EM CASA
CAPÍTULO 1
EM CASA
Duas semanas depois dos fatos que culminaram na reafirmação da inocência de Sirius Black, ele estava no continente, seguindo as pistas que obtivera. Não se atrevia a desaparatar pois, com a revelação do fato de que estava vivo, aquilo permitiria que os Aurores o rastreassem. Ele limitava-se a utilizar feitiços não muito poderosos tipo conjurar e multiplicar alimentos e água com uma varinha que havia roubado em Graz, na Áustria, pois a outra, aquela que guardava praticamente com sua vida, ele não se atrevia a usar.
Sair do país em forma de rato havia sido fácil, pois a Animagia não era detectável. Encontrou algumas dificuldades na Hungria, onde quase foi reconhecido por um Auror em Budapeste, tendo sido obrigado a matar outro em Restelicë, Kosovo, apunhalando-o, pois não queria arriscar-se a chamar a atenção de Monitoradores de Magia, usando Feitiços de Combate.
Sua jornada o levou, assim como anteriormente havia levado Quirinus Quirrell, a uma estreita passagem no sopé do Monte Korab, na fronteira entre a Albânia e a Macedônia na qual ele voltou à forma humana, após certificar-se de que não havia ninguém por perto. Expondo o antebraço esquerdo, deixou que o olho mágico o examinasse, confirmando a autenticidade da Marca Negra.
Chegando à caverna, entrou e chamou em voz baixa.
_Mestre? O senhor está aí?
_Quem é? _ ouviu-se uma voz fraca e sibilante.
_Wormtail, Mestre. _ disse Pettigrew, avançando cada vez mais para o fundo da caverna.
_Então você está vivo, meu servo. Aproxime-se, deixe que eu o veja.
Pettigrew chegou ao fundo da caverna e viu a debilitada figura semi-etérea de Lord Voldemort.
_Mestre! O senhor está vivo!
_Estou, Pettigrew. Mas veja só no que foi que eu me transformei.
_O senhor ainda poderá retornar, Mestre. Possua minha mente e ocupe o meu corpo.
_Não, Wormtail. Usei todo o sangue seco daquele lenço que você entregou a Quirrell. Se eu o possuísse sem aquilo, você não resistiria muito tempo e ambos morreríamos. Será necessário colocar em prática outro plano que desenvolvi e que agora será possível, pois você está aqui e poderá obter o que preciso sem despertar suspeitas, graças à sua Animagia, coisa que Quirrell não poderia fazer. Está com minha varinha?
_Sim, Mestre. Cuidei de mantê-la segura por esses doze anos, juntamente com outros objetos que o senhor me pediu para preservar.
_Ótimo. Mal posso esperar para tê-la novamente nas mãos. Preciso que me consiga certos ingredientes fundamentais para o que tenho em mente. Nagini ajudará você, no que for necessário.
_Conte comigo, Mestre. _ disse Pettigrew, com um sorriso maligno que acentuava seus incisivos superiores _ Farei o que o senhor determinar e em breve estaremos de volta à Inglaterra, reuniremos seus exércitos e o senhor retomará o poder.
_Excelente, Wormtail. _ disse Voldemort, acompanhando seu servo no sorriso malévolo _ vamos até a beira do lago. Nagini deve ter trazido outro unicórnio e eu preciso me alimentar. Espero que logo tenhamos resultados, pois já estou ficando enjoado de sangue de unicórnio.
Amparado por Wormtail, Voldemort foi sugar o sangue de mais um unicórnio, ansiando para que fosse uma das últimas vezes que o faria.
Se seus planos se concretizassem, logo estaria de volta à Inglaterra e Harry Potter não lhe escaparia.
Little Hangleton, Inglaterra, cerca de dois meses depois.
_Uma bela mansão rural, mestre. _ disse Pettigrew, logo depois que aparataram, acompanhados de Nagini e o servo de Voldemort retornou de uma rápida porém cuidadosa exploração da casa _ O senhor tem certeza de que estaremos seguros aqui? O proprietário não desconfiará que há pessoas na casa?
_Não se preocupe, Wormtail. _ disse Voldemort, em voz baixa e um tanto quanto trêmula, pois ainda estava meio fraco _ O proprietário sequer se importará com a nossa presença.
_Mas como o senhor pode ter tanta certeza? _ perguntou Pettigrew.
_Ora, pois o proprietário sou eu, Wormtail. _ respondeu Voldemort, com um meio sorriso _ Está com meus objetos?
_Sim, mestre. _ respondeu Pettigrew _ Sua varinha está comigo, bem como tudo o mais que o senhor me mandou reunir.
_Ótimo. Bem, Já me alimentei o suficiente por hoje e ainda sobrou uma quantidade razoável, Nagini não precisará ser ordenhada hoje, creio que somente amanhã será preciso que você o faça. _ disse Voldemort, esticando o braço e abrindo uma caixa de prata, pegando algo do seu interior _ Que bom que você conseguiu adquiri-los, antes de sair da Inglaterra.
_Foi fácil, meu Lorde. Como eu ainda estava sendo dado como morto, pude comprá-los com certa liberdade de ação e levá-los comigo para a Albânia. Mas o senhor já está forte o suficiente, mestre? Sei que esses quase dois meses foram importantes e necessários para que os Feitiços de Fortalecimento se consolidassem e o senhor pudesse viajar...
_... Não se importe com isso, Wormtail. _ disse Voldemort _ Já passei por tantas transformações que isso não me faz mais mal nenhum. Eu só não conseguia mesmo era segurar nada, estando naquele estado semi-etéreo. Pegue um para você, também.
Voldemort levou à boca o que havia tirado da caixa de prata, em cuja tampa estava gravado o brasão da família Slytherin. Acendeu o cigarro com o isqueiro da própria caixa, que era uma cigarreira e tragou, aspirando a fumaça e exalando-a no ar. Em seguida, tomou um gole do pequeno copo ao seu lado.
_Não entendo esse gosto do senhor, mestre. _ disse Wormtail, acendendo o cigarro que Voldemort lhe oferecera _ São trouxas, tanto os cigarros quanto o uísque.
_Eles me lembram dos tempos em que eu era mais jovem, logo que saí da Inglaterra e percorri o mundo, buscando aumentar o meu poder. Eram os preferidos de Tom Riddle, meu pai, um senhor de terras trouxa, dono de tudo por aqui. Embora eu o desprezasse por ser trouxa e pelo que ele fez à minha mãe, devo reconhecer que ele me tratou bem no tempo em que me criou, antes de descobrir que eu era bruxo. Posso ser o que sou, mas não sou ingrato. Tanto que retribuí a ele da melhor maneira que pude.
_E como foi? _ perguntou Pettigrew.
_Com uma morte rápida. _ respondeu Voldemort, tomando um gole do uísque Glenfiddich puro malte, com doze anos de envelhecimento, dando mais uma tragada no seu Dunhill e soltando a fumaça _ Para ele, minha madrasta e meus avós. Depois daquilo, me tornei o herdeiro e senhor destas terras de fato pois já o era por direito, sendo o último Riddle vivo. Qualquer dia eu lhe contarei mais sobre o lado trouxa da minha ancestralidade.
Na residência do caseiro, o velho Frank Bryce havia terminado de aquecer uma chaleira de água e estava tomando seu chá, aproveitando para recordar um pouco o passado, nos dias que se sucederam à II Guerra, na qual servira como Sargento dos Royal Commandos e ele retornara à Inglaterra, manco de uma perna devido a um ferimento que sofrera, mas feliz por ter contribuído para a derrota dos Nazistas.
Após seu retorno, voltou a trabalhar para os Riddle, os mais ricos senhores de terras de Little Hangleton. Arrogantes, porém corretos no pagamento dos empregados. Aliás, dizia-se que muitas das aquisições de terras praticadas pelos Riddle não haviam transcorrido de maneira totalmente honesta. Frank deu de ombros. Contanto que seu pagamento fosse pontual e pudesse manter sua casa ele não se importava, aquilo não era assunto dele.
Mas quando toda a família Riddle fora encontrada morta na sala de jantar sua situação se complicou um pouco, pois seu nome surgira na lista de suspeitos. Depois de prestar depoimento, fora liberado. Não havia nada que pudesse ligá-lo às mortes surreais, os corpos sem nenhuma marca, nenhum ferimento, somente as expressões de pavor. Frank não entendia nada de Medicina, muito menos de Medicina Legal mas tivera acesso aos resultados da necropsia, já que era amigo do Legista e ele havia soltado a língua após algumas doses de uísque no Pub do povoado, de nome “O Enforcado”. O relatório dizia algo sobre não haver sinais de envenenamento, mas que os mortos apresentavam “altíssimos níveis de adrenalina e aldosterona”. Enquanto bebiam e conversavam, o Legista explicou que aquilo ocorria quando a vítima era submetida a uma situação de grande estresse ou pavor. As expressões dos Riddle diziam tudo, mas não explicavam o porquê de não existirem outros sinais de parada cardíaca, mais precisamente de um infarto e nem porque aquilo acontecera a todos os Riddle ao mesmo tempo.
Depois que Frank fora descartado como suspeito, vários outros habitantes de Little Hangleton lembraram-se de ter visto um jovem que não era dali, alto, magro, pálido e todo vestido de preto, que saíra da cidade logo depois da morte dos Riddle. Aquilo fez com que Frank pensasse no garoto, o filho de Tom Riddle que havia desaparecido, raptado em Londres, segundo o pai.
Frank havia conhecido o garoto, ali pelos idos de 1931 ou 1932. Segundo o que soubera, ele era fruto de uma aventura do jovem Tom Riddle, que engravidara uma camponesa dos arredores. Ela havia morrido logo depois do parto e o filho estivera sendo criado em Yorkshire, por uma conhecida de sua mãe. O pai havia procurado por ele durante aqueles seis anos, percorrendo o país. Ao encontrá-lo foram para Little Hangleton, onde viveram como uma família feliz, com Cecília, a esposa de Tom Riddle, afeiçoando-se ao garoto como se fosse sua própria mãe.
Até que a tragédia ocorrera durante uma viagem dele com o filho a Londres, cerca de um ano depois.
Acendendo seu cachimbo e tirando algumas baforadas, Frank Bryce olhou pela janela e viu que havia luz em um dos quartos do segundo andar (“Que estranho. Desde aqueles dias não apareceu ninguém diferente na propriedade, até hoje”, pensou ele). O atual proprietário, que havia adquirido os bens dos Riddle pouco depois da morte deles, era um total desconhecido. Jamais pusera os pés ali, embora tivesse dado ordens expressas no sentido de que tudo deveria ser preservado em ordem e que os empregados deveriam ser mantidos em suas funções, enquanto quisessem permanecer ali. Com o tempo não restou mais ninguém. Alguns haviam morrido, outros se demitido e mudado de Little Hangleton, até restar somente ele.
Pegando em uma gaveta da cômoda o seu velho revólver de serviço Webley Mk VI que ele mantinha sempre lubrificado e que, graças a uma adaptação por parte de um armeiro, calçava a munição .380 moderna, Frank Bryce saiu de sua casa e aproximou-se da mansão procurando fazer o mínimo de ruído possível, no que ele fora muito bom contra os Nazistas, tendo mandado vários deles para o Valhalla aos cuidados das Valquírias.
Silenciosamente, abriu a porta da cozinha e começou a subir as escadas, ouvindo a conversa em voz baixa que era entabulada no quarto principal.
_Fico muito grato por tudo o que você fez por mim, Wormtail. Me protegeu, preparou as poções e fez os feitiços necessários para que eu pudesse viajar, cuidou da minha saúde enquanto eles faziam efeito e, muito importante, me ajudou a elaborar o plano para matar Harry Potter (“Quem será esse tal Harry Potter? Seja ele quem for deve estar correndo um grande perigo, só pela entonação de ódio na voz desse sujeito”, pensou Frank). Em breve meu servo fiel cumprirá a parte dele.
_EU sou um servo fiel, mestre._ disse Pettigrew, meio contrariado.
_Sei disso, bebezão, não choramingue. _ disse Voldemort, com ar divertido, enquanto Wormtail servia mais duas doses de Glenfiddich _ Acenda outro Dunhill para mim e pegue um para você. Falando francamente, só há mais dois cuja fidelidade rivaliza com a sua. Eu sei muito bem que seu jeito covarde é pura fachada.
_Sinto-me honrado, mestre. _ disse Pettigrew, acendendo os cigarros e passando um para Voldemort _ Tem certeza de que não precisará que eu ordenhe Nagini por hoje?
_Sem problemas, Wormtail. _ disse Voldemort _ Vou liberá-la agora, para caçar.
Falando em Ofidiano com sua Naja, Voldemort disse que ela estava livre para sair. Quando Nagini passou pelo corredor, Frank congelou de medo, espantado com o tamanho da cobra. Ignorando-o, ela continuou sua trajetória, somente comunicando a Voldemort sobre a sua presença no corredor.
_O que Nagini lhe disse, mestre? _ perguntou Pettigrew.
_Ela disse que o velho caseiro trouxa está aí no corredor. Traga-o aqui e seja educado com ele. Entre, Sr. Bryce, o senhor não precisa ter medo da cobra. Ela não o atacará sem que eu ordene.
Frank passou pela porta que Pettigrew lhe havia franqueado e entrou na sala. A voz gélida e sibilante vinha de uma poltrona que estava de frente para a lareira, ocultando a figura do seu dono. O caseiro sentou-se em outra poltrona que o gorducho lhe havia indicado, tomando o cuidado de ocultar seu revólver por baixo do casaco.
_Como é que você sabe o meu nome? _ perguntou Frank.
_Sei de muitas coisas, Frank Bryce. _ disse Voldemort, exalando a fumaça de mais uma tragada do seu Dunhill _ Sei de sua dedicação e capricho com a propriedade Riddle, mesmo depois de se tornar o último e único empregado vivo desde a morte da família.
_Gosto daqui. Os Riddle sempre me trataram de forma justa, o novo proprietário me deu liberdade de ação e eu não tinha outro lugar para ir. Procurei trabalhar como sempre fiz. Mas quem é o senhor e o que faz aqui?
_Sou o atual senhor da propriedade Riddle, Sr. Bryce. Estou pisando aqui pela primeira vez desde que adquiri as terras e bens da família, após o final da guerra e da morte deles.
_Mas por que voltar, depois de tanto tempo?
_Tenho planos para este lugar, Sr. Bryce. Planos que, infelizmente, não o incluem. Se o senhor não tivesse notado a nossa presença, amanhã receberia sua dispensa do serviço, com uma pensão vitalícia a título de aposentadoria. Mas como nos viu, será preciso mudar a minha estratégia.
_E o que pretende fazer agora? _ perguntou Bryce.
_Terei que me livrar do senhor e não posso me dar ao luxo de utilizar um Feitiço de Memória e arriscar que ele seja desfeito.
_Feitiço... de quê? _ perguntou Frank, apalpando o revólver.
_Ora, Sr. Bryce, eu pretendia antes somente apagar a sua memória com um feitiço. Sou um bruxo, como já deve ter percebido e agora terei que matá-lo, embora a muito contragosto. _ disse Voldemort _ E, por favor, nem tente sacar seu revólver de serviço. Ele não servirá de nada sem as balas. “Commeatus evanesco”.
Frank Bryce sentiu a arma um pouco mais leve e começou a se preocupar.
_O que foi que o senhor fez? _ perguntou Frank.
_Fiz com que a munição de sua arma desaparecesse, ora. Assim não corro o risco de levar um tiro. _ disse Voldemort _ Balas ainda são mais rápidas do que feitiços.
_Meu Lorde, o que vai fazer? _ perguntou Pettigrew.
_ “Lorde”? _ perguntou Bryce.
_Sim. Meu nome é “Lord Voldemort”, líder da Ordem das Trevas e, sem querer contar vantagem. o bruxo mais poderoso da atualidade. Mas o senhor me conhece por outro nome, Sr. Bryce, embora possa não se lembrar.
_Como assim, “Lorde”? _ perguntou Frank.
_O senhor me ensinou a cavalgar, a esgrimir e, sem que meu pai soubesse, a atirar. E eu soube que foi um dos que mais sentiram o meu desaparecimento.
_Meu Deus, não pode ser! _ exclamou Frank Bryce, começando a juntar as peças e quase não acreditando _ Você é...
_Sim, Sr. Bryce. Eu sou aquele a quem o senhor conheceu aos seis anos de idade e procurou ensinar a não ser arrogante como o resto da família.
_O jovem Tom Marvolo Riddle? O filho que Tom Riddle teve, antes de se casar com Cecília Westwood? Mas você havia sido raptado durante uma viagem a Londres com seu pai, embora eu jamais tenha acreditado inteiramente naquela versão!
_Foi essa a versão que contaram a todos? Na verdade eu fui abandonado por ele e permaneci por anos em um orfanato, até ir para uma escola de magia. Depois de formado, retornei a Little Hangleton e tomei posse do patrimônio dos Riddle, depois de dar a eles o que mereciam.
Enquanto isso, Frank Bryce levantou-se da poltrona e foi até onde Voldemort estava sentado. Se ele ia ser morto, queria ao menos ver o rosto de quem pretendia fazê-lo.
_E o que deu a eles? _ perguntou Frank Bryce, chegando à frente de Voldemort, olhando para ele e ficando paralisado de terror diante do que via.
_Isto. “AVADA KEDAVRA!!!” _ a Maldição da Morte atingiu Frank Bryce em cheio e ele caiu morto, aos pés de Voldemort e Wormtail _ Lamento por ter que fazer isso, Sr. Bryce. Matá-lo não me causa satisfação alguma, bem pelo contrário.
Godric’s Hollow, naquela mesma noite.
Na Mansão Potter, um jantar de confraternização transcorria, com a presença da família e mais alguns convidados que dormiriam ali e, na manhã seguinte, iriam para Ottery-St. Catchpole e lá juntar-se-iam aos Weasley e juntos seguiriam para o local da realização da partida final da Copa Mundial de Quadribol, entre Irlanda e Bulgária. Assistiriam ao esperado duelo entre dois dos melhores Apanhadores da atualidade, o irlandês Aidan Lynch e o búlgaro Viktor Krum.
À volta da mesa, após o jantar, a conversa corria animada. Os Potter recebiam Sirius, Ayesha e Soraya, bem como Derek Mason e também Janine, que viera do Brasil, onde recebera a visita de Draco e passaria o final das férias com eles.
_Então Draco passou algumas semanas lá no Rio Grande do Sul, na estância de seus avós? _ perguntou Sirius _ Eu não imaginava que um Malfoy participaria da rotina de uma fazenda.
_Draco é diferente, Sr. Black. _ disse Janine.
_ “Sirius”, por favor, Janine. _ disse Sirius _ Depois das últimas aventuras, acho que há uma grande proximidade entre todos nós.
_Você não estranhou ter sido jogada no meio de uma encrenca daquele tamanho, logo após ter descoberto que era uma bruxa, Jan? _ perguntou Ayesha, a quem Soraya e os Marotos haviam contado a história.
_Só no começo, Ayesha. _ disse Janine _ Mas eu já havia visto coisas diferentes desde a infância. Só depois de manifestar magia foi que associei as situações, inclusive os Dementadores. Lembro que em momentos de tristeza eu tinha a impressão de que havia uma criatura sombria perto de mim, sugando a minha felicidade.
_Embora os trouxas não possam ver Dementadores, podem senti-los e manifestar quadros depressivos. _ comentou Tiago _ Embora os medicamentos sejam eficientes, o episódio só passa depois que o Dementador se afasta.
_E o problema é que os Dementadores demoram para ir embora, por isso os episódios de depressão demoram tanto a passar. _ disse Mason.
_E o que Draco achou das atividades rurais, Jan? _ perguntou Algie.
_Adorou a marcação e o churrasco mais rústico, Algie. Ele aprendeu rápido a montar e ficou muito bem de bombachas e botas. Vejam a foto.
Na foto, Draco Malfoy aparecia em trajes típicos, ajudando nas atividades de marcação do gado e preparo do churrasco em fogo de chão.
_Nem parece ele. _ comentou Lílian _ Realmente, ele é diferente do resto dos Malfoy. Não deixe que ele se perca, Janine.
_Pode deixar comigo, Sra. Potter. _ disse Janine _ Creio que conseguiremos dar os primeiros passos para que o nome “Malfoy” seja respeitado e não motivo de desconfiança.
_Espero que sim, Jan. _ disse Soraya _ Pessoalmente, eu gostaria de não me sentir mal a cada vez que alguém me lembra que os Black têm parentesco com os Malfoy.
_Acho que será possível, Jan. _ disse Harry _ E a torcida, como está? Irlanda ou Bulgária?
_Difícil dizer, Harry. _ disse Janine _ Até manifestar magia, eu não tinha conhecimento algum sobre Quadribol. Agora, descobri que muitos dos clubes do Brasil também têm equipes. Por sinal, tirei fotos com a equipe do Inter, depois de um Gre-Nal que, lógico, o Inter ganhou. O Apanhador do Inter, Marco Feitosa, é uma fera e faz parte da Seleção Brasileira. Olhem aqui.
E Janine mostrou uma foto-bruxa dela com Draco, junto à equipe de Quadribol do Internacional de Porto Alegre, vestindo uniformes do esporte com as tradicionais cores vermelha e branca.
_E o outro, Jan? _ perguntou Lílian.
_As “Gazelas”? _perguntou Janine _ Também usam as tradicionais cores do Grêmio, azul, branco e preto. A partida foi bem equilibrada, mas Feitosa estava superior.
Certa hora, Harry pediu licença e dirigiu-se ao lavabo. Lá chegando, olhou-se no espelho mas o que viu não foi o seu reflexo. Viu uma sala meio às escuras, iluminada por uma lareira, em um lugar que ele não sabia onde era. Começou a ouvir sua voz, mas não era a sua própria e sim outra, gélida e sibilante, da qual se lembrava no seu primeiro ano, em frente ao Espelho de Ojesed. A voz de Voldemort.
Então, duas outras figuras entraram no seu campo de visão. Uma delas ele não conhecia, mas a outra era inconfundível, aparentando estar melhor nutrida. Era Peter Pettigrew, Wormtail. A última coisa que ouviu havia sido: “Isto. ‘AVADA KEDAVRA!!!’. Lamento por ter que fazer isso, Sr. Bryce. Matá-lo não me causa satisfação alguma, bem pelo contrário”.
Então Harry Potter sentiu uma dor em sua cicatriz, intensa o suficiente para fazê-lo sentar-se no vaso sanitário e gemer, com lágrimas nos olhos, até que aliviou um pouco.
Comentários (1)
Ansiosa por mais!
2019-06-10