PROPOSTA SELVAGEM
CAPÍTULO 26
PROPOSTA SELVAGEM
O Spitfire era um caça britânico monoplace, construído pela Supermarine. Projetado em 1936, por Reginald Mitchell, começou a ser produzido em 1938, sendo que a versão Mk V foi a mais produzida, inclusive sob licença nos EUA e na URSS. Inicialmente visto como uma solução para combater o Bf-109 acima dos 25 mil pés, o Mk V foi a versão mais produzida do Spitfire. Foi também produzido em diferentes sub-tipos, todos equipados com o motor Merlin 45 ou 46, com 1.230 hp. Basicamente, o que determinava a versão era a asa. O Mk Va era equipado com 8 metralhadores Browning, o Mk Vb possuía 2 canhões de 20 mm Hispano e 4 metralhadores e o Mk Vc possuía a asa “universal”, que podia ser equipada com combinações de canhões e metralhadores, dependendo da necessidade ou preferência do piloto. Algumas asas, podiam ser equipadas com pontas especiais alongadas, para interceptação a alta altitude, ou pontas curtas para missões a baixa altura. Equipados com supercharges modificados para aumentar a potência a baixa altura e com filtros de areia Vokes, os Mk V foram enviados para o Norte da África.
No dia 17, o Marechal-de-Campo Rommel retornava de uma visita ao QG do I SS Panzer Korps. Quando estavam perto de Sainte-Foy-de-Montgommery, o motorista percebeu que havia algo errado e acelerou, tentando sair da estrada principal.
_O que está havendo? _ perguntou Rommel.
_Ouça, Herr Marechal. Há um caça nos perseguindo!
_Sim, sim. _ concordou Rommel _ Pelo som do motor, parece ser um Spitfire.
_Ja, Herr Marechal. Mas se um daqueles projéteis de 20 mm nos atingir, o efeito será o mesmo, não importando o tipo de caça.
_Concordo. Vamos tentar chegar à floresta.
O motorista acelerou, mas um dos projéteis de 20 mm o atingiu, estilhaçando seu braço esquerdo, fazendo com que perdesse o controle do veículo e batesse contra uma árvore. Rommel foi projetado para fora do carro, sofrendo cortes no lado esquerdo do rosto, devido aos estilhaços dos vidros, além de severos traumas cranianos. Logo a seguir um grupamento médico chegou ao local e, com todos os cuidados possíveis, removeu o Marechal-de-Campo e o conduziram a um hospital. Lá, chegaram ao diagnóstico de três fraturas cranianas. A situação de Rommel era bastante delicada e havia risco de morte.
O avanço aliado através da Holanda progredia e tudo parecia levar a crer que o desfecho da “Operação Market-Garden” seria favorável. Com a ajuda da Resistência Holandesa e o providencial reforço por parte de “Dee-Dee”, os paraquedistas tomaram as pontes entre Son e Nijmegen, conseguindo impedir que os alemães explodissem as pontes que davam passagem pelo Canal de Wilhelmina, permitindo que o XXX Corpo do Exército Britânico avançasse e a região fosse conquistada pela 101ª Divisão Aerotransportada, os bravos “Screaming Eagles”. Por sua vez, a 82ª Divisão de Paraquedistas, a “All-American”, conseguiu tomar as passagens pelo Rio Waal em Nijmegen, também graças à grande ajuda de “Dee-Dee”, que lhes possibilitou serem lançados dos dois lados do Rio Waal em um efetivo suficiente para praticamente espremer a guarnição alemã. O caminho para Arnhem parecia estar pronto para ser percorrido antes que os Nazistas se reorganizassem e se reagrupassem, era o que esperavam.
No Centro de Operações instalado em Caen, Harry e Voldemort acompanhavam a chegada de informações, em companhia de Patton. Então, o rádio transmitiu uma mensagem que já esperavam e que marcaria o início de mais uma missão para “Batman” e “Robin”. Depois de decifrada, o texto foi:
_ “Viatura de Oficial-General Alemão atingida por disparos de caça Spitfire, próximo a Saint-Foy-de-Montgommery. Confirmado Marechal Rommel hospitalizado, com graves ferimentos.”
Aquilo foi como uma descarga elétrica. Harry e Voldemort levantaram-se de suas cadeiras e prepararam-se para sair.
_Está na hora da “Operação Proposta Indecente”, General. Espero que tenhamos sucesso. _ disse Harry.
_Se alguém tem chance de sucesso, são vocês. Boa sorte. _ disse Patton.
_Obrigado, General. _ disse Voldemort _ Lá vamos nós.
E desaparataram para o hospital onde sabiam que Rommel estaria baixado.
Harry e Voldemort aparataram no hospital e se transfiguraram em médicos militares, com perfeitas identidades mágicas falsas. Na recepção, descobriram qual era o quarto onde Rommel se encontrava e alteraram a ficha, incluindo seus nomes na equipe que cuidava do Marechal. Assumindo o plantão, adentraram o quarto e verificaram se não havia nenhum tipo de escuta. Assim que confirmaram, lançaram um Feitiço Triplo de Privacidade, Imperturbabilidade e Confusão. Aquilo garantiria que ninguém se aproximasse do quarto, até que eles o suspendessem.
O Marechal Rommel estava deitado, sob sedativos e com curativos no rosto, onde os estilhaços de vidro do carro o haviam cortado quando ele foi projetado para fora. Frascos de soro pendiam do suporte e equipos acessavam suas veias.
_O que será que estão dando a ele? _ perguntou Harry.
_Vamos ver a planilha de prescrição. _ disse Voldemort _ Vejamos... ah, aqui está. Estão usando Manitol. O que é isso?
_Madame Pomfrey me explicou que é um tipo de açúcar, com um efeito diurético bem forte. Os trouxas podem usar para reduzir o edema, o acúmulo de líquido no cérebro.
_Tendo em vista o traumatismo craniano que ele teve...
_É, mas o Manitol deve ser manejado com muito cuidado ou ele pode desidratar, por isso o soro fisiológico puro naquele outro frasco. E precisamos falar com Rommel relativamente rápido. Acho que teremos de usar alguns Feitiços Medicinais.
_Você conhece algum? Eu não imaginava que você os tivesse aprendido. _ perguntou Voldemort.
_Alguns. Um deles eu vi ser usado por Snape, quando atingi Draco com um Sectumsempra, sem conhecer a sua potência e quase acabei matando o coitado. Snape estancou o sangue e curou os ferimentos. Mas aqui eu creio que será preciso usar algo que Hermione aprendeu e me ensinou, uma maneira mais direta de reduzir o edema.
_Ela pesquisou, aprendeu e lhe ensinou Feitiços Medicinais?
_Caso não se lembre, estávamos em guerra contra você e seus “amiguinhos”. _ brincou Harry _ Bem, vamos ver... acho que era “Reducio Neuroedema”.
Com o feitiço de Harry, o edema cerebral de Rommel diminuiu e, para evitar que ele desidratasse, Voldemort fechou o equipo de soro por onde corria o Manitol.
_Também há o risco de algum hematoma ou hemorragia causados pelo traumatismo, Harry. _ disse Voldemort _ Veja, fizeram radiografias. Não sou médico, muito menos Radiologista, mas acho que essas manchas não deveriam estar aqui.
_Bem, vivi grande parte da vida entre os trouxas e na casa dos Dursley via documentários e programas de vários tipos pela TV, não só os da II Guerra, mas também programas médicos. Algumas radiografias com hematomas eram bem parecidas com essas. Por sorte sei como fazer o hematoma desaparecer e consolidar as fraturas. Assim poderemos neutralizar os sedativos com magia e despertá-lo do coma induzido, para conversar com ele.
_Hermione Granger, novamente. _ disse Voldemort _ Estou chegando a desejar que não estivéssemos em lados opostos. Eu também sei alguma coisa, principalmente sobre fraturas. Em guerra não é impossível alguém se quebrar. Vejamos, acho que era... “Εμπλουτίστε το κάταγμα της κεφαλής (Emploutíste to kátagma tis kefalís)”. Isto é “Consolidar fratura craniana”.
_Perfeito, Voldemort. _ disse Harry _ E para o hematoma temos este: “Επαναλάβετε τα μώλωπα χωρίς επακόλουθα (Epanalávete ta mólopa chorís epakóloutha)”, “Reabsorver hematoma sem sequelas”.
A fratura foi consolidada e o edema desapareceu. Dentro de pouco tempo Rommel estaria em condições de conversar.
_Se aquele inútil do Lockhart tivesse usado o feitiço certo quando aquele balaço fraturou o meu braço no Quadribol, quando eu estava no segundo ano...
_... Os ossos do seu braço não teriam desaparecido, eu soube da história e do que você passou com a Poção Esquelesce. _ disse Voldemort.
Cerca de cinco minutos depois, um gemido vindo do leito sinalizou que Rommel estava acordando.
_Vas... O que houve? Onde está o avião? _ perguntou Rommel, com voz fraca, mas perfeitamente audível.
_Calma, Herr Marechal. _ disse Harry _ Sua viatura foi atingida por um Spitfire e o senhor foi projetado para fora.
_Então por que é que eu não estou morto ou, pelo menos, inconsciente? Como é possível?
_Bem, é melhor que eu explique, Herr Marechal. _ disse Voldemort, colocando uma cadeira perto da cabeceira da cama _ Realmente, o senhor esteve quase que de mãos dadas com a “Dama da Foice”. Nós o recuperamos.
_Como conseguiram? Eu devia ter sofrido uma fratura de crânio.
_Três, para ser mais exato. Inclusive com edema cerebral e alguns hematomas subdurais. _ disse Harry _ Reduzimos o edema, consolidamos as fraturas e fizemos os hematomas desaparecerem.
_Mas isso é impossível, a não ser que... ah, vocês devem ser bruxos do Reich.
_Bruxos, sim. Do Reich, não. _ disse Voldemort _ Aliás, o senhor nos conhece.
_Sim, eu os estou reconhecendo. Vocês são os dois entregadores de vinhos, funcionários de M. Lamounier. Zidane e Montrachet, não é?
_Sim, Herr Marechal. Mas não são nossos verdadeiros nomes.
_Só falta vocês me dizerem que são ou da Resistência ou os agentes dos Aliados, os tais “Batman” e “Robin”.
_Nós que somos bruxos e ele que é o Vidente. _ brincou Voldemort.
_Vieram para me matar? _ perguntou Rommel.
_Teríamos recuperado o senhor se fosse essa a nossa intenção? Não, Herr Marechal. Viemos aqui com outra finalidade. _ disse Harry _ E para isso, precisamos perguntar uma coisa. O senhor é leal à Alemanha ou ao Reich?
_Houve um tempo em que ambos pareciam ser a mesma coisa, mas agora tornaram-se coisas bem diferentes, opostas até. _ disse Rommel _ Mas qual seria a razão da pergunta?
_Algo muito sério e que envolve a sua segurança e por que não dizer, a sua vida, Herr Marechal. _ disse Voldemort _ Sabemos que a opinião do senhor difere da do Führer em diversos aspectos e que o senhor já chegou a deixar isso claro, inclusive publicamente.
_E também sabemos que há planos em andamento para matar Hitler e que o senhor, embora não tenha participação direta, será implicado em um deles, simplesmente por ser amigo de alguns dos conspiradores. _ disse Harry.
_Dummkopf. _ murmurou Rommel _ Eu sabia que von Stauffenberg ia se precipitar e fazer Scheiße. Eles queriam o meu apoio, porque precisariam de um Marechal ainda na ativa para dar respaldo ao movimento, por isso não puderam contar com von Witzleben, então quiseram que Speidel insistisse comigo.
_E o senhor chegou a considerar a hipótese de assassinar Hitler?
_Digamos que eu não desconsiderava, como uma atitude extrema. Mas não era uma ideia viável, pois poderia ser o gatilho que deflagraria uma guerra civil na Alemanha e na Áustria, transformando Hitler em mártir de uma causa. Mas por que vocês falam como se soubessem do que está para acontecer?
_Porque sabemos, Herr Marechal. _ disse Harry _ O senhor sabe que somos bruxos e que utilizamos feitiços para acelerar sua recuperação.
_Mas o que o senhor não sabe é que viemos do futuro, por isso sabemos o que acontecerá. _ disse Voldemort _ Bem, não do seu futuro, mas de uma outra realidade, na qual o Eixo também perdeu a guerra, como está acontecendo aqui, embora lá eles não tenham conseguido invadir a Grã-Bretanha.
_E vocês estão ajudando as coisas a acontecerem como em sua realidade e parecem estar conseguindo. _ disse Rommel _ Mas o que vocês realmente querem de mim?
_Como dissemos, sabemos que haverá um atentado contra Hitler e que ele será levado a cabo daqui a três dias. _ disse Harry _ Também sabemos que irá falhar e que o senhor será implicado apenas por ser amigo de von Stauffenberg, mesmo que não tenha participado diretamente, pois estará em recuperação.
_Mas vão querer a sua morte, de qualquer forma. Então, em 14 de outubro, o senhor será visitado por dois Generais, Burgdorf e Maisel, que irão lhe expor as alternativas: defender-se pessoalmente perante Hitler, enfrentar um júri popular ou cometer suicídio, o que manteria sua honra e pouparia sua família de ir para um campo de prisioneiros. _ disse Voldemort _ A versão oficial seria a de que o agravamento ou sequelas dos seus ferimentos de hoje seriam a causa de sua morte.
_Mas, na verdade... _ Rommel não concluiu a frase, sendo esta completada por Harry.
_...Na verdade o senhor engoliria uma pílula de Cianeto durante o trajeto para Berlim. _ disse Harry _ O que seria um desperdício de uma mente brilhante, necessária e importante para a recuperação e reerguimento da Alemanha no pós-guerra, no caminho do progresso e da paz. O senhor aceitaria ser um dos artífices de uma Europa grande e recuperada?
_Esse é um dos meus anseios, que Hitler e o Reich estão destruindo. Sem contar que o maldito Stalin certamente fará algo para estender a influência do nefasto comunismo soviético sobre a Alemanha.
_Deixe Stalin por nossa conta. _ disse Voldemort _ O senhor aceita?
_Sim, aceito. Amo meu país e não queria que o Reich o afundasse.
_Então, Herr Marechal, apagaremos sua memória sobre este nosso encontro e tornaremos a conversar em 14 de outubro. _ disse Harry _ Quer fazer as honras, Voldemort?
_Sim, Harry. “OBLIVIATE!” _ e a memória de Rommel foi apagada, enquanto Harry e Voldemort davam os comandos _ O senhor irá se esquecer desta nossa conversa, até que nos encontremos novamente em 14 de outubro, quando nós iremos procurá-lo e recuperaremos sua memória com a senha...
Voldemort e Harry disseram a Rommel a senha que seria o gatilho para a recuperação das memórias do Marechal. A única coisa que deixaria a equipe médica com muita coisa para pensar seria a recuperação do oficial, mais rápida do que esperavam.
Retornando à central de operações, os Tenentes Riddle e Potter receberam novas ordens: deveriam se juntar aos “Screaming Eagles”, que haviam repelido um desesperado porém fraco ataque alemão em Veghel, já em território holandês. A 101ª Airborne havia recebido a missão de apoiar a 82ª Airborne, que havia encontrado uma inesperada dificuldade na progressão para Arnhem, após terem conquistado e mantido Nijmegen. O problema teria que ser resolvido logo, ou o apoio à 1ª Divisão Aerotransportada Britânica, que seria lançada para estabelecer a cabeça de ponte em Arnhem poderia atrasar, prejudicando as ações e causando os mesmos problemas que haviam provocado o fracasso da”Operação Market-Garden” em nossa realidade.
Enquanto aguardavam a ordem de salto, Harry e Voldemort revisavam as informações enviadas pela Resistência Holandesa, através de Audrey Hepburn. A mensagem, depois de desencriptada, era a seguinte:
“Há algo atrasando e quase impedindo a progressão das tropas até Arnhem, eles não conseguiram dizer o que era, só disseram que era grande e desmantelava os blindados. Parece que os Nazistas mudaram um pouco aquele plano original. Continuo sonhando com raios”
_Grande e que desmantelava os blindados. Será que eles já estão com os canhões de pulso sônico? _ perguntou Harry.
_Acho que sim, Harry. _ disse Voldemort, pensativo _ E estou pensando em algo pior.
_Sim. Audrey disse que eles parecem ter mudado um pouco o plano original. E se eles fizeram menos canhões...
_... E montaram um deles em um “Panzerkampfwagen”, para aproveitar o XERUM-525 economizado. _ disse Voldemort _ Faz sentido, assim eles conseguem manter a força motriz daquele monstro e ainda disparar o canhão. Mudando de assunto, parece que Audrey não te esqueceu.
Harry ficou vermelho (ainda bem que a luz vermelha disfarçava), mas não por muito tempo. A luz mudou para verde, o Mestre de Salto abriu a porta e os dois bruxos se lançaram no vazio. Quando estavam abaixo da altura na qual eventuais radares Nazistas poderiam captá-los, eles não abriram os paraquedas que tinham às costas, mas montaram nas vassouras que levavam e voaram até o local onde as tropas Aliadas estavam posicionadas.
Foram recepcionados e se apresentaram ao Major Ross, o Oficial no comando daquela unidade de paraquedistas. Ele sabia que seria auxiliado por “Batman” e “Robin”, portanto os bruxos estavam com outra aparência, embora mantivessem os uniformes britânicos.
_Major Ross, somos “Batman” e “Robin”. _ disse Harry, prestando continência juntamente com Voldemort _ Recebemos ordens para vir até aqui e tentarmos resolver um problema que está atrasando a 82ª.
_E de acordo com as informações da Resistência Holandesa, parece que eles têm uma arma que nós já conhecemos, do “Dia-D”. _ disse Voldemort.
_Só que vocês precisarão chegar até lá. _ disse o Major _ E os malditos chucrutes organizaram uma posição fortificada, com radares e Sensores de Atividade Mágica.
_Isso dificulta o lançamento de paraquedistas, a Aparatação e o voo de vassouras naquela área. _ disse Voldemort _ Precisamos pensar em um meio de contornarmos isso.
_Os paraquedistas britânicos estão prestes a serem lançados. Nossas tentativas de salto foram desastrosas, pois as aeronaves foram captadas pelos radares Nazistas e aquela maldita coisa simplesmente desmantelou todas em pleno ar. A 82ª está resistindo bravamente, mas não sei até quando. _ disse o Major Ross.
Harry parecia estar pensando em algo. Então sorriu e olhou para o Major.
_Major Ross, qual é a altitude mínima de ação dos radares Nazistas?
_Quatrocentos e cinquenta metros. _ respondeu o Major.
_Sabemos que os Sensores de Atividade Mágica mais potentes possuem um raio de ação de, no máximo, trezentos metros, inclusive na altitude. Isso nos deixaria com, no máximo, uma faixa de cento e cinquenta metros para operarmos. É estreito, mas se tivermos bons pilotos de vassoura será possível.
_O que você tem em mente, “Robin”? _ perguntou Voldemort.
_Uma manobra bem arriscada, “Batman”. _ respondeu Harry _ Se as medidas forem essas, poderemos tentar um “OFJ”.
_ “Salto Livre Operacional”? A partir de vassouras? Com um teto de, no máximo, quatrocentos e cinquenta metros? _ perguntou o Major Ross _ Sabem que, se cometerem o menor erro de cálculo, vocês poderão ou serem captados pelo radar ou então se quebrarem por inteiro.
_Por isso precisaremos dos seus melhores pilotos de vassouras, Major. De preferência, que sejam experientes em Quadribol. _ disse Voldemort.
_Tenho alguns, inclusive dois que jogam como Apanhadores, emprestados por uma unidade britânica. Me disseram que são exímios pilotos.
_Excelente. _ disse Harry _ É exatamente desses que precisamos. Eles podem manter um voo de precisão em uma área não muito grande.
_Além de que eles podem realizar manobras e mudanças de direção bruscas sem entrar na faixa de ação dos radares e dos Sensores de Atividade Mágica. Assim poderemos ser lançados à altura e distância exatas. _ disse Voldemort _ Com o apoio deles, poderemos neutralizar os sensores quando estivermos em solo, chegar bem perto da arma secreta dos Nazistas e até mesmo destruí-la.
O Major Ross disse a um ordenança:
_Chame os Sargentos Spalding e Maplethorpe. Que eles se apresentem aqui com suas vassouras e uniformes de voo.
_Sim, senhor. _ o ordenança prestou continência, deu meia-volta e saiu. Dali a pouco, Spalding e Maplethorpe apresentavam-se ao Major, com macacões de voo e sobraçando suas potentes “Silver Arrows”.
_Estão a fim de uma brincadeira arriscada? _ perguntou o Major Ross.
_Só se for agora. _ disse Maplethorpe _ Qual é a missão?
_Conduzir “Batman” e “Robin” até a posição da 82ª, lançando-os em “OFJ” em uma faixa entre, no máximo, trezentos e quatrocentos e cinquenta metros de altitude.
_Uau! “Batman” e “Robin”? _ admirou-se Spalding _ É uma honra participar desta missão com vocês. Podem contar conosco.
Os Sargentos cumprimentaram Harry e Voldemort e então desenvolveram os detalhes da ideia do bruxo. Calcularam a distância entre o ponto de lançamento e a posição da 82ª, bem como a altitude e a velocidade das vassouras, com o peso dos pilotos e garupas, devidamente equipados, para que o deslocamento de ar no momento da abertura dos paraquedas não projetasse “Batman” e “Robin” no raio de ação dos radares ou dos sensores. Com todos os detalhes revisados, os dois transfiguraram os uniformes de Oficiais britânicos nos trajes Ninja negros, com os capuzes caracterizados. Ajustaram os paraquedas e montaram nas vassouras, levantando voo em seguida.
Como não podiam arriscar o uso de feitiços para se manterem na faixa de altitude adequada, os Sargentos consultavam a intervalos regulares os altímetros que levavam no pulso, procurando se manter o mais próximo possível do limite mínimo de altitude. Alcançando a distância prevista, com a velocidade adequada, Spalding e Maplethorpe sinalizaram para Harry e Voldemort que estava na hora de serem lançados.
_AGORA! Boa sorte, senhores. Sucesso na missão. _ disseram os Sargentos.
Voldemort e Harry puxaram os retentores e os velames se enfunaram, projetando-os para trás e um pouco para cima. Mesmo que a velocidade da descida tivesse sido atenuada, a aterragem não foi das mais suaves e foi somente graças ao treinamento que os dois bruxos não arrebentaram os tornozelos.
Recolheram os velames e fizeram uma bola com eles, enterrando-os em seguida. Harry imitou um pio de pássaro, previamente combinado, que logo foi respondido. Uma lanterna piscou e eles foram recebidos por uma patrulha da 82ª.
_ “Ryu e Ken”. _disse Harry.
_ “Vega e Sagat”. _ respondeu o Sargento _ São “Batman” e “Robin”?
_Sim. _ respondeu Voldemort _ Quais as novidades?
_Os chucrutes instalaram um Bunker, equipado com o que eles têm de mais adiantado. Radares, Sensores de Atividade Mágica e o diabo a quatro. Tudo para protegerem um blindado monstruoso, com um canhão esquisito.
_Bem que nós dissemos que eles haviam montado o canhão de pulso sônico em um “Panzerkampfwagen”. Agora confirmou. _ disse Harry _ Teremos de dar um jeito de entrar nessa fortificação e destruir aquela arma, para que os paraquedistas britânicos possam ser lançados sem problemas.
No acampamento, Harry e Voldemort foram apresentados ao Coronel Peters, Comandante daquele batalhão. Após tomarem um café bem forte, pensaram em como invadiriam o lugar.
_Não poderemos levar nossas varinhas e, de acordo com as informações, não vai dar para já sairmos transfigurados, aqueles sensores são mais sensíveis. _ disse Voldemort _ Até poderemos ir disfarçados com uniformes Nazistas capturados. O senhor tem algum que tenha sido confiscado, Coronel?
_Não, infelizmente não. Mas tenho um grupo que é especialista em infiltrações e, agora que vocês falaram no canhão de pulso sônico, há algo esquisito. Os caras desse grupo insistem em dizer que explodiram o canhão, na praia Omaha.
_Impossível. _ disse Harry _ Fomos nós que destruímos o canhão e não o explodimos. Nós o derrubamos, retiramos sua fonte de energia e eu inutilizei o cristal que canalizava os pulsos.
_Bem, eles afirmam que o explodiram e dizem ter sido muito forte e que chegaram a pensar que seria o fim. Também falam em umas coisas que jamais ouvi falar, coisas como “Caveira”, “Zemo”, “Strucker”, “Hydra”, algo assim.
_Como é? _ espantou-se Harry _ E onde eles estão?
_Ali fora. _ disse o Coronel _ Vou chamá-los e vocês peçam para que eles contem a história deles. Melhor ainda, vamos lá, falar com eles.
Saíram da barraca do Comandante e foram até o refeitório. O Coronel Peters os apresentou ao grupo e o Sargento contou a história.
_... Então, Steve foi até as casamatas Nazistas, junto com dois Sargentos canadenses malucos. Eu poderia jurar que as unhas de um deles cresciam e ficavam como as de uma fera, conforme a vontade dele e que saíam umas garras de osso longas das costas das mãos do outro. Eles explodiram a casamata e nós fomos atrás, até que encontramos uma arma esquisita, um canhão que jamais havíamos visto, mas que parecia ter a assinatura do Caveira e da Hydra. Colocamos cargas e detonamos aquela coisa enorme. _ disse o Sargento _ A explosão foi extremamente forte e o clarão dela quase nos cegou. Quando conseguimos enxergar novamente, notamos algumas coisas estranhas. O tal canhão deveria estar em pedaços, mas estava só avariado.
_E não vimos mais nem Steve e nem os dois canadenses. Acabamos nos juntando à 82ª e estamos aqui, tentando progredir para Arnhem. _ disse outro Sargento, um ruivo grandalhão _ E olha que é difícil deixar de notar o Steve.
_Com certeza, Sargento... Dugan, eu presumo. _ disse Harry, olhando para todos do grupo _ E os dois canadenses não se chamavam “Creed” e “Logan”?
_Exatamente. _ disse o ruivo, admirado _ Você é bruxo? Me disseram que havia bruxos dos dois lados. E como você sabe o meu nome?
_Me desculpe se eu não os reconheci logo de cara,pois só agora vi o tapa-olho. É uma honra conhecê-los pessoalmente e se alguém tem chance de entrar naquele Bunker e nos ajudar a destruir aquela coisa são vocês, Nick Fury e o Comando Selvagem. Mas isso é incrível, pensei que eu e “Batman” fossemos os únicos.
_Os únicos o quê? _ perguntou Fury.
_Deslocados de um universo paralelo. _ disse Voldemort _ Isso não te surpreende, Sargento Fury?
_Olha, “Batman”, eu já vi e vivi muita coisa desde que me alistei. Um cientista maluco do Reich com uma máscara permanentemente grudada na cara...
_... Barão Helmut Zemo.
_Isso. E o braço direito de Hitler, com a cabeça deformada, parecendo uma...
_... Caveira. O Caveira Vermelha. _ disse Harry _ Fora o gênio suíço, cujo cérebro está em um corpo robótico, Arnim Zola e o estrategista, Barão Strucker.
_Para quem é de outro universo, você nos conhece bastante, “Robin”.
_Em nosso universo, vocês são famosos personagens de quadrinhos. Fury, Dugan, Ralston, Jones, Morita, Falsworth e os próprios Steve, Logan e Creed. Mas o mais importante é que, realmente, vocês são os caras certos para entrar naquela fortaleza.
_Contem conosco. _ disse Fury, dando uma baforada no seu charuto.
Em uma mesa, estenderam cartas do terreno e começaram a planejar a missão. Uma mesa auxiliar tinha bules de bom café, consumido com gosto.
_Se eles têm aparelhos que detectam magia não autorizada, vocês dois terão que entrar com armas comuns e usar varinhas mágicas capturadas dos chucrutes da tal...
_... “Drachenwache”, a Guarda do Dragão. _ disse Voldemort, tomando um gole de café _ A divisão bruxa das SS. Aqui o braço direito de Hitler é um bruxo bastante poderoso, chamado Adolf Gellert Grindelwald.
_Os dois malditos têm até o mesmo nome de batismo. _ disse Morita.
_E seu principal homem tem o rosto deformado, mas é branco, com cabelos verdes e lábios vermelhos. _ disse Harry.
_Faz sentido. _ disse Dugan _ Se vocês são “Batman” e “Robin”, seu inimigo teria que ser o “Coringa”. Temos as revistas deles, no nosso universo.
_O melhor caminho é por aqui. _ disse Falsworth _ A escarpa não é muito alta, afinal de contas estamos na Holanda. Mas é o caminho mais difícil e o que deve ter menos armadilhas.
_Se essas armadilhas emitirem algum calor, esses óculos poderão ser úteis. Eu os trouxe de lembrança da Normandia. _ disse Harry _ Bem, vamos indo.
O grupo deslocava-se com cuidado através de um bosque, evitando eventuais armadilhas, até chegar à orla. Um descampado separava o grupo da escarpa que deveria ser escalada e que não devia ter maisdo que uns dez metros.
_Descampado. _ disse Fury.
_E se parece fácil... _ comentou Voldemort.
_... Deve estar cheio de minas, mais provavelmente. _ disse Harry, colocando os óculos que trouxera da Normandia _ Sim, consigo ver as minas. Graças à irradiação do calor absorvido durante o dia, elas brilham para estes óculos como luzes de Natal. Sigam exatamente os meus passos.
Seguindo a trilha de Harry, todos atravessaram o campo minado e logo estavam agrupados junto ao sopé da escarpa. Com os óculos, o bruxo localizava fios e pinos de armadilhas, marcando e evitando-as. Menos de uma hora depois, esgueiravam-se entre as sombras do muro, até o melhor ponto para escalá-lo e surpreender as sentinelas.
_Bem, parece que há um ponto cego bem aqui. _ disse Voldemort, subindo o muro. Com efeito, conseguiram escalar sem serem vistos.
A fortificação não era muito grande, mas era o suficiente para manter o “Panzerkampfwagen” em segurança. E ali estava ele, fortemente guardado.
_Como vamos chegar até aquele monstro de metal? _ perguntou Jones.
_Deixe conosco. _ disse Harry, colocando o capuz do seu traje Ninja negro, seguido por Voldemort _ Limpar a área é uma tarefa para “Batman” e “Robin”.
Antes que o Comando Selvagem percebesse, os dois já estavam ocultos pelas sombras e eles só viam os alemães caindo.
_Ninjas. _ disse Morita, sorrindo.
Harry e Voldemort retornaram para junto do grupo, carregando um mapa e com expressões bastante preocupadas.
_Os paraquedistas britânicos vão cair em uma armadilha. _ disse Harry _ Os chucrutes têm um canhão de pulso sônico em Arnhem.
_Acho que dá para encarar essa em pé de igualdade e salvar os paraquedistas. _ disse Fury, com um sorriso sacana _ E se, em vez de destruirmos o “Panzerkampfwagen”, nós o pegarmos emprestado para uma “voltinha”?
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