Prazer em conhecê-la
Capítulo 01 – Prazer em conhecê-la.
Viver. Verbo inútil sem nenhum propósito, utilizado apenas para nomear uma ação insignificante. No meu caso, um castigo. Sei que muitas garotas diriam que eu não tenho o direito de reclamar. Muitas dariam o que têm para estar no meu lugar. Mas será que todo esse conforto, dinheiro e um bom sobrenome valem mesmo todo esse esforço? Eu não acho. Paguei... Ainda pago, com a minha liberdade.
Tudo ao meu redor é controlado. Hora pra comer, hora pra dormir, muitas festas nas noites, fazer sala para visitas importantes, passar tardes e mais tardes estudando e aprendendo como ser uma boa esposa. TUDO com um sorriso no rosto. Nem liberdade para expressar minhas emoções eu tenho.
O vento acariciou meu rosto, levando consigo meus devaneios. As cortinas impecavelmente brancas esvoaçavam ao meu redor, e eu desejei estar com meus cabelos soltos. Logo Julia me chamaria para qual quer que seja meu próximo compromisso como uma legítima Weasley e tenho que estar mais do que perfeita, como havia exigido meu pai. Hoje era um dia especial. O que me faz perguntar o que me aguarda pela frente.
_Ginny. – Escutei a voz de Julia no outro lado da porta me chamar, seguida de três batidinhas.
_Sim, Julia. Pode entrar.
_Senhorita, seus pais e seu irmão estão aguardando-a na sala de visitas. – Disse a mulher morena, colocando apenas a cabeça para dentro do meu quarto. Sorri e a segui.
Atravessamos o comprido corredor em silêncio e, ao chegarmos à grande sala de visitas, ela virou indo em direção a cozinha. Esperei pacientemente até que os presentes, meus pais, meu irmão e um rapaz moreno e de cabelos espetados terminassem a conversa. Regras de etiqueta diziam que não era adequado interromper uma conversa, principalmente se homens estiverem envolvidos e imperdoavelmente se você fosse uma mulher. Era o meu caso. Então apenas aguardei. Logo, Rony, meu irmão, virou-se em minha direção. Era ele quem sempre me salvava de ficar horas e horas plantada em pé, esperando para que alguém me notasse, pois, se dependesse dos meus pais, eu poderia criar raízes.
_Ginny. – Ele disse, levantando-se. Logo os presentes voltaram a atenção para mim e eu pude notar agora que o visitante tinha olhos verde esmeraldas. Era muito bonito e elegante e não me era estranho. Eu só não sei de onde o conhecia.
_Filha, querida. – Repreendi uma careta. Nunca fui querida para minha mãe e muito menos para meu pai. Sorri educadamente para ele. O rapaz se levantou e veio em minha direção. – Esse é o senhor Potter. – O moreno, sem desviar o olhar nem uma vez do meu , beijou educadamente minha mão. – Seu noivo.
Eu estaquei, meu sorriso vacilando. O chão sob meus pés pareceram ceder. Olhei para meu irmão e este observava-me cautelosamente e Potter, já elegantemente ereto, me encarava com uma expressão indecifrável.
_Boa tarde, senhorita Weasley. É um prazer vê-la.
Puxei a minha mão que ele ainda segurada, encarando-o ferozmente. Meu irmão congelou, de olhos arregalados e meus pais substituíram a falsa expressão simpática e me fuzilavam com o olhar.
_Não sei se poderei usufruir do mesmo sentimento. – E, dizendo isso, vir-me-ei de costas ao rapaz e fui, o mais rápido que meu pesado vestido possibilitava, ao meu quarto novamente. Encostei-me na janela, ofegante, o coração em disparada. Eu nunca havia agido daquela maneira deselegante e com certeza seria castigada. Mas... Eu não quero me casar com um desconhecido. Talvez o castigo valesse a pena. Como ninguém quereria uma esposa desobediente e sem educação, ele talvez retirasse o compromisso no mesmo instante.
Com um susto, escutei a porta do meu quarto de escancarar e, assustada, encarei os olhos furiosos de minha mãe. Ela atravessou o aposento como um foguete e acertou-me com toda a sua força o rosto com sua mão espalmada.
_Como você se atreve a desrespeitar o seu pai dessa maneira, mocinha? Quem você pensa que é? – Sibilou ela em um tom baixo para que, creio eu, as pessoas lá em baixo não escutassem.
_Eu não quero me casar. – Eu disse em um sussurro, desabando no chão quando minhas pernas cederam, sentindo lágrimas abandonarem meus olhos. Por que eu tinha que ser tão fraca?
_Ha! Não quer se casar? Vai fazer o que então? Virar freira? – Ela perguntou irônica. Não seria uma má idéia, eu pensei. Pelo menos poderia deixa essa casa e viveria em paz. Mas eu sabia que meus pais nunca concordariam com isso pois só viravam freiras, na nossa sociedade, as mulheres que passassem dos trinta anos e não conseguissem um partido. Não era o meu caso. – Você já completou dezoito anos e deve agradecer a Deus por ter alguém interessado nesse seu rostinho sem graça. – E, puxando-me pelo braço para que eu levantasse, completou. – E trate de não se comportar como uma ogra na frente de seu noivo, ou não tentarei impedir seu pai de te ensinar umas lições de boas maneiras com uma cinta. Até o ajudarei, tirando seu irmão do caminho.
Então o Sr. Potter não havia desistido? As lágrimas começaram a sair mais deliberadamente de meus olhos e eu não me importei de aparecer nesse estado na sala, nem que a mão de minha mãe tivesse ficado marcada em meu rosto. Mais cedo ou mais tarde ele ficará sabendo que eu apanho e, quem sabe, com a sorte que eu tenho nessa vida, irá querer participar da brincadeira também...
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Não sou um homem do tipo cafajeste, que compraria uma esposa como estava comprando agora. Só estou fazendo isso pois meu amigo de longa data, Ronald Weasley, havia quase me implorado.
A família Weasley devia a minha família uma grande quantia em dinheiro devido a negócios que não deram certo há alguns anos atrás. Porém tal coisa nunca nos fez falta e meu pai, fazendo jus ao meu pedido em consideração a grande amizade que eu tinha com Rony, nunca os pressionou e eu mantive essa decisão após o seu falecimento. Não que ele houvesse me pedido isso.
Porém, em uma de nossas conversas rotineiras, eu havia contado a ele que tinha um grande interesse em sua irmã. Já havia visto-a em várias das festas nobres e ela era realmente encantadora. Além do seu jeito suave de se movimentar, sua voz doce, seu sorriso sempre simpático e seus cabelos flamejantes incomuns, o que mais me chamara atenção era que por vezes podia se notar seu deslize da faceta cortês para o de uma moça distante, que gostaria de estar em algum lugar, talvez qualquer lugar, que não fosse aquele. Ginny era alguém que se encaixava perfeitamente ali aos olhos de todos, menos aos dela.
Foi quando seu irmão, que havia descoberto que seus pais pretendiam conceder a mão da moça para o Sr. Malfoy, entrou em ação. Além de ele saber que eu estava interessado nela, não queria, em hipótese alguma, que sua irmã se casasse com um homem que já havia espancado uma esposa e abandonado-a sem nada. Estranhei, mas deduzi que o Sr. Weasley havia achado que tal informação era apenas fofoca.
Ele pediu que eu a noivasse antes do tal Malfoy e foi o que eu fiz. Sim, eu já pretendia fazer isso, mas apenas depois de convidá-la para alguns passeios como era normal de se acontecer antes de um pedido como esse. E agora, vendo-a agir dessa forma, totalmente adversa à que eu estava acostumado, vi que não fazia a coisa certa. Prestes a desfazer o pedido e tentar consertar as coisas, sob os pedidos de desculpas do Sr. Weasley que havia gostado da idéia de quitar a dívida ao ceder a mão de sua única filha, retive-me.
_Harry, por favor, espere. Não retire o pedido que eu explico depois. – Escutei Rony sussurrar com a mão em frente à sua boca. O patriarca, que ainda se lamuriava pelo mau comportamento da filha, não notou.
_Sr. Potter. Ginny está arrependida de seu mau comportamento, não é, querida? – Perguntou a matriarca à moça docemente, que concordou quase que imperceptivelmente com a cabeça.
Rony logo se levantou, passou os braços pelos ombros da irmã e puxou-a consigo até o sofá, fazendo-a gentilmente sentar ao seu lado com um sorriso carinhoso. Tinha alguma coisa ali que eu não estava sabendo... Rony apenas lançou-me um olhar suplicante, e eu fiz minha decisão.
_Sem problemas. A Srta. Weasley apenas deve ter se assustado com a notícia repentina. – Disse com a voz cordial, comedida, e fingi não escutar o baixo soluço de Ginny.
_Então o compromisso está feito? – Perguntou esperançosa a mulher, sentando-se ao lado do marido.
_Sim. Mas temo que já tenha que ir. Amanhã passarei aqui para levar a Srta. para um passeio, se me permitir. – Convidei olhando para a moça, que continuava de cabeça baixa, mas não esperando que ela me respondesse.
_Ah, ela aceita sim. – Falou o Sr. Weasley, como eu havia esperado. – Obrigado, Sr. Potter. – Agradeceu o homem e, pelo seu olhar, vi não era pelo convite à sua filha. Apertei a sua mão já estendida, acenei com a cabeça para a Sra. Weasley que sorria triunfante, e beijei a mão da minha agora noiva, que não levantou a cabeça para me olhar. Rony, com a mão em minhas costas, guiou-me até a porta.
_Tem algum compromisso agora, Harry? – Perguntou ele quando ninguém mais podia nos ouvir.
_Não, mas você tem. Explique-me o que está acontecendo. – Impus. Ele acenou com a cabeça e, juntos, pelas ruas, começamos a fazer o caminho até minha casa. – Por que forçá-la desse jeito? Eu posso simplesmente fazer do jeito normal, esperar que ela me conheça melhor. Posso quitar a dívida depois de tudo.
_A dívida de minha família não me importa. – Vociferou ele. Porém sua raiva não estava dirigida a mim. – Se você quiser não precisa nem quitá-la depois do casamento. Só disse para você oferecer isso para meu pai para que ele de preferência a você. Malfoy também é rico e ele só quer que Ginny se case para que o cara possa pagá-la. Ele está desesperado.
_Como assim, não quitar depois do casamento? – Eu perguntei, parando de andar. – Isso faliria sua família.
_Quanto a mim eu não ligo. Consigo me sustentar com o que ganho. Mas a falência é o mínimo que aqueles dois mereciam perante tudo o que fizeram e ainda fazem com Ginny. Você pensa que eles não sabem o que Malfoy fez com a esposa anterior? É claro que sabem. Eles só não ligam. Não estão nem aí para o que aconteça com a minha irmã depois que ela não for mais responsabilidade deles.
Fiquei horrorizado com tal revelação. Então eu estava enganado. Eu não teria que salvá-la de um marido desgraçado que a espera no futuro. Primeiramente eu teria que salvá-la dos próprios pais que ela tem. Apesar de isso ter me abalado, ter feito com que meu casamento fosse quase como um fardo a ser cumprido, eu fiquei feliz. Fiquei feliz por saber que precisava lutar para salvá-la. Que, de todos os caminhos que ela tinha a seguir, o mais seguro até agora seria ao meu lado.
Pareceu-me, naquele instante, que esse era o seu lugar certo, o lugar que eu queria que ela estivesse. Isso fortaleceu o sentimento que eu nutria por ela ainda mais.
_Rony, meu amigo. Estou declarando guerra contra seus pais.
_Vá com calma, Harry. – Ele alertou-me apesar do sorriso de satisfação estampado no rosto. – Se eles quiserem, poderão mudar de opinião e conceder a mão dela à Malfoy, que tenho certeza que se oferecerá para quitar a dívida de minha família. Ele já está de olho em minha irmã faz algum tempo.
_Também tenho minhas cartas na manga. – Respondi, olhando o nada, pensativo.
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_Ginny, Ginny, querida. Acorde. – Escutei a voz de Julia me chamar, me dando leves solavancos enquanto a claridade da cortina que estava sendo aberta me cegou. Antes de me acostumar com o sol que invadia meu quarto, escutei a voz de minha mãe, que denunciou que era ela quem havia realizado tal ação. Claro, tudo para me causar dor e desconforto.
_Anda, menina! Seu noivo estará aqui daqui em uma hora. – Escutei sua voz dura perfurar-me os tímpanos. – Trate de arrumar essa cara amassada e vestir-se muito bem. Nada de maquiagem sem graça que você costuma usar. Não és bonita o suficiente para precisar apenas de alguns retoques.
_Eu não vou. – Falei, sentando-me na cama e encarando-a. A força para enfrentá-la devia ter reacendido enquanto eu dormia. Ela apenas andou até a porta com um sorriso sínico nos lábios vermelhos.
_Se eu tiver que voltar aqui, trarei uma cinta comigo. – E, assim, elegantemente fechou a porta.
Ainda encarando o local que ela estava segundos antes, congelada, senti uma mão acariciar-me a face. Apesar de não ter assustado com o toque, afastei-me um pouco. Minha bochecha ainda ardia devido ao tapa da noite passada.
_Vamos, querida. Eu a ajudarei a escolher um belo vestido. Esse senhor Potter me pareceu ser um bom sujeito.
Eu apenas sorri para ela mecanicamente e sai da cama, trocando-me com sua ajuda.
Não ligando para as instruções da minha mãe, maquiei-me da maneira como sempre fazia. Nada muito exagerado. Apenas um batom da cor dos lábios e um pouco de pó de arroz para tentar esconder a marca vermelha que ainda estava estampada em meu rosto, apesar de quase invisível. Não ligo para o que meu noivo pense de minha aparência. Em seguida, sendo apressada por Julia que estava mais preocupada com a cinta do que eu, desci até a sala para aguardar o Sr. Potter, que eu recusava, pelo menos em meu íntimo, a reconhecê-lo por noivo.
Ele já me aguardava e minha mãe fazia sala, conversando animadamente. Meu pai e Rony estavam trabalhando. Entrei na sala e ele automaticamente olhou para mim, interrompendo o bate-papo.
_Srta. Weasley. Bom dia. – Cumprimentou o Sr. Potter, vindo em minha direção. Pegou a minha mão e beijou-a calmamente, me encarando. Eu, em resposta, apenas acenei com a cabeça enquanto encarava a janela acima dele.
_Ginny, querida. Divirtam-se. – Disse mamãe, me dando um beijo na testa. Eu estremeci, observando-a afastar-se. Virei novamente para o rapaz e este sorriu. Poderia ter achado seu sorriso bonito, mas estava com muita raiva para isso.
_Acompanha-me? – Perguntou ele estendendo o braço. Segurei em sua mão e ele fez com que eu perpassasse meu braço no dele e então saímos de casa. Mantive o máximo de distancia possível. Andamos em silêncio por pouco tempo. Se dependesse de mim, iríamos até o abismo sem trocar uma palavra. – Você costuma ser sempre quieta assim?
_Só quando não tenho vontade de conversar com alguém. – Respondi com uma voz fingidamente doce. Encarando a rua movimentada, escutei sua baixa risada.
_Foi o que pensei. Nas festas da corte você estava sempre sorrindo e conversando com todos. Seu irmão também costuma dizer que você é sempre um doce. Vejo que isso não se enquadra para todas as pessoas. – Notei que ele nos direcionava a um dos bancos que havia na praça quase em frente a minha casa.
_É, pelo menos para isso eu tenho liberdade. Posso escolher quem tratar bem ou não. – Pelo menos sem que meus pais vissem. Uma menininha que passava correndo em direção à mãe distraiu minha atenção e, só depois de algum tempo contemplando-a, sentei-me ao lado do Sr. Potter, que já me esperava há algum tempo. Será que todo o tempo ele ficaria me perfurando com o seu olhar?
_Não acho que tenha. – Eu o ouvi dizer e logo senti seus dedos acariciarem o lado direito do meu rosto, que ardeu. Afastei-me para mais perto da borda do banco, sentindo as minhas bochechas esquentarem. Espero que o pó de arroz tenha mais sucesso em esconder meu embaraço do que tiveram em esconder a marca de uma mão em meu rosto. – Ginny, quem te bateu?
Pela primeira vez desde o incidente de ontem, meu olhar encontrou o dele. Pude ver então algo que eu não podia ter certeza. Seria fúria? Será que eu estava deixando-o tão nervoso assim com as minhas respostas que nunca sairiam da boca de uma noiva ao seu noivo? Ah, eu não me importo! E ele não tinha o direito de me tocar até que o matrimonio estivesse selado. Nem para me agredir, nem para fazer o que ele havia feito.
_Ninguém me bateu. – E, quando vi seu olhar de descrença, decidi que não havia como negar isso. As marcas de dedos eram perfeitamente visíveis. – Na verdade, eu me bati. Tinha um mosquitinho me incomodando e quando ele pousou em meu rosto eu bati.
Não virei para ver sua expressão. Estava muito envergonhada para isso. Havia mentido. Mas escutei sua risada ecoar uma vez mais, dessa vez mais alto.
_E conseguiu pegá-lo?
_Quase. – Falei em um fio de voz. Por minha visão periférica, notei que ele cruzava as pernas esticadas pelos tornozelos, encostando-se mais confortavelmente no banco.
_Sua mão parece ser maior e mais pesada do que aparenta. E, por este tapa, deve ter mais força do que seu corpo suportaria também. – Ai! Ele não havia acreditado. O que é que tem demais em ser mais forte do que se aparenta? – Você toca piano, Ginny?
_Ainda estou aprendendo. – Respondi aliviada pela mudança de assunto.
_Não é o que o seu irmão diz. Ele compara suas músicas ao som da harpa de um anjo.
_Ele exagera às vezes. – Encabulei-me. Não sabia que meu irmão falava assim de mim para os outros. – De onde você o conhece?
_Eu sou amigo dele, Ginny. Acho que um dos melhores. Não se lembra de ter me visto em uma das festas com ele?
_Oh, desculpe. Ontem eu sabia que não era a primeira vez em que nos víamos, mas não o reconheci. – Quanta falta de tato da minha parte. Automaticamente, levei a mão à cabeça. Só me dei conta do movimento quando escutei Potter rir. Abaixei a mão e sorri sem graça.
_O que você gosta de fazer? – Ele tornou. Só aí me dei conta de que estava conversando com o meu noivo indesejado.
_É um interrogatório? – Encarei-o mal humorada. Ele levantou uma sobrancelha.
_Acho que é melhor voltarmos. – Mal terminei de escutar o que ele disse e já me levantei.
O passeio, finalmente, estava acabado. Sem que eu me desse conta, lembrei de algumas das lições que tive sobre como ser uma esposa, sobre todas as minhas obrigações. E lembrei-me de algo que me fizera tremer de medo. Algo que ele tinha o direito de fazer agora, como noivo e que eu nunca havia parado pra pensar que realmente podia acontecer comigo.
_O que foi? Está pensativa.
Senti meu rosto esquentar. Já estávamos parados em frente ao portão de casa e a atenção do Sr. Potter está voltada para mim.
_Na... da. – Respondi incerta, encarando mais uma vez o chão.
Ginny, posso te pedir uma coisa? – Ele perguntou.
_Só se eu também tiver a permissão de te fazer um pedido. - Ele riu.
_Então faça.
_Não! Você primeiro! – Ah, eu não teria coragem, teria?
_Só quero te pedir para me chamar de Harry em vez de Sr. Potter. – Ele disse, dando de ombros.
_Uhm... Acho que posso fazer isso. – Respondi.
_Sua vez.
_Er... Outro dia te digo isso. Com licença. – Disse, virando-me para entrar em
casa. Deveria chamá-lo para entrar, mas minha pressa em ficar sozinha novamente falava mais alto. Senti a mão do rapaz me puxar de volta. Voltando bruscamente para ele, cheguei perto demais. Só poderia ver o seu rosto se olhasse para cima.
_Eu te fiz meu pedido, agora faça o seu. – Escutei sua voz baixa dizer em um tom doce.
_Eu quero que... – Respirei fundo, o coração acelerado. Será que ele aceitaria meu pedido? – Queria pedir para que não me beijasse. - Pronto, falei.
_Era por isso que estava preocupada, pensativa? – Ele ria e eu me irritei. Não gosto que riam de mim.
_Era! – Respondi, dando um passo para trás. Seus pés deram um passo para frente. Ele levou a mão até meu queixo, levantando o meu rosto. Encarei-o.
_Se é isso o que você deseja, te dou a minha palavra que não a beijarei até que esteja sob meus braços. – Senti um alívio temporário. O Sr. Potter se inclinava para baixo. Fechei os olhos apertadamente e senti seus lábios pousarem em minha testa. – Tenha um bom dia, Ginny. – Abri os olhos e observei ele se afastar. Está certo que não era esse o tipo de beijo que eu me referia, mas não deixava de ser um beijo...
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