A professora Umbridge



– A professora Umbridge.



 



– Tenho a impressão de que isso vai ser extremamente desagradável. – Lily disse, balançando a cabeça, incomodada.



– Mas ela não pode ser tão ruim, não é? – Alice disse, parecendo insegura – Ela não pode ser uma professora pior do que Lockhart…



– E ela pode até ser uma espiã de Fudge… Mas Alice tem razão, ela é só uma professora, ela não vai interferir muito em Hogwarts… – Frank disse, balançando a cabeça.



– Ainda assim… – Remo disse, balançando a cabeça, pensativo – Sempre que falam dessa mulher eu tenho uma sensação ruim…



    Sem dar tempo para que qualquer um concordasse ou discordasse, Hermione limpou a garganta e começou o capítulo.



 



Simas vestiu-se correndo na manhã seguinte e saiu do dormitório, antes que Harry tivesse sequer calçado as meias.



— Será que ele acha que vai pirar se ficar muito tempo comigo no mesmo quarto? — perguntou Harry em voz alta, quando a bainha das vestes de Simas desapareceu de vista.



— Não se preocupe, Harry — murmurou Dino, guindando a mochila aos ombros — ele só está...



Mas aparentemente não foi capaz de dizer o que era que Simas estava, e, após uma ligeira pausa constrangida, acompanhou-o na saída do quarto.



 



– Com isso eu apostaria que Dino acredita em Harry. – Tiago afirmou, recebendo acenos de concordância de todos os outros.



– Deve ser difícil para ele ficar preso no meio disso. – Remo disse, pensativo – Por um lado ele acredita em Harry, por outro o melhor amigo dele está agindo como um grande babaca e ele não pode abandoná-lo…



– Acho que isso mostra que Dino é um bom amigo. – Sirius deu de ombros – Porque apenas um bom amigo seria capaz de aturar tal nível de idiotice.



 



Neville e Rony fizeram aquela cara de o problema-é-dele-e-não-nosso, para Harry, mas isto não o consolou. Quanto mais ele teria de suportar?



— Que foi que aconteceu? — perguntou Hermione cinco minutos depois, alcançando Harry e Rony, que atravessavam a sala comunal a caminho do café da manhã, como os demais. — Você está com uma cara absolutamente... Ah, pelo amor de Deus.



Ela acabara de olhar para o quadro de avisos da sala comunal, onde fora afixado um enorme aviso.



GALEÕES DE GALEÕES!



Sua mesada não está acompanhando suas saídas?



Gostaria de ganhar um extra?



Procure Fred e Jorge Weasley, sala comunal da Grifinória, para trabalhos simples, meio expediente e virtualmente indolores.



(Lamentamos informar que todo o trabalho será realizado por conta e risco do candidato.)



 



– Acho que Fred e Jorge finalmente se cansaram de testar os produtos neles mesmos… – Frank disse com uma meia risada.



– Na verdade eles só precisavam de outras pessoas para testar para saber se os efeitos seriam diferentes em cada pessoa. – Gina deu de ombros – E eles não queriam testar em mim ou em Rony porque consideraram que o resultado provavelmente seria o mesmo que os deles.



– O que faz muito sentido. – Tiago disse acenando com a cabeça – E eles estão certíssimos, essa é a única forma de ter certeza de que os produtos realmente vão funcionar para todo mundo…



– No mundo trouxa chamam isso de método científico. – Hermione disse, de forma automática – É claro que o método em si engloba vários outros passos da pesquisa… Mas é assim que os trouxas testam medicamentos…



– E é como os bruxos testam poções. – Tiago disse, e recebeu um aceno de concordância relutante de Severo – Mas é claro que não é um método infalível… A Sleekeazy não funciona em mim até hoje… E meu pai já fez de tudo para fazer funcionar…



– Por sorte essa é a única poção da sua família que não funciona em você… – Sirius disse com uma meia risada – Imagina o que aconteceria se a Esquelesce não funcionasse também…



– Você quer dizer que a Esquelesce também foi criada pela família Potter? – Hermione perguntou abismada.



– Tecnicamente a poção foi criada pelo primeiro membro da minha família. – Tiago deu de ombros – Antes mesmo dos Peverell… Linfred de Stinchcombe era conhecido por seus vizinhos trouxas como o “Potterer” e ele costumava ajudá-los sempre que precisavam de algum remédio, mas nunca perceberam que ele era na verdade um bruxo…



– Porque naquela época os trouxas acreditavam que todos os bruxos eram malvados e comiam criancinhas. – Sirius disse, recebendo acenos de concordância de Remo, Tiago e Frank.



– Então sua família era decente com os trouxas desde o início mesmo. – Lily disse, com um sorriso carinhoso nos lábios – É bom saber…



– E ele criou a Esquelesce que eu tomei no segundo ano? – Harry perguntou, encantado em saber mais sobre a própria história.



– E várias outras poções que você aprendeu durante os anos. – Tiago deu de ombros – Na verdade você é o primeiro da família a não ser bom em poções…



– Você não é bom em poções. – Lily o interrompeu de forma acusatória.



– Nunca tive uma nota abaixo de Excede Expectativas, mesmo nunca tendo me dado ao trabalho de estudar. – Tiago afirmou com um meio sorriso petulante, que fez Severo bufar – Eu costumava passar muito tempo no laboratório com meu pai antes de Hogwarts, mas nunca despertou meu interesse.



– E mesmo assim, Harry não consegue fazer uma poção corretamente para salvar a própria vida. – Remo disse, balançando a cabeça de forma carinhosa.



– Bem… Sabemos a quem culpar por isso, não é? – Sirius disse olhando de soslaio para Severo, e Hermione decidiu que era hora de voltar à leitura.



 



— Eles são o fim — disse Hermione séria, retirando o aviso que Fred e Jorge haviam pregado por cima do cartaz, informando a data do primeiro fim de semana em Hogsmeade em outubro. — Vamos ter de falar com eles, Rony.



Rony pareceu decididamente assustado.



— Por quê?



— Porque somos monitores! — respondeu Hermione, enquanto saíam pelo buraco do retrato. — É nossa obrigação acabar com esse tipo de coisa!



 



– Na verdade não. – Lily disse de forma categórica – Os monitores do sétimo ano da Grifinória deveriam se encarregar disso, considerando que não pode-se esperar que vocês tenham autoridade sobre alunos mais velhos que vocês…



– Lily tem razão. – Remo disse acenando com a cabeça – Vocês só deveriam ter que se preocupar com os alunos mais novos que vocês… É tudo uma questão de hierarquia…



– Eu sabia disso. – Hermione admitiu, encolhendo os ombros – Mas sabia que nenhum dos outros monitores resolveria o problema… Nenhum deles tinha autoridade sobre os gêmeos.



– Muito menos eu. – Rony disse, revirando os olhos, e gerando algumas risadas.



 



Rony não respondeu; Harry percebeu, por sua expressão contrariada, que a perspectiva de impedir Fred e Jorge de fazer exatamente o que gostavam não era uma coisa que o amigo achasse convidativa.



 



– Claro que não. – Rony afirmou – Aprendi a não me meter nos assuntos dos dois bem cedo…



– Uma vez Rony denunciou os dois para mamãe e acordou com a cama cheia de minhocas. – Gina disse com uma meia gargalhada – Acho que isso é o bastante para ensinar qualquer um…



 



— Em todo o caso, que aconteceu, Harry? — continuou Hermione, enquanto desciam a escada com a coleção de retratos de velhos bruxos e bruxas, que não lhes deram a menor atenção, absortos que estavam nas próprias conversas. — Você parece realmente zangado com alguma coisa.



— Simas acha que Harry está mentindo sobre Você-Sabe-Quem — resumiu Rony, ao ver que Harry não respondia.



Hermione, de quem Harry esperara uma reação indignada em sua defesa, suspirou.



— É, a Lilá também acha isso — comentou tristonha.



 



– Mais uma que sofre seriamente de carência de massa encefálica. – Tiago disse franzindo o nariz, irritado.



– Mas com isso concluo que pelo menos Parvati tem alguma coisa na cabeça… – Alice disse dando a Harry um sorriso carinhoso – Ou Hermione estaria falando das duas…



– Ela deve estar na mesma situação que Dino. – Lily suspirou desgostosa – Mas isso não importa… Logo todos eles vão perceber como estão sendo imbecis.



– Pelo menos é isso que eu espero. – Remo bufou.



 



— Andou batendo um papinho agradável com ela, em que o assunto foi se Harry é ou não um idiota em busca de atenção, foi? — perguntou o garoto em voz alta.



 



– Você não deveria atacar Hermione desse jeito. – Lily disse, encarando o livro, com um sorriso triste – Tenho certeza de que ela te defendeu…



– Harry estava estressado. – Sirius disse categórico – Não é nada fácil ter que lidar com todo mundo ao seu redor pensando que você é um maluco mentiroso…



– Mas ainda assim, ele não deveria descontar nas pessoas que estão ao lado dele. – Tiago deu de ombros – Hermione nunca deu motivos para ele duvidar da lealdade dela…



– Não mesmo. – Harry disse trocando um olhar significativo com Hermione.



 



— Não — respondeu Hermione calmamente. — Na verdade eu disse a ela para parar de ficar falando bobagens sobre você. E seria bem simpático se você parasse de reagir furiosamente com a gente, Harry, porque, caso você não tenha reparado, Rony e eu estamos do seu lado.



Fez-se uma breve pausa.



— Desculpem — disse Harry em voz baixa.



— Tudo bem — respondeu Hermione com dignidade. Balançou então a cabeça: — Você não se lembra do que o Dumbledore disse na festa de encerramento do ano passado?



Harry e Rony, os dois, olharam-na sem entender, e Hermione tornou a suspirar.



— Sobre Você-Sabe-Quem. Ele disse que “o dom que ele tem de disseminar a discórdia e a inimizade é muito grande. E só podemos combatê-lo criando laços igualmente fortes de amizade e confiança...”



 



– E como Dumbledore previu, alguns desses laços já começaram a ruir… – Frank disse, balançando a cabeça em desagrado.



– Os que se afastarem de Harry vão provar que são facilmente influenciáveis ou que nunca foram amigos de verdade. – Tiago afirmou categórico – E quando tudo for revelado, é bom que você não se esqueça quem te virou as costas. – Completou, encarando Harry com seriedade.



    Rony desviou os olhos e encarou os próprios pés, não gostava de se lembrar de como poderia se encaixar naquela categoria de pessoas. Sua atitude não passou despercebida a Sirius e Remo, que o encararam com uma mistura de interesse e preocupação, mas não comentaram.



– As pessoas estão com medo. – Lily suspirou – Se um dia elas pedirem perdão pelo que estão fazendo, você deveria perdoar…



– Perdoar sim, – Tiago concordou lentamente – mas não esquecer… Afinal essas são as pessoas com quem você nunca poderá contar.



    Harry apenas acenou com a cabeça para os dois, nunca pensou que um dia iria escutar conselhos de seus pais, e apesar deles estarem o aconselhando sobre coisas que já haviam passado há muito tempo, ele ainda assim queria levar cada palavra consigo para o resto da vida.



 



— Como é que você se lembra dessas coisas? — perguntou Rony, olhando a amiga com admiração.



— Eu presto atenção — respondeu ela, com uma ligeira rispidez.



— Eu também, mas ainda assim não conseguiria repetir exatamente o que...



— A questão — continuou Hermione em voz alta — é que isto é exatamente o tipo de coisa a que Dumbledore estava se referindo. Você-Sabe-Quem só voltou há dois meses e já estamos brigando entre nós. E o alerta do Chapéu Seletor foi o mesmo: fiquem juntos, fiquem unidos...



— E Harry entendeu certo ontem à noite — retorquiu Rony. — Se isto significa que teremos de ser amiguinhos do pessoal de Sonserina... pode esquecer.



 



– Pelo menos o pessoal da Sonserina acredita que você está falando a verdade. – Sirius deu de ombros – Eles podem te odiar, e não concordar com você, mas pelo menos não estão te chamando de mentiroso…



– Até porque eles sabem que você está certo, já que os pais de vários deles estavam lá. – Remo disse, balançando a cabeça.



– E existem bons sonserinos. – Tiago disse encolhendo os ombros – Minha mãe e Andrômeda, só para começar…



– Então talvez a questão seja encontrar os sonserinos certos. – Lily disse, olhando de soslaio para Severo – Nem todos são ruins… E talvez alguns dos que são ruins tenham redenção…



    Severo encarou Lily com atenção, ela estava certa, o simples fato dele ter sido convidado para ler aqueles livros significava que ele era um dos que poderia ter redenção. Restava a ele descobrir o porquê.



 



— Bom, acho que é uma pena que a gente não esteja procurando se unir ao pessoal das outras casas — respondeu Hermione, irritada.



Os três tinham chegado ao pé da escadaria de mármore. Uma fila de quartanistas da Corvinal ia atravessando o saguão; ao avistarem Harry, agruparam-se depressa, como se tivessem medo de que ele atacasse os retardatários.



— É, devíamos realmente estar tentando fazer amizade com gente como essa — disse Harry sarcasticamente.



 



– Aposto que essas mesmas garotas estavam atrás de você um ano antes. – Alice disse irritada.



– Completamente influenciáveis e sem personalidade. – Gina afirmou, concordando com Alice com a cabeça, enfaticamente.



– E vão voltar a te perseguir assim que a verdade for revelada! – Lily exclamou, irritada – Elas são ridículas!



 



Eles acompanharam os alunos da Corvinal que entravam no Salão Principal, e instintivamente olharam para a mesa dos professores. A Profª Grubbly-Plank conversava com a Profª Sinistra, de Astronomia, e Hagrid mais uma vez esteve conspícuo apenas por sua ausência. O teto encantado refletia o estado de ânimo de Harry: era um cinza-chuva deprimente.



— Dumbledore nem mencionou por quanto tempo aquela Grubbly-Plank vai ficar — comentou, ao se dirigirem à mesa da Grifinória.



 



– Provavelmente para não chamar a atenção da sapa para a ausência dele. – Remo disse pensativo – Se ele foi atrás dos gigantes como imaginamos, Dumbledore não ia querer que Fudge se lembrasse daquela conversa que tiveram na ala hospitalar.



– Faz sentido. – Sirius disse acenando com a cabeça – A tal da Umbridge correria para contar para Fudge qualquer coisa que ela descobrisse sobre os planos de Dumbledore.



 



— Talvez... — disse Hermione pensativa.



— Quê? — perguntaram Harry e Rony ao mesmo tempo.



— Bom... talvez ele não quisesse chamar atenção para o fato de Hagrid não estar aqui.



— Que é que você quer dizer com chamar atenção? — perguntou Rony, meio rindo. — Como é possível a gente não notar?



 



– Porque obviamente não é para vocês não notarem, é para a espiã não notar. – Frank disse com uma risada nasalada.



 



Antes que Hermione pudesse responder, uma garota alta e negra, com longos cabelos trançados, veio diretamente até Harry.



— Oi, Angelina.



— Oi — disse ela animada — boas férias? — E sem esperar resposta: — Escute, fui nomeada capitã da equipe de Quadribol da Grifinória.



 



– Ótimo. – Tiago disse com um grande sorriso.



– Você nem sabe se ela é boa jogadora ou não. – Sirius disse rindo – Porque está falando que ela é ótima?



– Tenho certeza de que é… Ou McGonagall não a escolheria, vocês sabem que ela é meio obcecada pelo time. – Tiago deu de ombros – Além disso Angelina marcou pelo menos quarenta por cento dos gols da Grifinória nas três temporadas de quadribol que nós acompanhamos pelos livros. Pelo menos dos que foram descritos…



– E como você sabe disso? – Lily perguntou franzindo a testa para ele.



– Eu calculei as estatísticas enquanto líamos as descrições dos jogos. – Tiago deu de ombros – Eu sempre faço isso, para saber quem são os melhores jogadores da temporada.



– Impressionante. – Harry disse acenando com a cabeça para Tiago – Queria ser bom em matemática assim…



– Não sou bom em matemática. – Tiago disse com uma meia risada – Sou bom em proporções e estatísticas…



– Ou seja, qualquer coisa que seja relevante para o quadribol. – Sirius disse com uma risada canina.



 



— Boa! — exclamou Harry, sorrindo para a garota; suspeitava que os papos antes dos jogos talvez não fossem mais tão longos quanto os de Olívio Wood costumavam ser, o que só poderia ser uma melhora.



— É, bem, precisamos de um novo goleiro agora que Olívio foi embora. Os testes vão ser na sexta-feira, às cinco horas, e eu gostaria que o time todo estivesse lá, está bem? Então veremos como o jogador novo vai se ajustar.



— O.k. — concordou Harry.



Angelina sorriu para ele e se afastou.



 



– Você vai tentar, não vai? – Tiago perguntou, encarando Rony com atenção – É a única vaga no time… E você queria uma vassoura…



– Hermione vai dizer que não podemos contar. – Gina disse trocando um olhar divertido com Harry.



– Não que faça muita diferença. – Harry disse acenando com a cabeça – Acho que Rony diz algo que deixa muito clara a intenção dele logo em seguida…



– Eu não vou dizer nada. – Hermione disse revirando os olhos – Vocês sabem que temos um motivo para não contar as coisas antes de acontecerem.



– Claro. – Gina disse com irônia – Porque quadribol é um dos pontos mais relevantes da história toda.



– É relevante para mim. – Tiago e Harry disseram ao mesmo tempo e trocaram um sorriso.



 



— Eu tinha esquecido que Wood se formou — disse Hermione, distraída, quando se sentou ao lado de Rony e puxou um prato de torradas para perto.



 



– Eu me surpreendi que Wood não tenha aparecido para discutir com Dumbledore quando o quadribol foi cancelado no ano anterior. – Sirius disse rindo – Tenho certeza de que assim como Tiago ele diria que não havia motivo algum para cancelar o quadribol.



– E não havia mesmo. – Tiago revirou os olhos – Daria para encaixar a temporada com o Torneio Tribruxo perfeitamente…



– É, mas Harry não conseguiria jogar os dois. – Remo disse rindo.



– E nem deveria. – Tiago bufou – Num mundo perfeito Harry estaria jogando quadribol enquanto os outros competiam no Tribruxo.



    Harry não pode deixar de concordar.



 



— Suponho que isso vá fazer uma grande diferença para o time?



— Suponho que sim — concordou Harry, sentando no banco defronte. — Era um bom goleiro...



— Ainda assim, não vai ser ruim receber sangue novo, vai? — perguntou Rony.



 



– Harry tem razão. – Gina disse com um meio sorriso – Rony deixou as intenções dele bem claras.



– Eu não me lembrava disso. – Hermione disse franzindo a testa.



– Você não estava prestando atenção. – Rony disse rindo – Você não costuma prestar muita atenção quando o assunto é quadribol.



 



Com um forte deslocamento de ar e ruídos de batidas, centenas de corujas entraram voando pelas janelas superiores. Desceram por todo o salão, trazendo cartas e pacotes para seus donos, e deixando cair uma verdadeira chuva de pingos sobre as pessoas que tomavam café; sem a menor dúvida estava chovendo pesado lá fora. De Edwiges nem sinal, mas Harry não se surpreendeu; seu único correspondente era Sirius, e ele duvidava que o padrinho tivesse alguma novidade para lhe contar apenas vinte e quatro horas depois de se separarem. Hermione, porém, teve de afastar depressa o seu suco de laranja para abrir espaço para uma enorme coruja-de-igreja molhada, que trazia um encharcado Profeta Diário no bico.



— Para que é que você ainda está recebendo isso? — perguntou Harry irritado, pensando em Simas, enquanto Hermione colocava um nuque na bolsinha de couro presa à perna da coruja que em seguida levantou voo. — Eu não estou mais... é um monte de baboseiras.



 



– É importante saber o que estão falando de você por aí. – Remo disse acenando com a cabeça – Bem melhor do que acabar descobrindo pela boca dos outros…



– Remo tem razão, você tem que ficar informado de que mentiras eles estão contando para o público. – Sirius disse balançando a cabeça – Para poder se prevenir da repercussão…



– Se Dumbledore não tem um feitiço filtro de correspondências para você eu me surpreenderia muito. – Tiago disse pensativo – Mas mesmo assim, você lembra o que aconteceu quando Skeeter atacou Hermione.



– Mas as pessoas não atacariam Harry, não é? – Alice perguntou preocupada – Eles idolatram Harry há anos, não vão simplesmente se voltar contra ele…



– Já estão se voltando contra ele, Hogwarts é como um termômetro do mundo real, na maior parte do tempo os alunos disseminam as opiniões dos pais, pelo menos é o que meu pai costuma dizer... – Tiago disse com um olhar significativo – Nem todo mundo aprendeu a desconfiar dos jornais como você. – completou dando um meio sorriso para ela.



    Alice retribuiu o sorriso enquanto Hermione voltava a ler.



 



— É melhor saber o que o inimigo está dizendo — respondeu Hermione sombriamente, e, desdobrando o jornal, desapareceu por trás dele, só reaparecendo quando Harry e Rony tinham terminado a refeição.



— Nada — disse simplesmente, enrolando o jornal e guardando-o ao lado do prato. — Nada sobre você nem Dumbledore nem nada.



A Profª McGonagall agora vinha passando pela mesa distribuindo os horários.



— Olhem só hoje! — gemeu Rony. — História da Magia, dois tempos de Poções, Adivinhação e dois tempos de Defesa Contra as Artes das Trevas... Binns, Snape, Trelawney e a tal Umbridge, tudo no mesmo dia! Gostaria que Fred e Jorge trabalhassem mais rápido para aprontar aqueles kits Mata-Aulas...



 



– Realmente. – Sirius disse fazendo careta – Me parece um dos piores primeiro dia de aulas da história…



– Pensa pelo lado bom. – Remo disse balançando a cabeça – Pelo menos no próximo ano vocês só vão ter que cursar as matérias que quiserem…



– Se a tal da Umbridge continuar dando aulas em Hogwarts no próximo ano isso não é um lado bom… – Lily bufou.



– Ela não vai continuar. – Frank disse com um aceno de mão displicente – A maldição vai pegar ela até o final do ano.



– Não existe maldição. – Lily revirou os olhos.



 



— Será que os meus ouvidos me enganam? — perguntou Fred, que vinha chegando com Jorge e se apertou no banco de Harry. — Com certeza os monitores de Hogwarts não desejam matar aulas!



 



– Na qualidade de monitor-chefe eu gostaria de dizer que os monitores de Hogwarts deveriam matar aulas com mais frequência. – Tiago disse trocando uma risada com Remo Para baixar os níveis de estresse…



    Lily revirou os olhos para ele, mas não disse nada.



 



— Olhe só o que temos hoje — disse Rony rabugento, metendo o horário embaixo do nariz de Fred. — É a pior segunda-feira que já vi na vida.



— Um argumento válido, maninho — disse Fred, examinando a coluna do dia. — Posso lhe ceder um pouco de Nugá Sangra-Nariz baratinho, se quiser.



— Por que baratinho? — perguntou Rony desconfiado.



— Porque você não vai parar de sangrar até murchar inteiro, ainda não temos um antídoto — disse Jorge, servindo-se de um arenque.



 



– Pelo menos ele é sincero. – Sirius disse com uma risada – Ele poderia ter te dado o doce e ter te usado como objeto de pesquisa.



– E sabemos que esse é exatamente o tipo de coisa que Fred gostaria de fazer. – Gina disse com um sorriso carinhoso – Mas Jorge costuma preferir a sinceridade nos casos que envolvem risco.



 



— Obrigado — disse Rony, mal-humorado, guardando o horário no bolso — mas acho que fico com as aulas.



— E por falar nos seus kits Mata-Aulas — disse Hermione, encarando os gêmeos com um olhar penetrante — vocês não podem pôr anúncios pedindo cobaias no quadro de avisos da Grifinória.



— Quem disse? — perguntou Jorge, espantado.



— Digo eu — respondeu Hermione. — E Rony.



— Me deixe fora disso — disse Rony na mesma hora.



 



– Rony está certo. – Remo disse balançando a cabeça para Hermione – Você não deveria colocar ele nessa posição contra os irmãos mais velhos dele.



– Vocês são todos filhos únicos ou filhos mais velhos. – Lily disse observando a maioria dos outros – É muito difícil ir contra nossos irmãos mais velhos. – ela disse pensando em Petúnia, e recebeu acenos de concordância de Gina e Rony.



– E é por isso que ninguém espera que Rony controle os irmãos. – Remo disse, acenando com a cabeça – Acho que não esperam nem que ele controle Gina…



– Ele ainda teria mais sorte comigo que com Fred e Jorge. – Gina deu de ombros.



– Eu sei. – Hermione suspirou – Eu só queria… Mostrar eficiência.



– Você só queria ser monitora-chefe. – Tiago disse, observando Hermione com um meio sorriso – Não se preocupe com isso, mesmo que você tente destruir metade do castelo você ainda tem chance de ser monitora-chefe. – ele disse rindo – Eles me deram o cargo, não é?



 



Hermione olhou feio para ele. Fred e Jorge deram risadinhas debochadas.



— Você vai mudar esse seu tom muito breve, Hermione — disse Fred, enchendo de manteiga um pãozinho de minuto. — Você vai começar o quinto ano, e não vai demorar muito para nos suplicar por um kit Mata-Aula.



— E por que começar o quinto ano significa que vou querer um kit Mata-Aula? — perguntou Hermione.



 



– Porque os alunos do quinto ano são os que sempre acabam na enfermaria com esgotamento nervoso. – Alice disse com um aceno de cabeça – Mais ainda do que os do sétimo ano.



– Acho que se a pessoa sobrevive ao quinto ano o sétimo é mais fácil. – Remo deu de ombros.



– São menos matérias. – Sirius concordou – Só as que a pessoa realmente quer… Sobra mais tempo para estudar para cada uma.



 



— O quinto ano é o ano dos exames para obter os Níveis Ordinários em Magia — disse Jorge.



— E daí?



— E daí que os seus exames vêm aí, não é? E os professores vão esfregar o nariz de vocês com tanta força naquela pedra de amolar que ele vai ficar em carne viva — disse Fred com satisfação.



— Metade da nossa turma teve probleminhas nervosos quando estavam se aproximando os exames — disse Jorge satisfeito. — Crises de choro e chiliques... Patrícia Stimpson não parava de desmaiar...



 



– Uma garota da Lufa-lufa do nosso ano vomitava sempre que alguém falava em exames. – Sirius disse rindo um pouco.



 



— O Ken Towler ficou cheio de furúnculos, lembra? — perguntou Fred, recordando.



— Mas foi porque você pôs pó de fura-frunco no pijama dele — retrucou Jorge.



— Ah, foi mesmo — disse Fred, rindo. — Tinha me esquecido... às vezes é difícil lembrar de tudo, não é?



— Em todo o caso, é um ano de pesadelo, o quinto — concluiu Jorge. — Pelo menos se você costuma se preocupar com os resultados de exames. Bem ou mal, Fred e eu conseguimos manter nosso moral.



— É... vocês conseguiram, quanto foi mesmo, três N.O.M.s cada um? — disse Rony.



— Foi — respondeu Fred, despreocupadamente. — Mas achamos que o nosso futuro não será no mundo das realizações acadêmicas.



 



– A única razão para eles não irem melhor nos exames é porque os exames focam em coisas pelas quais eles não têm nenhum interesse. – Sirius disse balançando a cabeça.



– Mas aposto que eles foram bem em feitiços, poções e transfigurações. – Tiago disse pensativo – Afinal esses são a base para todos os produtos…



– É isso mesmo. – Gina disse com um sorriso – Eles tiraram O em poções, e E em transfigurações e feitiços…



– Impressionante. – Remo disse balançando a cabeça.



– Acho que só tiraram O em poções porque precisavam de O para continuar na classe de N.I.E.M’s. – Gina disse olhando de soslaio para Severo – Snape não aceita ninguém com menos de O.



– Não é um pouco demais? – Alice perguntou encarando Severo com a testa franzida.



– Imagino que eu só queira ensinar pessoas que estejam realmente interessadas em aprender. – Severo disse revirando os olhos.



– Por sorte Slughorn aceita alunos com E. Ou meu pai ficaria decepcionado. – Tiago disse balançando a cabeça.



– Você poderia tirar T em todos os seus exames e seu pai não ficaria decepcionado. – Sirius disse com uma risada – Mas você tirou O em quase tudo, então nunca vamos saber.



 



— Debatemos seriamente se íamos nos dar ao trabalho de voltar e completar o sétimo ano — disse Jorge, animado — agora que temos...



Calou-se a um olhar de Harry, que percebera que Jorge estava a ponto de mencionar o prêmio Tribruxo que ele dera aos gêmeos.



—... agora que conseguimos os nossos N.O.M.s — continuou Jorge, depressa. — Quero dizer, será que realmente precisamos dos N.I.E.M.s? Mas achamos que mamãe não iria aguentar ver a gente abandonando a escola cedo, não depois de Percy ter virado o maior imbecil do mundo.



— Mas não vamos desperdiçar o nosso último ano aqui — disse Fred, correndo os olhos com carinho pelo Salão Principal. — Vamos usá-lo para pesquisar um pouco o mercado, descobrir exatamente o que o aluno médio de Hogwarts precisa comprar em uma loja de logros, avaliar cuidadosamente os resultados da nossa pesquisa, e então fabricar a mercadoria exata para atender à demanda.



 



– Isso é uma estratégia muito inteligente. – Sirius disse acenando com a cabeça impressionado – Quem diria que além de gênios, os gêmeos também sabem um bocado de marketing.



– Você realmente fez o melhor investimento do século. – Tiago disse dando uma piscadela a Harry.



– Ótimo investimento. – Remo disse acenando enfaticamente.



 



— Mas onde é que vocês vão arranjar o ouro para abrir uma loja de logros? — perguntou Hermione, sem acreditar. — Vocês vão precisar de muitos ingredientes e materiais... e de um local também, suponho...



Harry não olhou para os gêmeos. Sentiu o rosto quente; intencionalmente, deixou cair o garfo no chão e mergulhou embaixo da mesa para apanhá-lo. Ouviu Fred dizer lá no alto:



— Não nos faça perguntas e não diremos mentiras, Hermione. Vamos, Jorge, se chegarmos cedo, talvez a gente consiga vender umas Orelhas Extensíveis antes da aula de Herbologia.



Harry saiu debaixo da mesa e viu Fred e Jorge se afastando, cada um levando uma pilha de torradas.



 



– Você poderia ter simplesmente nos contado, sabe? – Hermione disse levantando os olhos do livro para encarar Harry.



– Vocês teriam me perturbado por causa disso por meses. – Harry afirmou categórico – E nós realmente tínhamos mais no que pensar na época.



 



— Que foi que ele quis dizer com isso? — perguntou Hermione, olhando de Harry para Rony. — “Não nos faça perguntas...” Isso quer dizer que eles já têm algum ouro para começar a loja de logros?



— Sabe, eu tenho pensado nisso — disse Rony, com a testa enrugada. — Eles me compraram um conjunto de vestes a rigor este verão e não consegui entender onde arranjaram o dinheiro.



 



– Eu já imaginava que Harry tinha dado o prêmio a eles. – Gina disse dando de ombros – Quero dizer… Eles pareciam muito mais focados desde o final do Tribruxo e quando Harry chegou ao Largo Grimmauld eles pareciam mais esforçados em mostrar serviço.



– Eu devia ter percebido… – Hermione disse franzindo a testa – É bem o tipo de coisa que você faria, não é? – completou, encarando Harry, que apenas encolheu os ombros, e balançando a cabeça de forma carinhosa.



– E nunca nem pensamos em te perguntar o que você fez com o dinheiro. – Rony disse balançando a cabeça – Eu achei que você tinha dado aos pais de Cedrico…



– Eu tentei. – Harry disse com um suspiro.



 



Harry resolveu que estava na hora de mudar o rumo da conversa para águas menos perigosas.



— Vocês acham que é verdade que o ano vai ser realmente duro? Por causa dos exames?



— Ah, vai — respondeu Rony. — Com certeza, não acham? Os N.O.M.s são muito importantes, afetam os empregos a que a gente vai poder se candidatar e tudo. Recebemos orientação profissional também, mais para o fim do ano, o Gui me contou. Assim a gente pode escolher os N.I.E.M.s que vai querer fazer no ano seguinte.



— Vocês sabem o que vão querer fazer quando terminarem Hogwarts? — perguntou Harry aos outros dois, quando deixavam o Salão Principal, pouco depois, para assistir à aula de História da Magia.



 



– Você ainda queria ser auror, mesmo depois de descobrir que a pessoa que disse que você daria um bom auror era um comensal da morte disfarçado? – Sirius perguntou, levantando uma sobrancelha para Harry.



– Acho que sim… Nunca pensei muito em outras opções. – Harry deu de ombros.



– Você daria um ótimo jogador de quadribol. – Tiago disse com os olhos brilhando.



– Eu acho que gostaria de ser um jogador profissional. – Harry disse com um meio sorriso – Mas com as coisas que me acontecem…



– Tem razão. – Tiago suspirou, ligeiramente decepcionado – É melhor treinar para ser auror e garantir que vai saber como se proteger.



 



— Não tenho muita certeza — disse Rony lentamente. — Exceto que... bom...



Ele pareceu ligeiramente encabulado.



— Quê? — insistiu Harry.



— Bom, seria legal ser auror — disse Rony, em tom displicente.



— Ah, isso seria — apoiou Harry, com fervor.



— Mas eles são, tipo, a elite — disse Rony. — É preciso ser realmente fera. E você, Mione?



— Não sei. Acho que gostaria de fazer alguma coisa que realmente valesse a pena.



— Ser auror vale a pena! — disse Harry.



— É, claro que vale, mas não é a única coisa que vale a pena — disse Hermione, pensativa — quero dizer, se eu pudesse levar o F.A.L.E. adiante…



Harry e Rony tomaram o cuidado de evitar se olhar.



 



– Você pode tentar entrar para o Departamento de Regulação e Controle das Criaturas Mágicas. – Remo deu de ombros – Seria mais fácil conseguir mudar as leis de dentro do Ministério do que de fora.



– É… – Gina disse acenando enfaticamente – Papai criou metade das leis de regularização de feitiços em objetos trouxas.



– Ele diz que ninguém nunca se interessou o bastante pelo assunto, então foi fácil para ele implementar as diretrizes que ele achava necessárias, e depois que as diretrizes foram implantadas ele conseguiu convencer o Ministério a criar as leis. – Rony disse encolhendo os ombros – Você poderia fazer a mesma coisa se quisesse muito.



– Sabe, é engraçado ler os livros e ver como suas reações mudaram com o tempo. – Hermione disse, encarando Rony com um meio sorriso.



 



A História da Magia era, por consenso, a disciplina mais chata que a bruxidade inventara. Binns, o professor fantasma, tinha uma voz asmática e monótona que era quase uma garantia de provocar grave sonolência em dez minutos, cinco em tempo de calor. Ele jamais variava a maneira de dar aulas, falava sem fazer uma única pausa, enquanto a turma anotava suas palavras, ou melhor, mirava sonolentamente o vazio. Harry e Rony até agora tinham conseguido passar raspando, copiando as anotações de Hermione antes dos exames; somente ela parecia capaz de resistir ao poder soporífico da voz de Binns.



 



– Eu acho História da Magia fascinante. – Hermione disse levantando os olhos do livro – Binns realmente não é um bom professor, mas eu consigo focar no conteúdo e sempre pesquiso por fora das aulas…



– História da Magia realmente tem muitas coisas interessantes. – Sirius disse acenando em concordância – Eu sempre gostei das partes em que os trouxas e os bruxos conviviam e como isso influenciou ambas as sociedades.



– Sim! – Hermione exclamou empolgada – Eu entendi várias coisas de história trouxa por causa de História da Magia. Muitas coisas nunca fizeram sentido como a caça às bruxas no século XV, é claro que os historiadores hoje acreditam que as bruxas do caso eram parteiras e mulheres que descobriram as propriedades de diversas plantas, mas faz muito mais sentido se inicialmente as bruxas eram realmente bruxas que tentavam ajudar os trouxas com poções, como o antepassado de vocês e…



– Então, nós vamos silenciar ela ou a única pessoa que não pode se empolgar com algum assunto sou eu? – Tiago perguntou, cutucando Lily com o cotovelo.



– Desculpa. Mas é um assunto que realmente me interessa… – Hermione disse, corando, antes de voltar à leitura.



 



Hoje, eles sofreram quarenta e cinco minutos de cantilena sobre as guerras dos gigantes. Harry ouviu o bastante em apenas dez minutos para perceber, mesmo vagamente, que nas mãos de outro professor o assunto poderia ter tido algum interesse, depois o seu cérebro se desligou, e ele passou os trinta e cinco minutos restantes jogando forca com Rony em um canto de pergaminho, enquanto Hermione lançava aos dois olhares de censura pelo canto do olho.



 



– Qualquer uma das guerras seria mais interessante nas mãos de outro professor. – Sirius disse categórico – Eu acho um tanto ridículo que nunca tenham substituído o Binns. Nem precisariam avisar que ele está morto, é só mudarem a sala de História da Magia de lugar e deixar ele assombrar a sala dele em paz.



– E qualquer um que estivesse desesperado por reforço em história só precisaria entrar na sala dele e fazer perguntas. – Tiago disse rindo.



– Seria maldade. – Alice disse, rindo um pouco – Bem ou mal ele consegue perceber os alunos.



– Não. – Sirius disse com um aceno de mão displicente – Ele acharia que os alunos estão lá mesmo com a sala de aula vazia… Eu acho que ele continua dando aulas até durante as férias!



 



— E como seria — perguntou ela friamente, quando os três saíam da sala para o intervalo (Binns desaparecia através do quadro-negro) — se este ano eu me recusasse a emprestar as minhas anotações a vocês?



— Não passaríamos no N.O.M. Se você quiser ter isso pesando na sua consciência, Mione...



— Ora, seria bem merecido. Vocês nem ao menos tentam escutar o que ele diz, tentam?



— Tentamos — disse Rony. — Só que não temos o seu cérebro nem a sua memória nem a sua concentração... você é simplesmente mais inteligente do que nós... você acha bonito esfregar isso na cara da gente?



— Ah, não me venha com essa baboseira — disse Hermione, mas pareceu um pouco menos zangada quando saiu à frente deles para o pátio molhado.



 



    Hermione corou por trás do livro enquanto os outros riam.



 



Caía uma chuvinha fina e nevoenta, que fazia os contornos das pessoas paradas em grupos ao redor do pátio parecerem esfumados. Harry, Rony e Hermione escolheram um canto isolado sob uma sacada que pingava abundantemente, virando para cima as golas das vestes para se protegerem do ar gelado de setembro, enquanto conversavam sobre o dever que Snape pediria na primeira aula do ano. Tinham chegado a concordar que, muito provavelmente, seria algo de extrema dificuldade para apanhá-los desprevenidos ao fim de dois meses de férias, quando alguém entrou no pátio e veio na direção deles.



— Olá, Harry!



Era Cho Chang e, mais, vinha sozinha outra vez. Isto era muito incomum. Quase sempre Cho estava cercada por um bando de garotas risonhas; Harry se lembrou da agonia por que passara para encontrá-la sozinha e convidá-la para o Baile de Inverno.



— Oi — disse Harry, sentindo seu rosto esquentar.



Pelo menos desta vez você não está coberto de seiva de escrofulária, disse a si mesmo. Cho parecia estar pensando mais ou menos a mesma coisa.



— Você conseguiu limpar aquela coisa, então?



— Claro — disse Harry, tentando sorrir, como se a lembrança do último encontro fosse engraçada e não mortificante.



 



– Se ela fosse uma garota legal gostaria de você mesmo coberto de seiva. – Tiago disse, recebendo acenos enfáticos de quase todos os outros.



 



— Então, você teve... hum... as férias foram boas?



No momento em que disse isso ele desejou que não o tivesse dito – Cedrico era o namorado de Cho e a lembrança de sua morte devia ter afetado as férias dela tão fortemente quanto afetara as de Harry. Alguma coisa pareceu retesar em seu rosto, mas ela respondeu:



— Ah, foram bem, você sabe...



 



– Deve ter sido realmente difícil para ela, perder o namorado assim… – Alice disse pesarosa, arrependendo-se de rir da garota.



– E o fato dos bruxos não terem psicólogos não deve ter ajudado muito. – Lily disse com um suspiro profundo.



– Na verdade ela procurou um psicólogo trouxa. – Gina disse a elas.



– E como você sabe disso? – Hermione perguntou franzindo a testa.



– Luna me contou. – Gina deu de ombros – Disse que todo mundo estava comentando na sala comunal delas. Parece que ela teve que editar bastante a história…



– Imagino. – Hermione suspirou – Não seria nada fácil de explicar ao psicólogo… E se ela falasse a verdade ou ele acharia que ela é louca ou ela seria condenada por violar o Estatuto do Sigilo…



– Parece que ela disse que foi um acidente estranho e que ninguém sabia ao certo como aconteceu. – Gina contou – Mas é claro que não da para falar que ele foi morto por um sociopata que quer expurgar a sociedade bruxa de todos os nascidos-trouxas.



– Seria bem mais fácil se bruxos levassem saúde mental a sério. – Lily disse balançando a cabeça pesarosa.



 



— Isso é um emblema dos Tornados? — perguntou Rony de repente, apontando para a frente das vestes de Cho, onde havia um emblema azul-celeste brasonado com um T duplo dourado. — Você não torce por eles, torce?



— Torço — respondeu Cho.



— Você sempre torceu por eles, ou só depois que começaram a ganhar destaque na divisão? — perguntou Rony, no que Harry considerou um tom desnecessariamente inquisitivo.



 



– Rony realmente sabe como criar um clima, não é? – Sirius perguntou rindo.



– Sempre foi meu irmão favorito. – Gina disse dando a ele uma piscadela.



– Você diz isso para todos. – Rony disse com um aceno de mão displicente, e depois completou – Menos Percy.



– Vocês são todos meus favoritos por motivos diferentes. – Gina disse com um meio sorriso sincero.



 



— Torço por eles desde que tinha seis anos de idade — respondeu Cho tranquilamente. — Em todo o caso... a gente se vê, Harry.



Ela se afastou, e Hermione aguardou até Cho ter atravessado metade do pátio para brigar com Rony.



— Você não tem um pingo de sensibilidade!



— Quê? Eu só perguntei a ela se...



— Você não percebeu que ela queria falar com Harry sozinha?



— E daí? Podia ter falado, eu não estava impedindo...



— Droga, por que você estava atacando a garota por causa do time de Quadribol?



— Atacando? Eu não estava atacando a Cho, estava só...



— Quem se importa se ela torce pelos Tornados?



— Ah, nem vem, metade das pessoas que a gente vê usando esses emblemas só os compraram na última temporada...



— E que diferença faz?



— Quer dizer que não são fãs de verdade, só estão aproveitando a onda...



 



– Realmente. – Tiago disse acenando com a cabeça enfaticamente – Não há nada pior do que fãs de temporada.



    Rony sorriu para ele e acenou com a cabeça para Hermione para mostrar a ela como ele não era o único com aquela opinião.



 



— A sineta — disse Harry desanimado, porque Rony e Hermione estavam alterados demais para ouvi-la.



Os dois não pararam de discutir durante todo o caminho para a masmorra de Snape, o que deu a Harry muito tempo para refletir que, entre Neville e Rony, ele teria muita sorte se um dia conseguisse conversar com Cho dois minutos, de que ele pudesse lembrar sem ter vontade de fugir do país.



 



– Então nós realmente temos que agradecer a Neville e Rony... Pelo menos não temos que aturar a conversa completamente tediosa que você e Cho teriam. – Sirius disse trocando uma piscadela com Gina e fazendo Harry corar.



 



E, no entanto, pensou, ao entrarem na fila que se formava do lado de fora da porta da sala de Snape, Cho tinha resolvido vir falar com ele, não tinha? Fora namorada de Cedrico; podia muito bem ter odiado Harry por sair vivo do labirinto do Tribruxo enquanto Cedrico morrera, ainda assim, estava falando com ele de maneira perfeitamente amigável e não como se o achasse doido, nem mentiroso nem responsável, de alguma maneira sinistra, pela morte do namorado... sim, sem a menor dúvida, ela resolvera vir falar com ele, e pela segunda vez em dois dias... e, com este pensamento, Harry começou a se animar.



 



– Isso é realmente deprimente. – Sirius disse olhando para Harry com pena.



 



Até mesmo o som agourento da porta da masmorra de Snape rangendo ao abrir não estourou a bolhinha de esperança que parecia ter crescido em seu peito. Ele entrou na sala atrás de Rony e Mione, e os acompanhou à mesa de sempre, no fundo da sala, ignorando os ruídos ríspidos e irritados que ambos produziam.



— Quietos — disse Snape friamente, fechando a porta ao passar.



Não havia real necessidade de dar essa ordem; no momento em que a turma ouviu a porta fechar, o silêncio se instalou e todo o bulício terminou. A mera presença de Snape era, em geral, suficiente para garantir o silêncio da classe.



— Antes de começarmos a aula de hoje — disse o professor, caminhando imponente até a escrivaninha e correndo os olhos pelos alunos — acho oportuno lembrar a todos que em junho próximo prestarão um importante exame, no qual provarão o quanto aprenderam sobre a composição e o uso das poções mágicas. Por mais debiloides que sejam alguns alunos desta turma, eu espero que obtenham no mínimo um “Aceitável” no seu N.O.M., ou terão de enfrentar o meu... desagrado.



O seu olhar recaiu desta vez sobre Neville, que engoliu em seco.



 



– Ótimo jeito de incentivar eles, heim? – Remo disse olhando para Severo com desagrado.



 



— Quando terminar este ano, naturalmente, muitos de vocês deixarão de estudar comigo — continuou Snape. — Só aceito os melhores na minha turma de Poções preparatória para o N.I.E.M., o que significa que alguns de nós certamente vamos dizer adeus.



Seu olhar pousou em Harry e seu lábio se crispou. O garoto encarou-o de volta, sentindo um prazer sinistro em pensar que poderia desistir de Poções depois do quinto ano.



 



– Se você realmente quiser ser auror, vai ter que continuar estudando poções. – Tiago disse em um tom pesaroso – Por mais desagradável que seja… – completou olhando de soslaio para Severo.



– Ou seja, – Lily disse virando-se para Harry – ou você consegue um O, ou você vai ter que desistir de ser auror…



– Talvez jogar quadribol seja mesmo uma ideia melhor. – Sirius disse encolhendo os ombros – Eu nem sei o que McGonagall aconselha a alguém que quer se tornar jogador profissional…



– Ela aconselha a pessoa a ganhar o campeonato. – Tiago disse categórico – E ela convida olheiros de vários times da liga, especialmente os que foram da Grifinória.



– Como você sabe disso? – Harry perguntou a ele intrigado.



– Nós conversamos sobre a possibilidade na minha orientação vocacional. – Tiago disse com um aceno de mão displicente – Mas com a guerra e tudo mais… Decidi que seria melhor tentar entrar para o departamento de aurores… Moody acha mais prudente…



– Mas o que você queria mesmo é jogar quadribol? – Harry perguntou trocando um olhar de profundo entendimento com Tiago.



– Você também prefere. – Tiago disse dando a Harry um meio sorriso triste – Mas infelizmente quadribol profissional não parece estar no futuro de nenhum de nós dois…



 



— Mas ainda teremos um ano antes do feliz momento das despedidas — disse Snape suavemente — portanto, pretendam ou não tentar os exames dos N.I.E.M.s, aconselho a todos que se concentrem em obter a nota alta que sempre espero dos meus alunos de N.O.M. Hoje vamos aprender a misturar uma poção que sempre é pedida no exame dos Níveis Ordinários em Magia: a Poção da Paz, uma beberagem para acalmar a ansiedade e abrandar a agitação. Mas fiquem avisados: se pesarem muito a mão nos ingredientes, vão mergulhar quem a beber em um sono pesado e por vezes irreversível, por isso prestem muita atenção no que vão fazer.



A esquerda de Harry, Hermione sentou-se mais reta, com uma expressão de extrema atenção.



— Os ingredientes e o método — Snape fez um gesto rápido com a varinha — estão no quadro-negro — (eles apareceram ali) — encontrarão tudo de que precisam — ele tornou a agitar a varinha — no armário do estoque — (a porta do armário mencionado se abriu) — e vocês têm uma hora e meia... podem começar.



 



– Me pergunto porque você se daria ao trabalho de colocar as instruções no quadro quando o livro deles tem as instruções... Slughorn nunca fez isso… – Lily disse para Severo pensativa.



    Severo apenas encolheu os ombros, apesar de ter uma ideia do motivo pelo qual ele daria as próprias instruções aos alunos. Ainda mais se esperava que eles se saíssem realmente bem nos exames.



 



Exatamente como Harry, Rony e Hermione haviam previsto, Snape não poderia ter passado para os alunos uma poção mais difícil e demorada. Os ingredientes tinham de ser acrescentados ao caldeirão na ordem e quantidade precisas; a mistura tinha de ser mexida o número exato de vezes, primeiro no sentido horário, depois no anti-horário; o calor e as chamas em que a poção ia cozinhar tinham de ser reduzidos a um nível exato, por um número específico de minutos antes do último ingrediente ser adicionado.



— Um vapor claro e prateado deve se desprender da poção — avisou Snape — dez minutos antes de ficar pronta.



Harry, que suava profusamente, correu o olhar desesperado pela masmorra. Seu caldeirão estava liberando uma enorme quantidade de vapor cinza-escuro; o de Rony cuspia fagulhas verdes. Simas cutucava febrilmente as chamas na base do caldeirão com a ponta da varinha, pois elas pareciam estar se apagando. A superfície da poção de Hermione, no entanto, apresentava uma névoa prateada de vapor, e quando Snape passou por ela olhou do alto do seu narigão sem fazer comentários, o que significava que não conseguira encontrar nada a criticar. Junto ao caldeirão de Harry, porém, o professor parou, e olhou-o com um horrível sorriso de afetação no rosto.



— Potter, o que você acha que isto é?



Os alunos da Sonserina sentados na frente da sala ergueram a cabeça, pressurosos: adoravam ouvir Snape implicar com Harry.



— A Poção da Paz — respondeu o garoto, tenso.



— Diga-me, Potter — perguntou Snape baixinho — você sabe ler?



 



– Lá vamos nós outra vez. – Sirius rosnou na direção de Severo.



 



Draco Malfoy deu uma risada.



— Sei sim, senhor — disse Harry, os dedos apertando a varinha.



— Leia a terceira linha das instruções para mim, Potter.



Harry apertou os olhos para ver o quadro-negro; não era fácil ler as instruções através da névoa de vapor multicolorido que agora enchia a masmorra.



— Acrescente a pedra da lua moída, mexa três vezes no sentido anti-horário, deixe cozinhar durante sete minutos, depois junte duas gotas de xarope de heléboro.



Seu ânimo despencou. Ele não juntara o heléboro, passara direto para a quarta linha das instruções, depois de cozinhar a poção durante sete minutos.



— Você fez tudo que estava na terceira linha, Potter?



— Não, senhor — respondeu Harry baixinho.



— Como disse?



— Não — repetiu o garoto mais alto. — Esqueci o heléboro.



— Eu sei que esqueceu, Potter, o que significa que essa porcaria não serve para nada. Evanesco!



 



– Isso é completamente… – Lily grunhiu – Isso é ridículo! E injusto! Você deveria tratar Harry como trata os outros alunos e… – ela grunhiu outra vez.



– Achei que a essa altura você já tivesse percebido que Snape não tem o mínimo de decência. – Sirius disse mostrando os dentes para Severo, como um cachorro faria – Ele está sendo injusto com Harry desde o primeiro ano… E na época Harry nem tinha mostrado sua épica incapacidade com poções.



– Para mim Harry só tem dificuldade com poções por causa dele. – Remo disse trocando um olhar com Harry – Aposto que você se sairia muito melhor com um professor que não te odiasse por causa de coisas que aconteceram antes de você nascer…



– Não… – Sirius disse com um aceno de mão – A culpa é obviamente de Harry. – ele completou irônico – Quem mandou ele nascer parecido com o próprio pai, não é?



    Severo gostaria de poder se defender de alguma forma. Mas ele sabia que eles estavam certos sobre a maneira como ele tratava o garoto.



 



O conteúdo do caldeirão de Harry desapareceu; ele ficou parado como um tolo ao lado do caldeirão vazio.



— Os alunos que conseguiram ler as instruções encham um frasco com uma amostra de sua poção, colem uma etiqueta com o seu nome escrito com clareza e tragam-no à minha escrivaninha para verificação — disse Snape. — Dever de casa: trinta centímetros de pergaminho sobre as propriedades da pedra da lua e seus usos no preparo de poções, a ser entregue na terça-feira.



Enquanto todos a sua volta enchiam os frascos, Harry guardou o que era seu, espumando de raiva. Sua poção não estava pior do que a de Rony, que agora exalava um cheiro horrível de ovo podre; ou a de Neville, que atingira a consistência de cimento recém-misturado, e agora ele tentava extrair do caldeirão; mas era apenas ele, Harry, que iria receber zero no trabalho do dia.



 



– Justíssimo. – Sirius rosnou – Rony e Neville não se parecem em nada com Tiago, eles não precisam pagar por coisas de que nem ao menos tem conhecimento.



 



Ele guardou a varinha na mochila e se largou na carteira, observando os demais se dirigirem à escrivaninha de Snape com frascos cheios e arrolhados.



Quando finalmente a sineta tocou, Harry foi o primeiro a sair da masmorra, e já começara a almoçar quando Rony e Hermione vieram se juntar a ele no Salão Principal. O teto se transformara em um cinza ainda mais sujo durante a manhã. A chuva fustigava as janelas.



— Foi realmente injusto — disse Hermione, consolando-o e, sentando-se ao seu lado, serviu-se do empadão de batata com carne moída. — A sua poção estava quase tão ruim quanto a de Goyle; quando ele a despejou no frasco a coisa explodiu e incendiou as vestes dele.



— É, fazer o quê — disse Harry, olhando carrancudo para o prato — desde quando Snape foi justo comigo?



Os outros não responderam; os três sabiam que a inimizade de Snape e Harry fora absoluta desde o momento em que o amigo pusera os pés em Hogwarts.



 



– Só porque Snape é incapaz de separar Tiago de Harry. – Remo disse encarando Severo com desagrado.



 



— Eu realmente pensei que talvez ele fosse melhorar um pouquinho este ano — disse Hermione, desapontada. — Quero dizer... sabe... — ela olhou para os lados cautelosamente; havia meia dúzia de lugares vazios de cada lado deles e ninguém passava pela mesa... — agora que ele está na Ordem e tudo.



 



– Eu quase fico feliz que Snape continue sendo um babaca com Harry, quero dizer, seria extremamente bizarro ter que assistir Snape tratando Harry com justiça... E pelo menos isso significa que o universo não vai entrar em colapso. – Tiago disse, falando pela primeira vez em algum tempo, e fazendo Harry rir.



 



— Cogumelos venenosos não mudam sua natureza — disse Rony sabiamente. — Em todo o caso, eu sempre achei Dumbledore meio matusquela por confiar em Snape. Onde está a prova de que ele realmente parou de trabalhar para Você-Sabe-Quem?



— Acho que Dumbledore provavelmente tem muitas provas, mesmo que não as revele a você — retorquiu Hermione.



 



    Severo temia saber quais eram essas provas, se perguntava se elas apareceriam naqueles livros, e se ele teria que ficar ali quieto enquanto seu maior segredo era revelado para seus maiores inimigos.



 



— Ah, calem a boca, vocês dois — disse Harry, rudemente, quando Rony abriu a boca para responder. Hermione e Rony congelaram, demonstrando estar zangados e ofendidos. — Será que não podem dar um tempo? Sempre brigando um com o outro, estão me enlouquecendo.



E, largando o empadão pela metade, atirou a mochila às costas e deixou os dois sentados ali.



Harry subiu dois degraus de cada vez da escadaria de mármore, passando pelos numerosos estudantes que corriam para almoçar. A raiva que acabara de extravasar tão inesperadamente ainda queimava dentro dele, e a visão dos rostos chocados de Rony e Hermione lhe proporcionou uma sensação de profunda satisfação. Bem feito para eles, pensou, será que não podem dar um descanso... brigam o tempo todo... é suficiente para fazer qualquer um subir pelas paredes...



 



– Eles realmente brigam o tempo todo, mas acho que você exagerou um pouco. – Gina disse levantando uma sobrancelha para Harry, que apenas acenou que concordava com a cabeça.



– Um pouco? – Hermione perguntou franzindo a testa para Harry – Eu sei que você estava estressado e tudo mais… Mas descontar nas únicas pessoas que estão sempre do seu lado não é nada inteligente.



– Eu sei. – Harry bufou – E eu já pedi desculpas…



– Pediu. – Hermione disse acenando com a cabeça – Mas é sempre bom lembrar…



 



Em um dos patamares, ele passou pelo grande retrato de Sir Cadogan; o cavalheiro desembainhou a espada e brandiu-a ferozmente contra Harry, que não lhe deu atenção.



— Volte aqui seu cão pestilento! Fique parado e lute! — berrou com a voz abafada pelo visor da armadura, mas Harry simplesmente continuou o seu caminho e, quando Sir Cadogan tentou segui-lo, correndo para o retrato do lado, foi repelido por seu dono, um cachorrão de cara feroz.



Harry passou o resto do intervalo para o almoço sentado sozinho sob o alçapão, no alto da Torre Norte. Em consequência disso, foi o primeiro a subir a escada prateada que levava à sala de aula de Sibila Trelawney, quando a sineta tocou.



Depois de Poções, Adivinhação era a aula de que Harry menos gostava, principalmente por causa do hábito que tinha a Profª Trelawney de predizer sua morte prematura com frequência. Uma mulher magra, envolta em pesados xales e refulgente de colares, ela sempre lembrara a Harry uma espécie de inseto, cujos óculos ampliavam enormemente seus olhos. Estava atarefada, colocando exemplares de livros encadernados em couro, mas muito usados, sobre cada uma das mesinhas instáveis que atravancavam sua sala, quando Harry entrou. Porém, a luz refletida pelos abajures cobertos por lenços de seda e pelo fogo baixo e nauseante da lareira era tão fraca que a professora pareceu não ter notado a presença do garoto quando ele se sentou nas sombras. Os demais alunos foram chegando nos cinco minutos seguintes. Rony apareceu no alçapão, olhou atentamente a toda volta, localizou Harry e se encaminhou direto para ele, ou o mais diretamente que pôde, depois de contornar mesas, cadeiras e pufes repolhudos.



— Hermione e eu paramos de discutir — disse ele, sentando-se ao lado do amigo.



— Ótimo — resmungou Harry.



— Mas Hermione diz que acha que seria legal se você parasse de descontar sua raiva na gente.



 



– Bom saber que vocês conseguem parar de discutir quando encontram um problema em comum. – Sirius disse com uma meia risada.



– Às vezes a gente acabava deixando nossas discussões saírem um pouco de controle. – Hermione admitiu a contragosto – Mas ainda assim, Harry não precisava ter falado daquele jeito com a gente…



– Desculpa. – Harry disse levantando as mãos em sinal de rendição.



 



— Eu não estou...



— Eu estou só transmitindo o recado — disse Rony, interrompendo-o. — Mas acho que ela tem razão. Não é nossa culpa o modo do Simas e do Snape tratarem você.



— Eu nunca disse isso...



 



    Hermione ergueu os olhos do livro e sorriu para Rony por um segundo antes de continuar a leitura.



 



— Bom dia — saudou a Profª Trelawney, com a voz difusa e sonhadora de sempre, e Harry parou de falar, sentindo-se mais uma vez chateado e ligeiramente envergonhado. — E bom retorno à Adivinhação. Eu estive naturalmente acompanhando o destino de vocês com a maior atenção durante as férias, e estou felicíssima que todos tenham voltado a Hogwarts sãos e salvos, como, aliás, eu sabia que aconteceria. Vocês vão encontrar nas mesas à sua frente exemplares do Oráculo dos sonhos, da autoria de Inigo Imago. A interpretação dos sonhos é um meio dos mais importantes para adivinhar o futuro, e que por isso pode muito provavelmente ser exigido no seu N.O.M. Não que eu acredite, é claro, que ser aprovado ou não em um exame tenha a mais remota importância, quando tratamos da arte sagrada da adivinhação. Se a pessoa tem o Olho que Vê, os certificados e as séries concluídas não vêm ao caso. Contudo, o diretor gosta que vocês prestem exames, portanto...



A voz da professora foi baixando delicadamente, não deixando aos alunos a menor dúvida de que ela considerava a sua disciplina acima de detalhes sórdidos como exames.



— Abram, por favor, na Introdução, e leiam o que Imago tem a dizer sobre a interpretação de sonhos. Depois, quero que se dividam em pares e usem o Oráculo dos sonhos para interpretar os sonhos mais recentes um do outro. Comecem.



Uma coisa boa a dizer desta aula é que não durava dois tempos. Na altura em que todos terminaram de ler a introdução ao livro, restavam menos de dez minutos para a interpretação de sonhos. Na mesa ao lado da de Harry e Rony, Dino fizera par com Neville, que imediatamente embarcou em uma interminável explicação sobre um pesadelo que envolvia uma tesoura gigantesca usando o melhor chapéu de sua avó; Harry e Rony apenas se entreolharam sombriamente.



 



– É bem óbvio que seu sonho significa que você teme a desaprovação da sua avó em tudo o que você faz, e que você sente que tudo é culpa sua, mesmo quando você não tem controle sobre os acontecimentos. – Alice disse, encarando Neville intensamente.



    Neville encolheu os ombros, mas não respondeu.



– Bem, você não deveria temer tanto a desaprovação da minha mãe. – Frank disse sorrindo para Neville. – No fundo, eu tenho certeza de que ela só quer que você seja feliz.



– Desde que eu seja como você. – Neville murmurou, mas ninguém ouviu.



 



— Nunca me lembro dos meus sonhos — disse Rony. — Conta você.



— Você deve lembrar pelo menos um deles — disse Harry, impaciente.



Ele não ia dividir seus sonhos com ninguém. Sabia perfeitamente bem o que significava o pesadelo frequente com um cemitério, e não precisava de Rony nem da Profª Trelawney, nem daquele livro idiota para lhe dizer.



 



– Dividir esse sonho em particular no meio da aula de Adivinhações realmente não seria uma boa ideia. – Lily disse, acenando com a cabeça para Harry.



– No caso do Harry, acho que ele não tem nenhum sonho que possa realmente ser partilhado no meio de uma sala de aula cheia de alunos que provavelmente não acreditam nele. – Remo disse, balançando a cabeça.



– O sonho com os corredores e portas fechadas não parece tão ruim. – Alice deu de ombros.



 



— Bom, uma noite dessas eu sonhei que estava jogando Quadribol — disse Rony, contraindo o rosto num esforço para se lembrar. — Que é que você acha que isso significa?



— Provavelmente que você vai ser devorado por um marshmallow gigante ou outra coisa assim — disse Harry, folheando as páginas do Oráculo dos sonhos, sem interesse.



 



– Conhecendo as aulas da Trelawney é bem provável! – Sirius disse, rindo, sendo acompanhado por todos os outros.



– Para mim significa que você gostaria de entrar no time da Grifinória. – Tiago disse, trocando um olhar significativo com Rony.



– O meu livro de interpretação de sonhos, que não é o mesmo que vocês usaram nessa aula, diz que significa que você tem grandes objetivos e que está em busca de alcançá-los. – Alice disse, balançando a cabeça de forma pensativa. – Então eu diria que Tiago está certo. – ela completou encolhendo os ombros e fazendo Tiago acenar a cabeça enfaticamente.



 



Era um trabalho muito sem graça procurar fragmentos de sonhos no Oráculo, e Harry não se sentiu mais animado quando a professora mandou preparar um diário com os sonhos de um mês, como dever de casa.



Quando a sineta tocou, ele e Rony foram os primeiros a descer pela escada, Rony resmungando em voz alta.



— Você já percebeu quanto dever de casa já temos? Binns mandou fazer um trabalho de quarenta e cinco centímetros sobre as guerras dos gigantes, Snape quer trinta centímetros sobre o uso das pedras da lua, e agora temos de fazer um diário de sonhos durante um mês para Trelawney! Fred e Jorge não estavam errados sobre o ano dos exames, sabe? É melhor aquela tal Umbridge não nos dar nada...



 



– Sinceramente, – Hermione disse, levantando os olhos do livro para encarar Rony – não é tão ruim assim, o diário de sonhos especialmente não é nada complicado.



– E trinta centímetros no uso das pedras da lua é bem básico... – Lily disse franzindo a testa – Eu dei uma olhada em alguns dos deveres da Petúnia ao longo dos anos, e os professores trouxas exigem muito mais do que os professores de Hogwarts em termos de dever de casa.



– Meus pais acham o mesmo. – Hermione disse acenando com a cabeça em concordância.



 



Quando os dois entraram na sala de aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, encontraram a Profª Umbridge já sentada à escrivaninha, usando o casaquinho peludo cor-de-rosa da noite anterior e o laço de veludo preto na cabeça. Novamente Harry se lembrou, sem querer, de um moscão encarrapitado insensatamente na cabeça de um sapo ainda maior.



 



    Gina não resistiu e começou a gargalhar, o que fez todos os outros começarem a rir também.



 



A turma entrou na sala em silêncio; a Profª Umbridge era, até aquele momento, uma incógnita, e ninguém sabia se seria ou não adepta da disciplina rigorosa.



— Bom, boa tarde! — disse ela finalmente, quando a turma inteira acabou de sentar.



Alguns alunos murmuraram “boa tarde” em resposta.



— Tss-tss — muxoxou a professora. — Assim não vai dar, concordam? Eu gostaria que os senhores, por favor, respondessem: “Boa tarde, Profª Umbridge.” Mais uma vez, por favor. Boa tarde, classe!



— Boa tarde, Profª Umbridge — entoaram os alunos monotonamente.



 



– Até o momento é bem óbvio que ela pensa que todos vocês tem cinco anos de idade, e não quinze. – Remo disse, balançando a cabeça em desaprovação.



 



— Agora sim — disse a professora com meiguice. — Não foi muito difícil, foi? Guardem as varinhas e apanhem as penas.



Muitos alunos trocaram olhares sombrios; nunca antes à ordem “guardem as varinhas” se seguira uma aula que eles achassem interessante. Harry enfiou a varinha de volta na mochila e apanhou pena, tinta e pergaminho. A Profª Umbridge abriu a bolsa e tirou a própria varinha, que era excepcionalmente curta, e com ela deu uma pancada forte no quadro-negro; imediatamente apareceu ali escrito:



Defesa Contra as Artes das Trevas



Um Retorno aos Princípios Básicos.



— Bom, o ensino que receberam desta disciplina foi um tanto interrompido e fragmentário, não é mesmo? — Afirmou a Profª Umbridge, virando-se para encarar a turma, com as mãos perfeitamente cruzadas diante do corpo. — A mudança constante de professores, muitos dos quais não parecem ter seguido nenhum currículo aprovado pelo Ministério, infelizmente teve como consequência os senhores estarem muito abaixo dos padrões que esperaríamos ver no ano dos N.O.M.s. Os senhores ficarão satisfeitos de saber, porém, que tais problemas agora serão corrigidos. Este ano iremos seguir um curso de magia defensiva, aprovado pelo Ministério e cuidadosamente estruturado em torno da teoria. Copiem o seguinte, por favor.



 



– Cuidadosamente estruturado em torno da teoria. – Sirius repetiu, franzindo os lábios em óbvio desagrado – Quer dizer que ela não vai ensiná-los a fazer nada na prática ou é impressão minha?



– Acho que quer dizer exatamente isso. – Tiago disse, balançando a cabeça, irritado.



– Mas isso é um absurdo! – Lily exclamou exaltada – Para começar, os exames tem uma parte prática, o que ela espera que os alunos façam? E isso sem nem contar com a ameaça de Voldemort!



– Mas é justamente isso, não é? – Frank disse, balançando a cabeça – O Ministério está tentando convencer o mundo de que a ameaça não é real, então eles acreditam que não há motivos para se preocupar em ensinar defesa aos alunos!



– Parece que sabemos como o Ministério pretende interferir na educação de vocês. – Remo disse com um suspiro profundo. – Privando vocês de educação.



 



Ela tornou a bater no quadro; a primeira mensagem desapareceu e foi substituída por “Objetivos do Curso”.



1. Compreender os princípios que fundamentam a magia defensiva,



2. Aprender a reconhecer as situações em que a magia defensiva pode legalmente ser usada.



3. Inserir o uso da magia defensiva em contexto de uso.



 



– Aprender a reconhecer onde a magia defensiva pode ser legalmente usada. – Sirius rosnou – Só porque eles querem insinuar que Harry conjurou um patrono para chamar atenção e não por necessidade!



– Isso vai acabar logo. – Lily disse, mais para si mesma do que para os outros – Isso vai acabar logo. – ela repetiu, como um mantra.



 



Por alguns minutos o som de penas arranhando pergaminhos encheu a sala.



Depois que todos copiaram os três objetivos do curso da Profª Umbridge, ela perguntou:



— Todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva de Wilbert Slinkhard?



Ouviu-se um murmúrio baixo de concordância por toda a sala



— Acho que vou tentar outra vez — disse ela. — Quando eu fizer uma pergunta, gostaria que os senhores respondessem: “Sim, senhora. Profª Umbridge” ou “Não, senhora, Profª Umbridge”. Então: todos têm um exemplar de Teoria da magia defensiva de Wilbert Slinkhard?



— Sim, senhora, Profª Umbridge — ecoou a resposta pela sala.



— Ótimo. Eu gostaria que os senhores abrissem na página cinco e lessem o Capítulo Um, “Elementos Básicos para Principiantes”. Não precisarão falar.



 



– É claro que vocês não vão precisar falar. – Remo disse com irônia – O Ministério não quer que vocês pensem por vocês mesmos, então é claro que não vão incentivar discussão da matéria!



– Isso tudo está passando dos limites do ridículo. – Tiago bufou.



 



A Profª Umbridge deu as costas ao quadro e se acomodou na cadeira, à escrivaninha, observando todos os alunos, com aqueles olhos empapuçados de sapo. Harry abriu à página cinco do seu exemplar de Teoria da magia defensiva e começou a ler.



Era desesperadamente monótono, tão ruim quanto escutar o Prof. Binns.



Sentiu sua concentração ir fugindo; logo tinha lido a mesma linha meia dúzia de vezes, sem absorver nada além das primeiras palavras. Vários minutos se passaram em silêncio. Ao seu lado, Rony virava e revirava a pena entre os dedos distraidamente, os olhos fixos no mesmo ponto da página. Harry olhou para a direita e teve uma surpresa que sacudiu o seu torpor. Hermione sequer abrira seu exemplar de Teoria da magia defensiva. Olhava fixamente a Profª Umbridge com a mão levantada.



Harry não se lembrava de Hermione jamais ter deixado de ler quando a mandavam fazê-lo, ou resistir à tentação de abrir qualquer livro que passasse embaixo do seu nariz. Olhou-a, indagador, mas ela meramente balançou a cabeça, a indicar que não ia responder perguntas, e continuou a encarar a professora, que olhava com igual resolução para o outro lado.



 



    Todos na sala olharam para Hermione com interesse. Remo deu a ela um sorriso de aprovação.



 



Depois de se passarem vários minutos, porém, Harry já não era o único que olhava para Hermione. O capítulo que a professora os mandara ler era tão tedioso que um número cada vez maior de alunos estava preferindo observar a muda tentativa de Hermione de ser notada pela professora a continuar penando para ler os “Elementos Básicos para Principiantes”.



Quando mais da metade da classe estava olhando para Hermione e não para os livros, a professora pareceu decidir que não podia continuar a ignorar a situação.



— Queria me perguntar alguma coisa sobre o capítulo, querida? — perguntou ela a Hermione, como se tivesse acabado de reparar nela.



— Não, não é sobre o capítulo — respondeu Hermione.



— Bem, é o que estamos lendo agora — disse a professora, mostrando seus dentinhos pontiagudos. — Se a senhorita tem outras perguntas, podemos tratar delas no final da aula.



— Tenho uma pergunta sobre os objetivos do curso — disse Hermione.



A Profª Umbridge ergueu as sobrancelhas



— E como é o seu nome?



— Hermione Granger.



— Muito bem. Srta Granger, acho que os objetivos do curso são perfeitamente claros se lidos com atenção — respondeu em um tom de intencional meiguice.



— Bem, eu não acho que estejam — concluiu Hermione secamente. — Não há nada escrito no quadro sobre o uso de feitiços defensivos.



 



– É claro que Hermione notaria! – Sirius disse acenando com a cabeça com aprovação.



– Ela provavelmente foi a única a realmente prestar atenção ao que estava anotando. – Gina deu de ombros e recebeu acenos de concordância de Harry, Rony e Neville.



 



Houve um breve silêncio em que muitos alunos da turma viraram a cabeça para reler, de testa franzida, os três objetivos do curso ainda escritos no quadro-negro.



— O uso de feitiços defensivos? — repetiu a Profª Umbridge, dando uma risadinha. — Ora, não consigo imaginar nenhuma situação que possa surgir nesta sala de aula que exija o uso de um feitiço defensivo, Srta. Granger. Com certeza não está esperando ser atacada durante a aula, está?



 



– Se eu fosse Harry, estaria esperando. – Sirius disse com uma risada nasalada – Quero dizer, o primeiro professor de DCAT de vocês tinha Voldemort vivendo na parte de trás de sua cabeça, o segundo tentou apagar a memória de vocês dois…



– O terceiro se transformou em lobisomem e poderia ter atacado os três. – Remo disse, acenando em concordância e gerando algumas risadas.



– O quarto era um comensal da morte disfarçado. – Tiago disse, balançando a cabeça.



– Do jeito que vão as coisas Umbridge provavelmente vai te atacar antes mesmo do Natal. – Sirius disse com uma risada sarcástica.



– Só espero que ela seja demitida o mais rápido possível e não tenha tempo de fazer nenhum mal real. – Lily suspirou.



– É o que todos esperamos. – Alice disse, acenando com a cabeça.



 



— Não vamos usar magia? — exclamou Rony, em voz alta.



— Os alunos levantam a mão quando querem falar na minha aula, Sr...?



— Weasley — respondeu Rony, erguendo a mão no ar.



A Profª Umbridge, ampliando o seu sorriso, virou as costas para ele. Harry e Hermione imediatamente ergueram as mãos também. Os olhos empapuçados da professora se detiveram por um momento em Harry, antes de se dirigir a Hermione.



— Sim, Srta. Granger? Quer me perguntar mais alguma coisa?



— Quero. Certamente a questão central na Defesa Contra as Artes das Trevas é a prática de feitiços defensivos.



— A senhorita é uma especialista educacional do Ministério da Magia, Srta. Granger?



— Não, mas...



— Bem, então, receio que não esteja qualificada para decidir qual é a “questão central” em nenhuma disciplina. Bruxos mais velhos e mais inteligentes que a senhorita prepararam o nosso novo programa de estudos. A senhorita irá aprender a respeito dos feitiços defensivos de um modo seguro e livre de riscos...



 



– Mais velhos com certeza, mas aposto todo o ouro que tenho em Gringotes que nenhum deles é mais inteligente que Hermione. – Tiago disse, trocando um olhar com Hermione, que sorriu para ele agradecida.



 



— Para que servirá isso? — perguntou Harry, em voz alta. — Se formos atacados, não será em um...



— Mão, Sr. Potter! — entoou a Profª Umbridge.



Harry empunhou o dedo no ar. Mais uma vez, a professora prontamente lhe deu as costas, mas agora vários outros alunos tinham erguido as mãos.



 



– É óbvio que ela vai te ignorar o máximo que conseguir. – Sirius rosnou irritado – É o objetivo do Ministério afinal, não é? Calar você e todos que te apoiam!



– O que é ridículo. – Remo disse, balançando a cabeça – É de se pensar que o Ministério da Magia teria mais o que fazer do que tentar desacreditar um adolescente!



– É apenas uma prova de quão ridículo nosso governo é. – Tiago disse franzindo a boca em desagrado.



 



— E o seu nome é? — perguntou a professora a Dino.



— Dino Thomas.



— Diga, Sr. Thomas.



— Bem, é como disse o Harry, não é? Se vamos ser atacados, então não será livre de riscos.



 



– Se já não era óbvio que Dino acredita em você, agora com certeza é. – Tiago disse, trocando um olhar com Harry.



 



— Repito — disse a professora, sorrindo para Dino de modo muito irritante — o senhor espera ser atacado durante as minhas aulas?



— Não, mas...



A Profª Umbridge interrompeu-o.



— Não quero criticar o modo como as coisas têm sido conduzidas nesta escola — disse ela, um sorriso pouco convincente distendendo sua boca rasgada — mas os senhores foram expostos a alguns bruxos muito irresponsáveis nesta disciplina, de fato, muito irresponsáveis, isto para não falar — ela deu uma risadinha desagradável — em mestiços extremamente perigosos.



 



    Sirius rosnou alto, encarando o livro como se estivesse prestes a atacá-lo.



– Não pensava que isso era possível, – Sirius disse, ainda rosnando – mas existe um professor mais odioso em Hogwarts do que Snape.



– Não esqueça que Snape também atacou Remo revelando sua condição para a escola inteira. – Tiago disse, trocando um olhar de irritação com Severo – Mas pelo menos ele fez isso por motivos puramente pessoais, e não por ser um burro preconceituoso.



    Severo realmente não sabia se aquilo poderia ser considerado um ponto positivo para ele, por isso resolveu ficar calado.



– Essa mulher. – Lily disse, tremendo de raiva, sem conseguir concluir seu pensamento.



    Remo apenas balançou a cabeça resignado, ele sabia há muito tempo que era assim que a maioria das pessoas o via. A única coisa boa era ver como todos os seus amigos realmente se importavam com ele e estavam prontos para defendê-lo.



 



— Se a senhora está se referindo ao Prof. Lupin — disse Dino, zangado, esganiçando a voz — ele foi o melhor que já...



 



– Dino acabou de se tornar meu favorito. – Sirius disse, com um meio sorriso – Depois de todos vocês, é claro. – Acrescentou para todos os que vieram do futuro.



    Remo encarou o livro com um pequeno sorriso nos lábios. Era bom saber que outros alunos também haviam gostado de ter aulas com ele, e que não haviam se importado com as notícias sobre sua condição.



– Todos os alunos que tem algo na cabeça sabem muito bem que você foi nosso melhor professor de defesa. – Gina disse, sorrindo para Remo com carinho.



 



— Mão, Sr. Thomas! Como eu ia dizendo: os senhores foram apresentados a feitiços muito complexos, impróprios para a sua faixa etária e potencialmente letais. Alguém os amedrontou, fazendo-os acreditar na probabilidade de depararem com ataques das trevas com frequência...



— Não, isto não aconteceu — protestou Hermione — só que...



— Sua mão não está erguida, Srta. Granger!



Hermione ergueu a mão. A Profª Umbridge virou-lhe as costas.



 



– Parece que ela percebeu que você é tão perigosa quanto Harry. – Sirius disse com óbvio orgulho.



    Hermione sorriu para ele antes de voltar à leitura.



 



— Pelo que entendi, o meu antecessor não somente realizou maldições ilegais em sua presença, como chegou a aplicá-las nos senhores.



— Ora, no fim ficou provado que ele era um maníaco, não foi? — respondeu Dino, acalorado. — E veja bem, ainda assim aprendemos um bocado.



 



– Dino definitivamente é o meu favorito. – Sirius disse rindo um pouco.



 



— Sua mão não está erguida, Sr. Thomas! — gorjeou a professora. — Agora o Ministério acredita que um estudo teórico será mais do que suficiente para prepará-los para enfrentar os exames, que, afinal, é para o que existe a escola. E o seu nome é? — acrescentou ela, fixando o olhar em Parvati, que acabara de erguer a mão.



— Parvati Patil, e não tem uma pequena parte prática no nosso N.O.M. de Defesa Contra as Artes das Trevas? Não temos de demonstrar que somos capazes de realizar contrafeitiços e coisas assim?



— Desde que tenham estudado a teoria com muita atenção, não há razão para não serem capazes de realizar feitiços sob condições de exame cuidadosamente controladas — respondeu a professora, encerrando o assunto.



 



– Isso é absurdo! – Severo disse, chamando a atenção de todos, e fazendo-os encará-lo com interesse – Ninguém é capaz de realizar perfeitamente os feitiços sem prática. – ele completou e se surpreendeu um pouco ao ver os outros concordando com ele.



 



— Sem nunca ter praticado os feitiços antes? — perguntou Parvati, incrédula. — A senhora está nos dizendo que a primeira vez que poderemos realizar feitiços será durante o exame?



— Repito, desde que tenham estudado a teoria com muita atenção...



— E para que vai servir a teoria no mundo real? — perguntou Harry em voz alta, seu punho mais uma vez no ar.



A Profª Umbridge ergueu a cabeça.



— Isto é uma escola, Sr. Potter, não é o mundo real — disse mansamente.



 



– Mas a escola supostamente prepara os alunos para a vida no mundo real. – Tiago disse entredentes – Mas é claro que o Ministério prefere ignorar a missão da escola em busca de podar qualquer tipo de pensamento original que vá contra o sistema!



– E nesse caso, Harry nem ao menos está em busca de uma revolução! – Remo disse balançando a cabeça, irritado – Ele só quer se defender de um perigo real!



– O Ministério é burro demais para perceber o perigo real. – Frank bufou.



 



— Então não devemos nos preparar para o que estará nos aguardando lá fora?



— Não há nada aguardando lá fora, Sr. Potter.



— Ah, é? — A raiva de Harry, que parecia estar borbulhando sob a superfície o dia todo, agora começou a atingir o ponto de ebulição.



— Quem é que o senhor imagina que queira atacar crianças de sua idade? — perguntou a professora, num tom horrivelmente meloso.



— Humm, vejamos... — disse Harry numa voz fingidamente pensativa. — Talvez... Lord Voldemort?



 



– Eu já disse que sinto muito orgulho sempre que você demonstra esse seu lado sarcástico? – Sirius disse trocando um sorriso satisfeito com Harry.



– Não sei… – Lily balançou a cabeça pensativa – Talvez não seja uma boa ideia enfrentá-la diretamente assim.



– Porque diz isso? – Tiago perguntou, franzindo a testa.



– Ela estava ignorando Harry até esse momento. – Lily disse mordendo o lábio – E de repente ela guiou ele até a resposta que ela sabia que ele iria dar… Parece até que era o objetivo dela.



 



Rony ofegou. Lilá Brown soltou um gritinho. Neville escorregou pela lateral do banco. A Profª Umbridge, porém, sequer piscou. Estava encarando Harry com uma expressão de sinistra satisfação no rosto.



 



– Lily tem razão. – Remo disse com um suspiro profundo – Ela devia estar preparada para isso…



– Mas o que ela poderia fazer, – Sirius perguntou com desdém – tirar pontos? Dar a Harry uma detenção? Ela não pode fazer nada realmente ruim contra Harry.



– A não ser que ele a atacasse no meio da sala de aulas. – Severo disse, e Tiago acenou em concordância.



– Faz sentido. – Tiago disse – Se Harry a atacasse, ela poderia continuar com a narrativa de que ele é perigoso e gosta de chamar atenção e talvez conseguisse fazê-lo ser expulso da escola.



– Exatamente como Fudge queria com o julgamento. – Sirius disse de olhos arregalados.



– Talvez esse seja justamente o objetivo do Ministério colocando ela em Hogwarts. – Lily disse com um grunhido de irritação – Arranjar um jeito de expulsar Harry.



– Essa mulher é bem mais ardilosa do que nós estavamos pensando. – Remo disse, balançando a cabeça preocupado.



 



— Dez pontos perdidos para a Grifinória, Sr. Potter.



A sala ficou parada e em silêncio. Todos olhavam para Umbridge ou para Harry.



— Agora gostaria de deixar algumas coisas muito claras.



A Profª Umbridge ficou em pé e se curvou para a turma, suas mãos de dedos grossos e curtos abertas sobre a escrivaninha.



— Os senhores foram informados de que um certo bruxo das trevas retornou do além...



— Ele não estava morto — protestou Harry zangado — mas, sim senhora, ele retornou!



— Sr. Potter o senhor já fez sua casa perder dez pontos não piore as coisas para si mesmo — disse a professora sem parar para respirar e sem olhar para ele. — Como eu ia dizendo, os senhores foram informados de que um certo bruxo das trevas está novamente solto. Isto é mentira.



— NÃO é mentira! — disse Harry. — Eu o vi, lutei com ele.



 



– Não Harry… – Lily murmurou consigo mesma. – Não vale a pena.



 



— Detenção, Sr. Potter! — disse a Profª Umbridge, em tom de triunfo. — Amanhã à tarde. Cinco horas. Na minha sala. Repito, isto é uma mentira. O Ministério da Magia garante que não estamos ameaçados por nenhum bruxo das trevas. Se os senhores continuam preocupados, não se acanhem, venham me ver quando estiverem livres. Se alguém está alarmando os senhores com lorotas sobre bruxos das trevas renascidos, eu gostaria de ser informada. Estou aqui para ajudar. Sou sua amiga. E agora, por favor, continuem sua leitura. Página cinco. “Elementos Básicos para Principiantes”.



 



– Não bastam os jornais e o Ministério, eles querem colocar até os outros alunos contra Harry. – Sirius disse entredentes.



– Ela quer colocar dúvidas na cabeça de qualquer um que acredite em Harry. – Tiago disse, irritado – Eles estão fazendo de tudo para destruir qualquer reputação que Harry ainda tenha.



– Eles vão se arrepender. – Remo bufou – E então vai ser tarde demais para agir contra Voldemort.



 



A Profª Umbridge sentou-se à escrivaninha. Harry, no entanto, ficou em pé. Todos o olhavam; Simas parecia meio apavorado, meio fascinado.



 



– Deve estar adorando. – Sirius rosnou.



 



— Harry, não! — sussurrou Hermione, em tom de alerta, puxando-o pela manga, mas ele desvencilhou o braço da mão da amiga.



 



– Você percebeu a mesma coisa que nós percebemos, não é? – Remo perguntou, virando-se para Hermione com interesse.



– É bem óbvio, não é? – Hermione suspirou – Eu imaginei que ela reagiria de alguma forma se eu a enfrentá-se, mas não queria que Harry tivesse se envolvido. Qualquer coisa que ela pudesse fazer contra mim não faria diferença nenhuma, eu não sou relevante.



– Você é muito relevante. – Rony disse imediatamente.



– Sou relevante para vocês, não para o resto do mundo bruxo. – Hermione disse com um aceno de mão displicente – Mas sabia que Harry não podia se exaltar ou ela faria algo contra ele. – ela suspirou.



– E ela avisou a vocês que Umbridge deixou claro que serve ao Ministério e não à escola. – Gina disse com um suspiro.



– Eu não consegui ficar calado diante de tanta mentira e manipulação. – Harry bufou, passando os dedos da mão esquerda em sua cicatriz na mão direita.



– E acabou caindo no meio da emboscada da sapa miserável. – Remo suspirou pesadamente.



– Mas eu entendo completamente. – Tiago disse trocando um olhar compreensivo com Harry – Eu também não seria capaz de ficar quieto.



– E eu teria feito exatamente o que ela queria e teria atacado ela na hora. – Sirius disse acenando com a cabeça em concordância.



– É bem óbvio de onde vem o temperamento explosivo de Harry. – Alice disse com um meio sorriso triste.



 



— Então, segundo a senhora, Cedrico Diggory caiu morto porque quis, foi? — perguntou Harry, com a voz tremendo.



A turma prendeu coletivamente a respiração, porque nenhum colega, exceto Rony e Hermione, jamais ouvira Harry falar do que acontecera na noite em que Cedrico morrera. Todos olhavam avidamente de Harry para a professora, que erguera os olhos e encarava o garoto sem o menor vestígio de falso sorriso no rosto.



— A morte de Cedrico Diggory foi um trágico acidente — disse ela, com frieza.



— Foi assassinato — disse Harry. Ele sentia seu corpo tremer. Pouco falara com outras pessoas sobre isso, e muito menos com trinta colegas que o escutavam ansiosos. — Voldemort o matou, e a senhora sabe disso.



O rosto da Profª Umbridge estava inexpressivo. Por um momento, Harry pensou que fosse berrar com ele. Então ela falou, com a sua voz mais macia, mais meiga e mais infantil:



— Venha cá, Sr. Potter, querido.



 



– O modo como ela falou isso foi muito mais macabro do que qualquer outra coisa que ela poderia ter feito. – Neville disse, fazendo Rony e Hermione concordarem com a cabeça.



 



Ele chutou sua cadeira para o lado, contornou Rony e Hermione e foi à escrivaninha da professora. Podia sentir o resto da classe prendendo a respiração. Estava tão furioso que não se importava com o que fosse acontecer.



A Profª Umbridge puxou um pequeno rolo de pergaminho cor-de-rosa da bolsa, esticou-o sobre a escrivaninha, molhou a pena no tinteiro e começou a escrever, curvada sobre o pergaminho para que Harry não pudesse ver o que estava escrevendo. Ninguém falava. Passado um minuto e pouco, ela enrolou o pergaminho e lhe deu um toque com a varinha; ele se selou, sem emendas, de modo que o garoto não o pudesse abrir.



— Leve isto à Profª McGonagall, querido — disse estendendo a ele o bilhete.



 



– Eu falei que essa mulherzinha não tem nenhuma autoridade dentro da escola, ela tem que mandar Harry para McGonagall! – Alice disse, com um suspiro de alívio.



– Como se McGonagall fosse tomar qualquer atitude contra Harry. – Tiago disse com um sorriso satisfeito.



– Talvez McGonagall consiga até convencer Harry a não enfrentar a sapa ridícula novamente. – Remo disse acenando com a cabeça satisfeito – Ela com certeza sabe o que está em jogo.



 



Harry apanhou-o sem dizer palavra e saiu da sala, sem sequer olhar para Rony e Hermione, batendo a porta ao passar. Andou muito depressa pelo corredor, o bilhete para McGonagall apertado na mão, mas, ao virar um canto, deu de cara com Pirraça, o poltergeist, um homenzinho de boca grande que flutuava de costas no ar, fazendo malabarismos com vários tinteiros.



— Ora, é o Pirado do Potter! — gargalhou Pirraça, deixando dois tinteiros caírem no chão, onde se estilhaçaram, salpicando tinta nas paredes; Harry pulou para trás para escapar, e rosnou.



— Dá o fora, Pirraça.



— OOOO, o Pirado está irritado — exclamou Pirraça, perseguindo Harry pelo corredor, caçoando enquanto o sobrevoava. — Que foi desta vez, meu querido amigo Pirado? Ouvindo vozes? Tendo visões? Falando — Pirraça produziu um ruído porco com a boca — línguas?



— Eu disse, me deixa em PAZ! — berrou Harry, descendo o lance mais próximo de escadas a correr, mas Pirraça simplesmente escorregou de costas pelo corrimão da escada.



— Ah, muitos acham que ele está rosnando, o pobre Pottinho, mas outros são mais caridosos e dizem que está só triste, mas Pirraça sabe das coisas e diz que é pura piração...



— CALA A BOCA!



 



– Sinceramente, Harry, – Lily disse, balançando a cabeça em desaprovação – discutir com Pirraça não vale a pena.



– No humor que Harry estava? – Tiago disse com uma meia risada irônica – Eu estaria atirando feitiços contra pirraça sem pensar duas vezes, mesmo sabendo que não fariam diferença nenhuma.



    Harry não pode deixar de acenar a cabeça em concordância.



 



Uma porta à sua esquerda escancarou-se e a Profª McGonagall saiu de sua sala parecendo implacável e ligeiramente estressada.



— Afinal por que é que você está gritando, Potter? — perguntou com rispidez, enquanto Pirraça dava divertidas gargalhadas e desaparecia de vista. — Por que não está em aula?



— Me mandaram ver a senhora — disse Harry formalmente.



— Mandaram? Que é que você quer dizer com mandaram?



Ele estendeu o bilhete da Profª Umbridge. A Profª McGonagall apanhou-o, franzindo a testa, abriu-o com um toque de varinha, desenrolou-o e começou a ler. Seus olhos correram de um lado a outro por trás dos óculos quadrados enquanto lia o que Umbridge escrevera, e a cada linha se tornavam mais apertados.



— Venha aqui, Potter.



Ele entrou atrás dela na sala. A porta se fechou automaticamente.



— Então? — perguntou-lhe a professora, zangada. — É verdade?



— É verdade o quê? — perguntou Harry, um pouco mais agressivamente do que pretendera. — Professora? — acrescentou tentando parecer mais educado.



 



– Seria melhor se Harry tivesse descontado toda a sua frustração em Pirraça. – Sirius disse com um sorriso similar a uma careta – Nunca é uma boa ideia ser agressivo com McGonagall.



 



— É verdade que você gritou com a Profª Umbridge?



— Sim, senhora.



— Chamou-a de mentirosa?



— Chamei.



— Disse a ela que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado retornou?



— Sim, senhora.



A Profª McGonagall sentou-se à escrivaninha, observando Harry com a testa enrugada. Então disse:



— Coma um biscoito, Harry.



 



– A maior prova de que ela merece ser minha professora favorita. – Tiago disse com um meio sorriso carinhoso.



– Nós já comemos muitos biscoitos da lata na mesa de McGonagall. – Sirius disse concordando enfaticamente.



– Ela usa eles para acalmar os alunos na presença dela porque ela sabe muito bem que a maioria dos alunos tem medo dela. – Remo disse.



 



— Coma... o quê?



— Coma um biscoito — repetiu ela impaciente, apontando uma lata com estampa escocesa em cima de uma das pilhas de papéis sobre sua mesa. — E sente-se.



Tinha havido uma outra ocasião em que Harry esperara levar umas bastonadas da professora, mas, em lugar disso, fora indicado por ela para a equipe de Quadribol da Grifinória. Ele se deixou afundar na cadeira à frente da escrivaninha e se serviu de um tritão de gengibre, sentindo-se tão confuso e atrapalhado quanto na ocasião anterior.



 



    Tiago, Sirius e Remo trocaram pequenos sorrisos de compreensão.



 



A Profª McGonagall depositou o bilhete sobre a escrivaninha e olhou muito séria para Harry.



— Potter, você precisa ter cuidado.



Harry engoliu o biscoito e encarou a professora. Seu tom de voz não se parecia com o que ele estava acostumado a ouvir; não era enérgico, seco nem severo; era baixo e ansioso e, de alguma forma, muito mais humano do que o habitual.



— O mau comportamento na classe de Dolores Umbridge poderá lhe custar muito mais do que a perda de pontos e uma detenção.



— Que é que a senhora...



— Potter, use o bom senso — retorquiu a Profª McGonagall, com um brusco retorno à sua maneira usual. — Você sabe de onde ela vem, você deve saber a quem ela está se reportando.



 



– McGonagall se preocupa com você de verdade. – Tiago disse, acenando com a cabeça lentamente – Você deve sempre escutá-la, porque ela só quer o seu bem.



    Harry acenou com a cabeça em concordância. Ele sabia que a professora se importava, e tinha um grande carinho por ela, ainda mais depois de tudo o que aconteceu.



 



A sineta tocou anunciando o fim da aula. No andar de cima e por todos os lados, ouviu-se o tropel elefantino de centenas de estudantes em marcha.



— Diz aqui que ela lhe deu uma detenção para cada noite desta semana a começar amanhã — disse McGonagall, tornando a consultar o bilhete.



— Todas as noites desta semana! — repetiu Harry horrorizado. — Mas, professora, será que a senhora não poderia...?



— Não poderia — respondeu ela taxativamente.



— Mas...



— Ela é sua professora e tem todo o direito de lhe dar detenções. Você se apresentará na sala dela amanhã às cinco horas para a primeira. Lembre-se, pise mansinho perto de Dolores Umbridge.



— Mas eu estava dizendo a verdade! — disse Harry, indignado. — Voldemort voltou, a senhora sabe que sim; o Prof. Dumbledore sabe que sim...



— Pelo amor de Deus, Potter! — exclamou a Profª McGonagall, acertando os óculos, muito zangada (contraíra horrivelmente o rosto quando ele usara o nome de Voldemort). — Você acha realmente que o que está em jogo são verdades ou mentiras? O que está em jogo é manter a sua cabeça baixa e a sua irritação sob controle!



 



– Então nós realmente temos razão. – Remo bufou – Umbridge está na escola em uma missão contra Harry, e provavelmente contra Dumbledore.



– E ela deve estar completamente satisfeita com a perspectiva de coletar mais informações sobre Harry e encontrar um jeito de tirá-lo da escola. – Lily disse apertando a mão de Harry entre as suas com força.



– Vai saber quantos alunos vão até ela e vão acabar se voltando contra Harry. – Tiago suspirou pesadamente – Ela deve estar contando com isso depois do discursinho de que ela é amiga deles e quer ajudá-los. Deve estar querendo colocar a escola inteira espionando Harry para o Ministério.



– Mas eu duvido muito que alguém tenha ido até ela voluntariamente. – Gina disse – E antes que você diga qualquer coisa, Mione, eu pensava a mesma coisa enquanto isso estava acontecendo. Por mais que não acreditassem em Harry, ninguém confiava, ou gostava da sapa ridícula.



    Hermione acenou sua concordância com a cabeça antes de voltar a ler.



 



Ela se levantou, as narinas abertas e a boca muito fina, e Harry fez o mesmo.



— Coma outro biscoito — disse, irritada, empurrando a lata para o garoto.



— Não, muito obrigado — disse Harry, com frieza.



— Não seja ridículo — ralhou McGonagall.



 



– Nunca recuse um biscoito. – Sirius disse, balançando a cabeça, e deixando escapar uma meia risada.



– Ela fica realmente ofendida. – Tiago disse, acenando a cabeça em concordância.



 



Ele tirou mais um.



— Obrigado — agradeceu de má vontade.



— Você não escutou com atenção o discurso de Dolores Umbridge no banquete de abertura do ano letivo, Potter?



— Escutei, sim. Eu a escutei... dizer... o progresso será proibido ou... bem, queria dizer que... o Ministério da Magia está tentando interferir em Hogwarts.



A Profª McGonagall mirou-o por um momento, depois fungou, contornou a escrivaninha e segurou a porta aberta para ele.



— Bem, fico contente que pelo menos você escute a Hermione Granger — disse, mandando-o sair com um gesto.



 



– Sempre achei que Harry tinha sorte em ter os amigos que tem. – Lily disse, trocando um olhar significativo com Hermione, que fechava o livro.



    Hermione deu um meio sorriso a ela e depois suspirou profundamente.



– Devíamos parar um pouco para almoçar. – ela disse, recebendo um aceno de cabeça enfático de Rony, que se levantou imediatamente.



– Acho que estou irritada demais para comer agora. – Lily disse com um suspiro profundo.



– Eu realmente acho que esse é o melhor momento. – Harry disse, passando os dedos na cicatriz de sua mão direita novamente, e levantando-se do sofá.



– Isso quer dizer que o próximo capítulo é ainda pior, não é? – Remo perguntou obviamente pesaroso.



– Não podemos dizer nada agora. – Gina suspirou levantando-se e seguindo Harry para a mesa de refeições. – Mas se Umbridge não é agradável durante uma aula com vários outros alunos, imaginem como ela é durante uma detenção.



– Realmente preferia não ter que saber. – Sirius bufou, mas seguiu eles para a mesa, assim como todos os outros.



    A refeição foi mais silenciosa do que o normal. Todos ainda estavam irritados por causa do capítulo que haviam acabado de ler e a perspectiva do próximo capítulo não era nada boa. Todos sabiam que a detenção seria a oportunidade perfeita para Umbridge fazer algo contra Harry. Até mesmo Severo temia o que poderia acontecer.



    Depois que todos terminaram e voltaram a seus lugares, Severo pegou o livro da mesinha de centro e abriu no capítulo seguinte:



– Capítulo XIII – A detenção com Dolores.





*Potterer: Pessoa que faz cerâmica



Hey leitores mais queridos do FeB! Demorei muito dessa vez, né? Eu realmente sinto muito por fazer vocês terem que esperar tanto assim, nunca foi minha intenção. Acontece que as coisas andam complicadas na minha vida privada, e escrever MLHP exige muito de mim, sempre me esforço para pesquisar coisas novas, e tenho que checar sempre coisas que usei no passado para não me repetir, ou me contradizer durante a fic, enfim, não é o tipo de fic que consigo escrever no meu celular durante o intervalo no meu trabalho... A maioria de vocês me acompanha no grupo e sabe disso. De qualquer jeito, obrigada pela paciência de todos, espero que continuem por aqui! E que tenham gostado desse capítulo!



- Gabriel Lovegood Longbottom: Fico muito feliz que você tenha gostado do capítulo! A história sobre Slytherin é uma história que roda pela tumblr há muitos anos, e eu acredito que pelo menos metade dela é real, mas que sim, ele tinha algum preconceito contra trouxas e nascidos-trouxas. As partes sobre Umbridge foram as mais difíceis de escrever, porque eu tinha que me segurar para não fazer todo mundo só xingar ela o capítulo inteiro, mas acho que consegui! Mas felizmente eu decidi que a sala está lacrada, e Hogwarts tem feitiços que impedem as pessoas de aparatar, então não vou poder deixar eles irem atrás da sapa!

- MioneGinnyLuna: Ééé, eu sei que ando demorando um bocado para postar, que bom que não desistiu da fic! Eu também acredito que Slytherin tinha sim preconceitos contra os nascidos-trouxas e trouxas, e como coloquei na fic, ele acreditava em cuidar e proteger 'os dele' no caso, os bruxos que cresceram sabendo que eram bruxos, muitas vezes o preconceito nasce assim, com essa ideia de proteger os que se asemelham a nós primeiro, e depois se preocupar com o resto, é importante que as pessoas percebam como isso não é certo! Acho que o Remo com certeza gostaria de se aproximar mais de Harry, especialmente se eles mudarem o futuro mesmo. E os marotos com certeza vão querer sair da sala para caçar a sapa, mas felizmente eles não tem como (ou eu ficaria tentada). 

- Nina Delacourt Black: Eu sei que demoro muito, mas sempre vou voltar a postar! Prometo que não vou desistir da fic! Acho que as partes em que Harry começa a ter ciúmes da Gina e descobre que está apaixonado vão ser muito engraçadas! Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- MatheusMD: Espero que ainda esteja aqui mesmo depois desse tempo todo!

- VickRoberts: Esse demorou mais ainda! Espero que ainda esteja por aqui! O Slytherin pode até não ser o purista que todos acreditam que ele é, mas no fundo, as atitudes dele mostram que algum preconceito ele tinha, já que julgar os nascidos-trouxas como todos iguais e não confiáveis é um tipo de preconceito. Mas realmente, existia esse perigo, a caça as bruxas estava acontecendo, e eles não sabiam em quem confiar. A cena do Simas e do Harry sempre me incomodou muito, depois de tantos anos dormindo no mesmo quarto, como ele pode acreditar nessas coisas, não é? Mas isso só mostra como as pessoas se deixam influenciar e não tem opinião própria! Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- Izabella Bella Black: Eu não sei se você conseguiu resolver os problemas com o site, se não tiver conseguido me avisa no grupo, mas espero que sim! Tem muita coisa que a autora pensou e nunca colocou nos livros, e outras tantas que ela nunca explicou... Minha parte favorita nessa fic é quando posso inventar histórias para a fic! É engraçado, apesar da sapa e de tudo mais que acontece nesse livro, eu gosto muito dele! Eu adoro a AD, e o modo como Gina começou a tomar mais atitude em relação a vida dela e parou de ficar esperando pelo Harry, de como a Hermione que era tão certinha é a pessoa que mais apoia Harry a começar uma revolução, amo o modo como Fred e George não permitem que a sapa domine a escola, e como McGonagall enfrenta ela e garante que Harry vai ser auror sim... Enfim, esse livro tem tanto desenvolvimento dos personagens! Eu gosto muito do Hagrid, mas acho ele inocente demais em alguns quesitos, como a questão do Dumbledore mesmo. Os marotos com certeza vão ficar tentados a fazer algo contra Umbridge quando eles saírem da sala. A questão do Slytherin é um pouco mais complicada, eu acredito que o que coloquei na fic deve ser mais próximo da verdade do que as pessoas acreditam, mas temos que admitir que em qualquer circunstância, Slytherin tinha sim um certo preconceito contra os nascidos-trouxas (a partir do momento que ele julga um grupo de pessoas em vez de julgar pessoas individualmente isso pode ser considerado preconceito.) As conversas dos marotos sobre Dumbledore na maioria das vezes transmitem o que eu penso em relação a ele. Fudge é um panaca! Ele não tinha nem ideia de que Umbridge mandou os dementadores atrás do Harry, ou de metade das coisas que ela tava fazendo em Hogwarts! Eu não odeio o Simas, eu acho que ele tinha acabado de voltar de casa, onde teve que ouvir sua mãe falando várias coisas sobre coisas que ele não entendia, eu fiquei feliz que depois que ele voltou a Hogwarts ele acabou entendendo que Harry estava certo, provavelmente por influência de Dino. E no final, ele se uniu a Neville e cuidou dos alunos de Hogwarts no último ano, ele cresceu, e aprendeu, sempre temos que dar valor ao amadurecimento das pessoas.

- Docinhos Açucarados: Eu também amo esse livro apesar da Umbridge existir! Eu até acho interessante que é ela que faz alguns dos personagens se desenvolverem! Como já prometi várias vezes, não vou abandonar a fic, mas sinceramente demora, eu tenho o resto da minha vida para cuidar também, e não posso passar 24horas por dia escrevendo. A história do Slytherin e do Gryffindor nunca foi confirmada pela JK, mas roda pelo tumblr há um bom tempo. Desde que os capítulos que eu tinha adiantados acabaram, eu não tenho mais um dia fixo de postagem, quando o capítulo fica pronto eu aviso no grupo e posto uma semana depois, mais ou menos, então para saber quando vou postar só entrando no grupo. Falando nisso, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário! Além disso você sempre pode divulgar sua fic por lá! Eu não costumo ter muito tempo ultimamente, e todo meu tempo livre passo escrevendo, mas vou dar uma olhada se tiver tempo! E não sei favoritar a fic aqui nesse site. 

- chagasmaster: Fico muito feliz que você goste de todas essas coisas na fic! E sinceramente a expansão do universo é uma das coisas que mais gosto de fazer! Com certeza houveram muitos choques de valores entre os nascidos-trouxas e os bruxos naquela época, como provavelmente ainda existem, já que a sociedade trouxa não valoriza as mulheres até hoje! Tudo o que você falou sobre Slytherin faz muito sentido para mim e combina com o que eu penso, nunca vamos saber exatamente o que fez Slytherin deixar a escola, mas acho provável que a briga tenha acontecido quando a caça às bruxas atingiu um nível crítico. Mas acredito que o extremismo tenha surgido dos seguidores de Slytherin e não dele mesmo. E eu com certeza não acho que Slytherin fosse inocente, tudo o que ele acreditava envolvia um alto nível de preconceito afinal, mas ainda acredito que ele nunca tivesse a intenção de sair matando todos os nascidos-trouxas e etc, como seu descendente mais famoso fez.  Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- Miisty: Apesar de tudo, eu gosto muito de OdF, é como você falou, é o livro em que a guerra realmente começa, onde vemos como um governo corrupto pode influenciar e enganar o povo, comprar os meios de comunicação e tentar manter o povo burro e complacente através da educação. E sinceramente, tudo isso se aplica à vida real. Além disso, também é nesse livro que vemos Hermione evoluir definitivamente da garota certinha para uma revolucionária, McGonagall enfrentar tudo e todos para defender seus princípios, a AD, Gina abrindo os olhos e decidindo que ficar esperando por Harry pelo resto da vida não ia levá-la a lugar nenhum. Enfim, esse livro é onde os personagens realmente se desenvolvem, e eu gosto muito disso. Agora vamos a parte que 'te incomoda um pouco'. A conexão entre Harry e Voldemort é bem óbvia desde o primeiro livro, Harry sente dor na cicatriz sempre que Voldemort está por perto, se os marotos não vissem isso eles seriam um bocado burros. As coisas que aconteceram com Harry que são 'raras e oriundas de magia das trevas' não foram descobertas pelos marotos, eles não tem ideia de como a ligação surgiu, ou de como ela funciona, eles só perceberam que ela existe, porque, mais uma vez, desde o primeiro livro Harry demonstra sentir dor quando Voldemort está por perto, no quarto livro ele tem sonhos com coisas que obviamente não estão acontecendo com ele e sim com Voldemort. E ao contrário de nós, leitores, e de Harry, que ainda não conhecia bem o mundo mágico e era bem novinho, os marotos tem 17 anos, passaram a vida toda no mundo mágico, e estão se preparando para uma guerra contra as forças das trevas, então sinceramente, acho que saber um pouco sobre magia negra e defesa não é fora da realidade deles. Fora que Snape é obviamente o especialista em magia negra, e é ele que dá alguns dos comentários mais acertados em relação a esse assunto. Quanto à Lily se apaixonar pelo Tiago ou pelo Snape. Eu acho bem óbvio que nunca daria certo entre ela e Snape, ele a tratava como um objeto, a ofendia na frente dos outros e depois implorava por perdão, julgava que todas as pessoas como ela não mereciam viver entre os bruxos, e achava que tinha algum direito a ela só porque ela foi legal e foi amiga dele por muito tempo. Todos esses fatores demonstram que Snape não tem nenhuma maturidade emocional para ter um relacionamento com Lily e que com certeza esse relacionamento se tornaria abusivo muito rápido. "Mate o bebê, só salve a Lily" não é o tipo de coisa que eu acho que Lily gostaria para a vida dela.

- Gabi Black: Espero que não tenha desistido de ler a fic por causa da demora! Eu já falei várias vezes, mas é sempre bom repetir, eu realmente não pretendo desistir da fic, mas vai demorar... A armada também é uma das minhas partes favoritas desse livro, e a morte do Sirius foi uma das vezes que mais chorei lendo na minha vida, então não tenho ideia de como vou ter capacidade de escrever... O modo como as coisas vão mudar, ou não, depois que eles lerem os livros é um tanto complexo, e você tem razão, eu pretendo fazer só um epilogo explicando tudo, mas acho que apesar de Harry crescer de forma diferente, algumas de suas características mais marcantes não mudariam tanto. Muitas pessoas que foram tratadas como ele foi na infância crescem para se tornar pessoas amargas, como Snape por exemplo, e mesmo com isso, Harry sempre foi uma pessoa doce, leal, e corajoso, acho que nada pode mudar isso. Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- NathaliaHelena: No seu último comentário você me contou como as coisas ficaram complicadas para você e como ficou difícil de acompanhar a leitura, então tenho certeza de que você pode compreender porque demorei tanto para postar esse capítulo! Eu tenho a impressão de que o Snape real nunca chegou à conclusão de que era melhor ser apenas amigo de Lily do que perdê-la, mas o Snape real nunca viu como teria uma vida infeliz no futuro se continuasse como estava, então estou feliz de poder mudar isso! O "amor" dele por Lily com certeza é algo doentio. Ele age muitas vezes sem se importar com como ela vai se sentir, e apenas se importa com o que ele sente, e o que ele quer. 

- Joker Girl: Que bom que decidiu criar uma conta para deixar um comentário! Significa muito para mim! Eu sei que tenho demorado muito para postar os capítulos e tudo mais, e você provavelmente desistiu de esperar, mas saiba que eu não vou abandonar a fic, os capítulos demoram e tudo mais, mas não vou desistir. Fico feliz também que tenha decidido deixar de ser um fantasminha aqui! Uma das minhas coisas favoritas definitivamente é criar novas histórias para os marotos, então fico feliz que você goste! Espero que ainda esteja por aqui para ler esse capítulo! E deixa eu te perguntar: você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário! Além disso no grupo você sempre vai saber quando estou prestes a postar um capítulo e como anda minha escrita! Fica mais fácil de acompanhar as coisas!

- Rachel Lestrange: Fico feliz que tenha gostado tanto da fic a ponto de maratonar, e espero que ainda esteja por aqui, mesmo tendo demorado tanto para postar! Sempre gosto de saber que os leitores estão compreendendo melhor os livros depois de ler a fic! Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- LordeMorgoth: Fico muito feliz que goste tanto da fic, e te garanto que sempre vou continuar, mesmo que demore tanto para postar! E obrigada por todos os elogios à minha escrita, significa muito para mim saber que você está gostando! Deixa eu te perguntar, você está no grupo? Se sim, e se quiser, me fale seu nome no grupo para eu poder te dar os pontos por comentário!

- Stehcec: Harry realmente ainda achava Neville um bobo, mas acho que ele não achava Neville delirante igual ele achava a Luna, então ajudaria um pouco. As músicas do chapéu sempre foram muito esquisitas para mim cantar também! Em inglês até que tem um ritmo um pouco melhor, mas não muito! Eu tenho certeza de que Slytherin tinha vários objetivos diferentes com a câmara secreta que foram deturpados com o tempo, e realmente acho que um deles era proteger a escola. Umbridge não tem respeito por ninguém, ela só quer dominar a escola e transformar os alunos em fantoches! Ela é definitivamente a personagem mais 'malvada' para mim. Porque enquanto todos reconhecem a maldade em Voldemort em Bellatrix, Umbridge é falsa, se finge de doce, e esse é o pior tipo de pessoa! Você realmente tem um coração bom, Stehzinha! Eu ás vezes acho que não ajudaria algumas pessoas que agiram contra mim na minha vida, mas depois eu acabo ajudando, eu não tenho coragem de deixar alguém que já foi próximo de mim em um estado de necessidade (mas não perdoo). 

- Rhaenys: Eu tenho demorado muito para postar por motivos pessoais, mas não vou abandonar a fic, fico feliz que esteja gostando, e espero que ainda esteja por aqui! No grupo da fic eu sempre dou mais informações, então se quiser, apareça por lá!

- Shiera: Eu tenho demorado muito para postar por motivos pessoais, mas não vou abandonar a fic, fico feliz que esteja gostando, e espero que ainda esteja por aqui! No grupo da fic eu sempre dou mais informações, então se quiser, apareça por lá!

- brubru1415: Eu tenho demorado muito para postar por motivos pessoais, mas não vou abandonar a fic, fico feliz que esteja gostando, e espero que ainda esteja por aqui! No grupo da fic eu sempre dou mais informações, então se quiser, apareça por lá!

- Gabi Gomes: Eu tenho demorado muito para postar por motivos pessoais, mas não vou abandonar a fic, fico feliz que esteja gostando, e espero que ainda esteja por aqui! No grupo da fic eu sempre dou mais informações, então se quiser, apareça por lá!

- In_Black: Sim sim, eu sei que tenho demorado muito, e espero que vocês compreendam que as coisas ás vezes ficam difíceis. Mas prometo que não vou parar de postar!

- Carolina Black: Espero que esse capítulo tenha sido bom o bastante para matar a saudade um pouquinho!



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Comentários (11)

  • Carolina Black

    Deus é mais viu! Toda vez que leio o nome da sapa me dá até uns coiso ruim. Sério, ela é sdouhfsodfhsidufhsidfhu. Enfim. Eu acho que já comentei aqui milhares de vezes o quando eu amo Sirius Black. E o quanto eu amo Fred e Jorge também. Então esse comentário se faz desnecessário, apesar de eu ter comentado de novo. ? Estou feliz que tenha voltado. Sinto muita falta dessa fic sempre, Obrigada por não esquecer de nós

    2018-01-28
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