A Mui Esperada Festa de Aniver



Capítulo 11



A Mui Esperada Festa de Aniversário de Sirius Black



 



Lily acordou sentindo todo o seu corpo doer e uma luz incomoda invadir a sua consciência, ela conseguia saber que estava bem claro, mesmo que seus olhos ainda estivessem insistentemente serrados. Ela afundou mais ainda a cabeça no seu travesseiro, mas lhe ocorreu que ele estava muito diferente do que ela se acostumara. Alguém rabiscava alguma coisa perto dela, era possível ouvir o som áspero da pena arranhando um pergaminho, todos os sentidos gritavam que algo estava errado, mas mesmo assim ela se sentia preguiçosa demais para confirmar. 



Ela abriu um dos olhos, piscando várias vezes fazendo-os acostumar com a luminosidade, mas ao contrário do que esperava não encontrou as cortinas carmim que cercavam a sua cama há sete anos, e sim o espaço vazio da sala comunal da Grifinória. Ela olhou ao redor confusa, não se lembrava de ter dormido no sofá, mas não se lembrava também de ter subido para o seu quarto. 



O susto não passou quando ela encontrou James sentado no chão, rabiscando alguma coisa. Ele estava de costas para ela, os cabelos da nuca revoltos, pareciam mais bagunçados que nunca, a linha firme dos ombros, marcada por aquilo que pareceu um traje de gala muito desarrumado.  



Lily se mexeu tentando levantar, entendendo o motivo da sua dor, o sofá não era o lugar mais confortável para dormir, além disso, as contas de seu vestido, tão laboriosamente bordadas, haviam fincado na sua pele, possivelmente deixando-a marcada. James pareceu sentir o movimento e olhou para trás sorrindo. 



- Você acordou! – ele disse, constatando o óbvio. 



- Que horas são? - ela perguntou tentando arrumar o cabelo. 



- Ainda é cedo – disse ele – Eu ia te acordar antes que alguém descesse.  



Lily deve ter feito uma cara de confusa, pois James continuou a explicar apressado. 



- Ficamos conversando até tarde e você acabou dormindo. Eu não quis te acordar, você parecia cansada, e nem conseguiria te levar para o seu dormitório. Achei que você ficaria mais confortável aqui do que no meu quarto. 



Lily assentiu, se lembrava de ter conversado com James na noite anterior, conversara mais do que ousava conversar com qualquer outra pessoa, desde sobre sua família até sobre doces favoritos, se sua memória não a estava traindo a última coisa que se lembrava era de estar no ombro de James enquanto ele contava sobre quando roubara a varinha do pai, aos quatro anos, e enfeitiçara as latas de lixo do vizinho afim de regurgitar tudo que ele colocava nela. 



- Ele era um velho bruxo – tinha dito James com uma careta – E me odiava, quebrou minha vassoura depois de eu, acidentalmente, atropelar seu gato.  



No meio do relato, em algum momento, Lily dormiu, embalada pela voz grave e calma de James.  



- Você ficou aí a noite toda? - Lily perguntou olhando para o rapaz. 



- Dormi no outro sofá - disse ele com um sorriso – Acordei há uns vinte minutos, no máximo.  



- Você poderia ter ido para o quarto – disse ela ficando vermelha. 



- E te deixar aqui sozinha? Acho que não. - ele respondeu dando de ombros - Estou bem! Tenho treino de Quadribol daqui a pouco e depois disso vou dormir um pouco, não se preocupe. 



Lily assentiu e olhou para o que ele estava escrevendo. Não parecia nenhum dever, era curto demais para isso. Ela desceu do sofá se sentando ao lado de James. 



- O que está escrevendo? - ela perguntou sentindo James a abraçar e arrastá-la para mais perto dele. 



- Uma carta para Deoch. – ele respondeu – Ele pediu que eu escrevesse. 



Lily abriu os olhos espantada e se sentiu retesar, mas não demonstrou seu nervosismo na voz, pelo menos era o que esperava que tivesse feito. 



- Então você vai aceitar o emprego? - ela perguntou 



James olhou para ela com um sorriso travesso. 



- Não - ele sorriu mais ainda – Apesar de achar que seria uma vingança maravilhosa se eu aceitasse. Você sabe como sou em Poções. 



Lily riu e apoiou a cabeça no ombro de James mais relaxada. 



- Então para que esta escrevendo? 



- Você não esperava que eu ouvisse calado tudo que ele disse para você, não é? - ele respondeu o sorriso sumindo um pouco do rosto - Não me envolver ontem é uma coisa, agora não responder é algo bem diferente. 



- James... - ela disse levantando o rosto e o encarando - Você não precisa fazer isso... 



- Eu sei que não preciso – disse ele dando de ombros e pegando a folha na mesa – Leia, e me diga o que acha, ainda vou passar a limpo. 



Lily pegou o papel e se soltando de James começou a ler: 



 



"Sr. Deoch, 



 



Como foi o senhor que me pediu que eu escrevesse, tomei a liberdade para lhe mandar esta carta. Ontem, na festa do professor Slughorn, não tive a chance de lhe falar diretamente, então aproveito a oportunidade para lhe dizer: o senhor é a pessoa mais ridícula, imbecil, idiota, preconceituosa que tive o desprazer de conhecer nos últimos tempos, e acredite isso é um prodígio, pois conheço vários idiotas. 



Não desista desta carta ainda, pois ela vai lhe explicar como tão laboriosamente eu cheguei a esta conclusão. Vamos enumerar os motivos: 



1. Senhor desprezou possivelmente a mais incrível, linda, inteligente, amorosa, genial, gentil, doce melhor preparadora de poções que Hogwarts já viu. Qualquer um com bom senso estaria implorando para que Evans aceitasse trabalhar com eles. Mas já concordamos, o senhor não tem bom senso. 



2.Seu ódio por nascidos trouxas é retardado ridículo e infundado. 



3.Eu sou o pior preparador de poções que Slughorn já pôs os olhos, só consegui alguma coisa, por que a linda mesma Evans, que o senhor tão imbessivelmente erroneamente ignorou, me ajudou.  



4.O senhor é um careca mal-amado, além de ser um doente senil. 



5.Seu preconceito por Lobisomens me enoja. 



6.O senhor é um careca mal-amado, não espera, eu já disse isso... 



Desta forma eu, contentemente, recuso sua oferta de emprego, não a aceitaria nem se fosse a última que eu recebesse no mundo. 



 



Com desprezo, 



James Potter 



 



- James! - Lily exclamou pasma - Você não vai mandar isso para ele. 



- É claro que vou! - ele respondeu. 



- Isso é ridículo - ela disse – Ele é importante, James. Chefe da sessão de poções experimentais, magistrado e membro do Conselho Bruxo há anos. Se você mandar isso para ele nunca conseguirá uma posição no ministério. 



- Se para trabalhar no ministério eu preciso aceitar calado este tipo de coisa então eu não quero trabalhar lá - ele pegou o papel de Lily – Eu acho que não vou passar a limpo, ele não merece meu tempo. O que você acha? 



Lily olhava para ele pasmada. 



- Eu acho que você ficou maluco – disse ela – completamente maluco. 



James sorriu dobrando a folha e guardando dentro do bolso das vestes. 



- Eu ainda fui educado, mais do que ele merecia – disse James – Se Sirius estivesse aqui ele enfeitiçaria a carta para gritar com Deoch durante o dia todo. 



- E agora medimos a sua sanidade pela sanidade de Sirius? - Lily levantou a sobrancelha. 



- Por que não? - James respondeu – Eu sempre faço isso, se chama escala Black de marotice. 



- Deus me ajude – ela respondeu como se rezasse aos céus.  



James gargalhou e Lily não se aguentou e riu com ele, até que as risadas foram morrendo e eles percebessem que estavam muito próximos, Lily envolvida em um meio abraço e os rostos quase colados, as respirações se misturando. Ela observava os olhos castanhos de James, identificando nuances esverdeados, como uma folha lutando contra o outono. Elevando um pouco o olhar pode perceber que ele tinha uma cicatriz que deixava sua sobrancelha esquerda com uma linha fina falhada, nunca havia percebido este detalhe. Lily ergueu a mão e passou os dedos leves tentando ver se, com o tato, ela conseguiria provar a si mesma que aquilo não era um sonho. 



James fechou os olhos assim que as mãos dela contornaram seu rosto, os dedos finos passando sobre sua sobrancelha, leves como uma pluma. Ele queria deixar os olhos abertos, olhando para o mar verde que eram os olhos dela, mais havia uma força muito maior que o fazia deitar a pálpebras e se deixar levar somente pelo som da respiração dela e a sensação do seu toque. 



A magia dos dois foi quebrada por passos na escada, Lily retirou a mão dele se afastando levemente. James suspirou pesadamente, retirando os braços do entorno dela, mantinha ainda de olhos fechados como se quisesse decorar aquele momento para vivenciá-lo depois. 



- Eu preciso trocar de roupa – Lily sussurrou quando quatro secundaristas passaram alegres por eles saindo pelo buraco do retrato, parecendo nem ligar para o casal sentado no chão - Você tem treino daqui a pouco também... 



- Eu sei – disse James se levantando e estendendo a mão para ela – Eu nunca fiquei tão chateado de ter um treino antes. 



- Você? Chateado com Quadribol? - Lily riu enquanto aceitava a ajuda para se levantar - Não deixe McGonagall ouvir isso. 



- Não deixarei – ele sorriu – Ela tiraria meu distintivo fora e algum pedaço do meu corpo no processo, possivelmente. 



- Com toda a certeza, você quer dizer! – Lily riu e depois com um ar sério, corrigindo a postura ficando completamente ereta, ela fechou a cara em uma imitação cômica de McGonagall - "Quero vê-lo treinar com afinco Sr. Potter, ou não verá mais a luz do dia cumprindo as detenções que você merece". 



James gargalhou, assustando mais alguns alunos que desciam as escadas dos dormitórios. 



- Por que você não vem comigo no treino? - disse James depois de um tempo. 



- Eu negligenciei demais meus trabalhos, James – Lily respondeu com um suspiro – McGonagall passou cento e vinte e cinco centímetros de animagia e eu nem sei por onde começar. Além disso temos uma pesquisa imensa de feitiços de desilusão de Flitwick e uma redação dos efeitos da Amortentia para Slughorn, e eu não comecei nenhuma delas ainda. 



- Eu te ajudo em transfiguração - disse ele – Acabamos rápido. Vamos, Lily! Por favor... 



- James... - ela tentou argumentar, mas ele olhou para ela com os olhos grandes, como uma criança desamparada, ela não pode resistir. - Ok! Mas depois nada de distrações, joguinhos ou qualquer coisa, não vou parar enquanto não tiver os três trabalhos prontos. 



- Por mim tudo bem! - disse ele concordando apressadamente. 



- E você realmente vai ter que me ajudar em transfiguração - disse ela apontando o dedo para ele. 



- Para ter você por perto por mais tempo, te ensino tudo que você quiser – James sorriu travesso. 



Lily corou e apenas negou com a cabeça desacreditando naquilo que ouviu. 



- Vou trocar de roupa, já que terei que ir no treino de Quadribol – ela disse com um sorriso condescende - Não parece um traje muito adequado. 



- É muito bonito – disse James carinhoso – Acho que não tive a oportunidade de falar isso ontem. 



- Obrigada, mas acho que ele perdeu um pouco o efeito – Lily olhou para o vestido amassado – Ou sou eu que estou com ódio dele no momento. 



- Prongs!  



Eles ouviram um grito vindo das escadas, o que deu tempo apenas de olharem para trás e verem Sirius surgindo, altivo como sempre. 



- Achei você! - ele disse com um sorriso para o amigo e depois seus olhos se desviando para Lily. 



Lily se sentiu corar com o olhar que Sirius lhe deu, ele a olhou das cabeças aos pés, os olhos cinzentos avaliadores, pareciam julgar cada amassado dos cabelos de Lily. 



- Onde vocês estiveram? - ele perguntou indiscreto, as sobrancelhas arqueadas em uma aparência desconfiada - Não vejo nenhum de vocês desde ontem de manhã. 



- Eu preciso ir – disse Lily desviando doa assunto - Até daqui a pouco, James! 



- "Até daqui a pouco, James"? O que eu perdi? - Sirius perguntou desconfiado – O que vocês fizeram? 



- Tchau, Sirius – Lily sorriu subindo as escadas para o seu dormitório. 



- Desde quando é James? - Sirius perguntou para o amigo – Onde vocês estavam? Pelo estado da sua cama você não dormiu nela... - Sirius se corrigiu - Pelo estado da sua roupa, você não dormiu nela. 



James apenas sorriu e subiu a escada em disparada, passando por Sirius. 



- Ah, vamos Prongs me conte – Sirius o seguiu. 



- Não aconteceu nada, Sirius – disse James chegando ao dormitório. 



- Este "nada" te deixou bastante contente pelo visto – ele respondeu entrando no dormitório também. 



- Prongs! Estávamos preocupados – disse Remus quando o viu entrando – Onde você estava? Não tem treino hoje? 



- Tenho! Só vou trocar de roupa – ele disse alegre entrando no banheiro e fechando a porta na cara dos amigos 



- Como foi o encontro com a Evans? - Peter animado perguntou para Sirius. 



- Você ainda pergunta? - Sirius olhou para o garoto – Ele parece que saiu da boca de um dragão, Evans não estava nada diferente dele, quando cheguei estavam juntinhos, amiguinhos, obvio que James se deu bem. 



- Lily estava com ele? - Remus questionou em um sussurro. 



Sirius assentiu e os três olharam para porta esperando James sair do banheiro, e ele o fez um tempo depois, alheio a qualquer coisa que seus amigos estivesses fazendo, assoviando uma melodia alegre já parcialmente vestido em seu uniforme de treino. 



- Você e Lily estão juntos? - Remus questionou o amigo. 



- Não sei – disse James dando de ombros alegre - Não conversamos sobre isso. 



- Não conversaram? - Sirius olhou para ele espantado – O que vocês fizeram, James? 



- Nada do que a sua mente poluída possa estar pensando – James sorriu para ele - Nós conversamos... 



- Você disse que não tinham conversado... - resmungou Peter. 



- Se estamos juntos ou não - disse James sorrindo – Mas conversamos sobre outras coisas, e só isso, Sirius. 



- Eu não disse nada – Sirius pôs a mão para cima em sinal de rendição e olhou desconfiado para James. 



- Prongs, você tem certeza que vocês dois estão se entendendo? Que estão no mesmo passo? - Remus questionou com cautela. 



- Claro que estamos, Moony – disse James com um sorriso - É claro que estamos... ela vai para o treino hoje. 



- Ela quase sempre vai para o treino... – Peter respondeu. 



- Vamos estudar juntos – disse ele. 



- Vocês sempre estudam – disse Sirius cético. 



- É diferente – respondeu James... 



- Tem certeza? - Remus perguntou temeroso. 



- Claro que sim – disse James - Nós estamos nos entendendo e ponto final. 



- Só espero que ela saiba disso, companheiro – Sirius disse triste. 



- Ela sabe... - disse James seguro de si. 



 



- Onde você estava, srta. Lily - disse Marlene assim que viu a ruiva entrando no dormitório. 



- Shiu! - disse Lily pondo os dedos nos lábios e apontando para as amigas que ainda estavam dormindo. 



- Onde você estava? - Marlene sussurrou – Emme e Dorcas disseram que viram você saindo com Potter.  



- Fui ao clube do Slugh - sussurrou ela com um sorriso enquanto procurava uma roupa confortável em seu malão - James me acompanhou. 



- Imaginei – Marlene retrucou – Mas ninguém viu vocês voltarem. 



Lily somente sorriu. 



- Evans, sua maluca, o que você fez? - Marlene falou em um tom mais alto. 



- Shiu, Lene! - ela sorriu – Me espere para ir ao treino. 



- Você vai no treino? - Marlene ainda não perguntou, mas Lily já estava se encaminhando para o banheiro com um sorriso – Lily Evans, eu já disse que te odeio hoje? 



Lily jogou um beijo para Marlene e seguiu para o banheiro.  



 



Quando James desceu parte do seu time já estava na sala comunal bocejando, John estava com seu antigo pomo capturando e soltando-o, assim como James costumava fazer. Lizzie dormia, quase babando nos ombros de Edmund e este estava travado, como se uma bomba estivesse prestes a explodir se ele se mexesse. Marlene chegou minutos depois, com uma sorridente Lily em seu encalço, James sorriu só de vê-la. 



Luke foi o último a chegar também com um sorriso maroto no rosto. 



- Parece que nosso capitão não foi o único a ver um pássaro verde esta manhã - disse John com um sorriso. 



- No caso de James está mais para um passarinho ruivo – Sirius sorriu malicioso em direção a Lily a fazendo-a corar e Marlene bufar – E Fawley? Que cor era o seu passarinho. 



- Negro – disse Luke com um sorriso – E com lindos olhos azuis. 



- Se for quem eu estou pensando está mais para uma serpente que um passarinho – disse John rindo. 



- Ora, ora, ora – Sirius continuou despenteando Luke – Quem é esta cobrinha que dominou nosso leãozinho? 



- Belinda McNair – John sorriu e respondeu. 



- Merlim, Fawley – disse Marlene – Ela é esnobe, para não dizer o mínimo. 



- Mas é linda! - ele sorriu de volta. 



- Eh, não é melhor ir para o treino? – disse Thomas Mason, o artilheiro – Tenho trabalhos para terminar hoje. 



- Concordo com você, Tommy – disse Lily sorrindo – Vamos.  



- Vocês estão certos – James sorriu para ela – Certo, cambada, chega de conversar, Summers acorde a Steel antes que ela te encha de baba, John não provoque o Luke, ele tem o dobro do seu tamanho. Sirius para de me encarar. 



As pessoas começaram a se mover, Lizzie acordou com um bocejo, corando ao se ver no ombro de Eddie, James saiu na frente ao lado de Lily puxando o resto do time como um comboio, Sirius e os rapazes se deixaram ficar para trás puxando Marlene com eles. 



- O que a Evans te contou, McKinnon? - perguntou Sirius. 



- Não me contou – ela respondeu brava – E mesmo que tivesse, não te interessa. 



- É claro que me interessa, James passou a noite com sua amiga, McKinnon, ele parece que viu uma veela, tomou uma poção do amor, não sei... Só não quero que ele machuque. 



- É mais fácil Potter machucar Lily – respondeu Marlene incrédula. 



- Não, Lene – respondeu Remus – James está apaixonado por Lily há anos 



- Caidinho por ela – completou Peter. 



- Completamente louco – disse Sirius. 



- Achamos que ele está entendendo tudo errado – disse Remus – Achamos que talvez Lily não queira nada com ele, ou que ele esteja esperando muito mais do que ela está disposta. 



- E... - Marlene olhou para eles parando no corredor deixando uma distância ainda maior  



- E que o idiota vai se machucar quando perceber isso – respondeu Sirius – O que nos traz de volta ao nosso assunto, Lily te contou alguma coisa para você, McKinnon? 



- Lene, por favor... - Remus pediu 



- Pela nossa sanidade – disse Peter. 



- Ela não me disse nada – disse Lene – Eu perguntei, mas ela só sorriu. 



- Ótimo! - disse Sirius sarcasticamente. 



- Não, Pads, isso é bom – Remus sorriu – Ela está feliz e não arrependida.  



- Vamos ficar dependendo do bom humor da Evans? - perguntou Sirius. 



- Não, mas pelo menos sabemos que a noite não foi um desastre total – respondeu Remus pensativo. 



- Sim, mas até quando vai durar esta alegria? - perguntou Sirius. 



- Até James fazer alguma merda – respondeu Marlene olhando para eles – Entendam, Lily gosta de James, o problema é quando ele banca o idiota. 



- James não é idiota – disse Sirius protetor. 



- Às vezes ele é, Pads - disse Remus em um suspiro cansado – Certo! Temos um problema. 



- Impedir James de fazer merda? - disse Peter - Impossível. 



- Podia ser pior – Remus sorriu consolador – Podia ser Sirius que tivéssemos que conter. 



- Ei! - resmungou Sirius, enquanto os outros riam - Não vamos impedir James de nada, se Lily gosta dele tem que gostar como ele é. 



- Então eu sinto muito – disse Marlene com as sobrancelhas erguidas, deixando os rapazes embasbacados. - Eu preciso ir, espero que James não magoe Lily, ela não merece. 



- E eu espero que ela não magoe ele – disse Sirius pesaroso olhando para os seus amigos – Eu realmente espero... 



 



Lily se acomodou na arquibancada olhando James assumir uma postura completamente diferente da que estava de manhã, seus ombros se enrijeceram, o deixando com uma postura maus altiva e autoritária. Ele corrigia a postura dos jogadores mais novos e brigava com aqueles que não prestavam a atenção adequada. Lily pensou que seria um desperdício se James não pudesse usar em algum lugar aquele espirito de liderança nato. 



Sirius sentou ao seu lado, juntamente com Remus e Peter, assim como Marlene que se juntou ao time e levou um olhar zangado de James na direção dela. 



- Onde vocês estavam? - Lily perguntou sorrindo – Marlene vai ficar dias com um humor terrível depois desta bronca monumental. 



- Ela supera – respondeu Sirius de cara fechada. 



- Aconteceu alguma coisa, Sirius? - Lily olhou para eles. Sirius estava com maxilar trincado e os olhos cinzentos em fendas, Remus e Peter também não pareciam muito bem. - Moony? Peter? Aconteceu alguma coisa? 



- O que você quer com James, Lily? - perguntou Sirius de supetão sem nem mesmo olhar para ela. 



- Sirius! - Remus reclamou - Não temos nada a ver com isso, ignore ele, Lily. 



- Temos sim! - Sirius resmungou – Somos nós que vamos catar os caquinhos de James quando a Lily quebrar o coração dele. 



- Eu não quero quebrar o coração dele – Lily respondeu assustada. 



- Ótimo! - disse Peter animado – Estamos entendidos, vamos ver o treino... 



- Não - disse Sirius a encarando – E como você pretende fazer com que isso aconteça? Ou melhor, não aconteça. 



- Eu não sei... - Lily respondeu – Mas acho que isso é só da nossa conta, não? 



- Lily – Remus tentou apaziguar - Só queremos ter certeza que você e James estão bem. 



- Não existe eu e James, ainda, Remus – disse Lily sem tirar os olhos de Sirius –  Mas agradeço a preocupação. 



- Evans você não pode... - começou Sirius bravo. 



- Escuta Sirius – disse ela irritada – Eu gosto de James, gosto mesmo, mas esta cedo para qualquer coisa, por Merlim, nós só saímos uma vez. Ele parecia contente com isso, então você também deveria estar. 



- Acontece Evans que meu amigo é louco por você, eu perdi a conta das vezes eu tive que o carregar de volta para o dormitório, porque estava bêbado demais tentando afogar as mágoas depois de um fora seu. E quantas noites nós não dormimos, pois estávamos consolando-o quando você saia com qualquer babaca menos ele. Você pisou nem James, esfregou ele no chão e saiu andando como se nada tivesse acontecido, e adivinhe só quem estava lá para limpar sua sujeira? Não vou ver James magoado de novo, Evans, ele é mais que um irmão para mim e não vou deixar ninguém, ouviu? N-I-N-G-U-É-M machucar ele. 



Lily olhou para ele assustada, nunca imaginara James bêbado por ela, magoado ou se quer triste. Ele sempre tinha uma resposta, sempre ferino ou superior, um riso no rosto idiota. Mas repassando sua vida, ela também chorara por James sem que ninguém visse, principalmente quando ele era um idiota. Ela também bebera até cair quando ele a convidara para sair e acabava saindo com outra, só para lhe provar que ela era apenas mais uma. Ela olhou para o fiel amigo de James, uma amizade que transpassava todos os limites, uma amizade que ela queria para ela. 



Sirius ofegava depois de gritar com ela, Remus e Peter estavam sem palavras olhando de um para outro. Lily se pôs calmamente nas pontas dos pés e deu um beijo na bochecha de Sirius. O garoto não esperava por essa, e assim que sentiu o beijo casto de Lily ele sentiu o ar faltar. 



- Sirius... – ela começou medindo as palavras comum suspiro -  Padfoot, eu prometo que vou fazer de tudo para que nenhum de nós saia machucado dessa. - Lily negou quando viu que Sirius iria contraria-la – Ainda é muito cedo para juras e promessas de amor, mas eu gosto de James e cada dia eu enxergo mais claramente quem ele realmente é ou em quem está se tornando, e eu gosto muito desta pessoa. Não sou volúvel, Sirius. Nunca aceitei sair com James antes porque eu não gostava dele, não ia aceitar agora seus meus sentimentos não fossem diferentes, não é? Por que não esperamos para ver no que isso vai dar, hein? Talvez James que não me queira mais... 



- Isso não vai acontecer – disse Remus comovido – Ele realmente é louco por você, Lily. Você o fará muito feliz, tenho certeza. 



- Acho que sim – ela disse com um sorriso brilhante. - E você, Peter, tenho sua aprovação para sair com James? 



- Minha? - Peter olhou para ela assustado – Acho que sim – ele sorriu mais animado – Claro, que sim, Evans. 



- Padfoot? - Lily olhou para ele pondo as suas mãos nas de Sirius - Amigos? 



- Droga, Evans! Alguém consegue ficar bravo com você? - Sirius olhou para ela irritado. 



- Minha irmã - Lily deu um sorriso triste – Mas isso é porque Petúnia é irritada com tudo que não seja perfeito. 



- Olhe aqui, Ruiva – Sirius olhou sério para ela – Se magoar James eu não vou te perdoar, não importa o quão adorável você seja, ou quantas vezes salve minha vida, entendeu? 



- Combinado! - disse ela estendendo a mão para que ele apertasse. 



Sirius apertou e a puxou para um abraço sussurrando para que só ela ouvisse: "Bem-vinda a turma, Evans!". 



 



 - ELES O QUE? - James explodiu no meio do cheio salão comunal. 



- Shiu, James – Lily sussurrou tentando acalmá-lo – Eles só estavam te defendendo, foi bonitinho de ver. 



- Eles não tinham este direito! - James trincou os dentes nervoso. 



Os dois estavam sentados em uma das mesas afastadas da sala comunal, vários pergaminhos e livros jaziam entre eles abertos e riscados. Lily soprava a tinta de um de seus trabalhos já concluídos quando contou para James a conversa que tivera com o restante dos marotos pela manhã. 



Sirius, Remus e Peter estavam mais distantes perturbando um bando de primeiranistas com história dos monstros aterrorizantes que viviam na Floresta Proibida, Lily achava que nem metade daquelas histórias eram verdade, mas os garotinhos pareciam estar levando tudo aquilo muito a sério. Se evitasse que os pequenos não entrassem na floresta, para Lily estava bom, porém James estava fulminando os amigos com os olhos. 



- Você faria o mesmo por eles – disse Lily sorrindo. 



- Não, olha lá a Mary toda encantada para cima de Remus e eu nem disse nada – James resmungou. 



- Mary nunca xingou Remus publicamente – disse Lily com um sorriso – Vamos, James considerando nosso histórico é natural que seus amigos estejam desconfiados. 



- Eles são um bando de intrometidos – disse James chateado. 



- Eu achei fofo – disse ela rindo – Bem galante da parte deles, protegendo o donzelo em perigo. 



- Ah, cala boca, Evans – James resmungou arrancando uma gargalhada dela - Você não tinha de dever para fazer? 



- T.… tenho – ela respondeu ainda rindo da cara de bravo dele – E você prometeu me ajudar, por isso desfaça essa cara de emburrado – ela deu um selinho tão rápido em James que ele não saberia dizer se havia ocorrido de fato somente para provar seu ponto – Venha, Minerva vai acabar comigo com esta redação sobre animagia. 



- Não é tão difícil – disse James com um princípio de sorriso nos lábios. 



- Não é difícil? James, você faz ideia de quantos bruxos se tornaram animagos em um século inteiro? SEIS. E o único que conhecemos é Minerva, como você pode dizer que não é difícil? 



- Acho supervalorizado – disse James dando de ombros. 



- Certo então, sabichão. Do que eu preciso para me tornar uma animaga? 



- Força de vontade e tempo – ele respondeu de imediato com uma serenidade invejável. 



- James é uma mágica avançadíssima e perigosa, o ministério acompanha de perto quem quer se tornar um, você mesmo disse isso. Não pode ser só isso. 



- Não é, mas não é complexo, o mais difícil do processo é esperar e agir nos momentos certos, encare isso quase como uma poção - disse ele de modo professoral – Algumas poções têm passos que devem ser executados meticulosamente em momentos bem específicos, não? 



- Sim – disse ela com um sorriso. 



- O processo de se tornar animago também, o mais demorado é ter que cumprir todos os passos sem errar nenhum, se não tem que voltar ao começo, fora que qualquer erro pode ter consequências graves. Mas nada que um pouco de cuidado não resolva. 



- Certo – disse ela tomando nota – Muito parecido com Poções. Então o primeiro passo é... - Lily foleou seu livro animada. 



- Ficar com uma folha de mandrágora na boca por um mês inteiro, sem tirar ou deixá-la cair. Isso inclui comer com ela, escovar os dentes, entre outras coisas que queira fazer com a boca.– disse James de pronto. 



- Isso é nojento – ela tomou nota – Como é possível? Quer dizer você pode engolir sem querer enquanto come, além disso deve prejudicar seu paladar ou fala. 



- Ninguém disse que era divertido – James sorriu – Mas não é nada impossível, percebe? 



- Sim – ela virou a cabeça para ele – Mas não é nada que me tente, apenas para virar um animal.  



- Por que não? - James questionou – Não há nada que te atraia em ser um animal de vez em quando? 



- Acho que eu gostaria de voar, sabe? Sem vassouras ou animais voadores, talvez eu quisesse ser um pássaro, uma coruja ou rouxinol, como você me transformou, provavelmente. Mas nada que me leve a ficar meses com uma folha de mandrágora na boca. E você, se fosse um animago que animal você iria se transformar? 



- Não é possível escolher o animal que você quer se transformar – disse James sorrindo e apontando para o pergaminho dela para que ela escrevesse - Você só fica sabendo que animal você ira ser no final, quando estiver a ponto de se transformar. 



- Então a gente tem que passar por... - Lily olhou o livro de transfiguração com o passo a passo de transformação em animago e contou silenciosamente – ...por seis etapas para se transformar em um animal que você não sabe qual? Não me parece muito bom. 



- Isso se você acertar todos os passos, caso contrário volta do começo - James sorriu. 



- Realmente não é muito bom – disse Lily – Não me surpreende que tenham seis animagos apenas nos últimos anos. 



- Foi o que eu disse – James sorriu enquanto brincava com uma pena – Paciência e Tempo são as únicas coisas que precisa. 



- E como você sabe tanto sobre este assunto? - Lily perguntou. 



- Gosto de transfiguração - James deu de ombros – Fiquei curioso quando McGonagall nos falou a primeira vez e pesquisei a respeito. 



- Isso foi quando estávamos no terceiro ano – disse Lily assustada – Mal tínhamos aprendido o que eram mandrágoras. 



- Era só algo que eu estava curioso, acabei aprendendo no processo – respondeu James dando de ombros  



Lily continuou escrevendo passo a passo de como se transformar, com prós e contras, e problemas que poderiam surgir em cada passo. Ela apoiou a pena olhando para James que desenhava em seu pergaminho animadamente. Ocasionalmente Lily fazia alguma pergunta complexa mesmo que tivesse acabado de ler a respeito apenas para testar James, era impressionante o quanto ele sabia do assunto e respondia sem se quer piscar. 



- Certo – disse Lily suspirando e se esticando antes de medir o pergaminho- Acho que terminei transfiguração - ela sorriu - Graças a você. 



- Não há de que – disse ele com um sorriso – Agora temos o que? Feitiços? 



- Sim, poções eu terminei mais cedo – ela disse enquanto fechava todos os livros de transfiguração espalhados com um floreio e depois com o mesmo movimento natural ela empilhava magicamente os livros já utilizados no chão substituindo pelos outros de feitiços que já paravam na mesa abertos nos capítulos corretos. 



- Parece que este você não precisa de muita ajuda – disse James boquiaberto pela facilidade de Lily em fazer aquele encantamento tão fluido. 



Ela sorriu para ele orgulhosa de si mesma, concordando animadamente. Os dois apenas se encararam por alguns momentos perdidos um no olhar do outro. Mas foram logo interrompidos por um Sirius animado, um Remus completamente sem graça com Mary encantada de mãos dadas a ele e um Peter alegre. 



- Eu tentei segurar ele o máximo que eu pude – disse Remus como pedido de desculpas para Lily – Eu juro. 



- Eles só estavam estudando, Remie – Sirius pegou um dos livros abertos lendo com uma careta – E é só Feitiços, nada que não possam fazer amanhã. 



- Viemos para planejar – disse Mary animada. 



- Planejar? - perguntou Lily – O que vocês querem planejar? 



- A Mui Esperada Festa de Aniversário de Sirius Black - disse Sirius pomposamente - Também conhecida como A Melhor Festa que a Grifinório já viu nos últimos 300 anos. 



- Não tinha um nome menor? - Lily ergueu as sobrancelhas para ele em sinal de descrença. 



- Nada que passasse a grandiosidade e importância do evento – ele respondeu animado. 



- Certo! - disse James se animando e esquecendo que há pouco tempo estivera furioso com Sirius – Precisamos de bebidas – ele pegou um pergaminho em branco em cima da mesa e anotou o tópico - muita bebida. 



- Sugiro o Cabeça de Javali, Aberforth não tem tantos escrúpulos quanto vender bebidas para alunos quanto Rosmerta – disse Remus se animando. 



- Certo – anotou James – Precisamos de música. 



- Deixa comigo – disse Sirius animado. 



- E comigo – Remus concordou com um sorriso. 



- Posso cuidar da decoração? - disse Mary que recebeu uma concordância dos rapazes, James anotou mais um tópico. 



- Comida – disse Peter – Precisamos de comida. 



- Podemos dividir a comida em dois - disse James pensativamente – Parte podemos arranjar nas cozinhas e parte teremos que comprar em Hogsmead. 



- Só tem um problema – Lily se pronunciou e todos olharam para ela – Acabamos de ter um fim de semana em Hogsmead, não teremos outro tão cedo. 



- Não precisamos de um fim de semana em Hogsmead para irmos para Hogsmead, Lily querida – disse Sirius. 



- Certo! - ela disse envergonhada – Esqueci disso. 



- Bem, por enquanto é só – disse James analisando a lista – Peter cuida da comida em Hogsmead – Sirius e Remus ficam com a bebida e as músicas, Mary a decoração, eu e Lily vamos pegar o que pudermos nas cozinhas. Algum problema? 



Todos negaram animadamente. 



- Sirius preciso da sua lista de convidados se você quiser isso feito até dia dois – disse James metódico. 



- Você terá até amanhã de manhã – Sirius respondeu. 



- Peraí - Lily interrompeu com testa franzida em perplexidade – A festa é dia dois? 



- Claro – respondeu Sirius parecendo meio ofendido – Este é o intuito de uma festa de aniversário, Evans, ser no dia do aniversário. 



- Sim, mas dia dois é uma quarta-feira – disse ela – Temos aula. 



- É apenas uma festinha – disse James apaziguador. 



- Nem sonhe com isso, Potter – Sirius sorriu maléfico – A Mui Esperada Festa de Aniversário de Sirius Black será lembrada por gerações. 



Lily grunhiu arrependida enquanto todos concordavam animadamente. 



 



- Você tem certeza que Lily não vai implicar? - disse Sirius para James. 



Os dois estavam no corujal, Sirius encaminhando uma carta para a mãe de James e James enviando a de Deoch. 



- Com a festa ou com a bomba de bosta que colocamos na carta? - James perguntou com um sorriso no rosto. 



- Acho que a melhor resposta seria: Ambos – Sirius sorriu. 



- Deoch foi um babaca com ela – o sorriso no rosto de James desapareceu – E eu fui um imbecil de não defende-la melhor, não que ela precisasse, obviamente. Além disso não é como se fosse meu sonho entrar no ministério, de qualquer forma – ele deu de ombros – este imbecil merece. 



- E a festa? Ela é monitora chefe... - Sirius olhou preocupado. 



- Fique tranquilo – James voltou a sorrir – Lily não é do tipo certinha demais. Além disso ela gosta muito de você, Sirius, não me pergunte o porquê ou como, mesmo você agindo como idiota mais cedo. Eu sei me cuidar, Pads, achei que soubesse. 



- Desculpe por isso – Sirius disse arrependido. 



- Relaxe – James suspirou – Se Lily está bem com isso acho que não devo me importar, não é? 



- Ela é uma boa garota – Sirius sorriu batendo nos ombros de James. 



- Sim, ela é - James concordou com um sorriso. 



 



- Como você me convenceu a fazer isso eu jamais vou entender – Lily suspirou ao lado de James enquanto se encaminhavam para as cozinhas. 



- É o meu charme – ele sorriu de lado enquanto ela revirava os olhos. 



- McGonagall vai nos matar lentamente e com requintes de crueldade – Lily disse em um suspiro. 



- Somente se ela souber – James sorriu animadamente - Não vamos deixar isso acontecer.  



James andou um pouco a frente dela. Lily se viu no corredor que levava para a sala comunal da Lufa-lufa, como monitora chefe tinha que saber quais as entradas e senhas de cada casa, mas James passou reto pela entrada e foi até um grande quadro de paisagem morta. Ele coçou uma pera, e a fruta começou a rir. Lily piscou os olhos ao ver a pequena pera se contorcer de cocegas para depois virar uma maçaneta. 



- Eu não acredito que vocês tenham descoberto isso sozinhos – disse Lily deslumbrada enquanto o quadro abria - É impossível. 



- Bem, você tem um pouco de razão neste daqui – James deu de ombros – Foi um elfo doméstico que nos ensinou. 



- E o que vocês fizeram para o pobre elfo para ele fazer isso? 



- Só pedimos, ele ficou bastante satisfeito em nos mostrar – James sorriu animadamente enquanto se dirigia para dentro da cozinha - Olá Milly, Jeakins, como estão? 



- Mestre Potter – disseram os dois elfos em uníssono que estavam mais a frente - O que podemos fazer para o senhor? 



- Vamos dar uma festa, para Sirius, precisamos de muita comida, acham que conseguem? 



- Claro que sim – respondeu uma elfa com a voz fina, deveria de Milly – Faremos tudo que mestre Sirius gosta. Estará pronto em 20 minutos, mestre Potter. 



Os elfos começaram a se mexer em um grande alvoroço. Antes que Lily pudesse entender o que estava acontecendo ela viu surgir um elfo com uma bandeja com duas xicaras de chá e bolinhos quentes, para eles comerem enquanto esperavam. 



- Como eles fazem isso? - perguntou Lily bebericando o chá quente. 



- Eu já desisti de descobrir – James pegou um bolinho animado e colocando na boca - Acho que deve ser completamente mágico, não sou capaz de ferver uma água, nem se minha vida dependesse disso. Deveríamos ter mais aulas sobre feitiços domésticos, se quer saber minha opinião, posso apostar que minha mãe consegue preparar uma ceia com um único floreio de varinha. 



- Eu acho que tenho que concordar com você - disse Lily olhando para seu muffin – Eu quando estou em casa esqueço que tenho varinha, e me vejo fazendo tudo de forma trouxa. Não sei se um dia vou me adaptar. 



- Isso por que você acabou de fazer dezessete anos – disse James com um sorriso - Não estava acostumada a fazer as coisas com magia, além disso você aprendeu a fazer tudo de forma trouxa, não é fácil acabar com um hábito. 



- Você pode ter razão - Lily disse desanimada. 



- Hei – James disse levantando o rosto dela – Eu cumpro tanta detenção sem usar varinhas, que eu realmente me esqueço delas as vezes, e olha que cresci a vida toda cercado por magia. Isso não te faz diferente, Lils. Ponha isso na sua cabeça. 



James a beijou delicadamente nos lábios, a fazendo corar e sorrir. O beijo se desfez e Lily se afastou antes que James pudesse retomar a atividade. 



- Não queremos que os elfos nos expulsem, certo? - sussurrou Lily para ele. 



- Não estou bem certo disso - James deu um sorriso levado, mas se separou dela. 



Eles permaneceram calados, mas sorrindo um para o outro, quando os elfos apareceram com grandes cestas com comida, suco de abobora e um bolo enfeitado de glace nas cores da grifinória. James pegou as sextas enquanto Lily segurava cuidadosamente o bolo.  



- Não vamos passar despercebidos com tudo isso – Lily olhou para James - Mesmo como monitores, não sei se McGonagall seria condescendente. 



- Não seria... - James sorriu e parou, tirando sua varinha do bolso e apontando para as cestas que carregava, logo elas ganharam altura e pararam flutuando ao lado do braço de James. Ele pegou a capa de invisibilidade e jogou em cima das cestas, as escondendo – Certo, você vai ter que prometer que não vai surtar comigo. 



- Por que eu surtaria? - disse Lily desconfiada. 



- Por causa disso. - James retirou de dentro da sua veste um pergaminho e apontando a varinha sussurrou – Juro solenemente não fazer nada de bom. 



O pergaminho foi automaticamente preenchido por linhas finas e delicadas, realizando um desenho complexo. Lily olhava assustada. 



- O que é isso? 



- Um mapa de Hogwarts – James sorriu travesso – Bem não só um mapa, na verdade.  



- E como ele vai nos ajudar? - disse Lily com as sobrancelhas erguidas em um arco descrente – achei que soubesse de cor todas as passagens. 



- Eu sei, não vou usar o mapa para achar uma passagem – James continuava olhando para o mapa – Aha! McGonagall está com Dumbledore, então podemos passar no frete da sala dela, Filch e aquela gata horrorosa estão na ala leste, pirraça está com eles, então devem demorar. Só temos que tomar cuidado com Professor Noble, mas acho que chagamos na passagem do quarto andar sem eles no ver. 



- Como você sabe sobre isso? - disse Lily de boca aberta. 



- O Mapa – James disse para ele – Ele não mostra só as localidades da escola, mas também todos que estão nela. 



- E onde você arranjou isso? - Lily questionou. 



- Não arranjei, nós fizemos – disse James a puxando enquanto controlava as cestas ao seu lado – Eu e os rapazes fizemos há alguns anos atrás.  



- James isso é... - Lily disse arregalando os olhos. 



- Irresponsável, eu sei, mas Lily... 



- Eu ia dizer incrível - ela sorriu – Louco e incrível, para não dizer o mínimo. É um feitiço particularmente avançado - ela disse olhando para o mapa – fora o trabalho que deve ter dado para desenhar Hogwarts inteira. 



- Estávamos entediados – disse James arrogante. 



- Vocês são malucos – Lily descordou – Completamente insanos, mas geniais. 



- Eu achei que você iria pirar – disse James animado, virando em uma passagem que Lily não conhecia. 



- Eu não estou bem certa de que não vou mais tarde – Lily respondeu com um meio sorriso – Mas no momento eu só consigo imaginar que este mapa pode nos economizar noites de rondas, principalmente quando estivermos perto dos NIEMs. 



- E eu achando que você era uma monitora certinha – disse James fingindo desapontamento – A senhorita me enganou, Evans. 



- Eu creio que seja má influência de certas pessoas, Potter – ela sorriu enquanto James ria animado. 



Os dois chegaram até a sala comunal realmente sem nenhum percalço, como James havia planejado. Ele apagou o mapa antes que eles entrassem. A sala estava vazia com a maioria dos alunos no jantar. Lily depositou o bolo em uma das mesas que ela enfeitou com um complexo floreio da varinha, onde saíram fitas douradas e vermelhas montando um desenho arrojado ao entorno da mesa e 18 velas apareceram no bolo. 



- Bonito – disse Peter que arrumava uma série de doces dos dedos de mel em uma outra mesa. 



- James – Remus gritou animado – Que bom que você chegou, estamos em um dilema de onde colocamos o som. Sirius quer no centro da festa, mas acho que ele fica melhor naquele canto. 



- As pessoas vão tropeçar se for no meio - disse James pensativo. 



- Mas no canto não há espaço para as meninas dançarem - Sirius sorriu - Não queremos que elas não dancem. 



- Por que não empurra as poltronas para aquele canto e aumenta o espaço? - sugeriu Lily. 



- Boa ideia, ruiva – Sirius sorriu animada – Sabia que havia um motivo para James estar com você. Moony, você ouviu a moça. 



- Vou ficar feliz quando o aniversário dele acabar – resmungou Remus para Lily antes de ir para onde Sirius havia indicado e tirava as poltronas as levitando para o outro lado da sala comunal. 



Lily riu e deixou James ajeitando o restante das comidas e deu uma olhada ao redor. A sala estava completamente diferente, Mary estava fazendo um trabalho excelente. Na parede pendiam fitas e faixas com dizeres de "Sirius é um bom companheiro" ou "Melhor bruxo não há". Vários desenhos de filhotes de cachorro corriam pelas paredes animados. 



- Por que dos cachorros? - perguntou Lily a Mary que estava encantando bexigas para brilharem e mudarem de cor. 



- Não me pergunte – ela respondeu com um sorriso - James que deu a ideia. Ou exigiu, nunca sei qual a diferença quando é ele. Mas particularmente acho que é por conta de Sirius, a estrela. 



- Está na constelação de cão maior – Lily continuou o raciocínio - É o tipo de brincadeira que eles fariam.  



- O patrono de Sirius também é um cachorro. - Disse Mary concordando –  eu achei uma piada bem literal para gosto deles, mas quem sou eu para retrucar. - Ela deu de ombros enquanto terminava as bexigas - me ajuda aqui. Você levita elas e eu uso um feitiço adesivo. 



Lily ajudou Mary e logo o teto estava forrado de bexigas multicoloridas, dando um ar engraçado e ligeiramente psicodélico no salão comunal. Mary logo foi reivindicada por Remus. Lily sorriu ao ver os dois juntos, ela percebeu o quão raro era realmente ver Remus sorrindo tão abertamente. 



- Admirando seu trabalho? - James sussurrou no ouvido dela. 



- Eles realmente formam um belo casal – disse Lily sorridente. 



- Sim formam – James sorriu em resposta olhando profundamente para ela. Algo lhe disse que ele realmente não estava falando de Remus e Mary. 



Lily corou antes de James sair para ajudar os rapazes em mais alguma coisa. O salão comunal aos poucos se transformou em uma festa glamourosa e barulhenta, principalmente quando os alunos começaram a chegar. A grifinória inteira, inclusive os primeiranistas gargalhavam e dançavam animadamente. Lily reconheceu alunos de outras turmas também, umas três garotas corvinais do seu ano praticamente seguiam Sirius, uma turma animada de lufanos puxava um trenzinho já formado por alunos minimamente bêbados. 



Lily roubou um dos sanduiches de cima da mesa e uma garrafinha de cerveja amanteigada e buscou por algum conhecido. Encontrou James sentado em uma poltrona olhando divertido para um grupo sentado no chão. Lily se sentou no braço da poltrona dele. 



- O que eles estão fazendo? - disse Lily olhando para o grupo mais abaixo. Que gargalhava ferozmente. Ela assistiu Sirius, Marlene, Luke Fawley, Remus e Peter virarem um copo com algo muito parecido com whisky de fogo dentro. Enquanto Dorcas, Emmeline e Mary batiam palmas animadas. 



- Estão jogando dez dedos – James explicou e vendo a cara de confusa de Lily ele explicou melhor - Você começa com dez dedos e diz algo que você nunca fez ou não tem, se alguém do grupo tiver feito, ele perde um dedo e tem que tomar um gole de bebida. 



Lily olhou novamente para o grupo. Sirius tinha ainda quatro dedos levantados, Peter, Luke e Marlene tinham cinco, Dorcas, Emmeline e Remus tinham seis, e Mary era a única que ainda ostentava sete dedos. 



- Mary parece estar se saindo bem! – disse Lily. 



- Remus está protegendo ela – disse James – Mas acho que ela pegou o jeito.  



James apontou para o círculo onde uma Mary muito animada falava: 



- Eu nunca... – Mary riu animadamente – Beijei uma garota. 



Os meninos bufaram abaixando um dedo, enquanto Dorcas e Emmeline comemoravam. Quando os perdedores foram pegar um copo, Marlene também pegou o seu, Sirius que estava do lado dela contando os dedos que ela levantava confusamente. 



- Marlene! - ele disse trôpego – Você já beijou uma garota? 



- Sim! – respondeu  Marlene tomando o whisky rapidamente sem se quer fazer careta - E qual o seu problema com isso?  



- Todos – respondeu Sirius – Como farei para dormir à noite imaginando esta cena? Que garota, Lene? 



- Não te interessa Black – Marlene respondeu mal-humorada – Quem é o próximo? 



Lily desviou os olhos divertida, atraída pelo riso fácil de James.  



- Aposto que Sirius vai testar todas as garotas possíveis, até que Marlene diga ou ele caia desmaiado – James disse conspiratório. 



- Por que não está jogando? – disse Lily observando James. 



- Achei que alguém deveria ficar sóbrio - ele deu de ombros. 



- O barulho da festa está indo até o terceiro andar – disse Lizzie Steel animada. Ela acabava de chegar pelo buraco do retrato. 



- Deixa comigo – Lily disse sorrindo – Abaffiato – ele apontou a varinha para a parede.  



Lizzie correu para fora do retrato para ver se tinha dado certo. Logo voltou animada. 



- Supimpa! Não dá para ouvir nada - disse ela sorridente - Você é ótima, Lily. 



- Onde aprendeu este feitiço? - perguntou James franzindo a testa - Nunca ouvi falar nele. 



Lily corou vergonhosamente, mordendo os lábios antes de dizer: 



- Por aí!  



Se James percebeu que ela queria esconder algo ele não demonstrou. Mas também não houve tempo, Marlene e Sirius começaram a discutir por conta do jogo, algo como Sirius sempre dizer algo que com certeza ela tinha feito, de propósito. 



- Você acha que devemos interferir, antes que eles se matem? - James questionou, mas a voz de Lily se perdeu no grito de Sirius: 



- É MEU ANIVERSÁRIO, MCKINNON! VOCÊ DEVERIA ESTAR ME BEIJANDO E NÃO GRITANDO COMIGO! 



Marlene foi para cima de Sirius e Lily estava quase se levantando para tirar Marlene de cima dele, quando percebeu que os dois estavam se beijando e não brigando como ela achava.  



- Eu acho que a brincadeira acabou – disse Luke com um riso bêbado, tentando se levantar do chão, evitando os corpos entrelaçados dos dois. 



- Eles iam perder de qualquer forma – disse Remus levantando elegantemente e puxando Mary com ele. 



- Pelo menos não fui eu quem perdeu desta vez – disse Peter animado levantando e puxando Dorcas e Emme com ele. 



Eles gargalharam, extremamente tontos em graus diferentes. Todos saíram para pista de dança onde tocava uma música agitada. Lily reconheceu como uma das músicas do disco que havia dado a Sirius mais cedo. James a puxou e começou a dançar com ela em seus braços, em um ritmo lento. 



- Eu acho que não é assim que se dança esta música, James – disse Lily rindo enquanto ele a girava pelo salão. 



- É claro que é - James sorriu de volta a puxando novamente para seus braços, dando mais alguns passos pequenos. 



Os dois formavam um contrate evidente com o resto dos dançarinos, mesmo Remus e Mary pulavam ao som do rock potente, magicamente ampliado, que saia da vitrola. James e Lily parecia mais estarem dançando uma valsa suave. Mas ninguém realmente parecia ligar.  



- Hei, James – uma garota cutucou James no braço, era uma das corvinas que estava sempre atrás de Sirius. 



- Sim? - James disse solicito, parando de dançar, mas ainda segurando fortemente Lily. 



- Vocês vão deixar Sirius enroscado, com aquela... com aquela... com ela – disse a garota revoltada apontando para Sirius e Marlene. 



Lily franziu atesta para a menina, mas James pareceu não se abalar, ele olhou longamente para Sirius e Marlene e depois com um sorriso falsamente inocente para a menina disse: 



- Sim. Acho que sim. 



- Mas você não pode – retrucou a garota inconvenientemente. 



James fez mais uma cena olhando para os dois e depois para a menina levemente confuso. 



- Por que não? - ele disse – Ela parece estar gostando. Ele definitivamente está gostando. Ninguém forçou nada a ninguém. Não vejo motivo para separá-los. 



- Mas ela é uma... 



- Cuidado, Parker, com que você vai falar da minha amiga – Lily disse com falsa amistosidade. 



A garota bufou mais não disse nada, saiu batendo os pés em direção ao buraco do retrato, saindo tão tempestuosamente que deixou o retrato aberto por um tempo. 



- O que foi isso? - Lily questionou para James. 



Mas se haveria uma resposta razoável para aquilo não ocorreu. Ouviu-se um grito agudo vindo da fresta do retrato. James e Lily se encararam, perguntando silenciosamente se ambos haviam ouvido o grito quando novamente ele soou, um grito de pavor. 



James foi o primeiro a correr, ele sentiu Lily em seu encalço e logo o barulho da festa diminuiu, os outros alunos deveriam ter ouvido também. James quase tropeçou pelo buraco na ânsia de achar a origem do grito, ele deu de cara com as costas da corvina que havia acabado discutir.



O corredor estava silencioso, o feitiço de Lily realmente tivera sucesso, somente quando alguém saia pelo buraco era possível ouvir a música da festa.



James quis xingar a corvina que estava estancada, achando que ela queria apenas chamar a atenção, mas seu olhar foi atraído para uma cabeça acima. Em sua frente flutuava o corpo imóvel de seu apanhador John Wright, o rosto pálido do garoto inexpressivo sob a franja estava virado para baixo, e havia sangue ou algo muito semelhante escorrendo pelas bochechas. Os braços estavam estendidos na lateral do seu corpo molemente penduradas, enquanto seus pés estavam acima do chão pelo menos um metro. 



A respiração de James parou por um segundo, as mãos suaram de medo e ele se percebeu rezando para que o menino se mexesse, somente para ter certeza que ele não estava morto. Ele viu Lily, pelo canto dos olhos, ofegar, ela deveria ter visto John também, isso o fez se mexer e ir em direção ao garoto. Ele tentou puxar John pelas pernas, mas o garoto não se mexia, e o pânico começou a dominá-lo. 



- Alguém pode me ajudar aqui? - ele gritou impaciente, as mãos tremiam. 



Lily foi ao seu lado silenciosamente e Luke, meio trôpego, liberou passagem pelo grupo de curiosos. Lily ergueu a varinha e disse em um um sussurro rouco: 



- Finite Encatatem. 



John caiu e James conseguiu ampará-lo junto com Luke. Sorte de o menino ser tão pequeno e leve. James apoio John até que ele estivesse deitado no chão de pedra do corredor. As mãos tremulas foram direcionadas rapidamente para o pescoço de John, por segundos, James e o resto da turma seguraram a respiração. 



- Tem uma pulsação - James disse fracamente – Ele está vivo. Tem uma pulsação, tenho certeza. Alguém vá chamar McGonagall! - ele disse ríspido. 



- Eu vou - Lizzie Steel saiu da multidão e começou a correr pelo corredor. 



- Por Merlim– disse James exasperado olhando Lizzie sair – Aconteceu um ataque e vocês vão deixar a Steel sozinha? 



- Eu vou – Remus saiu apressadamente atrás dela. 



- Se isso for um mais um ataque idiota por conta de Quadribol eu juro que eu mesmo vou me certificar que todos paguem! - James disse nervoso. 



- Eu acho que não foi por conta de Quadribol, James – Lily sussurrou para ele. 



James olhou para ela franzindo a testa, mas Lily estava concentrada no rosto de John. Ela lentamente levou as mãos até a franja que ainda cobria o rosto do garoto e levantou os cabelos revelando a face ensanguentada do menino. Na testa de John estavam, em letras garrafais, escritas, por cortes feitos diretamente na carne, as palavras: 



 



SANGUE-RUIM



 



 


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