Sim, eu sou





POV James Potter


 


            - Vou só colocar o Pontas lá dentro e a gente entra – falei, indo em direção ao celeiro.


            - Não – ela falou, soando um pouco desesperada – Não quero ficar sozinha.


            Ela olhou para os próprios pés e apertou os dedos das mãos, nervosa. Eu entendia. Eu completamente entendia. Ela acabou de ser atacada por um homem desconhecido enquanto estava sozinha. Tudo que ela menos quer é ficar assim novamente.


            - Posso ir com você? – ela me olhou de novo – Não quero ficar lá dentro – e apontou a casa com a cabeça.


            Assenti rapidamente e fui até ela, pegando em sua mão.


            - Claro, vamos.


            Entramos no celeiro e ela foi até um monte de feno que ficava ao fundo. Coloquei meu cavalo no lugar certo, tirei a cela e guardei a espada embaixo de um pouco de feno. Voltei e a avistei encostada na madeira olhando para o nada. Fui até lá e sentei ao seu lado, passando os dedos em seu cabelo macio.


            - O que tanto pensa? – perguntei.


            - Tenho algumas perguntas – ela respondeu me encarando.


            - Pra mim?


            - É.


            - Pode fazer – disse me acomodando melhor no feno.


            - Onde conseguiu aquela espada?


            - Eu ganhei – respondi – do meu pai.


            - Mas...às vezes me esqueço que você é príncipe – ela pareceu frustrada.


            - É normal eu ter uma espada, aprendi a lutar desde muito pequeno.


            - E... por que você levou ela pra festa? – dessa vez ela parecia bem curiosa.


            - Eu tive uma sensação que deveria leva-la, uma intuição. Você disse que geralmente saía briga e as pessoas se exaltavam, achei que seria mais seguro.


            Ela ficou pensativa e encarava suas próprias mãos.


            - Acabaram as perguntas? – ela assentiu – Aaah, estava gostando de ser interrogado – disse e ela riu discretamente.


            YES, objetivo alcançado, ela riu, pelo menos um pouco.


            - Acho melhor irmos dormir, você precisa descansar, foi um longo dia.


            - Você tem razão.


            Levantei rapidamente e ofereci a mão para que se levantasse também. Deixei-a na porta de seu quarto e ela me deu um pequeno sorriso, que parecia com um agradecimento. Sorri de volta e fui para meu quarto.


            No dia seguinte acordei com a luz do sol batendo em meu rosto. Levantei e percebi que passava um pouco das nove. Troquei de roupa e desci para tomar café da manhã. A mesa já estava pronta, mas a Lily ainda não havia descido. Sentei ao lado do Sr. Evans e cumprimentei os dois:


            - Bom dia Sr. e Sra. Evans.


            - Bom dia querido – respondeu a mãe de Lily.


            - Bom dia James – o pai de Lily se levantou – Chegou uma carta pra você – ele foi até uma mesinha, tirou um envelope e me entregou – Do seu pai.


            Olhei para o envelope, estava endereçada ao Sr. Evans, mas o remetente era de C.P. Charles Potter. Meu pai. Claro que ele não iria endereçar a mim, se essa carta se extraviasse tudo seria perdido. Abri o envelope rapidamente e comecei a ler:


            “James, como você está? Não, não me envie uma carta de resposta, é muito perigoso, só perguntei por que me sinto melhor. Sinto que você responderia ‘bem’ mesmo que não estivesse tudo bem.


Bom, as coisas por aqui estão ótimas, estamos vencendo e espero que em algumas semanas acabe tudo isso e você possa voltar para casa. Sua mãe mandou um abraço, fique bem.


Seu pai.”


Terminei de ler a carta e ouvi passos na escada. Lily apareceu, olhou pros pais, olhou pra mim e depois pra carta.


- É do seu pai? – acho que ela percebeu a cara de todo mundo.


- É – assenti.


- E o que diz?


- Que está tudo bem – olhei pra ela – e que eles estão vencendo.


- Que ótimo James – ela veio até mim e me abraçou.


- Diz também que eu vou voltar em breve.


Lancei a questão pra saber qual seria a reação dela. Eu amo minha família, mas eu gosto daqui. É tranquilo, e posso fazer as coisas, andar por ai. Tenho amigos, que eu gosto muito. E tem a Lily...


            Ela ficou sem reação por um instante, eu vi em seus olhos que ela não queria que eu fosse. Eu vi. E era tudo que eu precisava. Logo ela mudou de expressão e começou a tomar seu café.


            - Que bom que você vai rever sua família de novo.


            Depois do café fomos fazer nossas tarefas. Saímos da casa, eu estava indo até o celeiro e a Lily até a horta, quando avistamos a Lene e o Sirius vindo em nossa direção.


            - O que estão fazendo aqui? – perguntou Lily.


            Os dois pararam em nossa frente e cruzaram os braços.


            - Precisamos conversar – falou Lene.


            Lá vem problema. A Lily fez uma cara de preocupada e começamos a ir até o celeiro, para podermos conversar. Nos acomodamos em um monte de feno e os dois sentaram de frente para nós.


            - Não estou gostando dessa cara – comentou a ruiva.


            - E ai? O que foi? – perguntei.


            - Vamos direto ao ponto: vocês não são primos não é mesmo? – disse Lene.


            Engasguei e comecei a tossir loucamente. Como assim? Como descobriram? Droga, já sei. Ontem, quando ela me mandou ir atrás da Lily, ela percebeu. Droga, droga, droga.


            - Claro que somos primos Lene – respondeu Lily, tentando parecer inconformada.


            - Lily – chamei – eu devo a verdade a eles, são meus amigos.


            A ruiva olhou nos meus olhos e me perguntou silenciosamente: “você tem certeza?”. Assenti e olhei para meus amigos.


            - Não, nós não somos primos.


            - Então o que tá acontecendo aqui? Quem é você então? – perguntou Sirius, começando a ficar confuso.


            - Meu nome é James Potter.


            Os dois arregalaram os olhos, se olharam e depois olharam pra mim novamente.


            - Potter? Potter da família Potter? – Sirius engoliu seco – A família Real?


            - Sim, a família Real.


            - Então você é... – Lene não conseguia dizer.


            - Príncipe, Príncipe James Potter.


            Os dois ficaram em silêncio e pensaram sobre isso por algum tempo.


            - Você é Príncipe?


            - Sim, eu sou.


            Sirius coçou a cabeça e vi que estava cheio de perguntas.


            - Eu não estou entendendo nada, o que um Príncipe faz aqui? – Sirius passou a mão nos cabelos.


            - É uma longa história – os dois fizeram sinal para eu prosseguir – Como vocês sabem, tem radicais querendo tomar o poder de meu pai, então ele me fez sumir para me proteger e proteger o reino. O pai da Lily é um amigo de infância de meu pai, então ele pediu esse favor, para que ele me mantivesse aqui, como sobrinho dele, até as coisas voltarem ao normal.


            - Então você está aqui disfarçado, tudo faz sentido agora – Lene parecia estar se acostumando com a ideia.


            - Eu estou contando pra vocês porque são meus amigos, e eu confio em vocês. Não podem contar pra ninguém, senão tudo está perdido. Se me encontrarem poderão me usar para chantagear meu pai em troca do trono.


            - Seu segredo está seguro conosco – Sirius fez uma reverência – Príncipe James.


            - Agora você vai me zoar pra sempre né seu idiota – dei um tapa em sua cabeça e rimos juntos.


            - Óbvio, não é todo dia que eu arrumo um amigo príncipe.

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