Chapter XIV



Cerca de uma semana e meia tinha se passado e a atividade preferida tanto de Harry como de Rony era baseada em observar como Malfoy se irritava com todo o assédio recebido. Para os demais garotos, nada mais justo do que saber que seu concorrente não queria a atenção. Ou seja, eles não ficavam com as garotas, mas Draco também não.  



De vez em quando as garotas também se juntavam aos meninos e riam um pouco dos ciúmes desenfreados. Até mesmo quem tinha uma namorada se sentia ameaçado. 



-Vocês sabem que isso não faz o menor sentido, não é? - Hermione começa. - Esses ciúmes todos. Elas não vão terminar com vocês por ele. 



-Até podem, Mione, mas não vai adiantar de nada. A companheira é uma pessoa única, que nunca se envolveu com ninguém. - Luna Lovegood divaga olhando para o horizonte. Naquela tarde a corvina fazia companhia ao pequeno grupo. 



-Quer dizer então que a garota nunca beijou ninguém? - Rony fica confuso - É possível ser alguém do primeiro ano?! 



-Não seja besta, Rony, mas é claro que não! Ele morreria por ter que esperar a garota. - Gina dá um tapa na cabeça do irmão. 



-AI! 



Eram quase três da tarde e naquela quinta feira todos tinham o período da tarde vago. Estavam nos jardins sentados no chão, descontraídos. Hermione havia deitado no colo de Gina, nunca havia ficado tão relaxada em um dia de semana, mas não havia muito com o que se preocupar. 



-Significa que ela nunca se apaixonou por ninguém ou outra pessoa, Rony. - Hermione respondia com os olhos fechados, fingindo estar alheia a conversa toda. - Não precisa estar apaixonada para beijar alguém. 



-Nunca pensei que fosse ouvir você falando isso, Hermione. - Harry estranhou. 



-Então certamente vocês estão fora do radar. - Rony deu uma risadinha satisfeita. 



-Desculpe? 



-Qual é Gina, se o requisito é nunca ter se apaixonado por alguém vocês já perderam. Você é louca pelo Harry e Hermione apaixonada por mim. 



-Como é? De onde você tirou essa ideia maluca? - Hermione se levantou apenas o suficiente para encará-lo com fogo nos olhos. 



-Você não pode negar.... 



-Acho que você se esqueceu do detalhe que a garota pode nunca ter sido apaixonada por outra pessoa. E a propósito, Draco não para de olhar para cá. - Luna cortou o momento de Rony, atraindo toda a atenção para o rapaz loiro escorado em uma pilastra dentro do castelo que encarava abertamente o pequeno grupo. 



Hermione deu um pequeno sorrisinho não pelo namorado estar tão perto, mas por Rony ter calado a boca. 



-Eu acho que o Zabini é quem está olhando. É, é ele sim. - a morena completou. 



-Gina, porque ele acabou de piscar para você?- Harry não tinha nenhuma doçura na voz. Ele tinha mudado completamente o que chocou a todos. Quer dizer, todos menos a ruiva. 



-Ele provavelmente só estava sendo simpático, Harry. 



-E desde quando uma piscadela é ser simpático?! Ele estava flertando! FLERTANDO! 



-E o que você tem com isso? Não sou mais sua namorada, não tem o direito de implicar com esse tipo de coisa. Foi só a droga de uma piscadela, Harry, e pode nem ter sido para mim, ou já se esqueceu que tem mais duas garotas comigo? 



O garoto não respondeu absolutamente nada, apenas se levantou e saiu apressado dos jardins bufando de raiva. Nunca antes as garotas tinham visto Harry Potter praguejar para alguém que não fosse Snape ou Malfoy. Rony acabou por seguir o melhor amigo, afim de acalmá-lo e entender a situação. Quando ambos já estavam longe o suficiente para escutar alguma coisa, Luna não se aguenta: 



-Gina, foi para você, não foi? 



-Foi sim. 



*** 



-Se eu fosse você, escreveria para os seus pais. Sua mãe está preocupada. 



Draco quase deu um pulo no lugar. Estava tão absorto no seu dever de transfiguração que nem mesmo sentiu o cheiro de Hermione se aproximar. 



-Eu sei que toda vez que te vejo meu coração acelera e quase perde a batida, mas dessa vez não foi no bom sentido. - Ele apoiou a mão no peito dramaticamente. 



-É sério. Eles provavelmente devem estar surtando por não ter notícias do único filho que corre risco de vida. 



-Sabe muito bem que já me safei disso há semanas. 



-Eu sim, mas eles não. Pense nisso, Draco. 



Hermione apenas deu o recado e foi embora. Tinham muitas pessoas na biblioteca naquele fim de tarde e certamente chamariam atenção se ficassem mais tempo conversando, já que ultimamente ele fugia de garotas como o diabo foge da cruz. 



Ele ficou pensativo, não sabia se devia colocar seus pais a par da mistura de sangue que estava prestes a fazer. 



*** 



Draco havia ficado irritado por não ter tido a companhia da namorada durante todo o dia, o que acabava mexendo com seu psicológico. Será que ela já havia se cansado dele? Ele tinha feito alguma coisa errada? Aqueles grifinórios malditos a envenenaram com alguma fofoca? Mas se sim, porque raios ela pediu para tranquilizar seus pais? 



Ser um adolescente era viver cheio de dúvidas e incertezas sobre garotas, e isso era definitivamente uma droga. 



Se ele já era louco pela namorada antes, tudo piorou ainda mais com a chegada do veela. Não apenas no sentido de estar mais apaixonado, mas sim de se irritar com suas atitudes e querer atingi-la com um feitiço e beijá-la ao mesmo tempo. Bruxas poderiam ter um temperamento difícil, mas com certeza Hermione Granger superava todas elas juntas. Ele só queria um beijo, a droga de um beijo, porém ela insistia que ele estava sob um radar e não queria ser o centro das atenções, pelo menos não ainda. 



Ele de fato havia tentado usar o seu charme para convencê-la do contrário, mas não fazia a menor ideia de como isso funcionava. Sabia que da última vez tinha perdido o controle enquanto estavam no meio de uns amassos, porém também houve a situação no Salão Principal em que toda aquela situação havia despertado um constrangimento e nervoso tão frande que não conseguiu controlar o charme e terminou em um completo desastre. 



Céus, ele era um completo desastre! Não sabia nem ao menos usar o poder especial para atrair sua mulher para a cama! Que tipo de veela ele era? Certamente uma decepção. Espere, talvez nem tanto. Samuel não conseguiu marcar Freya. 



MAS TEVE UM FILHO COM ELA! 



Não se sabe como Draco conseguiu chegar ao dormitório sem ter um acesso nervoso. Ele se sentia solitário, todos esses hormônios e sentimentos estavam o deixando de cabelo em pé. Parecia uma menininha em frente a primeira paixão adolescente e isso não era nada legal. Sua vida já era complicada o bastante tendo que lidar com toda aquela situação do Lord das Trevas voltando a vida e ele dependendo da aceitação de uma garota para viver, mas parecia que tudo havia piorado 110% com a divulgação daquela notícia. Agora ele teve que acrescentar a perseguição, assédio, olhares tortos e pressão de um bom casamento em suas costas. 



Oras, estavam em pleno século vinte, um bom casamento não era a maior de suas preocupações no momento. 



Ele nem notou os olhares sobre si ao praticamente socar a parede para entrar no cômodo. Ignorou seus colegas de quarto e foi direto pra o banheiro afim de descontar suas frustrações em um longo banho. Ele demorou pelo menos quarenta minutos para aparecer novamente na sala e sentar-se em frente a lareira, enfim se rendendo a toda aquela loucura. 



-Eu não aguento mais. Eu preciso da ajuda de vocês. 



-Com o que, exatamente? - Jacques foi o primeiro a se pronunciar. 



-Eu preciso entender como o charme funcionar. Não posso me descontrolar de novo em público e causar um desastre. 



-O que exatamente te fez perder o controle? Viu Hermione falando com alguém? -Samuel falou em um tom de escárnio, ainda bravo que Draco tivesse revelado a localização do dormitório para seu amigo. 



-Foi publicado no Profeta Diário sobre a minha descendência Veela. Todos sabem da impureza do sangue. Acho que isso é motivo o suficiente para um Malfoy perder o controle, Sammy. 



O quadro mais novo ficou completamente pálido. Ele sabia que uma situação dessas era de causar um grande impacto numa família tão renomada no mundo bruxo. 



-Eu preciso entender como isso funciona para evitar a atração das outras garotas. Todo aquele cheiro avançando é completamente insuportável. 



-Acho que o primeiro passo é evitar que o pânico o atinja. - Jeremiah refletiu sobre a situação e tentou ajudar. - Mas se for inevitável, cortar qualquer contato visual. 



-O suor também atrai as garotas. Quando eu participei do Torneio tinha que praticamente desaparecer depois da tarefa se não quisesse ser soterrado pelas garotas. 



-Se você agir com indiferença talvez ajude. Não deve ser tão difícil para você. 



-Você precisa primeiro aprender a controlar o excesso para enfim direcioná-lo a sua garota. Ela ficou bem mexida da última vez que esteve aqui. - Jeremiah tentou ser o mais polido o possível. - Você consegue emanar o charme quando olha dentro dos seus olhos. 



-Tipo cachorro que caiu da mudança? 



-Também ajuda. Manter o tom de voz calmo e baixo também tem efeito. Mas principalmente se for o veela sussurrando, isso com certeza faz um estrago nelas. Não tem como resistir. 



-Como você acha que eu consegui te conceber? 



-Samuel, você não é meu pai. 



-Mas só existe porque eu me esforcei naquela noite! 



Ele podia ainda estar triste de ter morrido tão precocemente, mas só de saber que havia cumprido sua função como criatura mágica melhorava seu humor. 



-É mais aconselhável marcar primeiro e depois ir para a cama. - Jacques olhava meio torto para Samuel. 



-Pelo menos Hermione tem noção do que vocês estão passando. Imagine só como foi comigo, que só seguia meus instintos. Mas foi bem divertido. - Jeremiah começou em um tom sombrio e terminou rindo. 



-Tenho certeza que você se divertiu sendo o único a ter permissão na escola de dormir com uma garota. 



-Ah, com certeza que sim. - Sua cara maliciosa chegava a ser cômica. 



-Nunca que eu pensaria isso de alguém com sua cara. - Draco ria. 



-Eu tive que praticar para ter meus filhos, né? Aqueles sete não surgiram na minha porta sozinhos. 



-Você teve sete filhos?! 



-E mesmo assim o gene só apareceu duzentos anos depois. 



-Isso é loucura! 



-Loucura é você já saber como marcar a sua mulher e continuar jogando papo fora com a gente. Vai ter muito tempo para isso quando também for uma pintura. - Samuel tentava mostrar que só conversar não ia adiantar de nada o seu problema. 



*** 



"Mamãe, 



Me desculpe pela demora em dar notícias. Não queria que tivesse de ser desse jeito, porém devido as circunstâncias fui quase intimado a lhe escrever. Sei que deve ter os nervos à flor da pele após a reportagem da Skeeter, mas sabemos que aqueles prazos não são verdadeiros. Não estou para morrer, embora tenha quase ido embora um pouco antes do Natal. Me desculpe por não ter avisado que não iria para casa, foi uma decisão quase de última hora. Eu precisava conhecer minha companheira. 



Não queria avisar a vocês sobre minhas condições antes da marcação, apenas por precaução, mas ela me convenceu do contrário. Ela se preocupou com o seu bem-estar. Eu tenho certeza que irá gostar dela. Meu pai eu tenho certeza que não, mas a culpa não é minha. Assim que ela for verdadeiramente minha, vocês saberão sua identidade. 



Estou tentando manter as coisas sob controle aqui na escola, mas não tenho muito sucesso. Nunca pensei que fosse achar ruim ter um monte de garotas correndo atrás de mim, mas é praticamente impossível respirar sem ter alguma querendo marcar seu cheiro. 



Eu pediria socorro se não tivesse minha futura esposa para me livrar do fedor. 



Espero que meu pai consiga resolver no Ministério o vazamento dessa informação, principalmente sobre colocar em dúvida nosso sangue. Esse é um assunto delicado e reservado somente a nós, que precisamos discutir a propósito. Descobri minha origem e não será nada interessante revelar ao público. 



Com carinho,  



Draco Lucius Malfoy" 



Narcisa deu um suspiro aliviado ao ler a correspondência. Havia entrado em pânico por receber uma coruja tão tarde da noite, mas no fim não tinha sido nada demais. Seu bebê estava bem e era isso que importava. 


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