Durmstrang estava para chegar.
Diferente do que ocorreu à chegada da delegação de Beauxbatons, as atenções de todos voltaram-se não para cima, mas para baixo. Um ponto luminoso surgiu no Lago Negro, cada vez mais se aproximando da superfície, seguido por outros. Em seguida, uma lanterna emergiu e todos viram que ela estava no mastro principal de uma enorme galera iluminada que, após emergir completamente, singrou com suavidade o trecho que a separava do ancoradouro externo, próximo à entrada da caverna de acesso dos botes.
Assim que a embarcação atracou, a delegação de Durmstrang desembarcou, envergando suas felpudas capas marrons de pele, que era liderada por um homem de longos cabelos negros com algumas mechas grisalhas e uma barba com cavanhaque cacheado, cuja capa de pele era branca e sedosa. A delegação o seguiu e, no pátio, colocou-se em forma e aguardou, enquanto seu líder avançou e se aproximou de Dumbledore.
_Албус Дъмбълдор, какво удоволствие е да бъда тук отново (“Alvo Dumbledore, que satisfação estar aqui novamente”). _ disse ele, em Búlgaro.
_Игор Василиевич Каркаров, мой стар приятел. Всички са много добре дошли (“Igor Vassilievich Karkaroff, meu velho amigo. Sejam todos muito bem-vindos”). _ disse Dumbledore, no mesmo idioma.
_Já faz muito tempo, não é? _ perguntou Karkaroff.
_Você não mudou quase nada, Igor. Parece que foi ontem. Vamos alojar a delegação de sua escola, devem estar cansados da viagem. _ disse Dumbledore.
A delegação de Durmstrang subiu e a comitiva de recepção seguiu logo atrás. Os alunos de Hogwarts adentraram o Salão Principal e sentaram-se às mesas, não separados por Casas, aguardando a entrada e a apresentação oficial dos convidados, o que Draco agradeceu, pois conseguiu dar um jeito de ficar perto de Janine, junto a Pansy e Nereida. Não demorou muito para que a grande porta se abrisse dando entrada à comitiva de Beauxbatons, os casais de alunos mostrando uma elaboradíssima coreografia, movendo-se com a graça e leveza de bailarinos e a precisão de ginastas artísticos.
_Vocês não estão reconhecendo uma das garotas? _ perguntou Gina.
_Sim, ela não me parece estranha. _ comentou Hermione.
_Creio que ela estava na final da Copa Mundial de Quadribol, lembro-me de tê-la visto na hora daquela confusão. _ comentou Harry.
_Claro que sim. _ disse Rony _ Ela estava preocupada porque haviam se perdido de Madame Maxime e Gui se ofereceu para guiar o grupo. Foi quando sua varinha sumiu, Harry.
_E depois foi encontrada com Winky. _ disse Gina.
_Essa turma de Beauxbatons não faria feio em uma Olimpíada, não concordam comigo? _ perguntou Janine.
_Com certeza, Jan. _ concordou Hermione _ A coreografia deles é belíssima. Agora vamos ver a entrada da comitiva de Durmstrang.
A comitiva de Beauxbatons concluiu sua entrada e ocupou os lugares que lhe eram destinados. Então, como que sublinhando as palavras de Hermione Granger, as portas se abriram novamente e a comitiva de alunos de Durmstrang deu entrada no salão, empunhando bastões de madeira torneada, desfilando e manejando-os de um modo que não ficaria devendo nada a um pelotão de Ordem Unida Sem Comando do Exército Brasileiro ou dos United States Marine Corps. Os bastões eram girados e trocados entre os alunos, em uma velocidade que ficava difícil de acompanhar, também sendo utilizados como apoio para vigorosos movimentos acrobáticos. Por fim, os alunos com os bastões se afastaram e ficaram perfilados, formando um corredor pelo qual quatro deles avançaram, empunhando suas varinhas e lançando feitiços que formaram, em puro fogo, os animais das quatro Casas de Hogwarts, rendendo homenagem à escola anfitriã. O Leão da Grifinória, a Serpente da Sonserina, o Texugo da Lufa-Lufa e a Águia da Corvinal. Tão rapidamente quanto foram invocados, os animais de fogo se desvaneceram ao comando dos bruxos. Todos ficaram em posição de sentido, enquanto eram aplaudidos, até que Karkaroff fez um sinal para liberá-los. Então romperam marcha e, sem cadência, dirigiram-se aos seus lugares, ainda sob os aplausos da assistência.
_Fantástico! _ exclamou Luna.
_Fantástico e perigoso. _ disse Hermione _ Eu nunca havia visto um “Fiendfire” tão bem invocado.
_É preciso um grande nível de poder para invocar e controlar um “Fiendfire”. Se o bruxo perder o controle, pode incendiar todo o lugar. _ disse Janine.
_Mas eles sabiam o que estavam fazendo. _ disse Soraya _ Meu pai me disse que o “Fiendfire” é um fortíssimo feitiço de combate.
_E mais do que isso, Soraya. _ disse Harry _ Meu pai me disse que, embora ambos os lados o usassem durante as batalhas nos Dias Negros, ele era mais comum entre a Ordem das Trevas.
_Portanto ele é considerado como Artes das Trevas em tempo de paz. Só mesmo em Durmstrang para utilizá-lo em uma apresentação. _ disse Algie.
_Isso prova o que dizem, que Durmstrang ensina ou ensinava Artes das Trevas, em vez de Defesa Contra as Artes das Trevas. _ comentou Draco.
_E você chegou a receber uma carta de lá, não foi? _ perguntou Pansy.
_Ainda bem que não fui. _ disse Draco _ Ter pais que precisam sempre provar que não têm mais envolvimento com elas já é o bastante, não preciso delas no meu currículo, muito obrigado.
Sem que ninguém de fora do grupo percebesse, Draco e Janine estavam de mãos dadas por baixo da mesa. Pansy e Nereida estavam sempre dando cobertura.
_Uma magnífica apresentação de ambas as escolas, a graça e agilidade da comitiva de Beauxbatons seguida pelo vigor e marcialidade da comitiva de Durmstrang. Meus parabéns a Madame Maxime e a Igor Karkaroff, pela escolha dos melhores dos melhores de suas escolas. _ disse Dumbledore _ Após o jantar, darei mais explicações sobre o sorteio dos campeões. Como podem ver, o cardápio desta noite inclui pratos típicos dos países de nossos convidados. Cada uma das terrinas e bandejas estará devidamente identificada. Bom apetite.
Realmente, o cardápio de Hogwarts estava acrescido de vários pratos diferentes, símbolos da gastronomia francesa e dos países da região de Durmstrang, a tríplice fronteira entre Noruega, Suécia e Finlândia. No começo, os britânicos estranharam um pouco. Mas, depois de experimentarem alguns dos pratos, apreciaram o sabor meio exótico. Da mesma forma, os alunos de Beauxbatons e Durmstrang também gostaram de alguns dos exemplos da culinária inglesa.
Depois do jantar, Dumbledore ocupou o parlatório e fez uso da palavra.
_Como eu havia prometido, vou esclarecer mais detalhes sobre como se processará o sorteio dos campeões para o Torneio Tribruxo. Já é de conhecimento de todos que o Cálice de Fogo irá realizar o sorteio, ou melhor dizendo, a escolha do campeão de cada uma das escolas, levando em consideração uma série de fatores, tais como destreza, nível de poder mágico, habilidades pessoais, equilíbrio emocional, vigor físico, etc. Quem já estudou algo sobre o Cálice de Fogo, sabe que ele é um objeto mágico poderosíssimo, capaz de analisar tudo isso e realizar sua escolha com total imparcialidade. Resumindo, meritocracia pura.
_Explique o procedimento, Alvo. _ disse Bagman.
_Sim, Ludo. _ concordou Dumbledore _ O Cálice de Fogo já está em uma sala, que foi especialmente preparada para que ele receba as cédulas com o nome de cada candidato a campeão, já a partir desta noite. Daqui a três dias ele emitirá seu parecer, liberando as cédulas com os nomes dos três campeões. A partir daquele momento, cada campeão irá escolher os membros de sua equipe, lembrando que, no caso de Hogwarts, deverá haver ao menos um representante de cada Casa e que poderão ser menores de dezessete anos. O que nos leva a um detalhe de fundamental importância. Eu criei e lancei ao redor do Cálice de Fogo um feitiço chamado “Linha Etária”, o qual foi reforçado por vários professores, tais como a Profª McGonnagall, o Prof. Snape, o Prof. Mason e também pelo meu velho amigo e atualmente Professor Adjunto de Defesa Contra as Artes das Trevas, Alastor Moody.
Todos os alunos menores de dezessete anos fizeram caras desanimadas. Se já era praticamente impossível ludibriar o poderoso Cálice de Fogo, o feitiço de Dumbledore, com o reforço dos outros professores eliminava o “praticamente”.
_Portanto, jovens, os que forem menores podem perder as esperanças de burlar o sorteio. _ disse Moody, seu olho mágico varrendo a assistência _ Ou então, corram o risco e tentem. Já adianto que os resultados podem ser... “imprevisíveis”.
_Nem um pouco interessante, muito obrigado. _disse Harry _ Eu me contentarei em torcer pelo campeão de Hogwarts ou, quando muito, fazer parte da equipe, caso tenha a sorte de ser escolhido.
_Concordo plenamente. _ disse Gina, abraçada ao namorado _ Talvez somente dois malucos tipo Fred e Jorge se arriscassem.
_Quem? Nós? Imagina! _ disseram em coro os gêmeos, com a expressão mais inocente e angelical que puderam fazer, mesmo que não convencesse nem um pouco. Certamente os dois já estavam pensando em um jeito de contornar o feitiço.
_Mas vocês ainda não têm dezessete anos? _ perguntou Harry.
_Aqueles dois? Claro que ainda não. _ disse Rony.
_Só em abril do próximo ano. _ disse Jorge.
_Até lá, teremos que encontrar outros meios. _ disse Fred.
_Não adianta, eles nunca vão desistir. _ disse Angelina Johnson, puxando a orelha dele _ Ainda bem que esse problema eu não tenho.
_Já fez dezessete, Angelina? _ perguntou Neville.
_Na semana passada, Neville. Aliás, daqui a pouco vou colocar a cédula com o meu nome no Cálice de Fogo.
_Boa sorte, Angelina. _ disse Nereida.
_Vamos ver se na Sonserina teremos algum colega que tenha sorte de ser escolhido. _ disse Pansy _ Quem sabe Flint...
_... Aquele lá? _ caçoou Nereida _ Só se o Torneio Tribruxo se resumir a Quadribol. De repente o Montague, quem sabe?
_Nem pensar. _ Millicent Bulstrode estava sentada ali perto, com Blaise e Blasius _ Também é outro que só tem a goles na cabeça. Embora eu seja sonserina, não o considero a melhor escolha.
_Senza contare che, anche in Serpeverde, è considerato un soggetto insopportabile (Sem contar que, mesmo na Sonserina, ele é considerado um sujeito insuportável). _ disse Blaise, completando o argumento da amiga.
_Concordo com você, sorella. _ disse Blasius _ Mesmo em nossa Casa, muitos não gostam dele.
_Inclusive comemoraram bastante o que Hermione Granger fez com ele no último ano letivo. _ disse Draco _ Mesmo com a rivalidade entre a Sonserina e a Grifinória, você foi aplaudida quando ele teve que explicar que mancha era aquela nas calças dele.
Todos riram inclusive Hermione, mesmo que ela tivesse ficado preocupada ao pensar no que poderia ter acontecido se Draco não tivesse empurrado Montague para fora da trajetória do seu soco (*Ler o Capítulo 12 de “Harry Potter e o Espectro da Traição”*). Após a sobremesa, os pratos desapareceram e Dumbledore liberou os alunos. Muitos foram direto para a sala na qual se encontrava o Cálice de Fogo, os alunos menores de idade aplaudindo quando os maiores depositavam suas cédulas ao se candidatarem a campeões de suas escolas. Com efeito, os aplausos para Marcus Flint e Jefferson Montague foram bem esparsos, até meio chochos. O contrário ocorreu quando Angelina Johnson depositou sua cédula, com significativos aplausos da Grifinória. Mas os maiores aplausos para um candidato de Hogwarts foram ouvidos quando Cedric Diggory se apresentou para submeter seu nome.
_Harry, se eu for escolhido como campeão de Hogwarts, vou querer você na minha equipe, com certeza. _ disse Cedric, ao passar pela arquibancada onde os Inseparáveis estavam.
_Será uma honra, Cedric. _ disse Harry.
Logo em seguida, um grupo de alunos da Beauxbatons se aproximou do Cálice e vários depositaram suas cédulas, inclusive a garota da noite da final da Copa Mundial de Quadribol. Então ela se aproximou dos Inseparáveis e dirigiu-se a Rony, que lembrou o nome dela. “Fleur Delacour”.
_Jeune homme, si vous trouvez votre frère, remerciez-le pour moi et donnez-lui mon adresse, s'il vous plaît. Il n'a pas été possible de faire cela cette nuit-là. je vous remercie beaucoup (Meu jovem, se encontrar seu irmão, agradeça a ele por mim e lhe dê o meu endereço, por gentileza. Não foi possível fazê-lo naquela noite. muito obrigado). _ disse ela, enquanto Rony apenas permaneceu parado na frente dela, com os olhos fixos e a boca aberta. Depois de fazê-lo voltar a si com um beliscão, Hermione respondeu à garota, mesmo porque o Francês de Rony não era dos melhores, ao contrário do Alemão.
_Ne vous inquiétez pas, nous vous le livrerons, Mlle. Delacour. Il aimera certainement savoir que vous vous souvenez de lui (Não se preocupe, entregaremos a ele, Srta. Delacour. Com certeza ele gostará de saber que você se lembra dele). _ disse ela, enquanto Rony voltava a si, massageando o braço dolorido.
_Merci, Mlle. Granger. Au revoir. _ Fleur saiu e Hermione olhou para Rony com seu famoso “Olhar Carbonizante”.
_Não tem vergonha de ficar babando por aquele “Camembert vencido”, bem na minha frente? _ perguntou Hermione, furiosa, até perceber, que Harry, Neville e Draco estavam do mesmo jeito, diante dos olhares de reprovação de suas namoradas.
_Acha que deu para evitar, Mione? _ perguntou Rony _ Em um instante eu simplesmente saí do ar, tipo naquela noite, quando as Veelas...
_Veelas? Está querendo dizer que Fleur Delacour pode ser uma?
_Mione, acho que faz sentido. _ disse Gina _ Afinal, todos os rapazes pareceram ter ficado abobados... digo, mais que o normal.
_O pior é que essa nós merecemos. _ disse Draco.
Para aliviar a tensão, Fred e Jorge acabaram protagonizando um momento cômico involuntário. Entraram na sala, contentes, cada um com um frasco na mão.
_O que é isso? _ perguntou Rony.
_A mais potente Poção de Envelhecimento que conseguimos preparar.
_Acho que não vai adiantar, Jorge. _ disse Hermione.
_E por que não? _ perguntou Fred.
_Vocês pensam que isso vai conseguir burlar a Linha Etária? _ Harry olhou para os gêmeos, com um olhar de “eles vão acabar fazendo, mesmo”.
_Só vamos saber se tentarmos. Saúde. _ disseram os dois, tomando o conteúdo dos frascos. Em seguida, ultrapassaram a Linha Etária e depositaram suas cédulas no Cálice de Fogo.
No instante seguinte, o Cálice de Fogo cuspiu as cédulas e os gêmeos foram lançados a uns três metros, aterrissando totalmente modificados. Fred estava com a aparência de um ancião de fazer Dumbledore se sentir um adolescente e Jorge era um bebê que chorava, perdido nas dobras de suas vestes. Então, Dumbledore chegou e pegou Jorge no colo.
_Bem, vamos levá-los à Ala Hospitalar, para que Madame Pomfrey possa retorná-los ao normal. Bem que Moody avisou que os efeitos poderiam ser meio imprevisíveis. _ disse ele, conduzindo os dois, enquanto todos riam.
No dia seguinte, outros alunos foram tentando a sorte, inclusive os de Durmstrang. Sério, porém simpático, Viktor Krum colocou sua cédula no Cálice de Fogo, em meio às palmas dos colegas. Em seguida passou pelos Inseparáveis cumprimentando-os, pois lembrava-se de tê-los visto quando foram ao vestiário da Seleção da Irlanda. O olhar dele na direção de Hermione não passou despercebido a Rony que o encarou com firmeza, fazendo com que o jovem búlgaro percebesse a gafe e mudasse o jeito de olhar, em um mudo pedido de desculpas, prontamente aceitas com um olhar do ruivo.
Na última noite, o Cálice de Fogo foi levado ao Salão Principal para a divulgação dos campeões. A expectativa era grande, mas ninguém estava preparado para o que aconteceria em seguida.
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