Largo Grimmauld, número doze



Capítulo 04: Largo Grimmauld, número doze leu Hermione.


Harry, Rony e Gina trocaram um olhar de preocupação com a garota, que discretamente começou a ler:


— Que é a Ordem da...? — começou Harry.


—Aqui não, garoto! — disse Moody com aspereza. — Espere até chegarmos lá dentro! — E, puxando o pedaço de pergaminho da mão de Harry, ateou fogo nele com a ponta da varinha. Enquanto a mensagem se crispava em chamas e flutuava lentamente até o chão, Harry tornou a examinar as casas. Estavam parados diante do número onze; ele olhou para a esquerda e viu o número dez; para a direita, no entanto, o número era treze.


— Mas onde...?


— Pense no que você acabou de ler — disse Lupin em voz baixa.


- Não podíamos arriscar que alguém estivesse ouvindo – disse Remo a Fudge. Esperava que o ministro cooperasse minimamente, depois de entender. Mas Fudge continuava desconfiado, ansioso pela chance de conseguir alguma prova de que Dumbledore estava agindo contra ele.


Harry pensou e, mal chegara à menção do número doze da praça, uma porta escalavrada se materializou entre os números onze e treze, e a ela se seguiram paredes sujas e opacas de fuligem. Era como se uma casa extra tivesse se inflado, empurrando as suas vizinhas para os lados. Harry boquiabriu-se.


Hermione riu.


- Você continua se impressionando com as coisas que a magia faz?


- Só faz cinco anos que eu conheço a magia. E eu nunca tive muito tempo para explorar o resto do mundo. Passo todo o ano aqui e as férias com os Dursley.


- Além disso, ele não tem o mesmo conhecimento que você da magia – completou Rony, como se isso encerrasse a discussão.


É – murmurou Hermione, escondendo o rosto no livro – faz sentido.


A música no número onze continuava a tocar com força. Aparentemente, os trouxas que estavam ali dentro não haviam percebido nada. 
- E eles percebem alguma coisa? – desdenhou Daphne Greengrass, rindo.


- Na verdade, percebem – disse Tracey Davies, colega de Daphne na Sonserina – minha tia é obliviadora, e se você a ouvisse falando do trabalho que ela tem fazendo trouxas esquecerem o que eles veem, ia se surpreender.


Tracey desviou o olhar dos colegas que a observavam, surpresos. Ela defendera trouxas, na frente de toda a Sonserina. Mas não conseguira ficar calada. Tracey era mestiça, tinha parentes trouxas, ainda que as amigas não soubessem, ou fingissem não saber.


Hermione observou Tracey curiosa um instante, antes de voltar a ler:


— Vamos, Harry rosnou Moody, empurrando-o pelas costas.


O garoto subiu os degraus de pedra gastos, olhando fixamente para a porta que acabara de aparecer. A tinta preta estava desbotada e cheia de arranhões. A maçaneta de prata tinha a forma de uma serpente enroscada. Não havia buraco de fechadura nem caixa de correio. 


Draco Malfoy arqueou a sobrancelha. 


Lupin puxou a varinha e deu uma batida na porta. Harry ouviu uma sucessão de ruídos que lembravam correntes retinindo. A porta abriu rangendo.


— Entre depressa, Harry — cochichou Lupin —, mas não se afaste nem toque em nada.


O garoto cruzou a soleira da porta e mergulhou na escuridão quase absoluta do hall. Sentiu o cheiro adocicado de decomposição, poeira e umidade; o local dava a impressão de ser um prédio condenado. Ele espiou por cima do ombro e viu os outros se enfileirarem às suas costas, Lupin e Tonks trazendo o malão e a gaiola de Edwiges. Moody estava parado no último degrau, devolvendo as bolas de luz que o apagueiro roubara dos lampiões; elas voaram de volta às lâmpadas e a praça brilhou momentaneamente com uma claridade laranja, antes de Moody entrar coxeando na casa e fechar a porta da frente, de modo que a escuridão no hall se tornou completa.


— Agora...


Ele bateu a varinha com força na cabeça de Harry; o garoto desta vez teve a sensação de que uma coisa escorria por sua coluna e percebeu que o Feitiço da Desilusão se desmanchara.


— Agora fiquem quietos, todos, enquanto providencio um pouco de luz aqui.


Os murmúrios dos outros estavam dando a Harry uma estranha sensação de agouro; era como se tivessem acabado de entrar na casa de um moribundo. Ele ouviu um assobio suave e em seguida candeeiros antiquados, a gás, ganharam vida ao longo das paredes, lançando uma luz tênue sobre o papel descascado e o tapete puído de um corredor longo e sombrio, em cujo teto refulgia um lustre coberto de teias de aranha e, nas paredes, quadros tortos e escurecidos pelo tempo. Harry ouviu uma coisa correr pelo rodapé. O lustre e os castiçais sobre uma mesa desengonçada tinham a forma de serpentes. 


Draco franziu a testa e chamou os amigos.


- Perceberam com o que esse lugar parece?


Crabbe, Goyle e Pansy pareciam confusos.


- Com nossas casas – sussurrou ele, impaciente – cobras esculpidas por toda a parte, ambiente sombrio... É a casa de uma família puro-sangue.


- Mas – disse Pansy –, por que essa Ordem da Fênix estaria nessa casa, se eles estão do lado do Potter?


- Parece que algum traidor do sangue cedeu essa casa para eles – murmurou Draco, indignado com a ideia de que um sonserino estivesse ajudando o movimento anti-Voldemort. 


Ouviram-se passos apressados e a mãe de Rony, a Sra. Weasley, surgiu por uma porta ao fundo do corredor. Exibia um grande sorriso de boas-vindas ao vir ao encontro deles, embora Harry reparasse que estava mais magra e pálida do que da última vez que a vira.


Molly encolheu-se, envergonhada, aos olhares dos outros sobre ela. Estivera muito preocupada com tudo o que lhe acontecera. A ameaça dos Comensais, a família na Ordem, sob o perigo de morrerem a qualquer momento... e se um de seus filhos morresse? E se mais de um morresse? E se Percy fosse morto antes de se reconciliar com eles?


Percy Weasley, ao lado do ministro, mexeu-se desconfortável. A mãe devia estar sofrendo. Mas precisava ter feito aquilo, pensou. Os pais estavam seguindo um homem com ideias lunáticas, que ameaçava a ordem bruxa. Ou era o que ele pensava, mas aquele livro... Percy, então, notou que a mãe o olhava de relance, e desviou o olhar, envergonhado.


— Ah, Harry, que bom ver você! — sussurrou ela, puxando-o para um abraço de partir costelas antes de afastá-lo e examiná-lo com um olhar crítico.


— Você está parecendo meio doente; está precisando de boa alimentação, mas acho que terá de esperar um pouco pelo jantar. 


- Mamãe – riu-se Gina – sempre pensa que você está mal-alimentado.


- Mas acho que é porque ele é meio magrelo – brincou  Jorge.


- Ou magrelo por inteiro – brincou Fred.


Ela se voltou para o bando de bruxos atrás de Harry e cochichou pressurosa:


— Ele acabou de chegar, a reunião começou.


Fudge e Umbridge se viraram para Dumbledore. Ele com certeza estava por trás daquilo.


Os bruxos demonstraram interesse e excitação e foram passando por Harry em direção à porta pela qual a Sra. Weasley acabara de sair. O garoto fez menção de acompanhar Lupin, mas ela o deteve.  


— Não, Harry, a reunião é só para membros da Ordem. Rony e Hermione estão lá em cima, você pode esperar com eles até a reunião terminar, depois jantaremos. E fale baixo no corredor — acrescentou ela apressada.


Rony e Hermione desviaram o olhar, tentando ignorar os olhares agora sobre eles.


— Por quê?


— Não quero despertar ninguém.


— Que é que a senhora...


— Eu explico depois, agora tenho de correr. Preciso participar da reunião... só vou lhe mostrar onde vai dormir.


Levando o dedo aos lábios, ela o conduziu pé ante pé ao longo da parede coberta por altas cortinas comidas por traças, atrás da quais Harry supôs que houvesse outra porta, e, depois de contornar um enorme porta-guarda-chuvs que parecia ter sido feito com perna de trasgo, eles começaram a subir uma escada escura em que havia cabeças encolhidas e montadas na parede lateral. Um exame mais atento revelou ao garoto que as cabeças pertenciam a elfos domésticos. Todos tinham o mesmo narigão. 


Harry viu Lilá e Parvati entreolharam-se, estremecendo.


- Que casa mais horrível – murmurou Lilá – quem será que mora lá?


- Parece uma casa onde Você-Sabe-Quem moraria – sugeriu Parvati, sombriamente. 


O espanto de Harry crescia a cada passo. Que é que eles estavam fazendo em uma casa que parecia pertencer ao mais tenebroso bruxo das trevas?


- Será que Você-Sabe-Quem morou aí? – ponderou Colin Creevey.


Harry tentou não rir da ideia ingênua do colega, enquanto Draco Malfoy continuava a analisar a descrição da tal casa. Por alguma razão, algo lhe era familiar. Mesmo que nunca tivesse estado lá, ouvira falar em algum lugar assim.


— Sra. Weasley, por quê...?


— Rony e Hermione lhe explicarão tudo, querido, eu realmente tenho de correr — explicou a Sra. Weasley, distraída. — Chegamos... — tinham alcançado o segundo patamar —, a sua porta é a da direita. Chamo você quando terminar.


E tornou a descer as escadas, apressada.


Harry atravessou o patamar encardido, girou a maçaneta em forma de cabeça de serpente e abriu a porta.


Deu uma breve olhada no quarto sombrio. De teto alto em que havia duas camas; então ouviu um alvoroço seguido de um grito alto, e sua visão foi completamente obscurecida por uma grande quantidade de cabelos muito espessos. Hermione se atirara sobre ele em um grande abraço que quase o derrubou no chão, ao mesmo tempo que a minúscula coruja de Rony, Pichitinho, voava excitada, descrevendo círculos contínuos por suas cabeças.


— HARRY! Rony, ele está aqui, Harry está aqui! Não ouvimos você chegar! Ah, como é que você vai? Está bom? Ficou furioso com a gente? Aposto que ficou, eu sei, as nossas cartas não serviam para nada – mas a gente não podia contar nada. Dumbledore nos fez jurar que não contaríamos, ah, temos tanta coisa para lhe contar e você tem coisas para nos contar: os dementadores! Quando soubemos – e aquela audiência no Ministério – é um absurdo, procurei tudo nos livros, eles não podem expulsar você, simplesmente não podem, tem uma cláusula no Decreto de Restrição à Prática de Magia por Menores prevendo situações de risco em que há risco de vida...


- Então é você que está por trás disto!


Fudge ergueu-se, respirando pesadamente, e apontando para Dumbledore.


- Quando isso acabar, você vai responder por ter criado essa organização, ah, se vai.


- Cornélio –disse Dumbledore, sorridente – se você acredita nas palavras que a Srta. Granger disse no livro, imagino que também acredite no incidente com dementadores.


- Mas – balbuciou Fudge – isso é uma mentira.


- É? – Dumbledore riu – mas você parece acreditar que exista uma Ordem da Fênix no largo Grimmauld, que eu esteja por trás disso, e que eu tenha deixado uma Sra. Figg vigiando Harry todos estes anos.


Hermione trocou um olhar de surpresa com os amigos. Mas, enfim, decidiu não esperar que Fudge inventasse alguma desculpa, e voltou a ler:


— Deixa ele respirar, Mione – disse Rony, fechando a porta às costas do amigo. Ele parecia ter crescido vários centímetros durante o mês de separação, tornara-se mais alto e mais desengonçado do que nunca, embora o nariz comprido, os cabelos ruivos e as sardas continuassem iguais.


Ainda sorridente, Hermione soltou Harry, mas, antes que pudesse falar, ouviu-se um farfalhar suave e alguma coisa branca saiu voando do alto do armário escuro e pousou gentilmente no ombro de Harry.


— Edwiges!


A coruja muito branca abriu e fechou o bico e mordiscou com carinho a orelha de Harry, enquanto ele acariciava suas penas.


— Ela esteve muito nervosa – contou Rony – Quase matou a gente de tanta bicada quando trouxa suas últimas cartas. Vê só...


E mostrou a Harry o dedo indicador com um corte quase cicatrizado, mas visivelmente profundo.  


Harry ficou olhando de Hermione para Rony, sem saber o que dizer, mas, por fim, Rony fez uma expressão de que não precisava dizer nada.


— Ahhhhh! Desculpe pelo corte, mas eu queria respostas, entende...


— E nós queríamos dar, cara — respondeu Rony — Hermione estava uma fera, não parava de dizer que você ia fazer uma burrice se ficasse sozinho, sem saída e sem notícias, mas Dumbledore nos fez...


—... jurar que não contariam — completou Harry — É, a Mione já me disse isso.


A pequena chama que se acendera em seu peito ao ver os dois amigos se apagou, e uma coisa gelada inundou a boca do seu estômago. De repente – depois de ansiar o mês inteiro para ver os dois – ele sentiu que preferia que Rony e Hermione o deixassem sozinho.


Harry congelou na cadeira. Os colegas à volta cochichavam em alto tom por todo o Salão.  


Houve um silêncio tenso em que Harry acariciou Edwiges mecanicamente, sem olhar para os amigos.


Hermione ficou fitando as linhas seguintes, sem saber se deveria continuar. Mas logo, os alunos exigiam que continuasse.  


Harry desejou poder se desiludir agora. O que viria a seguir estava além do constrangedor.


— Pelo visto ele pensou que era melhor – respondeu Hermione ofegante. – Dumbledore, quero dizer.


— Certo – respondeu Harry. Reparou que as mãos da amiga, também, tinham marcas do bico de Edwiges, e descobriu que não sentia a menor pena.


— Acho que ele pensou que você estaria mais seguro com os trouxas – começou Rony.


— Ah, é? – retrucou Harry, erguendo as sobrancelhas – Algum de vocês foi atacado por dementadores este verão?


- Ainda não entendo – sussurrou McGonagall – como dois dementadores foram parar lá? Não era esperado que acontecesse...


- Estive pensando – disse Dumbledore, baixinho – a proteção na casa dos tios de Harry deveria protegê-lo de qualquer ameaça gerada por Voldemort.


- Então – continuou ela – você acha que os dementadores não foram mandados por ele?


- Talvez não. Os dementadores são imprevisíveis.


— Bem, não... mas foi por isso que ele mandou gente da Ordem da Fênix seguir você o tempo todo...


Harry sentiu um enorme choque como se tivesse pulado um degrau, sem querer, na descida de uma escada. Então todo o mundo sabia que ele estava sendo seguido, menos ele.


— Não deu muito certo, não foi? – disse Harry, fazendo o possível para manter a voz neutra. – No final, tive de me virar sozinho, não foi?


— Ele estava muito zangado – justificou Hermione, num tom de assombro – Dumbledore. Nós o vimos. Quando descobriu que Mundungo tinha saído antes de terminar o turno de serviço. Dava até medo.


Dumbledore riu sem graça. De fato, sendo o bruxo excepcionalmente poderoso que era, às vezes assustava os outros.


— Muito bem, fico satisfeito que ele tenha saído – respondeu Harry com frieza – Se não tivesse saído, eu não precisaria usar a magia e Dumbledore provavelmente teria me largado na Rua dos Alfeneiros o verão todo.


— Você não está... não está preocupado com a audiência do Ministério da Magia? – perguntou Hermione baixinho.


— Não – mentiu Harry, em tom de desafio. E afastou-se deles, olhando para os lados, com Edwiges aninhada satisfeita em seu ombro, mas este quarto não ia melhorar seu humor. Era escuro e úmido. Uma tira lisa de lona em uma moldura enfeitada era a única coisa que interrompia a nudez das paredes descascadas e, ao passar pelo objeto, Harry pensou ter ouvido alguém, que estava escondido, dando uma risadinha.


- Fineus – murmurou Dumbledore.


- Dumbledore? – indagou McGonagall.


- Fineus Nigellus. O quadro dele está naquele quarto. Ele o visita de vez em quando.


McGonagall suspirou. Fineus não seria uma companhia muito agradável naquele quarto. 


— Então, por que é que Dumbledore estava tão ansioso para me deixar no escuro – perguntou Harry, ainda tentando parecer displicente. – Vocês... se deram o trabalho de perguntar?


Ele ergueu os olhos em tempo de ver a expressão do olhar que os dois trocaram e que o fez perceber que estava reagindo exatamente do jeito que os amigos temiam. O que não melhorou em nada o seu humor.


- Sabíamos que você reagiria assim, Harry – sussurrou Hermione – não precisa se culpar, a gente já esperava que você estivesse muito zangado.


Mas Harry não conseguia ficar calmo enquanto aquele dia era narrado para toda a escola.


— Dissemos a Dumbledore que queríamos informar você do que estava acontecendo – disse Rony. – Dissemos, cara. Mas ele anda realmente ocupado, só o vimos duas vezes desde que viemos para cá e sempre com pressa, só nos fez jurar que não contaríamos nada que tivesse importância quando lhe escrevêssemos, disse que as corujas poderiam ser interceptadas.


 — Ainda assim, ele poderia me manter informado, se quisesse – disse Harry, impaciente. – Vocês não vão me dizer que ele não conhece outros meios de mandar mensagens sem corujas.


Hermione olhou para Rony e disse:


— Pensei nisso também. Mas ele não queria que você soubesse de nada.


— Vai ver ele acha que não mereço confiança – disse Harry, observando os amigos. 


Ele estava reagindo àquilo muito pior do que pensara, observou Dumbledore. Mas não havia outro jeito. Não poderia arriscar, mesmo que custasse a confiança de Harry.


— Não seja burro – disse Rony, parecendo muito desapontado.


— Ou que não sei cuidar de mim mesmo. 


Não, Harry, não penso, mas preciso fazer isso para mantê-lo a salvo.


— Claro que não pensa isso! – disse Hermione, ansiosa.


— Então como é que eu tenho de ficar na casa dos Dursley, enquanto vocês dois vêm participar de tudo que está acontecendo aqui? – perguntou Harry, as palavras cascateando num atropelo, a voz se elevando a cada palavra. – Como é que permitem a vocês dois saberem de tudo que está acontecendo?


Harry desejou sumir dali naquele momento. Todos à sua volta pareciam já esperar que algo muito ruim fosse acontecer em seguida. Estavam certos.


- Harry, sinto muito – sussurrou Hermione, quase inaudível.


— Não sabemos! – interrompeu-o Rony. – Mamãe não deixa a gente se aproximar das reuniões, diz que somos muito crianças...


Mas antes que percebesse, Harry estava gritando.


— ENTÃO VOCÊS NÃO TÊM PARTICIPADO DAS REUNIÕES, GRANDE COISA! ESTIVERAM AQUI O TEMPO TODO! AGORA, EU, FIQUEI ENCALHADO NA RUA DOS ALFENEIROS O MÊS INTEIRO! E JÁ RESOLVI MUITO MAIS DO QUE VOCÊS JAMAIS CONSEGUIRAM E DUMBLEDORE SABE DISSO – QUEM SALVOU A PEDRA FILOSOFAL? QUEM SE LIVROU DO RIDDLE? QUEM SALVOU A PELE DE VOCÊS DOS DEMENTADORES? 


Naquele momento, houve muitas reações paralelas. Rony e Hermione vermelhíssimos, as outras mesas em burburinho, vaiando e rindo, Draco Malfoy e sua turma cochichando aos risinhos, Dumbledore profundamente sério, McGonagall expressando um misto de reprovação e constrangimento alheio, Snape crispando os lábios em um sorriso malicioso...


Hermione não imitara os gritos de Harry, mas todos haviam entendido que ele gritara alto com os amigos.


Harry apenas desejava se explodir em mil pedacinhos.   


Cada pensamento amargurado e cheio de rancor que Harry tivera no último mês foi saindo de dentro dele: sua frustração com a falta de notícias, a mágoa de que todos tinham estado juntos sem ele, sua fúria por estar sendo seguido e ninguém lhe informar – todos os sentimentos de que sentia vergonha extravasaram. Edwiges assustou-se com a gritaria e tornou a voar para cima do armário; Pichitinho alarmado, soltou vários pios e voou ainda mais depressa ao redor das cabeças dos garotos.


— QUEM FOI QUE TEVE DE PASSAR POR DRAGÕES E ESFINGES E OUTRAS COISAS REPUGNANTES NO ANO PASSADO? QUEM VIU ELE VOLTAR? QUEM TEVE DE ESCAPAR DELE? EU!


Harry não cabia em si de repulsa a si mesmo. Muito pior do que a vergonha de ter aquilo exposto era a vergonha de ter gritado aquelas coisas para os seus melhores amigos. E o fato de todos saberem daquilo tornava tudo mil vezes pior.


Fudge parecia consternado, como se duvidasse da sanidade de Harry Potter. Mas sabia que dar uma opinião do garoto com base no livro seria admitir que as outras coisas eram verdade, incluindo os dementadores e o fato de seu maior auror estar ao lado de Dumbledore. 


Rony ficou parado ali, com o queixo meio caído, visivelmente chocado, enquanto Hermione parecia à beira das lágrimas.


— MAS POR QUE EU DEVERIA SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE ALGUÉM SE DARIA O TRABALHO DE ME DIZER O QUE ANDOU ACONTECENDO?


—Harry, nós queríamos lhe dizer, nós realmente queríamos – começou Hermione.


—NÃO PODEM TER QUERIDO TANTO ASSIM, PODEM, OU TERIAM ME MANDADO UMA CORUJA, MAS DUMBLEDORE FEZ VOCÊS JURAREM...


—Fez mesmo...


— DURANTE QUATRO SEMANAS EU FIQUEI ENTALADO NA UA DOS ALFENEIROS, PESCANDO JORNAIS NAS LIXEIRAS PARA TENTAR DESCOBRIR O QUE ESTAVA ACONTECENDO...


— Nós queríamos...


— SUPONHO QUE VOCÊS TÊM SE DIVETRTIDO PARA VALER, NÃO TÊM, ESCONDIDOS AQUI JUNTOS...


— Não, sinceramente...


— Harry, nós realmente sentimos muito! – disse Hermione desesperada, seus olhos agora cintilantes de lágrimas. – Você tem absoluta razão, Harry... se fosse comigo eu ficaria furiosa!


- Qualquer um ficaria furioso no seu lugar, Harry – disse Hermione, complacente. – Ficar todo aquele tempo no escuro, sem notícias, depois de tudo que você sofreu...


Mas Harry enterrara a cara no prato, como se tentasse entrar nele longe da vista de todos. 


Harry amarrou a cara para os dois, ainda respirando fundo, depois tornou a dar as costas para os amigos e a andar para lá e para cá. Edwiges piou tristemente de cima do armário. Houve uma longa pausa, interrompida apenas pelo rangido fúnebre das tábuas do soalho sob os pés do garoto.


— Que lugar é esse afinal? – perguntou de repente a Rony e Hermione.


— A sede da Ordem da Fênix – respondeu Rony na hora.


Alguém vai se dar o trabalho de dizer o que essa Ordem...?


- É o que quero saber! – vociferou Fudge, ansioso.


— É uma sociedade secreta – disse Hermione depressa. – Dumbledore é o responsável, fundou a Ordem. São as pessoas que lutaram contra Você-Sabe-Quem da última vez.


Fudge engoliu em seco. Não queria acreditar que aquela história do bruxo mais perigoso de todos os tempos ter voltado fosse verdade, mas aquele livro dizia... e afirmava o que Dumbledore lhe dissera uma vez... Mesmo que ele não acreditasse, muitos naquele Salão acreditariam.


- Dumbledore! – gritou Fudge – acha que vou acreditar nisso? Que essa sua organização é para lutar contra um bruxo morto há mais de dez anos?


- Se não acredita, Cornélio, pergunte a Amélia Bones.


- O quê?! Amélia... ela está metida nisso?


- Não. O irmão de Amélia, Edgar, foi membro da Ordem da Fênix. Ele contou à família sobre nós, e eles juraram manter segredo.


Os lábios de Fudge se contraíram.


- E ela sabe que esta Ordem está de volta?


- Não. Ela não era membro, então não a avisamos quando voltamos.


- E quando vocês voltaram a se reunir?


Dumbledore suspirou.


- No momento em que você deixou a Ala Hospitalar, incrédulo da volta de Lord Voldemort – disse Dumbledore, aumentando o tom para se exceder aos gritos que a menção de Voldemort produziu. – Quando soube que não poderia contar com você, pedi que contatassem todos os antigos membros, para que começássemos a agir.


Fudge parou, indeciso entre a raiva e a curiosidade.


- Então... aquelas pessoas que levaram Harry Potter para esse largo Grimmauld... são membros dessa Ordem?


- Sim, Cornélio.


- Shacklebolt?!


Kingsley se virou ao ministro.


- Sim, ministro. Fui membro da Ordem da Fênix, durante a primeira guerra contra os seguidores de Você-Sabe-Quem.


- Mas... você é o melhor auror que eu tenho... por que não me contou?


- Como dito, ministro, a Ordem da Fênix é uma sociedade secreta. Não podíamos confiar no Ministério, porque na época, e ainda hoje, acredito, havia muitos seguidores de Você-Sabe-Quem infiltrados lá.


- Sei... – murmurou Fudge, afastando-se levemente de Kingsley. – quero saber o que essa Ordem anda fazendo. Continuem!


- Srta. Granger, por favor. – pediu Dumbledore, sorrindo. A leitura já estava valendo a pena.


Mas Umbridge não conseguia acreditar.


- Ministro, o senhor não pode acreditar nessa bobagem...


- Não quero... mas... preciso saber o que estão fazendo...


Agora, a curiosidade de Fudge superara seu medo do que Dumbledore estivesse tramando contra ele.


— Quem faz parte dela? – perguntou Harry, parando de repente com as mãos nos bolsos.


— Bastante gente...


— Já conhecemos umas vinte – disse Rony –, mas achamos que tem mais.


Harry olhou zangado para os amigos.


Então? – indagou, olhando de um para o outro.


— Hum – disse Rony. – Então o quê?


— Voldemort! – 


Hermione aumentou a voz, para ficar audível em relação aos gritos que o nome causou, pela enésima vez.


– falou Harry furioso, e os dois contraíram as feições. – Que está acontecendo? Que é que ele está armando? Onde é que está? Que é que estamos fazendo para impedir?


— Já falamos, a Ordem não deixa a gente assistir às reuniões – respondeu Hermione, nervosa. – Por isso não sabemos os detalhes... mas temos uma ideia geral – acrescentou depressa, vendo a expressão no rosto de Harry.


Fred e Jorge inventaram Orelhas Extensíveis, entende – contou Rony. – Realmente úteis.


Molly suspirou. Não conseguia aceitar que os filhos achassem que inventar logros seria um bom futuro.


— Extensíveis...?


— Orelhas, é. Só que tivemos de parar de usá-las nos últimos dias porque mamãe descobriu e ficou danada da vida. Fred e Jorge tiveram de esconder o estoque para impedir mamãe de jogar tudo no lixo. Mas usamos bastante as Orelhas antes de ela perceber o que estava rolando. Sabemos que tem gente da Ordem seguindo Comensais da Morte conhecidos, marcando eles, sabe...


— Outros estão trabalhando para recrutar mais gente para a Ordem... – acrescentou Hermione.


Draco e os amigos se entreolharam, furtivos. Então, seus pais poderiam estar sendo vigiados. Se ao menos eles pudessem contar a eles...


— E outros tantos estão montando guarda a alguém ou alguma coisa – disse Rony. – Estão sempre falando em serviço de guarda.


— Não poderia ser a mim, poderia? – perguntou Harry sarcasticamente.


— Ah, é – exclamou Rony fazendo cara de quem começava a compreender.


Harry deu uma risadinha desdenhosa. E recomeçou a dar voltas no quarto, olhando para todo lado menos para Rony e Hermione.


- Ele está meio descontrolado, você não acha? – Harry ouviu alguém dizer da mesa da Corvinal.


- Não ligue. – disse Hermione - Na situação em que você estava, qualquer um teria perdido a cabeça.


— Então, que é que vocês dois têm feito se não podem assistir às reuniões? Vocês disseram que estiveram ocupados.


— Estivemos – respondeu Hermione depressa. – Estivemos descontaminando a casa, passou um tempão vazia e muita coisa estranha proliferando por aqui. Conseguimos limpar a cozinha, a maioria dos quartos, e acho que vamos cuidar da sala de visitas ama... ARRRE!


- E lá vamos nós! – bradaram os gêmeos Weasley.


Com dois fortes craques, Fred e Jorge, os irmãos mais velhos de Rony, se materializaram no meio do quarto. Pichitinho piou ainda mais baratinado do que nunca e disparou para se juntar a Edwiges em cima do armário.


— Parem com isso! – disse Hermione sem entusiasmo aos gêmeos, que eram tão intensamente ruivos quanto Rony, embora mais fortes e um pouco mais baixos.


— Olá, Harry – saudou-o Jorge, sorridente. – Pensamos ter ouvido sua voz suave.


— Não queremos que reprima sua raiva, Harry, bote tudo para fora – disse Fred, também sorrindo. – Vai ter alguém a cem quilômetros de distância que ainda não te ouviu. 


Harry ouviu uma revoada de gargalhadas, e tentou se enfiar mais para baixo da mesa; mas os colegas pensaram que ele estivesse escorregando, e o puxaram de volta.


- Estou bem, me larguem! – resmungou. 


— Então vocês passaram no teste de aparatação? – perguntou Harry mal-humorado.


— Com louvor – respondeu Fred, que estava segurando alguma coisa que parecia um pedaço muito comprido de barbante cor de carne.


— Vocês teriam levado só uns trinta segundos para descer pelas escadas – disse Rony.


— Tempo é galeão, maninho – disse Fred. – Em todo o caso, Harry, você está interferindo com a recepção. Orelhas Extensíveis – acrescentou em resposta às sobrancelhas erguidas de Harry, e mostrou o barbante, deixando agora visível que o objeto se alongava em direção ai patamar. – Estamos tentando ouvir o que estão falando lá embaixo.


— Você precisa ter cuidado – disse Rony, olhando para a Orelha – Se mamãe tornar a ver mais uma dessas...


- Vocês... – sibilou Molly, fazendo menção de começar a falar, mas, um instante depois, recompôs-se, sem querer se constranger em frente ao Salão.


— Vale o risco, é uma reunião importante – justificou Fred.


A porta se abriu e apareceu uma longa juba de cabelos ruivos.


— Ah, olá, Harry! – cumprimentou animada a irmã mais nova de Rony, Gina. – Pensei ter ouvido sua voz.


Virando-se para Fred e Jorge, informou:


— Pode esquecer as Orelhas, ela lançou um Feitiço da Imperturbabilidade na porta da cozinha.


— Como é que você sabe? – indagou Jorge, desapontado.


— Tonks me ensinou como descobrir. A gente atira uma coisa contra a porta e se a coisa não bate é porque a porta foi “imperturbada”. Atirei umas bombas de bosta do alto da escada e elas simplesmente voaram de volta, então não tem como as Orelhas Extensíveis entrarem por baixo.


- Tonks! – exclamou Molly à garota, sentada mais ao lado. – De que lado você está?


- Foi para fazê-la parar de tentar escutar na porta, Molly – justificou-se Tonks – depois disso, eles nunca mais tentaram.


Gina sorriu, mas quando viu a expressão da mãe ao saber que ela havia jogado as bombas de bosta, desejou que o livro não tivesse revelado isso.


Fred soltou um suspiro profundo.


— Que pena. Eu realmente gostaria de descobrir o que é que o Snape está fazendo.


— Snape! — exclamou Harry imediatamente. — Ele está aqui?


- Snape?!


- O professor Snape?!


- Ele?!


 Os alunos foram pegos de surpresa. Harry viu Simas e Dino olharem o professor, incrédulos.


- Mas como que o Dumbledore confia nele? Quer dizer... é o Snape.


Mas na mesa da Sonserina, Astoria Greengrass sorriu de orelha a orelha:


- Vocês ouviram? O diretor da Sonserina faz parte do grupo contra Você-Sabe-Quem. Não percebem? – completou, animada. – Isso mostra que pessoas da Sonserina podem lutar contra Você-Sabe-Quem. O professor Snape é a prova.


Astoria encarou o diretor da sua Casa, admirada. Desde que chegara a Hogwarts, ouvira que os sonserinos eram covardes e egoístas, que nenhum sonserino se levantaria contra o partido das Trevas. Mas o professor Snape provara que estavam errados.


— Tá — confirmou Jorge, fechando cuidadosamente a porta e se sentando em uma das camas; Fred e Gina o acompanharam. — Fazendo um relatório. Ultrassecreto.


— Babaca — disse Fred, só por dizer.


— Ele agora está do nosso lado — disse Hermione, desaprovando o amigo.


Rony riu.


— Mas vai continuar sendo babaca. O jeito com que olha para a gente quando nos encontra...


Harry viu que Snape continuava indiferente à leitura, embora lançasse um olhar de fúria aos Weasley. Ainda não conseguia acreditar que Dumbledore confiasse nele. 


— Gui também não gosta dele — disse Gina, como se isso decidisse a questão.


Gui sorriu para a irmã, ao lado da mãe. Ele sempre fora o irmão favorito dela.


Harry não tinha muita certeza se sua raiva havia diminuído; mas sua sede de informações começou a suplantar o impulso de continuar gritando. Largou-se na cama em frente aos outros.


— Gui está aqui? — perguntou. — Pensei que estivesse trabalhando no Egito.


— Ele se candidatou a uma função burocrática para poder voltar para casa e trabalhar na Ordem — disse Fred. — Diz que sente falta das tumbas — deu uma risadinha — mas tem suas compensações.


— Como assim?


— Você se lembra da Fleur Delacour? — perguntou Jorge. — Ela arranjou um emprego no Gringotes para aperrfeiçoarr o iinglês...


— E o Gui está dando muitas aulas particulares a ela — caçoou Fred. 


Gui virou o rosto para outro lado, encabulado. A mãe o olhava com pesar; preferia que o filho não se casasse tão cedo.


— Carlinhos também entrou na Ordem — disse Jorge — mas continua na Romênia. Dumbledore quer atrair o maior número possível de bruxos estrangeiros, por isso Carlinhos está tentando fazer contatos nos dias de folga.


— O Percy não podia fazer isso? — perguntou Harry.


Hermione parou de ler. Ouvira um choro vindo da mesa em que os Weasley estavam sentados. A Sra. Weasley, pelo visto, continuava abalada.


Harry compartilhou as expressões de fúria que Gina, Rony, Fred e Jorge lançavam ao irmão, que tentava se esconder atrás de uma prancheta.


Quando viu que todos haviam voltado a atenção, Hermione pigarreou e voltou a ler:


Na última notícia que recebera, o terceiro irmão Weasley estava trabalhando no Departamento de Cooperação Internacional em Magia, no Ministério da Magia.


Ao ouvirem as palavras de Harry, os Weasley e Hermione trocaram olhares carregados de significado.


— Diga o que quiser, mas não mencione o Percy na frente da mamãe e do papai — disse Rony com a voz tensa.


— Por que não?


Hermione parou. Molly recomeçara a chorar. Agora, ela mesma sentia muita raiva de Percy. Não sabia como ele podia ficar ali, quieto ao lado do ministro, enquanto a família sofria.


Mas Percy não estava bem. Sentia como se algo lhe rasgasse do ventre até o peito. Agora, ter se distanciado da família parecia ter sido muito precipitado.


Ele não conseguira se segurar: fora promovido a um cargo excelente, e o pai fizera pouco disso. Toda a raiva do pai, por se manter preso àquele emprego medíocre que mal sustentava a família, escapara de uma vez... e quando vira, estava dando as costas aos pais.


Mas, pensando bem, poderia ao menos ter falado com a mãe. Ela estava sofrendo por causa disso. Não devia ter dado as costas a ela...


Enquanto pensava em tudo isso, Hermione retomava a leitura: 


— Porque todas as vezes que ouvem o nome dele, papai quebra o que estiver segurando e mamãe começa a chorar — explicou Fred.


— Tem sido horrível — comentou Gina com tristeza.


— Acho que podemos passar sem ele — disse Jorge, com uma expressão de ameaça nada característica.


— Que aconteceu? — perguntou Harry.


— Percy e papai brigaram — contou Fred. — Nunca vi papai brigar com alguém daquele jeito. Em geral é mamãe que berra.


Os Weasley se encolheram, quase todos, quando perceberam os olhares sobre eles. Parecia que todos queriam saber que grande briga havia sido aquela.


— Foi na primeira semana de férias quando terminou o trimestre — disse Rony. — Íamos entrar para a Ordem. Percy chegou e contou que tinha sido promovido.


— Você tá brincando — admirou-se Harry.


Embora soubesse muito bem que ele era extremamente ambicioso, Harry tinha a impressão de que Percy não fizera grande sucesso em seu primeiro emprego no Ministério da Magia. Cometera o grande deslize de não perceber que o chefe estava sendo controlado por Lord Voldemort (não que o Ministério tivesse acreditado – todos pensaram que o Sr. Crouch enlouquecera). 


- M-mas... – balbuciou Fudge. – não poderíamos saber... ele parecia doente...


- De fato, parecia. – concordou Dumbledore. – Soubemos depois, porém, que ele estava sob efeito da Maldição Imperius lançada por Lord Voldemort, quando este foi buscar seu filho, para que este o ajudasse.


Fudge não gostara da fala de Dumbledore. Ele voltava a afirmar que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado voltara, com ajuda de Crouch Jr.


— Pois é, todos ficamos surpresos — continuou Jorge — Percy tinha se metido em grandes confusões por causa de Crouch, houve até um inquérito e tudo. A conclusão foi que Percy devia ter percebido que Crouch não estava batendo bem e informado ao seu superior. Mas você conhece Percy, Crouch o tinha deixado na chefia, e ele não ia reclamar.


— Então como foi que ganhou a promoção?


— É exatamente o que nos perguntamos — disse Rony, que parecia muito ansioso para sustentar uma conversa normal, agora que Harry parara de gritar. — Percy voltou para casa realmente satisfeito com ele mesmo – ainda mais satisfeito do que o normal, se é que dá para imaginar – e disse ao papai que tinham lhe oferecido um cargo no gabinete do próprio Fudge. Um cargo realmente bom para alguém que tinha terminado Hogwarts fazia só um ano: assistente júnior do ministro. Acho que esperava que papai ficasse impressionado.


Arthur sacudiu a cabeça. Obviamente não ficara impressionado, pois era óbvio que Fudge só estava usando Percy para tentar vigiar sua família. Por aquele lado, fora conveniente que tivessem cortado relações... mas nada justificava o modo com ele andava tratando a mãe.


— Só que papai não ficou — disse Fred sério.


— Por que não? — indagou Harry.


— Bom, parece que Fudge tinha percorrido o Ministério enfurecido para se certificar de que os funcionários não tivessem contato com Dumbledore — disse Jorge.


— No Ministério, o nome de Dumbledore virou lixo, ultimamente, entende — esclareceu Fred. — Todos pensam que ele está só criando problemas quando diz que Você-Sabe-Quem voltou.


Fudge sentiu, constrangido, todos os olhares de alunos e professores nele. Não podia admitir que andara fazendo de tudo para não deixar que acreditassem nas invencionices de Dumbledore. 


— Papai falou que Fudge deixou muito claro que qualquer um que estivesse mancomunado com Dumbledore podia desocupar a escrivaninha — disse Jorge.


— O problema é que Fudge suspeita de papai, sabe que é amigo de Dumbledore, e sempre achou papai meio excêntrico por causa da obsessão que ele tem pelos trouxas.


— Mas que é que isso tem a ver com o Percy? — perguntou Harry, confuso.


— Vou chegar lá. Papai desconfia que Fudge só quer Percy no gabinete, porque quer usar o mano para espionar a família... e Dumbledore.


Percy se segurou para não dar um tapa na cabeça: fazia todo o sentido. Não era possível ter ganhado tão de repente, depois do fiasco com o Sr. Crouch. Óbvio que o ministro quisera vigiar os Weasley através dele. No fundo, ele sabia que essas eram as intenções de Fudge. Mas não conseguira recusar aquela chance. E depois de todas as coisas que ouvira sobre Dumbledore...


Harry soltou um assobio.


— Aposto como Percy adorou.


Rony deu uma risada meio rouca.


— Ele perdeu completamente a cabeça. Disse... bem, uma porção de coisas horríveis. Disse que está enfrentando a péssima reputação do papai desde que entrou no Ministério e que papai não tem ambição e que é por isso que sempre fomos, sabe, sempre tivemos pouco dinheiro, quero dizer...


Os Weasley não poderiam estar em uma situação mais constrangedora. Molly chorava no ombro de Arthur, ciente de que o Salão inteiro tinha os olhos postos neles. E os filhos na mesa da Grifinória agora sabiam como Harry se sentia, com vontade de se explodirem em pedaços.


Fudge olhava Percy, que fitava os próprios sapatos, sem saber o que fazer.


— Quê? — disse Harry, incrédulo, ao mesmo tempo que Gina bufava feito um gato enraivecido.
— Eu sei — disse Rony em voz baixa. — E ficou pior. Disse que papai era um idiota de andar com Dumbledore, que Dumbledore ia se meter em uma baita encrenca e papai ia cair junto, e que ele, Percy, sabia a quem devia ser leal, e era ao Ministério. E se mamãe e papai iam trair o Ministério, iria se empenhar para que todo o mundo soubesse que ele não pertencia mais à nossa família. E fez as malas na mesma noite e foi embora. Agora está morando aqui em Londres.


Harry soltou um palavrão baixinho. Dos irmãos de Rony, Percy era o que ele menos gostava, mas nunca imaginara que pudesse dizer essas coisas ao Sr. Weasley.


— Mamãe está danada da vida — disse Rony. — Sabe, chora, essas coisas. Veio a Londres para tentar falar com Percy, mas ele bateu a porta na cara dela. Não sei como ele faz quando encontra papai no trabalho: acho que finge que não vê.


Agora, Percy não conseguiu mais ignorar, porque uma salva de vaias emergira das mesas dos alunos em direção ao garoto. Ignorando os chamados de Fudge, levantou-se e saiu a passos apressados do Salão.


Na mesa dos professores, havia um silêncio constrangedor, até mesmo de Dumbledore, que se manteve silencioso até que os alunos baixassem as vozes.


Mas Draco fez questão de fazer mais comentários, alto demais.


- Viu como são esses Weasley? Não se pode nem ter vergonha da própria pobreza que eles não aceitam. Eu teria fugido bem antes, no lugar dele.


Hermione sentiu que seus dedos amassavam com força o livro, antes de retomar a leitura:


— Mas Percy deve saber que Voldemort voltou — disse Harry lentamente. — Ele não é burro, deve saber que sua mãe e seu pai não arriscariam tudo sem provas.


— E, bom, o seu nome também entrou na briga — disse Rony, lançando a Harry um olhar furtivo. — Percy disse que a única prova que havia era a sua palavra e... não sei... ele achava que não era suficiente.


— Percy leva o Profeta Diário a sério — comentou Hermione, mordaz, com o que os outros concordaram.


— Do que é que vocês estão falando? — perguntou Harry, passando os olhos por todos. Eles o observavam cautelosos.


— Você não tem recebido o Profeta Diário? — perguntou Hermione nervosa.


— Tenho.


Fudge, que estivera esperando Percy, voltou-se para o Salão.


— Você não tem lido todas as notícias? — perguntou Hermione ainda mais ansiosa.


— Não da primeira à última página — respondeu Harry na defensiva.


— Se houvesse alguma notícia sobre Voldemort sairia em manchete, não?


Os amigos se contraíram ao ouvir o nome. Hermione continuou depressa:


— Você precisaria ler da primeira à última página para perceber, mas eles, bom, eles mencionam seu nome algumas vezes por semana.


— Mas eu não vi...


— Se andou lendo só a primeira página, não iria ver — disse Hermione, sacudindo a cabeça. — Não estou falando de notícia grande. Eles incluem seu nome aqui e ali, como se você fosse a piada da vez.


Harry viu que o ministro agora parecia muito desconfortável, e sentiu-se muito contente com isso.


— Como as...?


— Na verdade é bem maldoso — disse Hermione procurando manter a voz calma. — Estão usando só o material que a Rita publicou.


— Mas ela não está mais escrevendo para o Profeta, está?


— Ah, não, ela tem cumprido a promessa que fez: não que tivesse outra opção — acrescentou Hermione satisfeita. — Mas lançou as bases para o que estão tentando fazer agora.


- Que é que você quis dizer com isso, senhorita Granger? – indagou Umbridge, ansiosa para usar algo contra os amigos de Potter.


- Não acho que isso seja importante agora. – disse Dumbledore, com uma expressão de cumplicidade.


— E que é..? — perguntou Harry, impaciente.


— O.k., você sabe que ela escreveu que você estava caindo por aí, se queixando que sua cicatriz estava doendo e tudo o mais?


— Sei — respondeu Harry, que tão cedo não iria esquecer as notícias de Rita Skeeter sobre ele.


— Bom, estão pintando você como uma pessoa fantasiosa e sedenta de atenção, que acha que é um grande herói trágico ou qualquer coisa assim — contou Hermione, muito depressa, como se fosse menos desagradável para o amigo saber desses fatos em menos tempo. — Eles não param de incluir comentários irônicos sobre você. Se aparece uma história mirabolante, escrevem mais ou menos assim: “Uma história digna de Harry Potter”, e se alguém tem um acidente estranho ou coisa parecida dizem: “Vamos fazer votos para que ele não fique com uma cicatriz na testa ou vão nos pedir para venerá-lo”...


Harry viu, orgulhoso, os colegas fazerem mais um coro de vaias, que logo recebeu apoio de alunos da Lufa-Lufa e Corvinal.


Astoria olhou seus colegas sonserinos em silêncio desafiador. Ela também achara a estratégia do Profeta horrível, mas sabia que, se fizesse parte do apoio a Harry Potter, os colegas poderiam persegui-la. E sabia que outros sonserinos estavam na mesma situação que ela, com medo de apoiar Potter em público.


Dumbledore demorou um pouco para acalmar as vaias dos alunos, observando Cornélio Fudge ficar mais e mais acuado. Alguns diriam que Dumbledore estava se divertindo com isso. 


— Eu não quero que ninguém me venere... — começou Harry indignado.


— Eu sei que não — disse Hermione depressa, parecendo assustada.


— Eu sei, Harry. Mas você percebe o que eles estão fazendo? Querem transformar você em uma pessoa em que ninguém acredita. Fudge está por trás de tudo, aposto o que você quiser. Eles querem que os bruxos da rua pensem que você não passa de um garoto burro, que é meio engraçado e conta histórias ridículas porque adora ser famoso e quer continuar sendo.


— Eu não pedi... eu não quis... Voldemort matou meus pais! — protestou Harry, cuspindo as palavras. — Fiquei famoso porque ele assassinou minha família, mas não conseguiu me matar! Quem quer ser famoso por uma coisa dessas? Será que não pensam que eu preferia que nunca...


Pela primeira vez, Harry se sentia grato pela leitura. Não apenas estava denunciando a perseguição do Profeta Diário, como mostrando seu ponto de vista. Podia apostar que algumas pessoas já começavam a repensar sua opinião dos fatos.


Umbridge não estava sendo tão vaiada quanto Fudge, mas começava a amaldiçoar o momento em que aceitara fazer a leitura daqueles livros. 


— Nós sabemos, Harry — disse Gina com sinceridade.


— E é claro que não publicaram nem uma palavra sobre o ataque dos dementadores a você — acrescentou Hermione. — Alguém mandou abafar o caso. Teria sido uma história e tanto, dementadores escapam ao controle do governo. Nem ao menos noticiaram que você violou o Estatuto Internacional do Sigilo em Magia. Pensamos que noticiariam, porque combinava com a sua imagem de exibicionista idiota. Achamos que estão aguardando você ser expulso, então vão realmente botar pra quebrar, quero dizer, se você for expulso, é óbvio — apressou-se Hermione a acrescentar. — Na realidade, não deverá ser, não se o Ministério respeitar as próprias leis, não há caso contra você.


Estavam de volta à audiência e Harry não queria pensar no assunto. Fez força para mudar outra vez o rumo da conversa, mas foi poupado do esforço pelo ruído de passos que subiam a escada.


— Ah, ah.


Fred deu um puxão na Orelha Extensível; ouviu-se outro estalo forte, e ele e Jorge desapareceram. Segundos depois, a Sra. Weasley apareceu à porta do quarto.


Fred e Jorge olharam para a mãe. Mas Molly ainda estava tão abalada que nem dera atenção.


— A reunião terminou, podem descer para jantar agora. Todo o mundo está doido para ver você, Harry. E quem foi que largou todas aquelas bombas de bosta na porta da cozinha?


— O Bichento — respondeu Gina sem corar. — Ele adora brincar com bombas.


— Ah — disse a Sra. Weasley — pensei que talvez fosse o Monstro, ele está sempre fazendo essas coisas estranhas. Agora não se esqueçam de falar baixo no corredor. Gina, suas mãos estão imundas, que é que você andou fazendo? Por favor, vá lavá-las antes de jantar.


Gina fez careta para os outros e acompanhou a mãe na saída do quarto, deixando Harry sozinho com Rony e Hermione. Os dois o observaram com apreensão, como se receassem que ele fosse recomeçar a gritar agora que todos já tinham ido embora. A visão dos amigos olhando-o tão nervosos fez Harry se sentir um pouco envergonhado.


— Olhem... — murmurou, mas Rony sacudiu a cabeça e Hermione disse baixinho:


— Nós sabíamos que você ia ficar zangado, Harry, não culpamos você, sério, mas você tem de compreender, nós realmente tentamos convencer o Dumbledore...


— É, eu sei — respondeu o garoto, impaciente.


Ele procurou um assunto que não envolvesse o diretor da escola, porque só de pensar em Dumbledore suas entranhas recomeçavam a queimar de raiva.


Dumbledore percebeu que devia estar muito corado, porque Minerva e Severo o olhavam com estranheza. Só esperava que, depois que tudo acabasse, Harry compreendesse tudo.


— Quem é Monstro? — perguntou.


— O elfo doméstico que mora aqui — respondeu Rony. — Doido de pedra. Nunca conheci nenhum igual.


Hermione franziu a testa.


— Ele não é doido de pedra, Rony.


— A ambição da vida dele é ter a cabeça cortada e montada em uma placa como fizeram com a mãe dele — argumentou Rony irritado. — Isso é normal, Mione?


— Bem... bem, ele não tem culpa de ser um pouquinho esquisito.


Rony girou os olhos para Harry.


— Hermione ainda não desistiu do FALE.


— Não é FALE! — retrucou Hermione indignada. — É Fundo de Apoio à Libertação dos Elfos. E eu não sou a única, Dumbledore também diz que devemos tratar bem o Monstro.


Pansy Parkinson riu afetada.


- É típico da Granger. – sussurrou ela para as amigas. – Defendendo as criaturas inferiores como ela.


Milicent Bulstrode e Daphne Greengrass riram, mas Tracey sorriu sem graça. 


— Sei, sei — disse Rony. — Vamos, estou morto de fome.


Ele foi o primeiro a sair do quarto e alcançar o patamar, mas antes que pudessem descer a escada...


— Calma aí! — sussurrou Rony, esticando um braço para impedir Harry e Hermione de continuarem. — Eles ainda estão no hall, quem sabe a gente consegue ouvir alguma coisa.


Os três espiaram com cautela por cima do balaústre. O corredor sombrio lá embaixo estava apinhado de bruxas e bruxos, inclusive os da guarda de Harry. Cochichavam excitados. Bem no meio do grupo, Harry viu os cabelos escuros e oleosos e o nariz adunco do menos querido dos seus professores em Hogwarts, o Prof. Snape. O garoto estava muito interessado em saber o que Snape estava fazendo na Ordem da Fênix...


Snape bufou; Potter estava ficando tão enxerido e cheio de si quanto o pai, não que já não fosse...


Um fio de barbante cor de carne desceu bem diante dos olhos de Harry.


Erguendo a cabeça, ele viu Fred e Jorge no patamar acima, baixando cuidadosamente a Orelha Extensível em direção à aglomeração sombria de bruxos. No instante seguinte, porém, todos começaram a se encaminhar para a porta de entrada e desapareceram de vista.
— Droga — Harry ouviu Fred murmurar, recolhendo a Orelha Extensível.


Os três ouviram a porta de entrada abrir e em seguida fechar.


— Snape não come aqui nunca — informou Rony a Harry em voz baixa. — Graças a Deus. Vamos.


— E não se esqueça de falar em voz baixa no corredor, Harry — cochichou Hermione.


Ao passarem pela fileira de cabeças de elfos domésticos na parede, eles viram Lupin, a Sra. Weasley e Tonks à entrada, lacrando magicamente as muitas fechaduras e trancas da porta depois que os outros saíram.


— Vamos comer na cozinha — sussurrou a Sra. Weasley, indo ao encontro dos garotos ao pé da escada. — Harry, querido, se você atravessar em silêncio o corredor, é aquela porta ali.


TRABUM!


— Tonks! — exclamou a Sra. Weasley exasperada, virando-se para olhar às suas costas.


— Me desculpe! — lamentou Tonks, que caíra estatelada no chão. — É a droga desse porta-guarda-chuvas, é a segunda vez que tropeço nele...


Mas o fim da frase de Tonks foi abafada por um guincho medonho de furar os ouvidos e congelar o sangue.


As cortinas de veludo roídas de traças, pelas quais Harry passara mais cedo, tinham se aberto, mas não havia porta alguma atrás.


Durante uma fração de segundo, o garoto pensou que estava espiando por uma janela, uma janela em que havia uma velha de touca preta que não parava de berrar como se estivesse sendo torturada – então ele compreendeu que era simplesmente um retrato em tamanho natural, dos mais realistas e dos mais incômodos que já vira na vida.


A velha estava babando, seus olhos giravam nas órbitas, a pele amarelada do rosto esticava-se inteiramente enquanto gritava; e, por toda a extensão do corredor, os demais quadros acordaram e começaram a berrar, também, a tal ponto que Harry chegou a apertar os olhos e tampar os ouvidos para não escutar.


Harry viu os alunos menores apavorados, como se pensassem que a velha fosse alguma bruxa malvada morando escondida na casa. As colegas, Lilá e Parvati cobriam as bocas com as mãos.


Lupin e a Sra. Weasley correram para tentar fechar a cortina que ocultava a velha, mas não conseguiam e ela guinchava com mais vontade, brandindo as mãos em garras como se quisesse estraçalhar os rostos deles.


— Ralé! Escória! Filhos da sordidez e da maldade! Mestiços, mutantes, monstros, sumam deste lugar! Como se atrevem a macular a casa dos meus antepassados...


Agora, Lilá e Parvati estremeciam à descrição da Sra. Black, bem como alguns alunos mais novos na mesa delas e das outras Casas.


Tonks não parava de pedir desculpas, repondo a pesada perna de trasgo na posição original; a Sra. Weasley desistiu das tentativas para fechar as cortinas e corria de uma ponta a outra do corredor com a varinha em punho, lançando um Feitiço Estuporante em cada quadro; um homem de longos cabelos negros saiu com violência de uma porta defronte a Harry.


— Cale a boca, sua bruxa horrorosa, CALE A BOCA! — berrou ele, agarrando a cortina que a Sra. Weasley abandonara.


A velha empalideceu.


— Vocêêêêêê! — urrou ela, os olhos saltando das órbitas ao ver o homem. — Traidor do próprio sangue, abominação, vergonha da minha carne!


Draco e os amigos se entreolharam, abismados. Então, a casa pertencia, de fato, a um traidor de sangue, que agora estava ajudando o movimento anti-Voldemort.


Se ao menos pudessem informar os pais...


— Eu – mandei – calar – a – BOCA! — rugiu o homem, e, com um estupendo esforço, ele e Lupin conseguiram fazer as cortinas fecharem.


Os guinchos da velha morreram e sobreveio um silêncio ressoante.


Um pouco ofegante e afastando dos olhos os longos cabelos negros, o padrinho de Harry, Sirius, voltou-se para olhá-lo.


— Olá, Harry — disse muito sério. — Vejo que acabou de conhecer minha mãe.


- O quê?!


- Sirius?!


- Black?!


Fudge se levantou bruscamente, mais transtornado do que nunca.


- Dumbledore, eu exijo que você explique essa loucura agora! Que história é essa de Sirius Black na casa dessa Ordem da Fênix? Não faz o menor sentido!


Por um instante aterrador, Dumbledore e Fudge se encaravam... os membros da Ordem da Fênix observavam, ansiosos e tensos, à espera da próxima decisão do diretor.


- Cornélio, nos próximos instantes, quaisquer que sejam as revelações que eu faça, vou pedir que mantenha o controle.


- Controle?! – repetiu Fudge, furioso. – Você que quer o controle de tudo. – acrescentou, tolamente. – Sei que quer, e vou fazer de tudo para impedir que consiga meu cargo, e para começar, vou desmentir essa farsa que é esse livro... Sirius Black morando na Sede de uma organização contra Ele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?! Como você explica isso?


Por um instante, silêncio absoluto; então Dumbledore disse:


- Volte ao normal, Sirius.


O cachorro, aos pés de Dumbledore, fitou-o confuso, como se o diretor lhe tivesse pedido que pulasse da Torre de Astronomia.  


- Confie em mim.


Fudge percebeu o que estava acontecendo um instante antes de acontecer: no lugar em que se encontrava o enorme e misterioso cão negro, surgira um homem de cabelos negros e rosto encovado surgira.


Sirius Black encontrava-se agora, na mesa dos professores, à vista de todos.


~~
Olá, espero que não queiram me amaldiçoar pela demora, mas eu estive muito tempo sem acesso a Internet. Finalmente, chegarei à fase dos capítulos independentes, então será um pouco mais trabalhoso, mas espero que valha a a pena. Espero poder postar um capítulo logo.

Gabriel Lovegood Longbottom: vamos ver se suas suspeitas se confirmam no próximo capítulo.

Mary Riddle Potter: É sempre um prazer matar a saudade de uma fic. Eu também adorei, não podia ser diferente, né? Escrito pela J K Rolwing... inclusive, o filme me deu algumas ideias...

Sonhadora Dixon: com certeza não abandonarei. Ainda mais pela minha primeira fã. Obrigado pelo apoio e desculpe a demora... é que eu raramente consigo um tempo suficiente com Internet disponível. Mas estou me virando.

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Comentários (4)

  • Gabriel Lovegood Longbottom

    morrendo de ansiedade pelos proximos capitulos!!

    2016-12-19
  • Sonhadora Dixon

    Nossa ficar muito tempo sem internet deve ser de matar, estou viajando e por isso estou sofrendo disso tambem (tanto que só vi a atualização da fanfic agora). Adorei ver o percy envergonhado, uma das melhores cenas em RdM é quando ele passa pelo retrato antes da batalha e encontra toda a familia. O sirius apareceu, adorei isso tanto quando adorei ver alguns sonserinos legais, nem todos tem que ser babacas pró-voldemort. Um grifinório traiu os pais do harry e um sonserino deu a vida em memoria do amor a uma nascida trouxa. Adorei a aparição do sirius, amo muito dele!

    2016-12-19
  • Allyrya Black

    quanta emoçãooooo, só quero ver aquela sapa velha quando verdade aparecer, e o sirius... ai meu Deus é muitas emoção nos proxs caps. BJS

    2016-12-17
  • Mandy11

    Por favor, posta mais rápido! Eu estou simplesmente eufórica esperando a parte do livro em que a Umbridge aparece!!!!

    2016-12-16
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