O PORTAL PARA O ALÉM
CAPÍTULO 10
O PORTAL PARA O ALÉM
Saíram da cabine telefônica para o Átrio, caminhando cuidadosamente e evitando fazer barulho. Chegando ao guichê do guarda, viram que estava vazio. Ambos vestiam-se de preto, com toucas de esqui cobrindo seus rostos e calçavam tênis leves com solas de borracha, que não faziam ruído algum quando andavam.
_É, parece que não fica ninguém por aqui, à noite. _ disse Voldemort.
_Estranho, eu pensava que haveria alguma guarnição Nazista ou bruxos do exército de Grindelwald patrulhando o local. _ disse Harry.
_Mas existe vigilância, Harry Potter. _ disse Voldemort, puxando Harry para uma reentrância da parede _ Veja aqueles Cristais de Armazenagem.
_Mas parecem estar inativos. _ comentou Harry, colocando um par de óculos especiais, preparados por Minerva McGonnagall _ Quando estão ativos, emitem um brilho azulado que somente é captado por esse tipo de lente mágica.
_Essa é uma tecnologia que os Nazistas estão desenvolvendo, óculos para visão noturna e que captam emissões de calor.
_Embora os Nazistas estivessem a ponto de consegui-la quase ao final da guerra, em nossa realidade ela só foi desenvolvida bem depois. Acontece que lá não havia Grindelwald como conselheiro de Hitler. _ disse Harry, saindo do esconderijo juntamente com Voldemort, que também havia colocado um par de óculos _ À noite este lugar é meio assustador, não concorda?
_Certamente, Harry Potter. _ concordou Voldemort _ Pode-se dizer que é, no mínimo, impressionante. O revestimento todo em cerâmica preta, o modelo do sistema solar, a Fonte dos Irmãos Mágicos, tudo feito para causar impacto.
_Falando em impacto, nós fizemos um belo estrago daquela vez, durante a nossa luta pela Profecia de Sibila Trelawney. _ comentou Harry.
_Certamente. Ficou tudo em ruínas, depois da luta de vocês contra os Death Eaters e do meu duelo com Dumbledore. Fiquei com uma enorme dor de cabeça, depois que eu tentei te possuir e não consegui. Sua mente é bem forte, Harry Potter. _ disse Voldemort.
_Procurei me focar no que eu tinha de mais importante e deixei de lado o meu ódio por você e pelo que fez a meus pais e a outras pessoas. Pensei em amizade, amor, nas pessoas que são importantes para mim e aquilo me fez resistir.
_Sim, você tem muitas boas lembranças que te dão força. Comecei a compreender a importância delas depois que eu e Bellatrix nos apaixonamos. Infelizmente, não podíamos assumir o que sentíamos. Ela mesma disse que seria melhor assim, para que não transparecesse o menor sinal de vulnerabilidade. _ disse Voldemort, lembrando-se com saudade de Bellatrix Lestrange e dos momentos que tiveram, nos quais até mesmo sua busca por poder e imortalidade deixava de ter importância _ Agora são só memórias... rápido, esconda-se!
Uma patrulha mista de soldados da Waffen-SS e bruxos de Grindelwald passou pelo corredor, apenas um instante após eles terem entrado por uma porta que estava destrancada.
_Foi por pouco, Harry Potter. _ disse Voldemort.
_Tem razão, Voldemort. _ concordou Harry _ Este lugar não está assim tão desguarnecido. Mas parece que foi bom para nós, veja. Alguém andou utilizando esta sala para estudar arquivos bem importantes.
_Sim, Harry Potter. Esta pasta tem estudos para uma potencialização mágica do gás “Zyklon-B”.
_Imundos! Como se esse gás já não fosse suficientemente mortal, querem torná-lo ainda mais forte. _ indignou-se Harry _ E há outras pastas aqui.
_Esta outra detalha um treino para a “Operação Amerika Bomber” e aquela ali tem informações sobre...
_O Sino. Pena não termos uma câmera fotográfica. _ disse Harry.
_Bem, eu não vi nenhum Sensor de Atividade Mágica por aqui. Portanto...
Voldemort conjurou uma câmera Leica profissional, para espanto de Harry. Fotografaram tudo o que puderam e, com o corredor vazio, saíram da sala.
_Pena não ser possível conjurar uma câmera digital. _ disse Harry.
_Pois é. _ concordou Voldemort _ Possível até seria, mas nesta época não há computadores com tecnologia avançada o bastante para salvar as fotos. Em nossa realidade, o ENIAC só se tornou operacional em 1946. Não me olhe com essa cara, Harry Potter. Só porque sou um bruxo das Trevas, não significa que eu não tenha lido livros de História ou revistas de atualidades dos trouxas.
_Realmente, há muita coisa sobre Lord Voldemort que ninguém imaginaria.
_Daria para escrever um livro. Harry Potter. _ disse Voldemort, com um sorriso e avançando cuidadosamente pelo corredor _ Hmm, se formos pelo elevador, o ruído poderá alertar alguém.
_Então será melhor irmos pelas escadas. _ disse Harry _ Afinal de contas, é só um andar.
_Nada que vá prejudicar seriamente a mim, que sou um bruxo com mais de setenta anos. _ brincou Voldemort.
_Com corpo de dezessete. _ brincou Harry, de volta.
Desceram as escadas com cuidado e logo viram-se à frente da porta do Departamento de Mistérios. Abriram-na e logo estavam na Sala Giratória.
_Cada uma dessas portas dá acesso a um diferente setor do Departamento de Mistérios. O problema é que a sala gira, então vamos torcer para acertar de primeira. _ disse Harry.
_Se não me engano, daquela vez a jovem Hermione Granger foi marcando as portas com cruzes de fogo, à medida que eram utilizadas. _ disse Voldemort _ Se não acertarmos, tentaremos fazer a mesma coisa.
_OK. Vamos tentar esta, então. _ disse Harry, girando a maçaneta de uma das portas da sala _ Trancada. Acho que sei qual é essa. Tentei arrombá-la com o canivete multi-uso que ganhei de Sirius, mas tudo o que consegui foi derreter a lâmina dele. “FLAGRATE!”
A porta foi marcada e a sala girou. Quando ela parou, Voldemort tentou outra porta e ela se abriu.
_Acho que demos sorte, Harry Potter. Veja só onde estamos.
_Tem razão, Voldemort. Esta é a Câmara da Morte. Estamos nos degraus do anfiteatro e lá está o Arco da Passagem. Bastará amarrarmos a corda e um de nós ou nós dois entrarmos para pegar os planos.
_Sim. Há até uma argola para fixar a corda. Então Sirius passou pelo arco, após ser atingido pelo feitiço de Bellatrix?
_Foi assim mesmo. Eles estavam duelando e ela o atingiu com um raio. Não foi uma “Avada Kedavra”, mas teve força para deixá-lo inconsciente e arremessá-lo para o centro da sala. Ele acabou atravessando o arco e desapareceu. Depois daquilo, Bellatrix fugiu e eu me soltei de Remus, que estava me segurando. Corri atrás dela e a atingi com uma “Cruciatus”.
_Isso foi logo antes de eu chegar e termos aquela luta. Mas então ele ainda estava vivo quando atravessou para o outro lado, é o que parece.
_Não tenho certeza, pois encontrei com ele na Floresta Proibida, antes de você me atingir com a “Avada Kedavra”. _ disse Harry _ Utilizei a Pedra da Ressurreição e contactei os espíritos de meus pais, Sirius e Remus, que havia morrido na batalha de Hogwarts. Você já chegou a mencionar outra vez que ele talvez não estivesse realmente morto e agora eu estou me lembrando de que ele parecia menos diáfano do que os outros. Mudando de assunto, não está parecendo fácil demais?
_Tem razão, Harry Potter. _ disse Voldemort _ Um lugar importante como este não ficaria sem defesas... CUIDADO! SALTE!
_ “AVADA KEDAVRA!” _ ouviu-se uma voz.
O aviso de Voldemort veio bem a tempo de evitar que fossem atingidos por um feitiço mortal. Saltaram para o lado com rapidez, graças ao treinamento que tiveram com Renata Wigder, saindo do raio de ação da Maldição da Morte.
_ “EXPELLIARMUS! INCARCEROUS!” _ Harry desarmou o bruxo e o amarrou com cordas conjuradas. Mas ele não estava sozinho. Outros cinco saíram das sombras, com as varinhas em punho.
_ “ESTUPEFAÇA!” _ Voldemort estuporou outro , enquanto Harry paralisava um terceiro. Ele estava evitando matar os adversários.
_ “PETRIFICUS TOTALUS!” _ o bruxo caiu como uma tábua _ Não está notando algo estranho, Voldemort?
_Sim, Harry Potter. _ disse Voldemort _ Olhares vidrados, movimentos robóticos, vozes sem inflexões, parecem ter sido enfeitiçados ou drogados.
_Mas não parece Maldição Imperius. “ESTUPEFAÇA!” _ Harry estuporou outro e o amarrou, enquanto Voldemort cuidava dos dois restantes _ Nem alguma droga, pois os reflexos deles não estavam tão prejudicados.
_Parece ser algo de que Renata Wigder nos falou outro dia. _ disse Voldemort, enquanto amarrava os dois últimos _ Controle Ninja da mente.
_ “Saiminjutsu” e “Kobudera”? _ perguntou Harry _ É, pode ser. Tendo o Japão como aliado, eles podem dispor dos conhecimentos de algum Mestre Ninja. De qualquer forma, teremos de dar um jeito de apagar suas memórias.
_Isto é comigo. _ disse Voldemort _ “OBLIVIATE!”
Cada um dos bruxos teve suas memórias apagadas por Voldemort. Em seguida, fixaram bem a corda na argola e prepararam-se para aquela arriacada operação.
_Está bem, eu estou indo. _ disse Harry _ Qualquer problema, puxe a corda para me trazer de volta.
_OK. Harry Potter. _ disse Voldemort _ De acordo com o que Dumbledore disse, a corda, estica-se o quanto for necessário, uma vez que você esteja do outro lado. Só não deixe que ela se solte.
Harry amarrou a outra ponta da corda em sua cintura e, segurando-a em suas mãos, aproximou-se do Arco da Passagem e entrou.
A primeira sensação foi de um frio enregelante, logo substituído por uma temperatura morna e uma agradável sensação de relaxamento, paz e tranquilidade (“Foi por isso que Sirius disse que morrer era semelhante a adormecer. Se eu não estivesse atado a esta corda e não tivesse esta missão, talvez não quisesse voltar”, pensou Harry). Em seguida, olhou à sua volta. O lugar em que se encontrava era semelhante àquele no qual encontrara o último fragmento da alma de Voldemort e conversara com o espírito de Alvo Dumbledore. Enevoado, porém as formas tornavam-se mais distintas conforme ele se aproximava das coisas. Era, portanto, um sítio intermediário e não o próprio Mundo do Além. Uma ante-sala dele.
Várias figuras diáfanas com forma humana estavam no local, a maioria delas não prestando atenção à sua presença. Outras, porém, viram-no. Apontavam para ele, algumas acenavam, mas todas elas, sem exceção, estranhavam a presença de alguém totalmente vivo naquele recinto. Uma delas, uma garota de cabelos acaju aparentando uns quinze anos, aproximou-se dele e falou, com voz suave.
_Você é de outro lugar e ainda não deveria estar aqui. _ disse a garota.
_Está certa. _ disse Harry, achando que já a havia visto _ Vim cumprir uma tarefa e voltar.
_Mas ninguém volta daqui. _ disse ela.
_Tenho uma ligação com o mundo dos vivos. _ disse Harry, baixinho.
_Ainda bem que você falou baixo. _ disse a jovem, também em voz baixa e olhando à sua volta _ Infelizmente ainda há por aqui muitos espíritos mal-resolvidos, que fariam de tudo para retornar ao mundo material, mesmo que não possuam mais matéria. Eu assumi para mim a missão de ajudar os espíritos recém-chegados a este sítio de passagem, orientando-os no caminho de sua evolução. Faço isto desde 1899, quando vim parar aqui depois de ter sido morta por um feitiço perdido, durante uma briga de meus dois irmãos com outro bruxo, que foi quem disparou o feitiço. Talvez você conheça o meu irmão, ele era professor em Hogwarts e seu nome é Alvo...
_... Dumbledore. _ completou Harry, lembrando-se de onde conhecia a garota, que já havia visto em um quadro, no Cabeça de Javali _ Você é Ariana Dumbledore.
_Sim. E você, o que veio fazer?
_Vim cumprir uma tarefa, como eu já disse. Não sei se aqui vocês sabem o que está acontecendo no mundo dos vivos, mas a Inglaterra está em perigo. Inimigos invadiram o país e estão tentando dominar o mundo com a ajuda de um exército das Trevas, cujo líder é Grindelwald.
Uma sombra de tristeza pareceu passar pelo rosto de Ariana e ela olhou para Harry.
_Sim, nós sabemos o que os alemães e Grindelwald, o bruxo que me matou, estão querendo fazer.
_Ele conseguiu, não sei como, guardar do lado de cá uma coisa, o projeto para construir uma arma muito poderosa e perigosa e que pode facilmente sair do controle. Eu preciso encontrar esse projeto e destruí-lo.
_Acho que sei o que é e onde está. _ disse Ariana _ Há algum tempo, uma pedra estranha surgiu perto daqui, com uma parte transparente e, dentro dela, um tipo de estojo com alguns papéis. Tem tudo para ser o que você está procurando, ... desculpe-me, mas qual é o seu nome?
_Delvaux. Georges Delvaux.
_Não, eu me refiro ao seu verdadeiro nome. _ disse Ariana.
_Potter. Harry Potter. _ disse Harry, admirado por ela saber que ele estava usando um nome falso. _ Mas como você sabe?
_Sabemos de muita coisa aqui, mas não podemos interferir nos eventos, temos de deixar a História seguir seu curso. Você veio de outro tempo e realidade, veio de um futuro que, para nós, é alternativo assim como esta época é um passado alternativo para você e seu aliado, que está do lado de fora zelando por sua segurança. Venha, Harry Potter. Vou levá-lo até o local.
Acompanhando Ariana até o local, viu que havia uma coluna de pedra torsa, cuja face superior era transparente, como se fosse uma vitrine e dentro dela havia um estojo com a marca das Relíquias da Morte, o símbolo de Grindelwald.
_Então é esta a pedra. Agora preciso ver que tipo de defesas mágicas isto pode ter. Será que a magia funciona aqui do outro lado?
_Sim, Harry. A magia funciona aqui.
_Ótimo. “Defensa Revelium!” _ o feitiço de Harry revelou os meios de defesa da coluna e ele começou a trabalhar neles _ Pronto, agora é só abrir... opa, aqui há uma defesa que não é mágica. Encontrei o “pega-ratão” de Grindelwald.
_Como assim, Harry? _ Ariana estava curiosa.
_Um prosaico alarme trouxa. Se eu remover o vidro, esse contato aqui (e Harry mostrou os fios) será desfeito e um alarme irá soar, provavelmente na sala de Grindelwald ou de algum guarda.
_Então...
_... Precisarei remover o estojo sem remover o vidro. “Niwl y nos ac angylaidd sibrwd, hanfod y gwrthrych yn dod yn rhith yn fy nwylo ac mae'n dod i ben drwy sefyll yn unig (“Névoas da noite e sussurros angelicais, a essência do objeto se torna uma mera ilusão e em minhas mãos ele termina por repousar”)”.
A invocação em Galês proferida por Harry surtiu efeito. O estojo ficou evanescente e desapareceu de onde estava, vindo a reaparecer nas mãos de Harry Potter.
_Fantástico. _ disse Ariana _ Quem lhe ensinou esse feitiço?
_Seu irmão, Alvo Dumbledore. _ disse Harry _ É um feitiço para teletransportar objetos de lugares fechados. Gostaria que eu dissesse algo a ele?
_Sim. Diga a ele para não remoer a angústia por algo de que ele não é culpado. Eu me lembro claramente que foi Grindelwald quem disparou o feitiço que me atingiu.
_Eu direi, Ariana. _ disse Harry, segurando as mãos diáfanas da jovem que, por estarem ambos do outro lado, não estavam imateriais ao seu tato _ Espere! Voldemort está puxando a corda. Tenho de voltar, pois deve ter acontecido alguma coisa... aah, praga! Havia um outro alarme debaixo do livro, sensível à redução do peso sobre ele. Adeus, Ariana.
Harry retornou, enquanto Voldemort puxava a corda. Quando o jovem bruxo saiu pelo Arco da Passagem, retornando ao mundo dos vivos, lá estava ele.
_Conseguiu, Harry Potter? _ perguntou Voldemort.
_Sim, Voldemort. Mas havia um alarme trouxa oculto, que eu não percebi.
_Hmm, isso explica a agitação nos corredores. Deixei um “Olho de Argus” oculto e ele me mostrou que as patrulhas vêm vindo nesta direção. Temos de sair daqui o mais depressa que pudermos, Harry Potter. _ disse Voldemort, soltando a corda da argola e guardando-a na mochila.
_De acordo. Vamos sair daqui logo. _ o “Olho de Argus” a que Voldemort se referira era um cristal mágico que funcionava como uma câmera, mandando as imagens para outro cristal. Um feitiço de sua criação, completado pouco antes da batalha de Hogwarts e que ainda não tivera oportunidade de ser usado _ “Evanesco!” Teremos de remover as cordas mágicas, para que ninguém desconfie de nada.
_Certo. _ disse Voldemort, saindo juntamente com Harry e voltando-se para os desacordados, logo antes de sair pela porta _ “Enervate!”
Os bruxos, que tinham suas mentes dominadas com métodos Ninja, despertaram sem a menor ideia do que acontecera. Enquanto isso, Voldemort e Harry já estavam de volta ao Nível 8.
_Vamos tentar desaparatar. _ disse Voldemort, tentando em vão _ Não deu certo. Parece que há um bloqueio de Aparatação, que deve ser ativado após o término do expediente.
_Será que conseguiremos chegar às lareiras? _ perguntou Harry.
_Espero que sim. “Accio!” _ o “Olho de Argus” voltou às mãos de Voldemort. O objeto tinha um feitiço muito perigoso para ser deixado ali _ Teremos de ser muito rápidos, já estou ouvindo os passos deles.
Parecia que os dois bruxos mascarados seriam pegos pela patrulha mas, de repente, uma porta se abriu.
_Entrem aqui, rápido! _ ouviu-se uma voz.
Entraram na mesma sala onde haviam visto as pastas quando chegaram. Assim que a porta foi fechada, viram quem estava ocupando a sala e que era seu contato no Ministério. Era Elton Rutherford. Harry não havia se enganado em suas suposições.
_Sr. Rutherford. Então o senhor é o nosso contato? _ perguntou Harry.
_Sim. E vocês devem ser “Batman” e “Robin”, os agentes da Resistência que estão dando muita dor de cabeça a Grindelwald. _ disse Rutherford. _ Não tirem as máscaras, é melhor que ninguém saiba quem são vocês, a exemplo daqueles que inspiraram seus nomes. Se já cumpriram sua missão, desaparatem daqui, antes que a patrulha venha dar busca na sala.
_Mas há um bloqueio de Aparatação. _ disse Voldemort.
_Não se preocupem, ele foi temporariamente cancelado nesta sala. Mas vocês precisam sair logo, antes que eles percebam.
_OK. Já cumprimos nossa missão. _ disse Harry _ Obrigado e adeus.
Harry e Voldemort desaparataram e Elto Rutherford rapidamente restabeleceu o bloqueio. Logo em seguida, a porta se abriu.
_Quem está aí? _ perguntou um Sargento das Waffen-SS em Inglês, mas com sotaque Alemão _ Ah, é o senhor, Herr Rutherford? Fazendo hora-extra?
_Sim, Sargento Schultz. _ disse Rutherford _ Haverá um encontro do Ministro da Magia com vários membros trouxas do Parlamento e eu estou revendo alguns detalhes do evento. Não é por estarmos em guerra que vamos negligenciar os compromissos sociais, não é?
_Tem razão, Herr Rutherford. _ disse o Sargento Schultz _ Boa noite e não deixe de trancar a porta, antes de ir embora. Aliás, viu algo de estranho ou alguém diferente por aqui?
_Não, Sargento. Fiquei fechado na sala desde o final do expediente até agora e ninguém mais entrou aqui. Boa noite.
Assim que Schultz foi embora com a patrulha, Rutherford deu um suspiro e serviu-se de uma dose de uísque de fogo. Sentou-se na poltrona e avaliou se valia o risco. Então pensou em sua filha, Elaine, que estudava em Hogwarts e em como queria que ela vivesse em uma Inglaterra livre. Concluiu que sim, valia a pena arriscar-se para que isso fosse possível. Guardou as pastas com o roteiro do próximo evento com os trouxas e verificou se o esconderijo por trás delas estava seguro, já que nele estavam outras pastas, com cópias de planos Nazistas que seriam ou já estavam sendo levados adiante com ajuda de bruxos das Trevas, as mesmas que Harry e Voldemort haviam visto no intervalo em que ele havia ido ao banheiro.
Harry e Voldemort não desaparataram diretamente para o hotel. Em vez disso reapareceram em um beco, perto do Tâmisa, a uma certa distância do Ministério.
_Parece que está havendo uma grande movimentação. _ disse Harry.
_Acha que Grindelwald possa ter feito cópias dos planos do “Raio da Morte “ de Nikola Tesla? _ perguntou Voldemort.
_Creio que não, Voldemort. _ disse Harry _ Mais cópias teriam mais risco de cair em mãos de adversários de Grindelwald. Além disso, o cuidado dele com estes originais, guardando-os em um local supostamente inacessível, fora do mundo dos vivos, sugere que não haja mais cópia alguma. Vamos ver como está o material.
_Parece que a movimentação de Waffen-SS e bruxos está vindo nesta direção. Por que será? _ perguntou Voldemort.
_Só se houver algo no estojo. _ disse Harry abrindo-o, retirando os projetos de Tesla e vendo que havia algo mais _ Merlin! Um rastreador trouxa. Ainda bem que abrimos o estojo a tempo.
_Sei o que fazer. Me dê o estojo, Harry Potter.
Voldemort correu até um ancoradouro, colocou o estojo em um barco, conjurou dois bonecos, soltou suas amarras e o impulsionou com magia, fazendo-o descer o Tâmisa. Logo em seguida, o matraquear das MP-40 atirando em rajadas e derrubando os bonecos deu a eles a certeza de que o ardil havia dado certo. Então, desaparataram para as proximidades do hotel e foram para os fundos, camuflados com Feitiços de Desilusão.
_Muitas patrulhas nas ruas. Parece que Grindelwald quer muito reaver estes papéis e mandá-los para a Alemanha. _ disse Voldemort, enquanto desfaziam os feitiços.
_Mas eles jamais irão para Berlim. E seria mais seguro que também não ficassem nas mãos dos Aliados. _ disse Harry.
_De acordo, Harry Potter. “Stasi.” _ e Voldemort envolveu os projetos de Tesla em uma Bolha de Estase, isolando-os do resto do mundo _ Teremos de dizer isto para Dumbledore.
_Pode dizer agora, Tom. _ disse um mendigo que havia se aproximado sem que eles percebessem.
_Dumbledore? _ perguntou Voldemort, com um pequeno sobressalto _ Eu e o jovem Harry Potter estávamos deliberando sobre o risco destes papéis continuarem a existir.
_Sabem, um raio tão poderoso quanto esse poderia fazer a diferença na guerra. Mas também poderia cair em mãos erradas. _ disse Dumbledore _ Vocês têm razão, vamos destruí-los.
_E o que o Sr. Churchill pensará disso? _ perguntou Harry.
_Winnie poerá até espernear um pouco, mas ele também sabe o quanto esses projetos são perigosos. “Flama.” _ disse Dumbledore, queimando até as cinzas os papéis que Voldemort retirara da Bolha de Estase _ Voltem para o hotel, antes que notem sua ausência.
_Quanto a isso não se preocupe, Prof. Dumbledore. _ disse Harry _ Deixamos dois Shikigami nos substituindo. Quando retornarmos, eles voltarão ao seu estado original. Aliás, tenho um recado de Ariana.
_Você esteve com ela do outro lado? _ perguntou Dumbledore _ E o que foi que ela disse?
_Que o senhor não foi culpado de nada. Foi Grindelwald quem disparou o feitiço que a matou. _ disse Harry.
_Entendo. _ disse Dumbledore, aliviado _ Então vão logo. Boa noite.
_Boa noite. _ os dois se despediram e reativaram os Feitiços de Desilusão, entrando pelos fundos e indo para seu apartamento.
_O meu Shikigami está no apartamento de Minerva, para não despertar suspeitas. _ disse Voldemort.
_Considerando que Minerva está dividindo o apartamento com Elaine, o mais provável é que ela esteja no nosso apartamento... com o meu Shikigami?! _ perguntou Harry.
_Bem, é um excelente álibi. _ disse Voldemort, abrindo a porta do quarto de Minerva. Até amanhã, Harry Potter.
_Até amanhã, Voldemort. _ Harry entrou em seu apartamento sem fazer barulho. Seu Shikigami havia se levantado e ido para a sala. Com uma reverência, voltou a ser um boneco de papel com o nome de Harry escrito em Katakana. Em seguida, tratou de mudar de roupas, para não despertar suspeitas _ “Indumentaria Cambio.”
As roupas de Harry transfiguraram-se em um roupão e ele foi para o quarto, passando antes pelo banheiro e tomando uma ducha rápida. Logo depois, deitou-se na cama e viu que Elaine Rutherford realmente estava ali, ressonando suavemente.
_Hmm, que bom que você está aqui, Georges. _ disse ela, meio sonolenta, abraçando-o, beijando-o e acariciando-o de uma forma que mortal algum seria capaz de resistir (“Me perdoe, Gina”, foi o último pensamento que passou pela cabeça de Harry Potter, antes que o calor de seus corpos acendesse uma chama de desejo).
Mas foram interrompidos por uma batida na porta. Vestindo o roupão, Harry foi atender e deu de cara com uma patrulha Waffen-SS.
_Desculpe a hora. _ disse o Sargento _ Acontece que houve uma tentativa de invasão ao Ministério da Magia e os invasores parecem ter desaparatado para o lado de cá.
_Invasão? _ perguntou Harry, bocejando _ Estava até agora na cama, acompanhado.
_Acompanhado? _ perguntou o Sargento, com um olhar estranho. Eles certamente sabiam quem estava hospedado em cada quarto.
_Está me estranhando, Sargento? _ perguntou Harry, com um olhar significativo _ Meu companheiro de quarto está com a namorada dele no quarto dela. Por sinal, ela é quem divide o quarto com a dama que está comigo e a quem eu não gostaria de comprometer.
_Não será necessário, meu jovem. _ disse uma bruxa, que acompanhava a patrulha e entrou no quarto, apresentando-se _ Verbena Mathis, Inquisidora. Me desculpe, mas será preciso interrogar sua amiga.
Naquele momento, Elaine entrou na sala, esfregando os olhos.
_O que houve, Georges? Por que você não voltou... O que está fazendo uma patrulha aqui?
_Senhorita, preciso lhe fazer algumas perguntas. _ disse Verbena _ Queira, por gentileza, tomar estas três gotas de Veritaserum.
_Precisa tudo isso, Sra. Mathis? _ perguntou Harry.
_Serão apenas uma ou duas perguntas, eu prometo. _ disse ela, enquanto Elaine tomava as gotas e sentava-se na poltrona, já com o olhar meio desfocado. Nesse meio tempo, Harry notou que Verbena estava tentando utilizar Legilimência nele que logo se protegeu, utilizando o que aprendera com Snape e com o próprio Voldemort. Tudo o que Verbena Mathis viu foi uma memória extremamente bem forjada de que os dois estiveram juntos até aquela hora, sem que tivessem saído do quarto. A bruxa começou a perguntar _ A senhorita e o jovem estiveram juntos o tempo todo?
_Sim, o tempo todo. _ respondeu Elaine.
_E não saíram daqui?
_Não. _ disse ela.
_Estou satisfeita, Sargento. Podemos ir. _ disse Verbena _ Nos desculpe pelo incômodo, Sr...
_... Delvaux. Georges Delvaux. _ respondeu Harry.
_Ora, o Apanhador da Grifinória? _ admirou-se o Sargento _ Bem que eu notei o sotaque Valão. Aqui que ninguém nos ouça, mas o senhor me proporcionou um bom lucro. Eu apostei na Grifinória, embora a Hitlerjugend fosse a favorita. Acabei ganhando, com uma vantagem de vinte para um e já vou poder investir em um pequeno vinhedo, depois que a guerra terminar. Bem, uma boa noite para vocês.
Depois que os Nazistas foram embora, Harry esperou até que passasse o efeito do Veritaserum e, assim que Elaine despertou, retornaram para o quarto e retomaram o que havia sido interrompido.
Dois dias depois, quando já haviam retornado para Hogwarts, o “Profeta Diário” e o “London Times” estampavam na primeira página uma manchete que impressionou toda a Grã-Bretanha.
Os membros da Família Real e sua criadagem pessoal haviam desaparecido do Castelo de Windsor, sem deixar vestígios. E, de acordo com relatos anônimos, foram vistos sãos e salvos em uma parte da Inglaterra que estava sob controle total da Resistência.
Aquilo iria, com certeza, fazer com que Grindelwald consumisse uma boa quantidade de Poção Antiácida.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!