O INESPERADO REENCONTRO



CAPÍTULO 10



 



O INESPERADO REENCONTRO



 



 



 



 



 



 



_”Papai”? – perguntou Hermione – Explique isso direito, Nereida.



_Desculpem, eu não pude evitar. – disse Nereida – A verdade é que Severo Snape era meu pai.



_Claro, agora algumas peças estão se encaixando. – disse Rony, lembrando-se do final do sexto ano – Seu sobrenome, “Prince” e o lugar de onde é a sua família.



_Agora eu me lembro. – disse Harry – A mãe do Prof. Snape era Eileen Prince, Capitã do time de Bexigas. E tanto os Prince quanto os Snape vêm de Yorkshire, pelo que eu soube.



_Se alguém prestar atenção em mim, poderei dar uma explicação completa a todos. – disse a figura de Severo Snape, sentando-se em uma cadeira livre.



_Claro que sim, Prof. Snape. – disse Hermione – Mas, primeiro, nos diga o que o senhor é.



_Sim, Srta. Granger. – disse ele – Sou uma lembrança, inserida no livro.



_Tipo uma Horcrux? – perguntou Harry.



_Não, Sr. Potter. – respondeu a figura – Parecido, mas não relacionado a Artes Negras. Na verdade, foi algo que eu criei e que não cheguei a dar um nome.



_Incrível. – disse Harry – É muito parecido com a lembrança de Tom Riddle, que enfrentei no segundo ano. Mas aquilo era uma Horcrux, guardada no seu diário.



_O princípio é semelhante, mas não é necessário matar ninguém para executá-lo, pois não envolve fragmentação da alma. É uma lembrança interativa, mais parecida com os quadros mágicos e que se ativa após a morte do bruxo, natural ou não.



_Mas como o senhor fez isso? – perguntou Harry – Como o senhor sabia onde estava o livro?



_Eu vi quando o livro foi escondido na Sala Precisa, Sr. Potter. Marquei o lugar e depois, quando assumi a Direção de Hogwarts, executei o feitiço. Eu já estava calculando que o Lorde tentaria me matar, quer por descobrir meu papel de espião da Ordem da Fênix, quer por tentar obter o controle da Varinha das Varinhas, por eu ter matado Dumbledore.



_Então o senhor deu sorte, Prof. Snape. – disse Hermione – Foi por pouco que o livro não se perdeu.



_Como assim, Srta. Granger?



_Descobrimos e destruímos uma das Horcruxes, a tiara de Rowena Ravenclaw, que estava na Sala Precisa. – disse Harry.



_Mas eu, Crabbe e Goyle fomos atrás deles, eu meio cego de vontade de me vingar de Harry, de alguma maneira. – disse Draco – Crabbe invocou um Fiendfire, sem saber controlá-lo direito e acabou morrendo por causa daquilo. Goyle e eu só escapamos porque Harry, Rony e Hermione nos salvaram. Aquilo me mudou completamente pois, se as três pessoas que eu mais prejudiquei arriscaram suas próprias vidas para salvar as nossas, era porque eu não devia ser de todo inútil.



_Nunca o consideramos assim, Draco. – disse Harry – Sempre achei que você estava preso entre o que esperavam de você e o que você realmente queria.



_Bastante profundo, Sr. Potter. – disse a figura de Snape – Eu sabia que Dumbledore não tinha esperanças em você à toa. Deixem-me contar sobre o segredo de Nereida.



 



Depois que todos estavam acomodados, Snape continuou.



 



_Bem, me tornei um Death Eater quando vi que Lílian, a mãe do Sr. Potter, esstava totalmente perdida para mim. Sim, eu era apaixonado por ela e perdi as esperanças ao saber que ela amava Tiago. Mas, quando pensei que qualquer vestígio de decência estava perdido, fiquei sabendo que eles eram o alvo do Lorde. A partir dali, passei a espionar para Dumbledore e a Ordem da Fênix, mas não consegui evitar que o Lorde os matasse. Depois daquilo, tomei para mim a tarefa de proteger Harry Potter secretamente, com o conhecimento apenas de Dumbledore, disfarçando tal missão ao fingir desprezá-lo. Pensei que jamais conseguiria sentir mais nada por ninguém, mas uma jovem chamada Selene Drake me fez voltar a ter alguma alegria, embora ninguém possa ocupar o lugar de Lílian Evans Potter em meu coração.



_Então o senhor se casou e foi pai em segredo? – perguntou Luna.



_Sim, Srta. Lovegood. – Snape concordou com um aceno de cabeça e continuou sua narrativa – Por uma questão de segurança, ninguém poderia saber que eu tinha uma esposa e, depois, uma filha. Nereida nasceu quando você estava com uns sete anos e vivendo com os parentes de sua mãe, Sr. Potter e foi criada pelos Prince, em Yorkshire. Tanto que ela tem o sobrenome deles, para que ninguém pudesse ligá-la diretamente a mim. Eu procurava vê-la em segredo, sempre que podia, mas a última vez em que pude estar com ela foi há uns cinco anos,



_Eu sabia que o senhor não podia estar conosco para não correr riscos, embora não soubesse de todos os detalhes – disse Nereida – Então soubemos que Dumbledore havia morrido.



_Matei Dumbledore, mas por ordem dele mesmo. Ele havia manuseado uma Horcrux do Lorde sem proteção e foi atingido por uma maldição que se espalhou pelo seu corpo e, mesmo com a minha ajuda para contê-la, morreria em cerca de um ano. – disse Snape – E se estou aqui agora, significa que também estou morto e que, muito provavelmente foi o Lorde... Ah, já não faz diferença agora... foi Voldemort quem me matou.



_O senhor está certo, Prof. Snape – disse Rony – E nós testemunhamos.



_E o senhor ainda me forneceu suas memórias, com as quais eu soube o que deveria fazer – disse Harry – E foi como e quando eu soube qual foi o seu papel e quem o senhor realmente era.



_Mas eu acredito que Dumbledore deve ter providenciado para que algumas coisas ficassem de fora, tipo o meu Patrono...



_Isso nós soubemos, Prof. Snape. – disse Rony – Ele nos indicou onde estava a espada de Gryffindor, que usei para destruir uma Horcrux. Uma corça.



_Exato, Sr. Weasley. O Patrono de Lílian também era uma corça. Mas não sabem que ele me recomendou que eu não o matasse com a minha própria varinha. Aquilo seria essencial para que Voldemort não se tornasse o dono da Varinha das Varinhas. No princípio, eu pensei em dar um jeito de subtrair a varinha do Sr. Potter e usá-la, mas não o vi.



_Eu estava escondido sob a minha Capa de Invisibilidade, paralisado por um feitiço de Dumbledore. Só me libertei depois que ele morreu. – disse Harry.



_Se aquilo desse certo, o senhor seria o dono da varinha, sem que Voldemort soubesse. – disse Snape – Então utilizei a varinha do Sr. Malfoy, assim cumprindo o Voto Perpétuo que fiz com Narcisa. E pelo que eu soube, o senhor acabou tomando posse dela.



_Sim, Prof. Snape. – disse Harry – Durante um combate na Malfoy Manor, desarmei Draco e fiquei com a varinha dele. Depois de derrotar Voldemort, eu a devolvi e fiquei com a minha velha varinha de azevinho.



_E quanto à Varinha Suprema? – perguntou Snape.



_Acabei com os poderes dela. – disse Harry – Depois de usá-la para consertar minha velha varinha, eu a quebrei, removi o seu cerne e a remontei. Agora ela é apenas uma varinha decorativa, uma homenagem  a Dumbledore.



_E abriu mão da mais poderosa de todas as varinhas? – Nereida olhou para Harry, assombrada – Aquela pela qual bruxos de várias eras mataram e morreram?



_Nunca tive interesse por poder, Nereida. – disse Harry – A não ser, talvez, o de ajudar a combater o mal, por isso quero ser Auror.



_Cada vez mais eu compreendo porque Dumbledore gostava tanto do senhor, Sr. Potter. – disse Snape – E os acontecimentos convergiram para que o senhor se tornasse o dono da varinha. Então, Voldemort finalmente foi morto. Como foi?



_Depois de matar o senhor, Voldemort exigiu um encontro comigo, na floresta. Graças às suas memórias, sabia que não tinha mais medo de enfrentá-lo. Fui até lá e ele me atingiu com uma “Avada Kedavra”.



_E o senhor sobreviveu a mais uma? – Snape estava admirado.



_Na verdade ele matou a Horcrux que criou involuntariamente, quando matou minha mãe e tentou me matar. Depois daquilo, me trouxe para Hogwarts, pensando que eu estivesse morto. A Batalha de Hogwarts recomeçou, Neville matou Nagini, a última Horcrux e nós duelamos. Mas, como Voldemort não era o senhor daVarinha Suprema, já que ela era minha, a energia dos feitiços foi demais para ele. Meu raio venceu o dele e ele morreu.



_Mas não sem que tivesse havido um grande número de baixas, em ambos os lados. – disse Hermione – A Sra. Weasley deu fim em Bellatrix, Greyback também foi morto, entre vários Death Eaters. Do nosso lado, perdemos Lilá Brown, Colin Creevey, Remus, Tonks, Fred e outros.



_Muito triste. – disse Snape – Mas Voldemort foi derrotado e os Death Eaters foram presos ou mortos, então. E quanto a Lucius?



_Foi julgado e está cumprindo pena em Azkaban. – disse Draco, lembrando-se do julgamento – E pegaria uma pena maior, se Harry não tivesse deposto a seu favor.



_Não imaginava que o senhor tivesse feito isso, Sr. Potter.



_Três situações nas quais vi Lucius e Narcisa fizeram com que eu tomasse essa decisão, Prof. Snape. – disse Harry – Quando fomos capturados e levados à Malfoy Manor eu vi o quanto os dois estavam pouco à vontade, em nada lembrando a antiga altivez. Inclusive, Draco me ajudou naquele dia, não me identificando quando eu estava com o rosto deformado por uma Azaração Ferreteante de Hermione.



 



_E as outras?



_Depois, na floresta, quando Voldemort mandou que ela confirmasse a minha morte e a primeira coisa que ela percebeu foi que eu não estava morto e não me entregou. Pelo contrário, sua maior preocupação foi quanto à segurança de Draco e ela mentiu para Voldemort, dizendo que eu estava morto. A terceira vez foi em Hogwarts, quando eles estavam apavorados e praticamente imploraram para que Draco se juntasse a eles. E eu também vi a expressão de repulsa mal disfarçada de Draco, quando recebeu o abraço de Voldemort.



_De onde a gente pode concluir que dificilmente alguém seguia Voldemort por lealdade pura e simples. – comentei – A não ser que seja tão alucinado quanto ele.



_O senhor tem razão. Me parece ser um rosto novo em Hogwarts, pois eu certamente me lembraria. – disse Snape.



_Sou Carlos Eduardo Kapplebaum, do Brasil. Vim por transferência da Sepé Tiaraju. – me apresentei – Meu pai veio colaborar com o Ministério, no desenvolvimento e adaptação da Bruxidade à Tecnomagia.



_Tecnomagia. Eu já havia ouvido falar do quanto ela está se difundindo e no quanto isso desagradava Voldemort. – disse Snape – Ele dizia que iria combater a Tecnomagia com todas as suas forças, depois que tomasse Hogwarts.



_Acredito que ele devia considerá-la algo trouxa demais. – disse Luna, pensativa – Desde que o Sr. Weasley começou, meio que por passatempo, a enfeitiçar utensílios trouxas para adaptar seu uso pelos bruxos. Inclusive o carro voador.



_E isso era algo que ele não admitia, Srta. Lovegood. Eu mesmo, embora estranhasse muita coisa, fazia uso de outras. – disse Snape – Tenho uma casa em Spinner’s End, a qual já foi passada para o nome de Nereida, onde uso eletricidade sem problemas. Tinha até mesmo um aparelho de TV, embora assistisse mais aos noticiários. Quando Narcisa e Bellatrix foram me visitar, eu escondi o aparelho.



_Se eu sugerisse ao meu pai colocar uma TV na Malfoy Manor, o mínimo que eu ganharia seria uma Cruciatus. – disse Draco – Sem contar que ele nunca teve mesmo desenvoltura com utensílios trouxas. Um simples eletrodoméstico tipo, um liquidificador por exemplo, era algo de outro mundo.



_E é isso que meu pai está ajudando a desmistificar, Draco. Maneiras pelas quais equipamentos trouxas podem ser incorporados ao cotidiano bruxo, sem interferir nas tradições. – comentei – Mas muitos não concordam.



_Inclusive, Sr. Kapplebaum, há algo relacionado a isso que eu preciso discutir com vocês, mas não hoje. – disse Snape – Eu estou vendo que Minerva McGonnagall vem vindo e, mesmo que o Feitiço de Privacidade da Srta. Granger seja muito bom, ela poderá notar que há algo de diferente nesta mesa. No momento certo podem revelar a verdade a ela, mas não agora.



 



Snape retornou para dentro do livro, que ficou aparentemente normal. Hermione desfez o Feitiço de Privacidade e a Professora McGonnagall veio até a mesa, nos cumprimentando e pedindo licença para nos fazer companhia.



 



_Vejo que organizaram um grupo de estudos, inclusive com alunos de outros anos. Isso é muito bom. – disse ela – E estou gostando de ver que não rejeitam a companhia do Sr. Malfoy, mesmo depois dos acontecimentos do último ano.



_É porque temos conhecimento das circunstâncias e por isso não encaramos tudo superficialmente. – disse Gina – Se fizéssemos dessa maneira, seríamos tão preconceituosos quanto aqueles que acham que todo sonserino é das Trevas.



Não, Srta. Weasley. – disse a Diretora – Assim como nem todo grifinório é leal e corajoso. Já tivemos exemplos no decorrer da História Bruxa.



_Jamais me esquecerei da traição de Peter Pettigrew. Mas também me lembro de quando ele, devido à sua dívida comigo por eu não ter deixado Sirius e Remus matá-lo, tentou me ajudar na Malfoy Manor e foi estrangulado por sua própria mão de prata, aquela que Voldemort lhe havia concedido para substituir a que ele havia amputado. – disse Harry, lembrando-se daquele dia.



_Mas acho que já está meio tarde, meus jovens. – disse a Diretora, consultando seu relógio – Vocês devem retornar às suas Casas e amanhã poderão continuar com seus estudos complementares. Boa noite.



_Boa noite, Diretora. – respondemos.



 



No dia seguinte, após as aulas, estávamos novamente na Biblioteca e a figura do Prof. Snape nos proporcionou novas informações que nos deixaram de queixo caído.



 



_Entenderam bem, jovens? Creio que agora é hora da Diretora McGonnagall tomar conhecimento da minha existência. – disse Snape.



_Tem razão,Prof. Snape – disse Hermione – Vamos ao Gabinete da Direção e contaremos a ela.



 



Snape retornou ao livro e fomos para a Diretoria. Encontramos a Diretora McGonnagall perto da entrada, por sorte.



 



_Precisamos falar com a senhora, é muito importante. – disse Harry.



_Por que será que todas as vezes que ouço essas palavras vindas do senhor eu tenho a incômoda sensação de encrenca próxima? – perguntou Minerva.



_Eu vivo dizendo que a fama me precede. – disse Harry, com um suspiro e revirando os olhos – E desta vez não parece ser diferente, Diretora.



_Explique melhor, Sr. Potter. – disse Minerva.



_Mais do que explicar, vamos lhe mostrar. – disse Harry.



 



O livro foi aberto, a figura de Snape apareceu e começou a explicar as razões de estar ali, diante do olhar admirado de Minerva McGonnagall e dos retratos dos antigos Diretores, inclusive Alvo Dumbledore e o próprio Snape.



 



_Então, Diretora, como já expliquei aos jovens, um praticamente certo grande perigo se aproxima para, uma vez mais, ameaçar a Bruxidade e também o mundo trouxa.



_Mas o que seria, Severo? – perguntou Minerva – depois do fim de Lord Voldemort eu imaginava que pudéssemos atravessar um período mais prolongado de paz.



_É um segredo, algo que ficou fora das memórias que dividi com Harry Potter e que eu não cheguei a dizer nem mesmo a Dumbledore, pois eu queria investigar um pouco mais. Só que não tive tempo.



_E o que é que você não disse nem a mim, Severo? – perguntou o retrato de Dumbledore, enquanto o retrato de Severo corava, envergonhado.



_Na verdade, eu não fui o único a deixar descendência. Descobri que Lord Voldemort também o fez.


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