SALVANDO O DIA-D



CAPÍTULO 24



 



SALVANDO O DIA-D



 



 



 



 



_O tempo não está favorecendo muito os paraquedistas. Parece que estão tendo as mesmas dificuldades de nossa realidade. _disse Harry.



_Realmente _ concordou Voldemort _ Nuvens baixas, artilharia alemã e muita umidade.



_E esses estampidos que estamos ouvindo, mes amis? _ Jean-Marc estava curioso.



_Bonecos carregados com fieiras de biribinhas, que produzem um som como que de uma rajada de submetralhadora. _ disse Voldemort _ Foram lançados de paraquedas como distração, para chamar a atenção dos Nazistas enquanto os verdadeiros paraquedistas aterram em outros lugares.



_Mas muitos estarão aterrando aqui. _ disse Harry _ Precisam estabelecer a cabeça-de-ponte para amanhã.



 



Essa conversa se desenrolava na casa de M. Lamounier, à noite. Logo mais, iriam desaparatar para as praias, a fim de auxiliar no desembarque, acionando os explosivos previamente colocados para romper as fortificações alemãs. Aquilo aceleraria o avanço Aliado, principalmente na praia Omaha, a mais difícil de ser conquistada.



Enquanto aguardavam, ouviram um ruído bastante singular. Um estalido, seguido de outros dois, repetindo-se por três vezes.



 



_O que será? _ perguntou Jean-Marc.



_Acho que sei o que é. _ disse Voldemort _ são os “grilinhos” de reunião dos paraquedistas.



_Claro, os dispositivos de identificação. _ disse Harry. Então alguns aterraram aqui perto.



 



Com efeito, uma leve batida à porta foi ouvida.



 



_Boa noite. _ disse M. Lamounier, em voz baixa. _ “58”.



_ “62”. _ respondeu a voz de fora.



_ “70”. _ disse M. Lamounier, em seguida.



_ “94 e 2002”. _ foi a resposta. M. Lamounier abriu a porta e três paraquedistas, com divisas americanas, entraram em silêncio.



_Devem estar com frio. _ disse M. Lamounier, oferecendo copos de vinho aos militares. _ Embora estejamos em junho, as noites da Normandia não são nada quentes.



_Obrigado, senhor. _ agradeceu o Capitão _ Sou o Capitão Dickinson, 101ª Divisão Aerotransportada. Estes são o Tenente Vickers e o Sargento López, da 82ª.



_Nem precisava dizer. _ comentou Harry _ A “Screaming Eagle” e a “All American” nos seus braços já dizem tudo.



 



Após os cumprimentos, Dickinson tirou um envelope lacrado do bolso da gandola e entregou a Voldemort.



 



_Que sequência de números mais estranha tinha esse seu conjunto de senha e contra-senha. _ comentou Dickinson _ Recebi ordens do “Velho”, em pessoa, para transmitir o seu abraço e entregar esse envelope aqui, na vinícola de M. Lamounier, para “Batman” e “Robin”. São vocês? Gostaria de cumprimentá-los pelo trabalho que têm dado aos chucrutes.



_E como foi a aterragem, Capitão? _ perguntou Jean-Marc.



_O bombardeio de folhas de metal realmente confundiu os radares dos boches. Como os Sensores de Atividades Mágicas estão inoperantes, não houve problema algum de detectarem varinhas, _ disse ele _ E ainda bem, pois há muitos bruxos entre nós. Alguns abandonaram as aeronaves nas vassouras, mas outros engancharam e saltaram conosco. O problema é esse tempo de $%&*!! Aterramos meio dispersos e estamos tentando reagrupar. Por sorte, graças às indicações que vocês passaram para o “Velho”, pudemos evitar uma dispersão maior e já estamos estabelecendo uma cabeça-de-ponte em Saint Mère-Èglise.



 



Nesse meio tempo, Voldemort abria o envelope e examinava a foto que Patton havia mandado, com um bilhete.



 



_Harry, o General Patton mandou essa foto que a Inteligência obteve da praia Omaha. Veja essa estrutura.



_Não estava lá, pelo menos até anteontem. _ disse Harry _ O que poderia ser?



_Parece estar coberta por uma lona. _ disse Voldemort _ Leva jeito de ser algum tipo de arma.



_De qualquer maneira, não podemos fazer mais nada, o ataque serána hora marcada e ninguém poderá impedir. E  teremos que ir lá, para ajudar os Aliados.



_Soubemos que Pluskat e Rommel iam pedir uma Divisão Panzer para apoiar a defesa das casamatas. Com ela ali a invasão será muito mais difícil.



_Não se preocupe, Capitão. _ disse Harry _ Essa Divisão Panzer jamais virá.



_Como é que você sabe... você é “Robin”, não é? _ perguntou o Capitão.



_Sim, Capitão, eu sou “Robin”. Bem, sabemos que a liberação de uma Divisão Panzer somente pode ocorrer por ordem pessoal de Hitler. E ele não está em condições de liberar coisa alguma, hoje. Tivemos a informação de que o Führer teve uma crise de enxaqueca e tomou um sedativo, dando ordens expressas para que ninguém o despertasse.



_Mas, falando dessa estrutura, é quase certo que é uma arma. Mas de um tipo diferente, vejam esse detalhe da foto. _ disse Voldemort _ A marca no chão não sugere a existência de um cabo de alimentação de energia?



_Se for uma arma e for alimentada por eletricidade, pode ser uma das Sonderwaffen, não acha? _ perguntou Harry.



_Bastante provável, embora não tenhamos visto nada parecido em Der Riese, lá em Ludwigsdorf. _ disse Voldemort _ Mas isso não fecha questão, pois havia outras instalações de pesquisa pela Europa.



_Não entendo bem do que vocês dois estão falando, mas essa tal arma deve consumir, pelo menos teoricamente, uma quantidade muito grande de energia. E onde estaria a fonte dessa energia? _ perguntou o Capitão Dickinson _ A marca do cabo no chão é curta e termina nessa outra.



_É mesmo, Capitão. E essa marca é retangular, parecendo ser do tamanho de, no máximo, um baú de roupas. _disse Harry _ Um gerador assim tão compacto, em 1944, só pode significar que a fonte é...



_XERUM 525! _ exclamaram juntos Harry e Voldemort.



_Merlin! _ Voldemort estava pasmo, mesmo sendo um bruxo a quem pouca coisa causava surpresa _ Se eles conseguem manusear o XERUM 525 de modo a torná-lo uma fonte de energia, teremos que neutralizá-la o mais depressa possível e destruir a amostra ou nos apropriarmos dela.



_Tem razão. _ disse Harry _ Então teremos que ir mais cedo, para descobrir do que se trata. Mas é bem provável que haja patrulhas noturnas, inclusive com aqueles óculos especiais.



_Preparei uma certa quantidade de bombas de magnésio, magicamente potencializadas. Isso vai explorar a vulnerabilidade dos óculos, embora haja o risco do clarão denunciar nossa posição.



_Óculos para ver no escuro? _ perguntou o Capitão Dickinson, ajustando seu equipamento _ Então os chucrutes já conseguiram desenvolvê-los, como a OSS já desconfiava.



_Perdão por me intrometer, señores, mas esses tais aparelhos não poderiam ser “enganados”, com um monte de pequeñas fuentes de luz e calor, mascarando a maior, de um corpo humano? _ perguntou o Sargento López.



_Como assim? _ perguntou Harry _ Com “pequenas fontes”, você está pensando em...



_Exatamente, señorRobin”. _ respondeu o Sargento _ Pelo que me lembro das aulas de Ciências na escola, há criaturas capazes de Bio...



_... “Bioluminescência”. _ completou Voldemort, sorrindo _ Estamos falando de vagalumes.



_Ou “Pirilampos”, como são conhecidos em alguns lugares. Como ustedes son brujos, talvez possam saber de algum feitiço que os atraia para um determinado ponto. _ disse o Sargento López.



_Ou algo cujo cheiro possa atraí-los. _ disse Harry _ Lembrem-se de que muitos cheiros que nós não sentimos ou que nos são desagradáveis, são irresistíveis para os insetos. Tipo, por exemplo, o odor do  sexo oposto na época do acasalamento.



_Isso dá para fazer. _ disse Voldemort, agora rindo de forma bastante divertida ao pensar na situação _ Cobrir os Nazistas de uma eventual patrulha com algo que atraia e os cubra com um enxame de vagalumes.



_Vão ficar tontos com tantos pontinhos luminosos. _ disse o Capitão Dickinson, terminando de ajustar o equipamento e saindo com os outros _ Boa noite e até a vitória.



 



Depois que os militares americanos reagruparam seu efetivo, Harry e Voldemort juntaram o seu próprio equipamento e desaparataram para a praia Omaha. Iriam verificar a estranha estrutura, ver do que se tratava e até que ponto poderia comprometer o desembarque.



 



Nas cercanias das casamatas da praia Omaha, Voldemort e Harry aparataram e, com um binóculo enfeitiçado, investigaram a tal estrutura, junto à qual havia uma patrulha cujos elementos, como haviam previsto, estavam usando óculos de visão noturna.



 



_Vamos ter que colocar em prática a ideia do Sargento López, ao que parece, Voldemort. _ disse Harry _ Preparado para conjurar uma nuvem de feromônios de vagalume?



_Bem, de acordo com a Lei de Transfiguração Elementar de Gamp, se existe na natureza então pode ser conjurado do nada. _ disse Voldemort _ E é aí que a ciência e a magia se aproximam de forma surpreendente.



_Tem razão. A energia mágica transmuta as moléculas do ar na substância que o bruxo assim o comandar. _ disse Harry, enquanto Voldemort levantava a varinha e conjurava a nuvem de feromônios _ “Zephyr.”



 



A brisa conjurada por Harry levou a nuvem até a patrulha, cobrindo os Nazistas. Em um instante a nuvem, inodora para humanos, começou a atrair uma miríade de vagalumes, que piscavam sem parar e embaralhavam a capacidade de visão noturna, com milhares de focos. Nesse meio tempo, Harry e Voldemort chegaram até a estrutura, sob Feitiço de Desilusão.



 



_Caixa de metal, hermeticamente fechada, provavelmente titânio, para ser tão leve e não afundar no chão. _ disse Voldemort _ E é magicamente protegida, não deu para abrir.



_Aquela caixa parece ser o gerador e está entreaberta. Vamos ver o que tem  dentro... Merlin! Contatos de bateria, com o espaço exato para caber uma ampola do tipo de uma que eu vi com Grindelwald, naquele avião do qual escapei vestindo o equipamento do Rocketeer. _ disse Harry _ Deve ser mesmo “Mercúrio Violeta”.



 



Após saírem dali e tomarem uma distância segura assistiram, divertidos, ao dissipar dos feromônios, com a consequente dispersão dos vagalumes e alívil da patrulha que, confundida pelos inúmeros focos de bioluminescência, sequer havia percebido a presença dos dois bruxos.



 



_Bem, não sabemos exatamente o que é, mas podemos tirar algumas conclusões. _ disse Voldemort _ Primeiro, é certo que é uma arma. Já detectei pelo menos meia dúzia de defesas mágicas.



_Tem razão, Voldemort. _ disse Harry _ Só pela posição do container, com o maior eixo na direção da praia, a gente já pode supor que seja. Para conseguirem produzir liga de titânio suficiente, devem ter aperfeiçoado o Método Kroll.



_O que indica que deve ter sido produzido em uma das unidades de Sonderwaffen espalhadas pela Europa _ disse Voldemort _ Até mesmo em alguma não listada. Mas que tipo de arma? Algum canhão secreto?



_Até pode ser, pela lógica. _ disse Harry _ Com certeza muito potente, para ter “Mercúrio Violeta” como fonte de energia. Bem, qualquer dúvida só será esclarecida pela manhã, com o início do ataque. Vamos nos preparar para a nossa parte. Pelo menos o grosso dos obstáculos e minas foram removidos, então eles não terão que enfrentar as mesmas dificuldades que em nossa realidade.



 



Costa da Normandia, 06:30 da manhã.



 



Antes de ir para o café da manhã o Major Werner Pluskat, que havia passado a noite nas casamatas da praia Omaha, deu uma última olhada para o horizonte pela abertura de tiro, ainda intrigado pela inesperada aglomeração de vagalumes à volta do container que havia chegado de uma instalação de pesquisa nos Alpes. Como não houvera nenhuma consequência digna de nota, resolveu deixar o assunto de lado.



Foi quando viu, emergindo da bruma, uma monumental quantidade de embarcações, uma concentração de belonaves que jamais havia visto antes. Focalizou o binóculo e constatou, atônito, que nenhuma delas exibia a bandeira Nazista, bem pelo contrário. Com os olhos esbugalhados, voltou-se para os homens da guarnição.



 



_Mein Gott!! A invasão! _ exclamou Pluskat _ Eles estão vindo!



_ALARME!!! _ bradou um dos Oficiais.



_Herr Oberstleutnant! A invasão chegou! _ Cinco mil navios... Não, deve haver mais de cinco mil navios lá fora! _ em pânico, Pluskat entrou em contato telefônico com o Oberstleutnant (Tenente-Coronel) Ocker, do Alto Comando, relatando a ele o que estava vendo naquele exato momento.



_Recomponha-se, Pluskat. _ disse o Oberstleutnant Ocker do outro lado da linha, tomando um gole de café _ Os americanos e britânicos não têm, juntos, nem metade dessa quantidade de navios.



_MALDIÇÃO, SE O SENHOR NÃO ACREDITA EM MIM, VENHA AQUI E VEJA COM SEUE PRÓPRIOS OLHOS!!! _ exclamou Pluskat, sem querer acreditar no que via _ É fantástico! É incrível! Eu-eu não consigo acreditar!



_Meu caro Pluskat, que curso eles estão tomando? _ perguntou o Oberstleutnant Ocker, com uma risadinha.



_ELES ESTÃO VINDO BEM NA MINHA DIREÇÃO, SCHEIßE!!!



 



Indignado com a incredulidade e com a arrogância do Oberstleutnant Ocker, Pluskat praticamente cuspiu a última frase. Ao mesmo tempo, um estrondo, um impacto e uma chuva de terra e pedras se abateu sobre a casamata, causando um tremor e interrompendo a ligação. Talvez aquilo convencesse o debochado superior de que o Major Pluskat falava sério.



 



_Parece que começou. _ disse Voldemort.



_Bem, aquela chuva de bombas acaba com qualquer dúvida, com toda a certeza. _ disse Harry.



 



Conseguindo retomar a ligação, o Oberstleutnant Ocker procurou tranquilizar Pluskat.



 



_Calma, Werner. Mesmo que eles tenham todos esses navios, o que eu ainda acho meio difícil, você não precisa se preocupar. Usem o presente de Grindelwald, o protótipo da tal arma que os cientistas malucos e os bruxos dele estavam desenvolvendo, lá nos Alpes. _ disse Ocker enquanto outra bomba atingia os postes, partindo os cabos telefônicos e cortando de vez a comunicação de longa distância.



 



A barragem de artiharia dos navios proporcionava a necessária cobertura para que os lanchões de desembarque permitissem a saída dos fuzileiros, a uma certa distância da praia. Por sorte, o trabalho de desminagem e remoção dos obstáculos havia sido eficiente e os alemães sequer perceberiam. Aquilo proporcionaria uma maior facilidade de conquistar a posição do que fora em nossa realidade.



O que não significava que o desembarque aliado e a conquista da praia Omaha estivesse transcorrendo sem baixas entre os Aliados. Mesmo com os fuzileiros e sapadores bruxos executando Feitiços Escudo e de Deflexão, não era suficiente para proteger a todos das balas com a necessária rapidez. Mas o contingente progredia pela faixa de areia, os primeiros logo alcançando as ondulações e as pedras. Enquanto isso, os portos flutuantes começavam a desembarcar os veículos blindados que, embora alguns atolassem, as guarnições logo os desatolavam e eles prosseguiam até o terreno mais firme.



Vendo que as tropas invasoras progrediam, Pluskat tratou de dar as ordens ao Sargento.



 



_Preparem a arma de Herr Grindelwald, rápido! _ exclamou Pluskat.



_Jawohl, Herr Major. _ respondeu o Sargento.



 



A guarnição da arma especial aproximou-se do container e acionou a sua abertura, enquanto o chefe colocava na caixa de força uma ampola, que Harry logo identificou como aquela que Grindelwald levara do avião. O container se abriu e deixou ver um canhão montado em uma base, mas de um tipo totalmente diferente de qualquer um que Harry já tivesse visto, com um cristal na extremidade, em vez de um tubo oco.



 



_Que tipo de canhão seria esse? _ perguntou Voldemort.



_Nunca vi algo assim, mas boa coisa não deve ser. _ respondeu Harry.



 



Naquele momento, o cristal brilhou e o canhão disparou. Não se viu nenhum projétil nem se ouviu som algum, embora Harry e Voldemort jurassem ter sentido uma pressão nos ouvidos.



Na praia, dois blindados simplesmente se desmontaram. O canhão foi apontado para um grupo de fuzileiros que progredia no terreno. Sentindo novamente uma pressão nos ouvidos, embora meio diferente da primeira, Harry e Voldemort viram, incrédulos, a tropa simplesmente se desmanchar na praia, como se fossem feitos de geleia.



 



_Merlin! _ exclamou Harry _ Não pode ser! Isso é algo que eu só vi em quadrinhos de ficção científica, embora eu ache que nem Dan Dare tinha isso.



_O que é isso, Harry? _ perguntou Voldemort, que também jamais havia visto aquilo.



_Só podia ter saído da mente doentia dos cientistas do Reich, sob a orientação de Grindelwald. Os malditos Nazistas conseguiram simplesmente construir UM CANHÃO DE PULSO SÔNICO!



_Que diabos é isso, Harry? _ perguntou Voldemort.



_Uma arma que utiliza som em uma frequência que não podemos ouvir, mas com efeitos bem sensíveis.



_Isso explica a pressão nos ouvidos. _ disse Voldemort.



_Exato. _ confirmou Harry _ O ultra-som é o princípio dos sonares, que começaram a ser desenvolvidos nesta época.



_Mas na nossa eles têm aplicação principalmente na Medicina, mesmo na Ordem das Trevas sabíamos disso. Assim como os apitos caninos, que nós não podemos ouvir mas os cães podem.



_Sim, mas se o ultra-som for em uma frequência muito, mas muito alta, ele pode desmontar estruturas, destruindo seus pontos de articulação. Como fez com os blindados. _ disse Harry.



_Então, aquilo que aconteceu com os soldados, parecendo que viraram geleia, deve ter sido exatamente o contrário. Som em uma frequência extremamente baixa.



_Isso. É chamado de “infra-som” e, na frequência certa, simplesmente desagrega sólidos. Esse maldito canhão dispara pulsos dos dois tipos, causando os efeitos que vimos. Precisamos detê-lo, de alguma forma. _ disse Harry.



_Ele tem defesas mágicas, mas nada impede que seja vulnerável a um ataque trouxa. _ disse Voldemort _ Por sorte me sobrou algum C-4 e poderemos usá-lo para destruir o canhão ou, pelo menos, danificar sua base, de modo que não possa disparar nos Aliados.



_E ao mesmo tempo, “passar a mão” naquela ampola de “Mercúrio Violeta”. Não creio que eles tenham mais, eu vi que Grindelwald só tinha uma.



_Vamos, então. _ disse Voldemort.



 



Executaram Feitiços de Desilusão e saíram da posição que ocupavam, um pouco à retaguarda das casamatas. Com Feitiços Escudo, evitaram os estilhaços e fragmentos de rocha produzidos pelas explosões das bombas da barragem de artilharia e logo chegaram às proximidades do canhão sônico.



 



_O canhão é grande, mas a base pode ser danificada. Creio que o C-4 que tenho será suficiente. _ disse Voldemort.



_O problema são aqueles soldados, armados até os dentes, dez ao todo. E não são da Wehrmacht. _ disse Harry _ São das Waffen-SS e da Drachenwache. Se bem que isso deve significar que esse canhão é único, um protótipo.



_Ou seja, se nós o inutilizarmos, eles não terão outro. Harry, me desculpe por agir como nos velhos tempos, mas não há outro jeito de nos aproximarmos daquele canhão e instalarmos o explosivo com a rapidez necessária.



_Entendi o que você quis dizer, Voldemort. Por mais cruel que possa parecer, guerra é guerra. _ disse Harry.



 



Aproximaram-se mais e, quando chegaram a uma distância que lhes permitiria cobrir todos os alvos de uma só vez...



 



_ “AVADA KEDAVRA!!!” _ a Maldição da Morte, lançada pelos dois como um último recurso, pareceu se somar, aumentando sua potência e fazendo com que a guarnição caísse dura na hora, assim que foi atingida pelo raio verde, cujo clarão passou despercebido em meio à confusão do ataque. Mesmo os bruxos da Drachenwache morreram sem saberem o que os atingiu.



_Vou me arrepender disso, mas não pelo resto da vida, pois sei o que está em jogo. _ disse Harry, enquanto ele e Voldemort alcançavam a estrutura da base e instalavam dois tabletes de C-4 na parte dianteira. Em seguida, o bruxo abriu a caixa de força, desligando a alimentação do canhão e removendo a ampola de “Mercúrio Violeta”, colocando-a dentro da mochila.



_Não pense que eu senti prazer nisso ou que sentia, mesmo antes nos velhos tempos da Ordem das Trevas, Harry. _ disse Voldemort, afastando-se do local, junto com Harry _ Sempre fiz porque precisava fazer, lembre-se da profecia de Sibila Trelawney. Agora, vamos ver aquela coisa cair.



 



Acionando o detonador, Voldemort viu, satisfeito, a parte dianteira da base do canhão explodir e a arma cair para a frente, de um modo que a impossibilitava de disparar na direção dos Aliados. Ao seu lado, Harry Potter sorria. Antes de se deslocarem para a próxima posição que a missão exigia, Harry ainda executou um Feitiço “Destructus” na extremidade de disparo do canhão, já que as defesas mágicas não mais existiam. O cristal foi pulverizado, inutilizando definitivamente aquela arma. Ponto para “Batman” e “Robin”.



 



Os Aliados concentravam-se nas ondulações, a uma certa distância das casamatas, tentando se proteger das rajadas vindas dos ninhos de metralhadoras. Voldemort e Harry aparataram em um ponto mais coberto, a cerca de uns trezentos metros do ponto onde haviam instalado as cargas de C-4 disfarçadas na muralha. De repente, Harry lembrou-se de uma coisa.



 



_Voldemort, acho que vamos enfrentar um grande problema. Há um pequeno campo de pouso Nazista com capacidade para umas duas aeronaves, perto de Bayeux, se não me engano.



_Sim. E acho que sei o que você quer dizer, Harry. _ disse Voldemort.



_Um ou dois Stukas poderão fazer um grande estrago nas tropas de desembarque. E temos que evitar isso.



_Se o filme foi fiel aos fatos e até agora está sendo, logo os dois Stukas que você mencionou estarão nos fazendo uma visita. Temos que detê-los, de alguma forma.



_Veja quem está ali. _ disse Harry _ O General Norman Cota. Temos que falar com ele.



_De acordo. _ disse Voldemort _ Vamos colocar nossos uniformes dos Royal Marines, porque ele pode estranhar os trajes negros. “Indumentaria cambio



 



Com os trajes de “Batman” e “Robin” transfigurados em uniformes britânicos, os dois rastejaram até onde estava o General (aliás, soberbamente interpretado por Robert Mitchum, no filme).



 



_Vocès parecem estar meio desgarrados, meus jovens. Os britânicos desembarcaram em Gold, Juno e Sword. _ disse o General.



_Sabemos disso, General. _ disse Voldemort _ Tenentes Riddle e Potter, Ajudantes de Ordens do General Patton.



_ Então vocês são “Batman” e “Robin”? O que fazem aqui?



_Viemos garantir que a muralha seja tomada, General. Inclusive, acabamos de destruir uma arma secreta do Reich.



_Aquele canhão maluco, que desmontou um blindado e liquefez uma tropa? Muito obrigado.



_Precisamos perguntar, os Marines bruxos que vieram nos lanchões trouxeram vassouras?



_Sim, trouxeram. Eu estranhei, mas se Ike disse que tudo bem, por mim não há problema.



_Então nem tudo está perdido. _ disse Voldemort _ Creio que seremos alvo de um ataque aéreo, General. Mas acredito que poderemos evitá-lo, combatendo-os no céu. O senhor poderia passar uma ordem por rádio para que os Marines bruxos decolem?



_Claro, mas e vocês? _ perguntou o General.



_Usaremos as dos mortos. Elas responderão ao nosso chamado, sem problemas. “Accio vassouras!” _ exclamou Harry.



 



Em um instante, duas vassouras saíram voando de um lanchão e pararam em frente aos bruxos, que logo transfiguraram seus uniformes novamente nos trajes negros, montaram e decolaram. Após a ordem por rádio, outros Marines bruxos convocaram suas vassouras e fizeram o mesmo. Os alemães estranharam aquele monte de vassouras saindo sozinhas dos lanchões, mas tinham mais com que se preocupar.



Reagruparam-se, cerca de duzentos Marines, a uns cem metros de altitude, sem que a artilharia antiaérea das casamatas tivesse ângulo para atingi-los. Então, Harry e Voldemort explicaram a eles a natureza da missão.



 



_Quem é o oficial mais antigo? _ perguntou Harry.



_Sou eu. Tenente Kolchak, 1ª Divisão de Infantaria e contato do MACUSA. Vocês devem ser “Batman” e “Robin”, não é? Qual a missão?



_Sim, somos nós. _ disse Voldemort _ Precisamos neutralizar um provável ataque aéreo às tropas de desembarque. Vamos até Bayeux e, se possível, destruiremos as aeronaves no chão.



_OK, Marines bruxos, temos nossas ordens e vamos cumpri-las. Direto para Bayeux, tropa. SEMPER FI! _ bradou o Tenente Kolchak, os outros repetindo o lema do USMC.



_Então, vamos. QUEM OUSA, VENCE! _ respondeu Harry, com o lema do SAS.



 



A esquadrilha de bruxos deslocou-se na direção de Bayeux, a toda velocidade, na tentativa de destruir os Stukas, antes que pudessem decolar, mas já era tarde. Eles já havia decolado e não estavam sozinhos.



Havia uns duzentos e cinquenta bruxos das Waffen-SS e da Drachenwache escoltando os aviões, a fim de garantir o sucesso do ataque.



 



_Vamos chutar uns traseiros de chucrutes, gente! _ disse o Tenente Kolchak, sacando a varinha _ Não poupem feitiços e não deem mole, porque vai ter “Avada Kedavra” comendo solto. VAMOS CAIR DENTRO!



 



O combate aéreo bruxo começou. Maldições Imperdoáveis eram disparadas por ambos os lados, afinal era uma guerra. Nem mesmo Harry se furtava a lançar efetivas “Cruciatus”, derrubando vários inimigos e, por umas duas vezes, viu-se obrigado a neutralizar permanentemente membros da Drachenwache com a “Avada Kedavra”.



Os bruxos Nazistas eram bastante coordenados e disciplinados, parecendo até uma equipe de Quadribol e era aí que residia sua desvantagem, frente à imprevisibilidade e improvisação dos americanos. Após cerca de vinte minutos, os efetivos já estavam equilibrados e foi quando Harry e Voldemort aproximaram-se dos Stukas, conseguindo danificar seriamente um deles, obrigando-o a retornar. O outro escapou dos ataques, graças à sua escolta e continuou avançando. Harry aproximou-se e preparou um fortíssimo “Reducto”, mas um bruxo alemão colidiu com ele, impedindo-o de lançar seu feitiço. Quando Harry ia estuporá-lo, reconheceu o adversário, cujo estilo de voo já não lhe era estranho.



_Mas que diabos... Riedner?



_Quem? Delvaux?! Praga! Saia da minha frente, não quero te matar, porque você salvou a vida da minha irmã.



_Não posso, Riedner. Lamento, mas vou te tirar deste combate, para o seu próprio bem. “ESTUPEFAÇA!” “ARESTO MOMENTUM!



 



O jovem alemão foi estuporado e sua queda foi suavizada. Ao mesmo tempo, Harry lançou seu “Reducto” no motor do Stuka, inutilizando a aeronave e obrigando o piloto a saltar de paraquedas, sendo capturado pelos Marines e levado para St. Mère-Église, que já estava em poder das forças Aliadas. Então, Harry desceu e segurou Riedner, deixando-o aos cuidados de outros Marines.



 



_Levem-no para a vinícola de M. Lamounier, em St. Mère-Église e recomendem para que seja bem tratado. Eu irei para lá, assim que possível.



_Certo, “Robin”._ disseram os Marines, tomando o rumo da cidade.



 



Com a missão cumprida, Harry e Voldemort retornaram para a praia Omaha, pois ainda havia o que fazer. Os Marines terminaram de abater os inimigos, capturando os que se renderam. A desvantagem numérica não havia atrapalhado muito.



 



De volta à praia Omaha, Harry e Voldemort foram reportar-se ao General Cota, que ficou contente com o resultado da missão.



 



_Mas ainda temos um obstáculo, senhores. Precisamos conquistar a muralha daquela ravina, que está impedindo o nosso avanço. O problema é que há um ninho de metralhadoras varrendo aquele ponto. _ disse o General _ você me disse que já plantaram explosivos lá, mas será preciso que nós instalemos algo, para que não desconfiem que já estavam agindo.



_Daremos um jeito nas metralhadoras, General. _ disse Voldemort, preparando-se para ir, juntamente com Harry _ Enquanto isso, mande prepararem um Bangalore. Vamos, “Robin”.



 



Harry e Voldemort protegeram-se com fortíssimos Feitiços Escudo e camuflaram-se com Feitiços de Desilusão, desaparatando logo em seguida. Aparataram perto da casamata e prepararam-se para o que tinham que fazer, por mais que parecesse repugnante. Tiraram os pinos de várias granadas e lançaram-nas para o interior. Após as explosões, a área ficou livre.



O Bangalore estava pronto e foi instalado, sua carga espoletada e conectada ao estopim. Harry e Voldemort retornaram e, quando o detonador foi acionado, acionaram os seus próprios. A forte explosão, resultado do Bangalore somado ao C-4, foi uma surpresa para quase todos, que não esperavam por algo assim.



Um enorme buraco abriu-se na muralha, permitindo a passagem das tropas que logo invadiram as casamatas pelos fundos, capturando suas guarnições e neutralizando permanentemente os que resistiram.



 



A praia Omaha estava conquistada. O Dia-D estava salvo.


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