A GARRAFA E A MANCADA DO ESPIÃ
CAPÍTULO 13
A GARRAFA E A MANCADA DO ESPIÃO
A chegada da primavera trouxe novo ânimo para todos, especialmente para os jogadores do time de Quadribol da Grifinória que, dependendo de quem vencesse o próximo jogo, deveriam modificar a estratégia. O time da Sonserina treinava como nunca, a fim de vencer Lufa-Lufa. Draco, ansioso para repetir a final do seu terceiro ano contra a Grifinória, estudava e criava novas táticas. Puxava e exigia bastante de Zabini que, a olhos vistos, melhorava como goleira. É claro que a lembrança dos furúnculos e o desejo de não mais ouvir as repreensões de Draco contribuíram bastante.
Na Grifinória, por outro lado, as preocupações eram outras. Com a vaga nas finais garantida, sobrava mais tempo para que os alunos estudassem para os exames, principalmente Gina e Janine, que tinham os N.O.Ms praticamente batendo à porta, embora não se considerassem despreparadas. Era admirável o progresso de Janine que, tendo nascido trouxa e manifestado dons mágicos tardiamente, executava os mais variados feitiços e encantamentos como se tivesse nascido com uma varinha nas mãos, além de ser páreo para Hermione no conhecimento teórico. Em lugar de gerar rivalidade, isso aproximava cada vez mais as duas, como irmãs.
Sonserina não teve moleza no jogo contra Lufa-Lufa, como Draco previra. Malone quase apanhou o pomo por duas vezes, só não o conseguindo devido a este ser bem veloz e mudar de direção com rapidez, além do fato de Crabbe e Goyle estarem afiados como batedores, não dando chance aos balaços rebatendo-os, certeiramente, contra o outro time. Várias vezes Malone precisou desviar-se ou recorrer ao “Giro da Preguiça” para escapar deles. Blaise Zabini parecia ter se multiplicado em três, fechando os aros como se estivesse à frente de todos eles ao mesmo tempo, a goles somente passando naqueles lançamentos realmente impossíveis de defender. Todos os jogadores do time verde-e-prata estavam sequiosos para enfrentarem a Grifinória na final. Quando Draco avistou o pomo, resolveu usar de uma tática para ficar mais à vontade. Como Harry havia feito, fingiu não haver visto o pomo, descendo em mergulho. Ansioso para também pegar o pomo, Malone foi atrás dele, caindo na cilada de Malfoy. No último instante, perto do chão, Draco tirou a vassoura do mergulho, sendo seguido por Malone que, devido à sua menor experiência e ao fato de a “Cleansweep-12” não ser tão manobrável quanto a “Firebolt”, deixou a cauda roçar no chão e perdeu o controle da vassoura, rolando pelo solo como uma bola amarela-e-preta. Draco Malfoy havia executado uma impecável “Finta de Wronski” e, mesmo antes de Malone ter sido catapultado da vassoura, já tinha o pomo de ouro na mão. Madame Hooch apitou o final da partida e ele desmontou da vassoura, indo até onde o apanhador texugo se encontrava sendo atendido por Madame Pomfrey, para ver se ele estava bem.
_E então, Madame Pomfrey, como está o Malone?
_Eu estou legal, Malfoy. _ respondeu o próprio _ Nada que algumas horas na ala hospitalar não resolvam. Aliás, foi uma excelente “Finta de Wronski”. Acho que vai ser uma espetacular final entre Sonserina e Grifinória. Até.
_Até, Malone. _ e Draco foi para os vestiários, não sem antes fazer um sinal de “tudo bem” para a platéia, que ficou aliviada em saber que a queda de Malone não teria maiores conseqüências. Após tomar banho e sair do vestiário, encontrou-se com os Inseparáveis.
_Valeu, Draco. _ disse Harry _ Vamos ter então aquela esperada final.
_É isso aí, Harry. Eu estava esperando por isso. Vamos ver no que vai dar.
_Já temos a data? _ perguntou Janine, dando um beijo no namorado.
_Já. _ respondeu Harry. _ Depois dos feriados da Páscoa, uma semana depois dos N.O.Ms.
_Ooooh, nããão!! _ disseram em coro Janine e Gina, fingindo ansiedade e preocupação _ Dois estresses em seguida! _ e todos caíram na risada.
Em retribuição ao fato de Draco haver sido convidado para a festa da Grifinória, Janine também o fora para a festa da Sonserina, ainda que Zabini e Bulstrode a olhassem meio torto pois, mesmo que as duas tivessem aceito os apelidos, a história de “Coturno e Sandalhinha” ainda estava meio entalada. Mas não fizeram nada para hostilizá-la e deixaram-na em paz, junto a Draco, Pansy e Sheldrake. Algumas horas depois ela retornou para a Torre da Grifinória, ainda a tempo de revisar algo das matérias com Gina, para os N.O.Ms. As duas estavam mais do que preparadas mas, mesmo assim, estavam curiosas sobre como os exames se desenrolavam. Os outros já haviam prestado esses exames no ano anterior e contaram como foi:
_É mais ou menos tranqüilo, as pessoas é que criam uma Quimera a respeito, se estressam sem necessidade. Se você estudou o suficiente, se dá bem na teoria e na prática. _ disse Rony _ Tenho certeza de que Janine vai se dar muito bem, principalmente em História da Magia.
_Pode crer. _ comentou Harry _ é a única, além da Mione, que consegue chegar acordada ao final de uma aula do Binns.
_Aaah, rapazes, o assunto é interessante. _ Janine justificou-se aos amigos _ Eu gosto muito de História e a História da Magia é bastante rica em eventos e detalhes. Mas é certo que não é fácil ficar acordada, com a voz do Prof. Binns. É verdade que ele simplesmente se levantou um dia para dar aula e não percebeu que havia deixado o corpo para trás?
_É verdade, Janine. _ disse Hermione. _ Ele era tão dedicado ao ensino quando era vivo que só no final do dia percebeu que havia morrido durante a noite anterior. Dumbledore o manteve lecionando porque ninguém possui um conhecimento tão extenso em História da Magia quanto ele.
_E quanto aos examinadores?
_São todos gente boa. Severos, exigentes, porém justos. A presidenta da comissão, Griselda Marchbanks, é bastante idosa e bem lúcida, embora meio surda. Acredita que ela examinou Dumbledore nos exames de N.I.E.M. em Transfiguração?
_Realmente, deve ser bem idosa.
_Outro bastante legal é o Prof. Tofty. _ disse Harry _ Foi ele quem me examinou em Defesa Contra as Artes das Trevas, no ano passado. Ele havia ficado sabendo através de Tiberius Ogden, juiz da Suprema Corte dos Bruxos, que eu sabia conjurar um Patrono e me perguntou se eu poderia fazê-lo. Aquilo me rendeu um ponto extra.
_Patrono?
_Sim, uma espécie de entidade protetora contra perigos das Trevas, principalmente dementadores. Lupin me ensinou a conjurar o meu no terceiro ano.
_E como se faz?
_Deve-se ficar concentrado em sua lembrança mais feliz e prazerosa e então conjurá-lo com a fórmula “Expecto Patronum”. Mas ninguém consegue algo muito forte da primeira vez, geralmente só uma névoa. É preciso muito treino para que ele apresente forma definida. Quer tentar?
_Quero. _ Janine concentrou-se em uma lembrança importante para ela e preparou-se para enunciar o feitiço _ “EXPECTO PATRONUM!!”
Os amigos quase caíram de costas. Da varinha de Janine Sandoval irrompeu um reluzente cavalo crioulo prateado, que empinou no meio da Sala Comunal e logo depois desapareceu. Ela deixou-se cair no sofá, transpirando e ofegando.
_Realmente, requer bastante energia. _ disse ela _ Não sei como consegui.
_Você é a primeira pessoa que conheço a conseguir conjurar um Patrono Corpóreo da primeira vez em que tenta. _ disse Hermione, admirada _ Eu demorei umas três sessões da AD para conseguir o meu, olhe... “EXPECTO PATRONUM!!” _ uma lontra prateada apareceu. Harry resolveu mostrar o seu.
_ “EXPECTO PATRONUM!” _ Um grande cervo prateado materializou-se. Em seguida foi a vez de Rony: “EXPECTO PATRONUM!” _ Um leão apareceu logo após. Então Gina avançou e disse: “EXPECTO PATRONUM!” Foi a vez de aparecer um unicórnio. Neville bradou: “EXPECTO PATRONUM!” Uma águia prateada surgiu de sua varinha e voou pela Sala Comunal da Grifinória, até se desvanecer no ar.
Janine comentou:
_São lindos. E o interessante é que cada um é único para o bruxo que o conjura.
_Sim. Foi o que o Prof. Lupin me explicou. _ disse Harry _ o meu é um cervo porque meu pai era um Animago e o animal em que ele se transformava era um grande cervo castanho-escuro. Acabei evocando a memória dele.
_Por isso que o apelido dele era Prongs, “Pontas”?
_Sim. Acho que ele resolveu ser um cervo por causa do cabelo espetado, cheio de pontas. Sirius era um cão negro em referência à principal estrela da constelação do Cão Maior. Seu apelido era Padfoot, “Almofadinhas”. Pettigrew, aquele traidor, já era parecido com um rato gordo, então não houve muita diferença. Por isso o apelido dele era Wormtail, “Rabicho”.
_E Lupin? _ perguntou Janine.
_Bem, Lupin era um caso especial. O apelido dele era Moony, “Aluado”, por motivos óbvios. Ele é um lobisomem.
_???
_Foi por causa dele que os Marotos se tornaram Animagos. Para que ele não se sentisse sozinho quando transformado e para que ficasse menos perigoso, inclusive para si mesmo. A transformação, segundo ele nos disse, é muito dolorosa e ele ficava insano, aí acabava se mordendo e se machucando. A companhia de outros animais o acalmava e lhe dava algum controle sobre a natureza lupina. Agora ele fica bem tranqüilo a cada transformação, graças a uma poção que ele toma, chamada “Mata-Cão”. Ele simplesmente se deita e dorme, até o dia seguinte.
_O mundo mágico é cheio de surpresas.
_Eu que o diga. _ disse Harry _ Tendo passado onze anos sem saber o que eu era e, um dia, receber a visita de Hagrid me contando tudo de uma vez não foi nada fácil. Se não fosse por Rony e Mione no primeiro ano e por todos os outros nos anos seguintes, seria bem difícil a adaptação. Ainda mais que, naquele tempo, eu e Draco vivíamos nos estranhando.
_Se estranhando é modo de dizer. _ comentou Neville _ Eram como cão e gato. Falando em gato, onde está o Bichento, Mione? Ah, aqui está ele. _ e o gato alaranjado de Hermione foi direto para o colo de... Janine. Ela fez um carinho no bichano e ele, em seguida, saltou para o colo de sua dona.
_Ele gosta de você. _ disse ela _ e ele é bastante seletivo. Sabe direitinho quando alguém é bom ou mau.
_É um gato muito inteligente. _ disse Rony _ Ele percebeu, logo de cara, que o meu rato era na verdade Wormtail, disfarçado.
_Acho que um mate pega bem agora. “Illex! Thermo!” _ disse Janine, conjurando um chimarrão. Cevou uma cuia e tomou, passando-a depois para Gina. Hermione comentou:
_Mas é admirável a rapidez da sua evolução em magia, Jan. Você atingiu, em meses, um nível que muitos levam anos para alcançar. Ninguém diria que você só começou a manifestar magia na adolescência.
_Pois é, gente. _ e, recebendo a cuia, começou a caminhar pela Sala comunal, pensativa.
Vendo que Janine não passava a cuia, Gina brincou:
_Ei, Jan, ouvi dizer que uma guria gaúcha que veio morar na Inglaterra morreu com a cuia na mão.
_Ahn? Ai, Gina, me desculpe. Eu estava pensando em uma coisa. Não podem ser apenas coincidências os fatos de eu, cem por cento trouxa porém paranormal, manifestar magia em um nível praticamente de um bruxo formado, Voldemort estar atrás de mim e do livro.
_O que você acha? _ perguntou Harry.
_E se tudo isso forem partes de um plano? E se os fatos estiverem todos ligados, eu, o livro, o que quer que Voldemort estiver planejando?
_E o que seria? _ foi a vez de Gina, curiosa, perguntar.
_Talvez Voldemort tema que possa surgir uma geração de trouxas que adquiram a habilidade de manipular magia, o que seria uma ameaça à sua busca de poder, talvez ele queira me pegar por achar que posso ser uma precursora dessa geração, talvez o livro tenha, como disse o Prof. Dumbledore, mais coisas do que somente o feitiço “Olho de Shiva”, talvez tudo junto. Bem, posso estar levando isso ao ponto da Teoria da Conspiração, mas acho que nada disso está acontecendo por acaso, nem mesmo o fato de Draco e eu termos nos apaixonado e ele ter rompido com as Trevas.
_Acha que ele foi sincero em sua dissidência?
_Tenho certeza disso, Rony. _ disse Janine _ Ninguém me tira da cabeça que a contribuição de Draco será muito importante para a derrota de Voldemort. Inclusive, outro dia eu o vi com Bichento no colo e se, como vocês disseram, ele tem o poder de perceber quando uma pessoa é boa ou má, ele não aceitaria os carinhos de Draco se ele ainda fosse um simpatizante das Trevas. _ tomou outro mate e agradeceu _ Obrigada, estou verde. É melhor irmos dormir.
_Tem razão. _ disse Harry _ dez voltas no campo de Quadribol nos aguardam amanhã. Boa noite. _ e os rapazes subiram para o dormitório masculino e as meninas para o feminino.
_ “Evanesco!” _ disse Rony, antes de subir. Era a vez dele desaparecer com o chimarrão, depois dos amigos tomarem.
Na manhã seguinte, após o café, os amigos foram se preparar para a corrida. Quando já estavam saindo, Harry disse:
_Vão na frente. Vou à pia da gárgula encher a garrafa térmica.
_Conjure um isotônico. _ sugeriu Hermione.
_Não, obrigado. Vou pegar é uma água geladinha, lá na gárgula.
_OK. Nos encontramos no campo, para alongar.
Harry foi à pia, onde uma cabeça de gárgula jorrava água bem gelada, vinda direto das montanhas. Posicionou a garrafa para enchê-la e, naquele momento, uma urgente pressão da natureza se fez sentir. Pensou: “Melhor agora que durante a corrida”, dirigindo-se para o banheiro mais próximo, sem perceber que deixara a garrafa na pia.
Um vulto que o espiava das sombras de um corredor lateral aguardou que ele se afastasse e aproximou-se da pia. Viu a garrafa térmica de Harry na borda e, com cuidado, começou a despejar uma substância estranha pela abertura. Mas não estava preparado para o que aconteceu a seguir.
A garrafa começou a tremer e a pessoa aproximou seu rosto da abertura para ver o que estava acontecendo. O feitiço de segurança cumpriu sua função e a garrafa rejeitou a substância nociva, expelindo-a em um jato pelo gargalo, ensopando o rosto do estranho e entrando pela sua boca, que encontrava-se aberta, em surpresa. Foi o suficiente para que ocorresse o efeito.
Saindo do banheiro, devidamente aliviado, Harry sentiu um Ki conhecido, porém alterado, seguido de uma desagradável vibração no seu próprio a qual, quase sempre, era associada a problemas. Correu para a pia, onde havia esquecido sua garrafa, encontrando-a caída ao chão, ao lado do corpo hirto e inerte de...
_CHO!! Fale comigo, Cho! O que aconteceu? Meu Deus, ela não reage. _ e, usando seu elo telepático, tratou de avisar Gina: “Gina, aconteceu alguma coisa com Cho. Eu a estou levando para a ala hospitalar. Encontre-se comigo lá”. Imediatamente recebeu a resposta de sua namorada: “Está bem, Harry. Estamos indo agora para lá”.
Fez um gesto com a varinha e dizendo: “Mobilicorpus”, fez com que o corpo de Cho Chang levitasse, duro como uma tábua, até a ala hospitalar onde, assim que viu os dois, Madame Pomfrey indicou um leito vago para ela, no qual Harry a posicionou e, dizendo: “Finite”, desfez o feitiço de levitação do corpo, pousando a chinesa, suavemente, no colchão.
_O que aconteceu, Sr. Potter? Por que a Srta. Chang está assim?
_Não sei, Madame Pomfrey. Ela estava no saguão de entrada, em frente à pia da gárgula, caída e com o rosto ensopado... espere! Minha garrafa térmica estava caída do lado dela. Eu a uso para me hidratar durante as corridas. Ganhei de Rony, no meu aniversário e ele me disse que a garrafa possuía um feitiço de segurança, para evitar que qualquer substância estranha ou nociva pudesse ser colocada nela. Mas o que será que Cho estaria tentando colocar na minha garrafa? Será que teve uma recaída e tentou colocar uma Poção de Amor?
_Acho que será preciso um especialista ou dois. _ e, lançando um pouco de Pó de Flu na lareira, Madame Pomfrey chamou o Prof. Snape e o Prof. Mason. Em seguida os dois estavam chegando.
_O que houve, Madame Pomfrey? _ perguntou Snape.
_O Sr. Potter trouxe a Srta Chang nesse estado. Disse que a encontrou caída no saguão e que ela parecia ter tentado colocar algo na garrafa térmica dele.
Olhando para Cho, o professor de Poções formulou sua hipótese:
_Acho que sei o que a deixou nesse estado. O mais provável é que tenha sido a Poção Kathaleptikós, uma substância que antigos bruxos helenos usavam para induzir um estado de catalepsia, fosse para enganar inimigos ou para facilitar uma captura. Ela induz uma redução do metabolismo e uma rigidez corporal, nos quais a pessoa parece morta. Derek, está com o seu identificador de substâncias?
_Com certeza, Severo. É como cartão de crédito American Express. Jamais saio de casa sem ele.
_Nem vou perguntar o que é um cartão de crédito. Manda ver.
Mason pegou de um bolso interno de suas vestes o mesmo instrumento que havia usado para identificar os venenos que haviam matado Karkaroff e Carpenter. Tocou com ele uma gota de líquido no rosto de Cho e olhou o que apareceu no mostrador:
_Você estava certo, Severo. Foi mesmo a Poção Kathaleptikós. Mas por que razão ela tentaria colocar isso na garrafa térmica de Harry?
_Mesmo que ela tivesse uma recaída daquela paixonite, o mais lógico seria ela tentar colocar uma Poção de Amor e não algo para me paralisar. _ naquele momento, o restante dos jovens chegava do campo de Quadribol, todos com os trajes de corrida. Após serem informados do que ocorrera, Draco perguntou:
_Professor e se, por acaso, ela não soubesse que era uma Poção Kathaleptikós? Ou se estivesse sendo induzida? No Baile de Inverno, após tomar a Poção para Curar Bebedeiras ela fez aquele discurso se desculpando mas, antes, me pareceu tão relaxada e despreocupada que parecia sob hipnose ou Maldição Imperius. Dava a impressão de estar em outro mundo.
Harry pensou e perguntou ao Prof. Mason:
_Professor, qual o princípio de funcionamento do seu identificador?
_Eu e o Prof. Snape criamos este aparelho há alguns anos. Aplicamos alguns feitiços para aperfeiçoar o princípio de funcionamento de um espectrofotômetro trouxa. Esta belezinha pode detectar traços de qualquer substância e o nome dela aparece no mostrador.
_Dá para regular a fim de identificar algo que já tenha sido consumido há algum tempo?
_Sem dúvida, Harry. É como nos exames laboratoriais trouxas para detectar traços de drogas ou metais pesados, já que permanecem por anos no organismo. Basta regular com esses botões. Mas, por que a pergunta?
_É por causa do que Draco acabou de falar. Pode ser que tenha acontecido algo no Baile de Inverno.
Mason girou um botão regulando o aparelho sem perceber que, pousada em um biombo próximo, uma libélula verde observava tudo o que acontecia na ala hospitalar. Em seguida, aproximou-se de Cho e, introduzindo a extremidade do aparelho pela boca entreaberta da garota, tocou a mucosa bucal.
_Vejamos, bastante traços de creme dental. Essa garota tem muito cuidado com os dentes. Álcool etílico... caracas, que concentração! Ela bebeu um bocado neste ano. Poção Abstemius... pelo menos não voltará a beber. Poção para Curar Bebedeiras... sim, ela tomou uma dose durante o baile... oops! Aqui há algo que não deveria estar.
_O que, professor? _ perguntaram os jovens, curiosos, enquanto Snape voltava de sua sala, trazendo o antídoto para a Poção Kathaleptikós.
_Extrato de Servidão.
_???
Snape explicou:
_O Extrato de Servidão é uma substância que, se ingerida, torna a pessoa que a ingere submissa a quem a preparou. É considerada ilegal, pois o servo fará qualquer coisa que o senhor determinar, ainda que vá contra os seus princípios, estando impedido de revelar o nome do seu senhor. Algo como uma Maldição Imperius para beber. Normalmente é adicionado a alguma outra bebida, mas é muito difícil de se completar, pois necessita de pelo menos uma gota de sangue do servo e ninguém atento cederia o próprio sangue para ser dominado. Vamos reanimá-la e ver até onde ela pode nos contar. _ pingou o antídoto e esperou que Cho saísse do estado cataléptico.
_H-Harry! Amigos! Prof. Snape! Onde estou?
_Na ala hospitalar, Cho. _ disse Gina.
_Por que vim parar aqui?
_Não se lembra? Você estava tentando colocar Poção Kathaleptikós na garrafa térmica de Harry.
_Não! Me mandaram colocar, dizendo que era uma Poção de Amor. O mais estranho é que, mesmo não estando mais apaixonada por Harry, não pude deixar de obedecer.
_Quem mandou? _ perguntou Hermione.
_F-foi... f-foi... não consigo me lembrar. Não consigo dizer.
_Realmente, Prof. Snape. _ disse Harry _ Ela não consegue revelar o nome do seu senhor.
_Senhor? Do que estão falando?
_Alguém lhe deu Extrato de Servidão, Srta. Chang. _ disse o Prof. Mason.
_Mas quem poderia ser?
_É o que precisamos descobrir mas, infelizmente, você está impedida de dizer. Acontece que temos um meio de tentar encontrar a verdade. _ disse o Prof. Snape.
_Veritaserum? _ perguntou Cho.
_Não, Srta Chang. _ respondeu Snape _ O poder do Veritaserum, confrontado com o impedimento imposto pelo Extrato de Servidão provocaria um choque psíquico que poderia enlouquecê-la ou mesmo matá-la. Sr. Potter, vou precisar da sua ajuda. Para um só é quase impossível mas, juntos, teremos maiores chances.
_O senhor quer dizer...
_Exatamente. Vamos ver se o senhor treinou satisfatoriamente, Sr. Potter.
Sentindo que já havia visto o bastante, a libélula saiu voando da ala hospitalar, pois sabia que lhe restava pouco tempo.
Snape e Harry postaram-se um de cada lado de Cho Chang e o professor avisou:
_Relaxe e abra a mente para nós, Srta. Chang. Guardaremos sigilo daquilo que acessarmos, caso seja de foro íntimo. Não resista.
_Está bem, professor. Podem começar.
_Certo. Pronto, Potter? _ e, ante a resposta afirmativa de Harry, os dois disseram, ao mesmo tempo:
_Um, dois, três... “LEGILIMENS!!!” _ uma sucessão de imagens passou pela mente de Cho, sendo acessada por Snape e Harry. A aprovação para Hogwarts, sua seleção para a Corvinal, Harry Potter apanhando o pomo no jogo contra a Grifinória, quando ela estava no quarto ano. Os beijos e amassos com Cedric na Sala dos Monitores, sua tristeza pela morte do namorado e a rápida época de felicidade com Harry. Seu ciúme destruindo o relacionamento, Harry desculpando-se com ela e Marieta na Plataforma 9 ½. O início de seu período de alcoolismo, sua indignação e a queda de cima da árvore, sua raiva de Virgínia Weasley, a investida sobre Harry na Sala dos Monitores e a discussão com Draco. A armação com Sheldrake na Torre de Astronomia que não deu certo. Seu comportamento no Baile de Inverno, Harry e Gina trazendo-a de volta à razão, a figura que oferecia a Poção para Curar Bebedeiras e o anel dela, cortando seu dedo. Nesse ponto, Snape e Harry pararam. Olharam um para o outro e gritaram:
_SALA DE ADIVINHAÇÃO! TODOS PARA LÁ, RÁPIDO! _ e saíram correndo, entrando e saindo de todas as passagens secretas que conheciam, até chegarem à Sala de Adivinhação, mas tarde demais. Só tiveram tempo de ver Sibila Trelawney dar uma gargalhada ensandecida e desaparecer, utilizando uma Chave de Portal.
_Desgraçada! _ exclamou Hermione. _ Era ela o espião de Voldemort!
_Deve ter acrescentado o Extrato de Servidão à Poção para Curar Bebedeiras, na noite do Baile de Inverno. _ comentou Gina.
_E o sangue possivelmente foi obtido quando ela cortou o dedo no anel da Profª Trelawney. _ disse Harry _ Ela estava embriagada demais para perceber e então tomou a poção contendo o extrato adicionado a ela.
_Como poderemos anular o efeito do extrato, professor? _ perguntou Janine _ Há algum antídoto?
_Sim, Srta. Sandoval. Mas precisaríamos ter primeiro capturado a Profª Trelawney.
_Por que, professor? _ perguntou Rony.
_Porque, Sr. Weasley, um ingrediente imprescindível para o antídoto é uma gota de sangue daquele que é o senhor do servo.
_Ou seja, Sibila Trelawney. _ disse Draco.
_Para onde será que ela foi? _ perguntou Luna.
_Não faço idéia. _ disse Snape _ o Lorde das Trevas possui vários esconderijos ao redor do mundo, todos eles protegidos por Feitiços Fidelius. Já estive em alguns deles mas, como não sou o Fiel do Segredo, estou impedido de dizer.
_Bem, um deles é a Mansão Riddle, em Little Hangleton. _ comentou Harry _ mas ela já está vigiada. O fato de eu tê-lo rastreado até lá funcionou como se ele tivesse revelado o segredo.
_Como você conseguiu, Potter?
_Isso agora não vem ao caso, Prof. Snape. _ disse Harry, em voz baixa, não querendo revelar sua habilidade em projeção astral e, muito menos o elo telepático que tinha com Gina _ Precisamos pensar no nosso próximo passo e, muito importante, manter uma vigilância discreta sobre Cho.
_Tem razão, Potter. Ela estará vulnerável, até que ponhamos as mãos em Sibila Trelawney. Acredito que ela ainda possa ter influência sobre a Srta. Chang. Com o Extrato de Servidão, mesmo uma ordem por escrito deverá ser cumprida, desde que assinada pelo senhor do servo, de próprio punho. E eu aposto que ela deve ter meios para introduzir mensagens em Hogwarts.
_Então agora é vigiar e esperar. _ disse Luna. _ Acho que seria bom, Prof. Snape, que Donovan nos ajudasse. Afinal de contas é o namorado de Cho e pode estar mais próximo dela do que nós.
_Desde que não seja um simpatizante do Lorde, disfarçado, eu não me oponho, Srta. Lovegood.
Os amigos retiraram-se da ala hospitalar, enquanto Cho permaneceu mais algumas horas. Após o almoço, encontraram-se com Luke Donovan e contaram a ele o ocorrido.
_Podem contar comigo, amigos. Eu amo Cho e não gostaria que nada de mal acontecesse a ela. Incrível. Quem imaginaria que a Profª Trelawney seria espiã de Vocês-Sabem-Quem.
_Você ainda tem medo de falar o nome do Voldemort, Luke?
_Não, Harry. É que às vezes, por força do hábito, ainda falo “Você-Sabe-Quem”, em vez de “Voldemort”. Ato falho.
_Tudo bem. _ disse Harry, rindo. É bom saber que cada vez mais pessoas estão perdendo o medo daquele assassino.
_Uma tia minha foi torturada pelos Death Eaters. Ela era bibliotecária em Glasgow, quando Voldemort apareceu, querendo um livro antigo. Ele disse que o livro tinha as pistas para um poder incalculável. Quando ela disse que o livro não estava mais lá, pois havia sido roubado, Voldemort ordenou que a torturassem para saber o destino do livro. Ela morreu, após algumas horas. Não sabia para onde o livro havia ido. Soube depois que outras bibliotecas, livrarias e museus bruxos também foram invadidos naquela época, assim como esteve acontecendo este ano.
_Achando não ser seguro que mais gente soubesse a respeito do “Luzes da Trindade”, Harry procurou encurtar a conversa:
_É bom que possamos contar com você, Luke. Fique de olho nela, OK?
_OK, Harry. Vou ficar. _ e foi para a Sala Comunal da Lufa-Lufa, revisar matérias para os N.I.E.Ms.
Devido ao incidente com Cho, Harry e os outros deixaram para correr à tarde. Depois da corrida, durante o alongamento, ele contou aos amigos o que Donovan lhe dissera.
_Se Voldemort já queria o livro naquele tempo, é bastante provável que ele saiba do paradeiro das folhas que faltam. _ sugeriu Draco.
_Quem sabe não foi ele mesmo que as arrancou? _ perguntou Janine.
_Por que você pensa assim, Jan? _ foi a vez de Harry perguntar.
_Veja, Harry, o livro esteve em Hogwarts na época em que Tom Riddle era estudante. Ele bem que poderia ter arrancado as folhas, para que ninguém suspeitasse da importância dele, planejando retirar o livro depois. Mas, e se alguma situação adversa o tivesse impedido de colocar as mãos nele? Não é lógico que ele procuraria por aquele livro pelo mundo todo? O livro somente teria valor com as folhas que faltavam e vice-versa.
_Então Jan, poderíamos supor que enquanto temos o livro, Voldemort teria as folhas?
_Isso mesmo, Mione. Lembra-se do berrador no Baile de Inverno? Voldemort disse “algo que já era praticamente meu”. Ele estava se referindo ao livro. E eu estava certa ao pensar que ele tem mais coisas do que o mantra perdido do “Olho de Shiva”. É bom que fiquemos alertas, pois ele vai tentar novamente.
_Uma coisa é certa. Depois dessa mancada, Sibila Trelawney deve ter caído bastante no conceito de Voldemort. _ comentou Draco.
_Com certeza. _ concordou Neville _ Ele não deve ter gostado nadinha do fato de sua espiã haver comprometido sua posição.
Com efeito, em um dos muitos esconderijos de Voldemort, o Lorde não estava nada satisfeito:
_Sibila Trelawney, sua cretina de carteira assinada! Você é realmente PhD em besteiras! Sua anta de varinha! Essa última bobagem que você fez lhe custou a sua posição de minha espiã em Hogwarts. Não mudou nada desde que era aluna, sempre cometendo besteiras homéricas quando tinha iniciativa própria. Da próxima vez que tiver alguma idéia brilhante, faça um favor a você e à humanidade: GUARDE-A PARA SI MESMA, OK?!
_M-mas Mestre eu pensei que, conseguindo paralisar Potter, ele poderia ser trazido à sua presença, como uma oferenda. Como eu poderia imaginar que aquela maldita garrafa térmica teria um feitiço de segurança?
_Esse é o problema, Sibila. VOCÊ PENSOU!!! E, daqui do Afeganistão, eu consegui sentir o cheiro. Suas idéias fedem mais do que as fogueiras de esterco de camelo que os Mudjahedin utilizam para cozinhar. Você precisa de algo para se lembrar de obedecer minhas ordens à risca. E, apontando a varinha para Sibila Trelawney, Voldemort disse: “Crucio!”
Sibila caiu ao chão, contorcendo-se em dores jamais imaginadas. Nunca havia sentido os efeitos da Maldição Cruciatus, embora conhecesse sua descrição. Cada milímetro do seu corpo parecia estar sendo queimado, espetado, congelado, cortado, salgado, mergulhado em álcool, socado e triturado, tudo isso ao mesmo tempo. Voldemort levantou a varinha e a maldição cessou, embora a ex-professora de Adivinhação continuasse a tremer, suar e ofegar, tomada de terríveis náuseas.
_Agradeça a Merlin por eu ainda precisar de você, Sibila. O fato de Chang Cho-Yen ainda estar sujeita ao seu Extrato de Servidão é o que a mantém viva. Se você não fosse a senhora do servo, eu lhe lançaria uma “Avada Kedavra” com o maior prazer, não me importando nem um pouco que Wormtail perdesse sua amante. Por um fiapo de sorte a sua burrada não resultou em um total prejuízo. Agora vá se esfregar com aquele rato gordo, pois ele está morrendo de saudades de você. SUMA DA MINHA PRESENÇA!
Sibila Trelawney saiu tão depressa que parecia ter desaparatado. Dirigiu-se para os aposentos do seu querido Pettigrew, considerando que, se Voldemort não lhe lançara uma “Avada Kedavra”, ainda saíra no lucro pois, comparada à perspectiva de morrer instantaneamente, a terrível dor da Maldição Cruciatus poderia ser descrita como uma carícia suave (“Ainda bem que ele não soube do atentado frustrado contra Snape e Rosmerta em Hogsmeade”, pensou, com medo do que o Lorde faria, caso descobrisse). Ainda perdida nesses pensamentos, bateu à porta dos aposentos de Wormtail:
_Sibila, querida. _ disse Pettigrew _ Por que você veio? Aconteceu alguma coisa em Hogwarts? Você comprometeu sua posição?
_Agora não importa. Depois eu te conto. Venha, que eu não via a hora de estar com você novamente. _ e trancaram a porta.
Em Hogwarts, os Inseparáveis conversavam com o Prof. Mason sobre Sibila Trelawney:
_Sibila era da Corvinal. Todos ficaram admirados pelo fato de aquela garota por demais tapada e obtusa haver sido selecionada para a Casa de onde saíram os bruxos mais inteligentes da História da Magia. Além de tudo, era metida a manifestar Vidência, só pelo fato de ser descendente de Cassandra Trelawney, uma das maiores Videntes de que já se teve notícia. Sibila recebia, vez por outra, flashes de profecia. O fato de não possuir controle sobre as premonições a deixava frustrada, então ela fingia possuir o dom. Era a maior charlatã que eu já vi. Mas Dumbledore me disse que ela fez algumas profecias verdadeiras.
_Exatamente. Duas no total. _ disse Harry _ Uma quando ela foi contratada, sobre Voldemort e eu. Outra quando eu estava no terceiro ano, sobre a revelação de Pettigrew e sua fuga para se reunir a Voldemort. Acho que isso fez com que o Prof. Dumbledore a mantivesse como professora.
_Ela também era metida a ser a gostosa da turma, mesmo sendo aquele varapau ossudo, com óculos maiores do que a cara. _ todos riram _ Chamavam-na de “Recurso para segunda-feira de chuvas e trovoadas”, pois só ficava com ela quem estava no desespero. Durante um tempo ela arrastou a asa para Tiago e, uma vez, ele até saiu com ela.
_O que?! _ perguntou Harry _ Meu pai chegou a pegar aquela mocréia? _ o riso foi geral.
_Sim, Harry. Primeiro nós pensamos que Tiago realmente quisesse acrescentá-la ao caderninho. É, gente. Os Marotos, exceto Remus, que era mais certinho e tinha namorada firme, tinham a fama de que, se caíssem num caldeirão com água fervente, virariam canja. Mas depois ficamos sabendo o que Tiago realmente planejava. Durante um feriado, viajaram juntos para Londres e Tiago a levou para assistirem a um show de um grupo trouxa de Heavy Metal e outro de Punk Rock.
_Deve ter sido um choque para ela. _ comentou Luna, que chegara de sua aula, junto com Gina _ Que grupos foram?
_Foram o KISS e depois o Sex Pistols. Tiago me disse que ela quase ficou petrificada ao ver e ouvir Gene Simmons, Paul Stanley, Peter Criss e Ace Frehley. Ele ainda deu um jeito de irem aos camarins e pegarem autógrafos dos caras. Até aí, tudo bem. Mas conhecer o Johnny Rotten e o Sid Vicious, junto com a namorada dele, Nancy, foi a gota dágua. Ela nunca mais deu em cima do “Pontas”.
_Também, depois dessa terapia radical... _ disse Draco, aos risos.
_Seu pai também não escapou das investidas dela, Draco. Os dois chegaram a ficar algumas vezes, antes dele começar a namorar Narcisa. Acho que Lucius fazia aquilo para que não ficassem duvidando da masculinidade dele, porque só mesmo com um motivo muito forte para sair com aquilo.
_Caracas, ela se atirava para todo mundo. _ admirou-se Rony.
_Mas ela parecia ter uma atração maior pelo Wormtail. Antes disso, vocês não vão acreditar, ela deu em cima do Snape.
_Cruuuzeees!!! _ exclamou Gina _ Eu não desejaria aquilo nem mesmo para o Snape dos velhos tempos. Ele está muito melhor agora, com Madame Rosmerta. Aliás, ela também foi colega de vocês, não foi, Prof. Mason?
_Claro, foi. Uma garota muito bonita, Rosmerta McTaggert. Ela herdou o Três Vassouras do pai dela, Angus. Nos fins de semana ela tinha uma permissão especial de Dumbledore para ir ajudar os pais no bar, pois o movimento era grande. Sempre foi bastante querida por todos. Era da Grifinória e uma grande amiga de Lílian juntamente com Alice Westenra da Lufa-Lufa, que casou-se com Frank Longbottom, lembram-se? A conversa que tivemos com Rita Skeeter, lá no Beco Diagonal?
_Meus pais? _ perguntou Neville, que era muito pequeno quando seus pais haviam sido torturados por Death Eaters _ Tenho poucas lembranças e informações deles. Mas sempre que posso eu os visito no St. Mungus, com minha avó. Lembram-se, nós nos encontramos lá, no ano passado.
No ano anterior, Arthur Weasley havia sido atacado por Nagini, a serpente de estimação de Voldemort, ficando internado no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Coincidentemente Neville e a avó haviam ido visitar Frank e Alice, acabando por encontrá-los. Na mesma ala, estava Gilderoy Lockart, recuperando-se do Feitiço de Memória que havia saído pela culatra.
_É mesmo. _ disse Rony _ Foi quando ficamos sabendo os heróis que são seus pais, Neville. _ o amigo enrubesceu.
Luna trouxe novamente o assunto do Extrato de Servidão à conversa:
_Prof. Mason, como poderemos evitar que Cho receba ordens de Sibila Trelawney?
_Não vai ser fácil, Srta. Lovegood. Mas a correspondência, com certeza, deverá receber uma atenção especial para que não hajam mensagens camufladas por feitiços.
_Acho que também vamos precisar ficar de olho em alguns elementos da Sonserina. _ disse Draco.
_Exato, Sr. Malfoy. Existe a possibilidade de alguma mensagem ser introduzida através deles.
_Voltamos a desconfiar de todo mundo. _ comentou Gina.
_É. Mas, como disseram Draco e Neville, Sibila está meio em desgraça com Voldemort. _ ponderou Hermione _ Mesmo assim acho que poderemos esperar mais alguma investida deles.
_Ouvi dizer, não me lembro onde, que o primeiro passo para se evitar uma ameaça ou armadilha é saber que ela existe. _ disse Janine _ Agora é tentar, se me perdoarem o trocadilho, prever quando e de onde virá o tiro.
Está certa, Srta. Sandoval. _ disse Mason _ Mas vamos nos preocupar com cada coisa a seu tempo. Creio que, no momento, as maiores preocupações para vocês devem ser os exames, principalmente para a senhorita e para a Srta. Weasley que precisarão prestar os N.O.Ms. Além disso, as finais do Quadribol serão logo depois. Já são coisas mais do que suficientes para tomar o tempo de todos. Estudem e obtenham um bom resultado. Vocês merecem.
Janine Sandoval não tinha certeza se estava a manifestar um vislumbre de premonição ou se era uma preocupação de caráter geral. O fato é que o tiro não se faria esperar por muito tempo e desencadearia um tiroteio. E, o mais importante, ela seria o alvo, só que ainda não sabia disso, embora desconfiasse que algo grande estava para acontecer e que não demoraria muito tempo para que acontecesse. Em breve, todos estariam no olho do furacão.
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