Evans e Potters
Capítulo 1
Evans e Potters
Lily acordou cedo aquela manhã. Fez um nó em seu cabelo antes de se levantar e arrumar as roupas de sua cama. Riu sozinha, e acenou a varinha e seus lençóis e colchas se arrumaram automaticamente. Era maravilhoso ter 17 anos. Ela olhou para o quarto, seus sentimentos estavam um pouco saudosos ultimamente, talvez fosse por ser o ultimo ano de Hogwarts ela achava que seria seu ultimo ano em casa.
Ela deu uma ultima olhada no quarto. O malão encostado no canto, seu gato, Mr.Tilney, olhava para ela bravo por estar dentro de uma cestinha de animais, ele era preto e Petúnia costumava dizer que ele combinava com Lily, afinal já era ruiva, bruxa e com um gato preto, alguns séculos mais cedo era alvo certo de uma fogueira. Petúnia a ameaçava direto com isso, Lily tentou contar a historia da Wendelin a Esquisita, que havia sido queimada quarenta e sete vezes, dizendo que provavelmente sobreviveria a uma fogueira, mas sua irmã saiu apressada gritando sobre sua anormalidade pelos cantos da casa. Foi a ultima vez que Lily ouvira seu pai rir.
O Pai de Lily, Alfred, havia falecido há dois anos, câncer de pulmão, meses antes de Lily também perder seu amigo de infância, Severo. O pior ano da vida dela. Lily suspirou, passou os dedos no porta-retratos onde estava o pai, estático, em seus bigodes ruivos, como os cabelos dela.
Ela se encaminhou ao banheiro carregando um conjunto de vestes trouxas, iria aparatar, mas era bom chegar à estação como se fosse trouxa. Meia hora depois ela voltou cantarolando “Strawberry filds”, a varinha alocada no bolso de suas calças de cintura alta, seus cabelos soltos balançando e molhando as costas de sua bata. .
- Esta contente hoje, Lily! – disse sua mãe apoiando na batente da porta do quarto da filha – Sei que adora Hogwarts, mas poderia mostrar um pouco de pesar de deixar sua pobre mãe sozinha. .
- Estou triste, mamãe – disse ela enquanto beijava a bochecha da senhora sem nenhum sinal de tristeza. Margareth Evans tinha outrora belos cabelos louros, que começavam a branquear – Vou morrer de saudades da senhora, é meu ultimo ano, e logo estarei de volta.
Lily sorriu e agitou a varinha transfigurando uma rosa e entregando para a mãe que guardou segurou-a junto ao peito. A mulher levantou a sobrancelha encarando a filha.
- Posso aceitar esta rosa sem temer que corujas venham com autuações para a minha filha por magia fora da escola?
- Claro que sim – Lily piscou sorrindo com uma criança pega aprontando – Já tenho 17 anos, mãe, sou uma bruxa adulta e apta a praticar magia, não se preocupe.
- Então, bruxa adulta, venha tomar seu café, logo terá que ir para estação. Não posso deixar minha monitora chefe chegar atrasada – Margareth gargalhou saindo do quarto sendo seguida por Lily – Só tome cuidado, que Petúnia...
Mas Lily já vinha andando no encalço de sua mãe, e antes que ouvisse o que Margareth tinha a dizer Lily tropeçou em uma caixa estacionada na beirada da escada que levava ao andar de baixo, fazendo a ruiva rolar escada a baixo. Se não fosse seus instintos rápidos e sua varinha a disposição, poderia ter se machucado feio. A ruiva tirou a varinha do bolso quase gritando “Arrestum Momentum”, o tempo pareceu se desmanchar devagar e ela caiu como uma pluma no ultimo degrau da escada, com apenas um hematoma se arroxeando em seu braço.
-... Está arrumando sua mudança – completou Margareth com um misto de horror e riso na sua voz ao ver a filha literalmente pousar perto dos seus pés.
- EU AINDA TE MATO, PETUNIA – gritou Lily com a intenção que a irmã ouvisse. E depois indignada com a mãe – Por que ela colocou todas estas caixas na escada. E como elas apareceram de um dia para a noite?
- Não apareceram de um dia para noite, Lily – disse Margareth com um olhar cansado – Se ficasse mais tempo conosco ao invés de lá em cima com seus discos e livros...
- Precisava estudar, mãe – respondeu a menina também com o olhar cansado – Tenho provas difíceis este ano e... - ela baixou o tom de voz em quase um sussurro – Petúnia não me suporta!
- Não diga isso, Lily – respondeu Margareth olhando a filha com carinho – Ela só não te entende...
- É, eu também não a entendo – Lily sorriu triste e mudando o tom de voz para algo mais informal – O que são todas estas caixas?
- São as coisas dela. – disse a mãe – Afinal ela vai se casar no próximo mês, precisa levar as coisas para sua nova casa.
- Ainda não acredito que Petty vai se casar – disse Lily sentando-se a mesa e se servindo com uma xicara de chá – E eu não vou assistir a isso.
- Será que se você não conversar com o Diretor... .
- Não, mãe, Petúnia não me queria no casamento, por isso marcou esta data.
- Eu não me conformo com vocês duas – Margareth soltou um suspiro cansado – Eram tão amigas, antes, antes...
- Antes de eu descobrir que eu era uma bruxa e ela não – disse Lily com um olhar triste. Viu a mãe assentir.
- Você poderia ter sido mais compreensiva – sussurrou a mãe.
- Não tenho culpa – disse Lily com a voz firme – Já discutimos isto antes, não posso fazer de Petty uma bruxa, muito menos tenho culpa de ser uma. Ela podia ter sido mais simpática, tanto eu como Severo queria... – Lily estancou em falar sobre Severo, há muito não mencionava o nome dele.
- Severo... Este não era o menino da Rua da Fiação? – perguntou Margareth trazendo torradas para a filha.
Lily acenou positivamente, sem esboçar nenhum sorriso.
- O que aconteceu? Não o vejo mais por aqui, ou vejo você mencioná-lo como fazia antigamente.
- Severo fez escolhas erradas, mãe – disse Lily olhando no fundo dos olhos verdes da mãe, os mesmos olhos verdes que ela possuía – Nos afastamos por isso, não compactuo das ideias dele.
- Uma pena – sussurrou Margareth – Ele parecia ser um bom menino e gostava muito de você.
- Severo era apenas um amigo, mamãe – Lily olhou-a de canto de olho com uma voz cansada de alguém que já havia cansado de dizer aquilo.
- Não acho que ele pensasse assim. – a Sra. Evans sorriu – Mas se você diz... Quando irá trazer seu namorado aqui novamente?
- Não tenho um namorado.
- Ora, Lily, mas e David? O que aconteceu?
Lily girou os olhos ao pensar no ex-namorado, David Thorpe, um setimanista que Lily havia namorado no ano passado, era o apanhador da Corvinal, haviam brigado principalmente quando Lily tinha torcido pela Grinfinória e comemorado, em um dos jogos que ele havia perdido. E depois, quando noticias de que apoiadores de nascidos trouxas vinham sofrendo graves retaliações apareceram no profeta diário, ele terminou com ela dizendo que ela era “perigosa” demais para ele. .
“Perigosa”, pensou Lily, “Foi a azaração que joguei no meio da cara dele aquele dia. Ou o soco de James Potter deu, quebrando o nariz dele”. Lily não pode deixar de sorrir. Tinha xingado o colega de sala, pois sabia se defender, mas não pode deixar de se sentir satisfeita, quando ele simplesmente respondeu “ainda fiz pouco. Ele não merece você, eu avisei” e saiu andando.
De fato James Potter a havia avisado, logo que Lily aceitou sair com o ex, que Thorpe não era o que ela imaginava. Lily, obviamente, o ignorou, como fizera quase o sexto ano inteiro, e começou a sair com David, foi praticamente obrigada pela mãe a leva-lo em sua casa, durante as férias de Natal, era o primeiro namorado que Lily apresentava a família. Escolhera um dia que Petúnia não estaria. Não gostava de falar de Petúnia com ninguém na escola, muito menos com David, era pessoal demais.
Quase no fim do ano letivo, provavelmente o estresse dos NIEMs dele somados a uma noticia particularmente triste que havia chegado aquele dia através do Profeta Diário: um casal de sangue puros havia sido assassinado por abrigarem dois nascidos trouxas que denunciaram abusos dos intitulados Comensais da Morte. Seus corpos mutilados foram expostos no meio de um condado bruxo com a seguinte mensagem: “Apoiadores de Sangue ruins, este será seu fim!”. O obrigaram a chegar a Lily, antes que ela pudesse entrar em sua aula de transfiguração, dizendo em alto e bom som: “Você é perigosa demais para mim, sendo nascida trouxa e tudo mais. Acho melhor não sairmos mais”
Lily se enfurecia em admitir que não teve nenhuma reação no momento a não ser piscar e perguntar com a voz falha:
- Você esta terminando comigo por que sou uma “sangue-ruim”? – Ela viu as feições de Thorpe se empalidecerem com a menção do xingamento. Todos pararam ao ouvi-la dizendo isso. Inclusive as tão comuns gargalhadas de James Potter, que, pelo canto dos olhos, Lily viu parar atordoado perto dela.
- Não, eu não diria isso – respondeu David – Você sabe que eu não a chamaria disso. É só que não é mais seguro, você viu hoje...
- Você esta terminando comigo com medo que te achem um traidor de sangue? – Lily se orgulhou da sua voz firme ao dizer isso. – Por que provavelmente eu vou morrer e você não quer ir junto... – não era uma pergunta.
- Lily, não diga isso! – a voz forte e o rosto pálido de James Potter a chamaram a atenção, mas ela o ignorou, como fazia sempre.
- Você entende não é mesmo? – disse David sorrindo nervoso ignorando James. Lily sentiu o movimento do seu lado e viu Lupin segurando um irado Potter para que ele não avançasse em Thorpe.
Lily o encarou, incrédula. A voz de Potter veio na sua mente. “Você esta enganada sobre ele”. Não, ela nunca havia se enganado, nunca achara David corajoso, como um príncipe que lutaria por ela. Lily não queria isso, ela poderia lutar suas próprias lutas. Mas a verdade a atingiu como um raio, ela lutaria pelo seu direito de ser respeitada como bruxa, mas não poderia ficar com ninguém que não quisesse, no mínimo, arcar com as consequências da luta dela. E quem arcaria? Quem se arriscaria em ter por perto uma nascida trouxa, uma sangue-ruim, que não conseguia ficar calada enquanto viam pessoas iguais a ela morrerem todos os dias?
Foi com um misto de vergonha e revolta por ter sido tão inocente que ela apontou a varinha para o ex-namorado, fazendo furúnculos aparecerem e deixando sua bela face nojenta, como de fato Lily sentira que ele era.
- Não, eu não entendo, Thorpe – ela respondeu para o menino que agora tinha postulas saindo dos rosto, braços e mãos. Lily cuspia as palavras com o amargor evidente em seu tom de voz. A varinha ainda apontada para o rapaz tremia com a raiva da menina – O que faz você tão melhor do que eu, para que eu manche a sua imagem?
- Nada – ela ouviu a voz irônica de Sirius, que a observava de longe, com um prazer embutido ao ver o garoto ser humilhado. Risadas dos demais estudantes o acompanharam. Ele completou ao ver que seu publico reagia – Principalmente com esta cara de pastel que ele está agora...
- Eu não acredito que você fez isso, Lily – disse o menino furioso olhando para suas mãos cheias de furúnculos e ignorando Sirius – Bem que meus pais disseram para não me meter com uma Sangue-Ru...
Mas não teve como terminar o xingamento, pois James Potter se desvencilhara de Lupin e metera um soco bem dado em cheio no rosto do Corvinal, fazendo o menino tombar na frente de Lily com o nariz sangrando e aparentemente torto.
- Não precisava fazer isso, Potter – disse Lily dando as costas com nojo para David e olhando diretamente nos olhos castanhos de James – Eu sei me defender...
- Deu para perceber, Ruiva – disse Sirius antes de ser empurrado por Lupin para dentro da sala de aula, deixando a Pettigrew a missão de arrastar James. Porém este não parecia ter a menor intenção de se mover e olhava com raiva ara Lily.
- Eu sei que você não precisa. Mas EU precisava e queria fazer isso há muito tempo – respondeu ele a encarando – Ainda fiz pouco. Ele não te merece, Evans, nenhum um pouco. Eu te disse, não disse?
- Sim, você disse – ela respondeu simplesmente o encarando com a mesma intensidade da dele.
James se virou para sair, parecendo chateado com algo, mas a voz ríspida de Minerva McGonagall o fez estancar.
- O que você pretende fazer, Sr. Thorpe? – David estava com sua varinha apontada para James com cara de poucos amigos. Mas Minerva o olhou de forma amedrontadora e ele abaixou a varinha, passando a manga do uniforme para limpar o sangue que escorria de seu nariz – Vá agora para a ala hospitalar. – ela esperou o menino se levantar ainda resmungando e olhando ameaçador para o casal, assim que virou a esquina no corredor, a professora encarou James com um ar severo – Posso saber quem foi o responsável pela nova aparência, do Sr. Thorpe?
Lily percebeu certo “que” de ironia na fala da professora e seu olhar brilhando em direção a James. Apenas agora Lily percebeu que David não era muito querido, nem pelos professores, só ela era cega o suficiente para ser enganada. James abriu a boca para falar algo, mas Lily resolveu interromper.
- Fui eu, professora – a voz dela era orgulhosa o queixo erguido nem um pouco arrependida.
- Ele a xingou de você-sabe-o-que, professora – disse James antes que Minerva falasse algo.
Lily saiu da sua postura orgulhosa e olhou incrédula para o menino. De fato David esteve a ponto de lhe xingar, mas isto foi antes de James bater nele, depois que ela o enfeitiçara, então porque Potter a defenderia?
- Isso não justifica a violência, senhor Potter – disse Minerva, mas sua voz estava branda e Lily pode jurar te visto um olhar de compreensão por parte dela – Menos 10 pontos para a Grinfinória, senhorita Evans, espero que isso não se repita.
- Não irá – resmungou Lily lívida, tinha certeza que isto valeria no mínimo 50 pontos.
- Agora entrem que a aula vai começar, apresse-se senhor Potter.
James estava olhando para Lily, que havia desviado o olhar, ele parecia indeciso se diria alguma coisa. Mas foi ela que interrompeu o silêncio. Arrumando sua bolsa no ombro sussurrou:
- Obrigada – e entrou na sala deixando um James pasmo e entristecido para trás.
Lily, saindo de seu devaneio e suas lembranças, respondeu a mãe:
- Ele terminou comigo, achou que não seria seguro sair com uma nascida trouxa como eu – Lily disse amarga.
- Como assim? – a mãe perguntou – Faz alguma diferença, você ser uma... uma.. trouxa, ou algo assim?
- Na verdade não, para algumas pessoas, nenhuma diferença. – respondeu Lily esfarelando uma torrada, os cabelos vermelhos ainda molhados cobrindo parte do rosto para que a mãe não o visse – Mas tem pessoas que acham que somos menos... puros, por assim dizer, por termos nascidos em uma família de pessoas que não são bruxas.
- Que absurdo – disse Margareth revoltada – David era assim? Bem que nunca gostei dele.
Lily gargalhou.
- Você disse que o havia adorado.
Margareth olhou culpada para a filha.
- Só disse que adorei porque era seu namorado, e você parecia gostar dele.
- Como faz com Valter Dursley? – os olhos de Lily brilharam jocosos.
- Lily – a Sra. Evans disse em tom de bronca, mas riu depois – Se não era David, quem ficou te mandando cartas durante o verão? Não pensa que não percebi um bando de corujas indo e vindo do seu quarto. Aliás, até os Plummers perceberam, Karen me questionou outro dia.
- A Sra. Plummer deveria cuidar mais da vida dela – respondeu Lily, amarga – Eram apenas meus amigos.
- Marlene e Mary? – A Sra. Evans levantou uma sobrancelha – Ou suas amigas tinham muito que falar, ou você virou central de correio.
- Não foram só Marlene e Mary – disse Lily sentindo um rubor tomar conta da face – Lupin, Black, Pettigrew e... Potter.
- Lupin, Black, Pettigrew e... Potter - a Sra. Evans imitou a fala da filha fazendo cara de pensativa – Não era aqueles meninos que você dizia odiar no colégio?
Lily assentiu ainda muito corada.
- Vocês fizeram as pazes? – perguntou com cautela a Sra. Evans.
- Não – respondeu Lily tímida – Quer dizer, mais ou menos, não sei... Eles só estavam preocupados comigo...
- Preocupados com você? – Perguntou Margareth sem de fato olhar para a filha, era difícil fazer a filha falar sobre o mundo bruxo depois de tanta hostilidade de Petúnia.
- É – respondeu Lily encarando a mãe pela primeira vez. Avaliando se deveria falar sobre os perigos de Voldemort.
Na verdade Potter que lhe vinha mandando corujas quase diariamente querendo saber se estava bem. Lily tentou ignorar no começo, até que recebeu seis corujas no mesmo dia, provavelmente espantando nem só a sua vizinha, Sra. Plummer, quanto os Smiths, Jones e todos os outros que pudessem estar olhando para a janela do seu quarto.
Pelo o que entendera da carta de Marlene, James havia feito todos os amigos dele e dela escreverem para Lily para saber noticias dela, já que ela não respondia as cartas dele.
Lily permaneceu o ignorando, respondendo apenas Marlene e Mary. Mas depois de uma carta bastante grossa de Black, uma de Pettigrew que lhe implorava para que respondesse a James ou ele faria todos escreverem milhões e milhões de pergaminhos a ela, e uma de James que a ameaçava, dizendo que iria até a casa dela se ela não respondesse se estava viva, Lily resolveu corresponder-se com eles. O que acabou sendo uma das coisas mais divertidas do verão.
As cartas de Sirius sempre vinham com algumas duvidas de aparelhos trouxas, pelo visto ele havia comprado um apartamento e o estava mobiliando com coisas "ultra-maneiras" trouxas, segundo ele próprio. Lily tirava duvidas desde a utilidade de abajures até sobre as bandas mais sensacionais de rock para ele comprar os discos e usar seu novo tocador.
Remus lhe escrevia com simplicidade e lhe pedia paciência com os amigos. Contava-lhe historias embaraçosas deles, principalmente de James. Lily percebeu que era com carinho que Remus retratava os amigos, mostrando a ela um lado que não conhecia deles.
As cartas de Peter era uma transcrição quase exata das cartas que James costumava escrever aos 15 anos, Lily imaginou que ele foi o único aceitar (ou não enganar o amigo) a escrever para Lily como James era “muito bacana” e “um excelente bruxo”. Eram, no mínimo, divertidas.
E James, bem James tinham as cartas mais estranhas deste bolo, ele não se enaltecia, como Peter fazia, ou contava suas aventuras como Remus, ou a fazia útil como Sirius. James a instigava, perguntava sua opinião politica dos acontecimentos, contestava-a quando ela estava sendo inocente em pensar que muitos lutariam quando descobrissem a verdade sobre Voldemort, lhe contava as atrocidades escondidas dos jornais. Não poupava Lily de nada, não lhe dizia que as coisas ficariam bem, pelo contrario, a instigava, mostrava a ela o que de fato ela encontraria fora de Hogwarts. E Lily gostava das cartas dele por isso, ansiava pelas próximas noticias sobre os ataques de Comensais, ou aquilo que os que resistiam estavam fazendo para combatê-lo.
Lily percebeu que James não estava fazendo isso para afastá-la da luta e sim fazer com que ela tivesse certeza da onde estava se metendo. Ele não a achava frágil ou fraca, não a tratava como uma garotinha amedrontada, pelo contrario, lhe dava armas, conhecimento para que fosse em frente. Era boa esta sensação de empoderamento.
- Você está estranha, Lily – disse a mãe a olhando curiosa - Esta calada, temerosa. Você esta me escondendo alguma coisa? Esta acontecendo alguma coisa no colégio que eu deva me preocupar?
- Não, no colégio não - disse Lily olhando para a mãe e depois de refleti mais alguns segundos se ajeitou na cadeira e olhou muito sério para a mulher na sua frente - Escute, mãe. Pessoas muito ruins, bruxos muito ruins estão se unindo, e eles não gostam de nós, pessoas que não são bruxas...
- Mas você é bruxa – disse a Sra. Evans começando a se assustar.
- Sim, mas não nasci como uma – Lily deu um sorriso triste – E eles não gostam disso...
- Lily... - Margareth começou a dizer preocupada, mas foi interrompida pela filha.
- Não, mãe, me escute, é importante. Eu quero que me avise se ver ou ouvir alguma coisa estranha. Qualquer coisa, eles são perigosos então se mantenha segura. Vou colocar feitiços de proteção aqui em casa, você não vai nem perceber, mas vão te ajudar, pelo menos um pouco.
- Mas e você? – perguntou à senhora Evans sem um sussurro preocupado!
- Hogwarts é o lugar mais seguro do mundo, não se preocupe! Estarei bem!
- Lily, o que está acontecendo?
- Não é nada demais, mãe! Logo vão acabar com estes bruxos e tudo ficará bem! Olhe vou terminar de arrumar minhas coisas, vou fazer os feitiços de proteção também, ok? Depois vou ir para a estação.
- Você não quer que eu te leve? - a Sra. Evans ainda parecia preocupada.
- Não precisa, mamãe. Vou aparatar por lá. Será bem mais rápido.
Dizendo isso Lily saiu da cozinha subindo para o seu quarto despejando algumas lagrimas que não queria derrubar na frente da sua mãe. Ela estava com medo de nunca mais vê-la, estava com medo do que aconteceria no colégio este ano.
James levantou-se assustado, deveria estar sonhando com algo. Vinha tendo muitos sonhos ultimamente, pesadelos para ser mais exato. Mas este ele não lembrava, deveria ser com Lily, como sempre, ou com seus amigos. Ele suspirou frustrado, colocando o travesseiro por cima da cabeça em uma tentativa vã de dormir novamente. Foi inútil.
James, conformado com a ausência de sono, rolou na cama esticando a mão para a cabeceira onde jazia seu relógio, um modelo bastante bonito em ouro que ele havia ganhado de seus pais ao realizar 17 anos.
Ainda era relativamente cedo, já que ele e Sirius aparatariam para a estação, o menino se levantou e olhou para a outra cama colocada no quarto há quase três anos. Sirius estava jogado nela, resolvera dormir nos Potters, mesmo tendo seu apartamento. James achava que ele ainda não queria definitivamente ficar sozinho, e agradeceu por isso, estava tão acostumado a ter Sirius por perto, que quando o amigo saiu para sua própria casa ele sentiu um enorme vazio, mesmo sabendo que estaria a segundos com ele se aparatasse. Obviamente ele nunca confessaria estes sentimentos.
James passou as mãos nos cabelos bagunçados e colocou os óculos, fazendo o quarto entrar em foco. Era bastante bonito e grande, todo em vermelho e dourado. As paredes eram cobertas com pôsteres de Quadribol, desde a seleção inglesa, seu time de coração o Pudlemere United, até os times de Quadribol de Hogwarts de todos os anos que James vinha participado do time. Tinham fotos bruxas espalhadas na parede, podia se ver quase uma evolução dele, de Sirius, Remus e Peter.
Ele tocou em uma foto particular, tirada no passado, onde estava toda a turma do sexto ano da Grinfinória. Ele observou onde ela estava, em um canto mais a esquerda da foto, ela sorria e acenava, ora era abraçada por uma de suas amigas. James sorriu. Depois suspirou frustrado quando se encarava na foto, ele estava no canto oposto, com seus amigos. Ele podia ver seu olhar cobiçoso em direção a ela, enquanto Sirius sacudia seus cabelos, Remus sorria como nunca abraçando o pescoço de um alegre Peter.
James suspirou, a imagem dos seus sonhos voltando a sua mente. Lily atingida por uma luz verde, Lily torturada, Lily gritando por ele, e ele sem conseguir se mexer, cabendo apenas a observar a cena.
- Isso é loucura – ele resmungou baixinho saindo do quarto e deixando Sirius para trás.
James desceu as escadas que o levariam para a sua sala de jantar, onde a mãe fazia questão de servir as refeições. Encontrou seu pai já lendo o jornal. Fleamont Potter já era idoso, seus cabelos eram de um tom cinza, onde antes deveria ser tão pretos e bagunçados quanto do seu filho. Tinha os joelhos magros e ossudos, mas o olhar de puro divertimento, como se tivesse lendo constantemente uma piada. Tinha olhos castanhos esverdeados e havia rugas em volta deles, de quem já havia sorrido muito na vida.
- Jimmy! – Fleamont sorriu e abaixou o jornal ao ver o filho. Seus olhos brilharam de orgulho – Acordou cedo, isso tudo é ansiedade para voltar aos estudos?
- Bom dia, pai – respondeu o menino se jogando na mesa – Pra falar a verdade estou bastante contente que estas férias acabaram...
- Esta aí uma coisa que eu nunca pensei que ouviria você dizer – disse Euphemia entrando na sala carregando um bule com chá.
- Bom dia, mãe - sorriu James para a mulher.
Ao contrário do marido, Euphemia Potter tinha uma estatura mais baixa e corpo mais cheio, os cabelos eram curtos e encaracolados de um branco reluzente, como um grande tufo de algodão. Tinhas rugas no rosto, que lhe davam o aspecto de alguém gentil e feliz. Seus olhos eram nos mesmos tons castanhos do filho, mas faltava a James aquele ar de bondade que a mãe possuía.
- Bom dia, James – disse Euphemia sorrindo carinhosamente – Sirius?
- Dormindo – respondeu o rapaz sorrindo em retorno – Ainda estamos adiantados, não quis o acordar.
- Fez bem, ele deve estar precisando dormir, o achei meio magro, depois que se mudou. Não deve estar comendo ou dormindo adequadamente – disse a mãe de James preocupada – Ainda não entendo por que se mudou, para falar a verdade.
- Ele queria um lugar só para ele, querida. Normal, Sirius já é um bruxo adulto – disse Fleamont rindo da expressão preocupada da esposa.
- James também é um bruxo adulto e ele não quer sair de casa – respondeu ela brava - não é James?
James apenas sorriu jocoso para a mãe enquanto seu pai gargalhava. Como se James fosse louco de dizer que sairia de casa.
- Sirius só quer finalmente um lugar para chamar de lar – disse o Sr. Potter – E quer liberdade.
- Mas aqui é o lar dele e ele tem toda a liberdade que ele quiser, ele é como um filho para nós - Disse Euphemia revoltada.
- Mamãe, deixe Sirius, ele sempre vai estar por aqui mesmo – disse James rindo junto com o pai – Faz um mês que se mudou e veio almoçar aqui praticamente todos os dias.
Euphemia resmungou mais alguma coisa. Algo como muito "magro", "comida", e "lavar roupas", mas James ignorou. Pagando um pouco de bacon e ovos. Olhou para o pai que encarava e disse apontando o jornal:
- Alguma coisa ai? - ele ignorou a mãe que lhe lançou um olhar por estar falando de boca cheia.
Sr. Potter deu uma olhada avaliando o filho, seu sorriso desapareceu dando um ar de alguém de fato com a idade avançada que ele possuía.
- Uma propaganda horrorosa do Sleekeazy‘s Hair Potion, com aquele cantor que sua mãe acha bonitinho. Qual o nome dele mesmo, Euphy? - disse ele tentando fazer uma brincadeira. James ergueu a sobrancelha para ele.
- Ora, se não gosta das campanhas que eles fazem porque vendeu a empresa? - respondeu a Sra. Potter sem desgrudar os olhos do seu chá
- Pai – disse James suspirando e apontando o garfo para o Jornal com a voz séria – O que tem ai?
- Mais um ataque – Fleamont disse resignado – Uma família de trouxas ao sul de Sussex.
James deixou o garfo cair em seu prato assuntando a sua mãe. O menino arrancou o jornal das mãos do pai, que lhe lançou um olhar nervoso.
- James – disse Fleamont se fazendo de bravo – Sabe que odeio quando pegam o meu jornal antes que eu termino de ler.
- Não falam nada sobre a família – disse James com o toque desesperado na voz.
- Se tivesse me perguntado eu teria dito – disse o Pai de James cruzando os braços esperando o filho lhe devolver o jornal.
- James, o que foi? - disse Euphemia olhado para o filho, preocupada - Você esta pálido, filho.
James se levantou de abrupto. Passando as mãos no cabelo, lançou o jornal para o pai novamente e começou a andar murmurando, ignorando completamente a mãe.
- Bom dia, família – disse Sirius descendo a escada de forma alegre e descontraída - O que aconteceu? - Ele perguntou ao observar um James completamente transtornado e os ais destes olhando para o filho preocupado.
- Esperava que você pudesse nos esclarecer – respondeu Fleamont.
- O que deu nele? - respondeu o menino ora encarando o amigo ora o pai dele – Prongs, o que foi?
James olhou para Sirius depois para o jornal que o pai segurava, e saiu com ímpeto. Da sala em direção ao seu quarto para trocar de roupa.
- Vou sair – disse ele - Você vem, Sirius?
- Sair? Mas sair para onde? - perguntou a senhora Potter sem entender o estado de nervos do filho.
- O que aconteceu? - perguntou Sirius para o senhor Potter – Ele estava assim antes?
- Não sei – quem respondeu foi Euphemia – Ele ficou assim depois que leu o profeta diário. Eu te disse Fleamont para não trazer esta porcaria para a mesa, muito menos mostrar estas notícias para James.
- Quais notícias? - perguntou Sirius encarando o Jornal com receio.
- Esta – o senhor Potter estendeu o jornal para Sirius – Acontece todos os dias, não entendi porque James ficou tão desconcertado...
Sirius leu a noticia com a testa franzida e depois ao terminar seu rosto ficou lívido e pálido. Ele encarou os pais do amigo.
- Pelo visto estou perdendo alguma coisa – resmungou o Sr. Potter recolhendo o jornal e relendo – A noticia causa a todos a mesma expressão.
- Evans, ele deve estar achando que é a Evans– resmungou Sirius nervoso.
- Quem é Evans? - perguntou a Sra. Potter.
- A garota ruiva? - foi a vez do Sr. Potter perguntar com os olhos arregalados – A nascida trouxa?
- Ela mesma – disse Sirius se pondo de pé.
- Oh, meu Merlim – se espantou a Sra. Potter – A menina que James gosta? Ela mora em Sussex?
Sirius não teve de responder quando James desceu as escadas totalmente vestido e com a varinha em punho.
- Você vem? - James perguntou para Sirius nervoso.
- Vai aonde? Não senhor, James, você não vai a lugar algum – disse a Sra. Potter.
- Mãe - James olhou resignado para ela - Não vamos discutir agora, por favor. Sirius, vamos!
- James, ouça, o que você vai fazer lá? Invadir a casa da menina? Por que não manda uma mensagem? - disse Fleamont se pondo de pé.
- Uma mensagem? – James passou as mãos pelo cabelo – Como vou mandar uma mensagem? A família de Lily é trouxa, a lareira não é ligada a rede de flu. Corujas não são tão rápidas...
- Caramba, minha mãe se remoeria se ouvisse o que vou dizer, mas os trouxas têm formas bem eficientes de comunicação, o telefone, por exemplo... - Sirius disse franzindo a testa pensando nas opções.
- Telefone – os olhos de James brilharam.
- O que é um fletone? - perguntou o Sr. Potter para a sua esposa, confuso.
- Mas não temos um telefone – disse Sirius olhando para o amigo.
- Nós não - respondeu James deixando um sorriso travesso escapar de seus lábios - Mas conheço quem tem.
Dito isso saiu em direção à lareira com os outros três ao seu encalço.
- James, você realmente precisa trabalhar na sua comunicação. Pare de falar coisas pela metade – disse o pai do menino.
- Fleamont, você não consegue ficar sério, consegue? - disse a Sra. Potter tentando também se manter séria com as piadas do marido. - Acha mesmo, Sirius, que possa ser esta menina? – ela completou enquanto o filho jogava o pó de flu na lareira e se ajoelhava.
- Evans mora em Sussex, é de família trouxa e idiota ou corajosa o suficiente para chamar a atenção para si.
- Como assim? - perguntou Fleamont interessado.
- Olhe, eu não conheço ninguém mais grinfinório que a Evans, nem mesmo James. A menina tem coragem de enfrentar todos nós, quando estamos fazendo alguma idiotice. Ela defende os alunos menores dos valentões da Sonserina, e não tem a menor vergonha de dizer que é de uma família trouxa ou declarar sobre sua aversão a Voldemort.
Os pais de James se olharam preocupados, em uma discussão muda dos problemas que a menina poderia acarretar para si própria. E com mais preocupação olharam para James que tinha a cabeça enfiada na lareira.
...
- Remus, esta ai? - disse o menino meio tímido encarando a sala simples da casa do amigo.
Remus saiu de uma porta esquerda com a escova de dente presa na boca, James presumiu que ali deveria ser banheiro. Os olhos do amigo se arregalaram ao ver James e ele tirou a escova da boca perguntando:
- Aconteceu alguma coisa, Prongs?
- Você leu o Profeta hoje? - James respondeu apressado.
Remus fez um sinal negativo e franziu a testa em uma resposta.
- Cheguei agora mesmo – ele respondeu largando a escova de dente em cima da mesa e secando a boca com a toalha de rosto que estava pendurada em seu ombro. Ele pegou o jornal e varreu as noticias com os olhos, focando no pedaço da pagina onde tinha as informações do ataque.
- Sussex? Tem alguém que conhecemos que mora em Sussex? - ele perguntou para James.
- Lil... Evans – disse James disfarçando o uso do primeiro nome dela.
Os olhos de Remus se esbugalharam e ele voltou a ler a noticia avido para mais informações.
- Você tem o número de telefone dela não tem? - disse James em uma suplica.
Remus olhou para ele assentiu, correndo por um corredor e voltando com um pergaminho, que parecia fortemente uma carta.
- Ela me mandou há alguns dias atrás - Remus respondeu ao olhar de James.
O jovem lobisomem foi em direção a um aparelho cinza e rodou uma espécie de roleta, fazendo um barulho escandaloso ante a casa silenciosa. O estômago de James parecia ter sumido, suas mãos suavam e as dores no joelho da posição incomoda que se encontrava não eram nadas comparados ao frio que sentia naqueles breves segundos, até que Remus falou.
- Bom dia, Sra. Evans – disse Remus ao telefone a cor voltando ao seu rosto – Sou Remus Lupin, amigo de Lily, de Hogwarts, desculpe ligar tão cedo. Mas Lily esta? - ele aguardou a resposta com as mãos tremendo. A Sra. Evans deve ter dito sim, pois o olhar de Lupin se iluminou e ele respondeu um "Obrigado" e continuou aguardando com o telefone no ouvido.
James soltou um suspiro aliviado quando Remus lhe sorriu em retorno. Não era Lily quem fora atacada. Ele chamou a atenção de Remus para que ele o olhasse. E sibilou silenciosamente:
"Diga que vamos busca-la".
Remus franziu o cenho, mas não pode retrucar, pois ouviu a voz doce de Lily do outro lado da linha:
- Remus? - disse ela com a voz assustada – Aconteceu alguma coisa?
- Olá, Lily – respondeu aliviado – Eu que te pergunto. Esta tudo bem?
- Sim. Por que não estaria? - ela respondeu, a voz parecia hesitante.
- Você não leu o Profeta Diário? - ele perguntou.
- Ainda não tive tempo. Por quê? O que aconteceu? Alguém que conhecemos? – disse ela preocupada. Remus ouviu quando ela disse "Accio" provavelmente para o jornal, devido aos sons de papel do outro lado da linha.
- Não, foi um ataque a uma família trouxa, achamos que poderia ser você - respondeu Remus.
- Achamos? - ela repetiu a palavra dele.
- James – Remus respondeu – Na verdade, ele que me pediu que te ligasse, e que você esperasse por nós para irmos para ir até a estação hoje.
- Diga ao Potter que eu sei chegar à estação sozinha – ela respondeu um pouco ríspida. Mas depois amenizou a voz - Agradeça a preocupação dele, por mim, Remus, diga a ele que estou bem. Nos vemos na estação?
- Sim – Remus sorriu – Nos vemos na estação.
Ele desligou o telefone e sorriu para James que esperava ansioso.
- Ela está bem – respondeu o lobisomem – Disse que irá sozinha para estação, que não precisa de ninguém para guiá-la. Mas agradeceu a sua preocupação e pediu para dizer que esta bem.
- Isso é bom? - James perguntou preocupado.
- Sim – sorriu Lupin – Isso é ótimo.
- Excelente – respondeu James – Obrigada, Moony. Te devo esta! Desculpa a hora.
- Não há de que – respondeu Remo olhando o amigo – Vai aparantando para King‘s Cross?
- Sim, eu e Sirius – respondeu ele – Acho que tenho que ir. Até mais tarde, Moony.
- Até, Prongs - respondeu Remus contente abrindo o jornal para terminá-lo de ler.
James tirou sua cabeça da lareira com um sorriso no rosto e foi bombardeado de perguntas, antes que conseguisse levantar do chão.
- Com quem você estava falando? - perguntou Sirius.
- A menina esta bem? - Perguntou Euphemia.
- Você esta com cinzas por todo o seu cabelo – Foi a conclusão de Fleamont, muito mais tranquilo, pois conhecia o sorriso no rosto do filho.
- Obrigada, Pai – disse James sacudindo os cabelos e se levantando – Fui até Remus, lembro-me de ele ter me dito que Lily lhe mandou o número de telefone dela depois que descobriu que ele também tinha um aparelho em casa.
- Que diabos, é um telefono? - perguntou Fleamont.
- Um aparelhou trouxa que permite você falar um com outro em lugares diferentes – respondeu Sirius.
- Como lareiras? - Perguntou Euphemia também interessada.
- Sim - respondeu Sirius sorrindo – Sem todo o fogo, pó de flu e cabeças flutuantes. Só a voz mesmo.
- Que sem graça - respondeu Fleamont.
- Não importa – disse James – Remus ligou para a Evans, ela esta bem, nem sabia do ataque.
- E vocês vão busca-la para irem a Hogwarts, não vão? - disse Euphemia olhando para o filho como se fosse obrigação dele ser cavalheiresco.
- Eu bem que ofereci – respondeu James frustrado – Mas nunca vi alguém tão cabeça dura quanto ela.
- Exceto você, você quer dizer – disse Sirius rindo.
James fez uma careta para o amigo.
- Oh, Euphy – disse o Sr. Potter rindo do filho – Que triste destino tivemos, um filho e uma nora cabeça-dura.
Euphemia gargalhou junto com Sirius.
- Evans não é minha namorada, pai, portanto não é sua nora – ele resmungou cansado de explicar aquilo.
- Não? - Questionou Fleamont se fingindo de assustado – Jurava que era, só ouvimos o nome dela pelos últimos... - ele fingiu pensar e virou para Sirius – Por quantos anos, Sirius?
- Três - respondeu Sirius risonho.
- Pelas barbas de Merlim, tudo isso? - Fleamont ria do rosto vermelho de James.
- Lily nunca vai ser minha namorada – James disse triste – Ela é boa demais para mim.
- Viu o que você fez com ele, Fleamont – disse a Sra. Potter acariciando a cabeça de James - Você é um ótimo menino, James. Não há motivo para que uma menina não te queira. Se ela não consegue ver isso ela não te merece.
James viu Sirius sibilar algo como "mimado" pelas costas de sua mãe e suspirou resignado. Geralmente ele era tão confiante, tão certo de si. Mas Lily só mostrava para ele que ele era um idiota.
- Ora, James – disse o Sr. Potter dando tapinhas no ombro do filho – Quem sabe agora com dois distintivos no peito ela finalmente não olhe para você.
- Monitor chefe e capitão - a Sra. Potter disse com orgulho para o filho. Os olhos de seu marido espelhavam os mesmos sentimentos e Sirius fazia uma careta fingida.
- Lily não é deste tipo – disse ele desanimado.
O Sr. Potter suspirou e ainda com a mão no ombro de James mandou um olhar silencioso para a mulher. A Sra. Potter pareceu entender e carregou Sirius de volta para a mesa para que terminassem o café. Quando se viu sozinho com James, Fleamont disse com a voz suave.
- Sabe, James, esta menina parece bem especial. Cuidando dos amigos, sendo corajosa e tudo mais.
- É, ela é.
- E você quer que ela mude por você? - Fleamont encarou o filho e percebeu o olhar de James surpreso.
- Não - James tinha os olhos vidrados para o pai - Não, gosto de como ela é.
- E você, James, mudaria por ela?
- Eu não sei... - o menino olhou para o chão perdido – Gosto de quem sou...
- Sabe Jimmy, nada é imutável, é a primeira regra da transfiguração. Uma pedra pode ser pedra para sempre ou pode ser uma caixa de rapé. Até um humano pode ser um gato ou cachorro.
- Ou cervo – sussurrou James sorrindo.
- Ou cervo... - Fleamont olhou desconfiado para o filho – Pode ser o que ele quiser e se esforçar para isso. Só é preciso que esta transformação valha a pena. Não adianta eu transformar uma pedra em caixa de rapé se a pedra era mais útil como pedra. Mas se eu transformar um garoto em um... Cervo, por exemplo, e se este cervo ajudar um amigo, bem, eu acho que é uma transformação valida.
James levou um susto e olhou para o pai, mas Fleamont apenas gargalhou, a mesma gargalhada jovial que James possuía, sacudiu os cabelos do filho e terminou:
- Apenas pense nas transformações que valem a pena, meu cabeça dura favorito – ele deu uma piscada marota – quem sabe alguma pedra não vira, por exemplo, um Lírio.
O Sr. Potter deixou o recinto bastante satisfeito com o que havia dito e deixando um James completamente sem fala pensando em tudo que o pai lhe falara.
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