Festa
POV Lily Evans
Aquilo não devia ter acontecido. Com certeza não devia. Eu sei que eu correspondi, e sei que ele é um príncipe, mas é exatamente esse o problema. ELE É UM PRÍNCIPE e eu sou o que? Nada. Não tem como algo assim dar certo em algum momento, não tem.
Eu nem sei de onde surgiu aquele clima entre a gente, nem aquela vontade de beijá-lo. Porque ele tinha que ter mãos tão quentes? E porque a minha boca encaixou tão perfeitamente na dele? Me explica como alguém pode ser tão cheiroso?
Naquele momento, entre olhar nos olhos dele e dizer tudo isso que estava passando em minha cabeça ou ignorar o que aconteceu, eu tomei a atitude mais covarde, ignorá-lo. A cara que ele fez quando não toquei no assunto foi tão triste, vi a decepção no rosto dele.
Mas não posso deixar algo assim acontecer.
Dois dias depois, no sábado, dia da festa, o clima entre a gente já tinha melhorado um pouco. Ele já voltava a falar comigo e eu já conseguia encará-lo. Espero que com a Lene e o Sirius por perto o clima melhore ainda mais.
Meus pais nos mandaram ir na frente para a festa e eles iriam levar as bebidas mais tarde. Péssimo momento para dividirmos o mesmo cavalo, mas me sentia mal de pedir para irmos a pé. Ele trouxe o Pontas e dessa vez havia algo diferente preso na cela, um embrulho comprido de couro que se camuflava muito bem com a cor do pelo do cavalo.
Estranhei por um momento, porém não disse nada. Fui montada atrás dele, mas evitei segurá-lo, pra não ficar estranho. Chegamos à vila e nossos amigos já nos esperavam. James foi amarrar o cavalo e a Lene já me puxou.
- Lily – ela me abraçou – Olha como a fogueira está linda.
Já estava escuro e a grande fogueira no centro da vila iluminava a região. Realmente estava muito bonita.
- Aham, deve ter dado trabalho pra acendê-la.
Nesse momento James e Sirius chegaram e os dois riam de algo.
- Hey Lily, não sabe da última – Sirius falou.
- O que houve?
- A Marjorie anda espalhando boatos idiotas – respondeu Lene, revirando os olhos.
- Que tipo de boatos? – perguntei preocupada.
- Ela tá dizendo por ai que você e o James não parecem primos, que vocês são muito próximos, cheios de atitudes estranhas – completou Sirius.
Tentei disfarçar o espanto com aquela novidade e olhei preocupada para James.
- Não acredito que aquela vadia tá inventando historinha, vou dar um jeito nela já – tentei virar as costas, mas James segurou meu braço.
- Lily, não é nada demais – ele falou me lançando um olhar do tipo “não arrume confusão”.
- Ok, ok, mas ela tá provocando.
A banda começou a tocar e a música alta tomou conta do ambiente. Fomos os quatro dançar ao redor da fogueira junto com as outras pessoas. O som animado me fez esquecer um pouco as preocupações que rondavam minha mente, até que a música ficou mais lenta, Sirius puxou a Lene e James me chamou pra dançar.
Eu sei que deveria fugir de situações como essa, mas era uma ótima oportunidade pra eu conversar com ele sobre a Marjorie. Coloquei meus braços ao redor de seu pescoço e ele tocou minha cintura com sua já conhecida firmeza.
- James, essa história da Marjorie – comecei.
- O que tem?
- O que tem? James, ela tá dizendo por ai que não somos primos, isso coloca em risco – abaixei o volume da voz – seu disfarce.
- Aquela garota não me preocupa Lily – ele respondeu, sem ligar muito.
- Se você que é o mais interessado nisso não liga, então não vou mais me preocupar – revirei os olhos – Só tome cuidado com ela.
Interrompi a dança e saí. Ou ele realmente está muito chateado comigo, ou não liga a mínima pra se vai ser descoberto ou não. Fui até as barracas de bebidas, provando algumas, cumprimentei os conhecidos e conversei com a Lene por boa parte da festa depois disso. Não via o James a mais de uma hora, mas nem liguei.
- Lene, já volto, vou ao banheiro.
Caminhei até a porta do Três Vassouras, mas estava fechada. Dei a volta no bar para verificar se a porta dos fundos estava aberta e me deparei com a situação que menos esperava: Marjorie e James se beijando. Arregalei os olhos, não podia acreditar naquilo. Não sei o que era pior, ele ter me beijado há dois dias e agora estar agarrado nela, ou eu ter avisado sobre ela e ele estar tomando cuidado desse jeito.
James pareceu empurrar a loira aguada e fez uma cara de surpreso. Mas mais surpreso ainda ele ficou quando me viu ali. Não conseguia olhar na cara dele. Virei as costas e corri. Ouvi-o chamando meu nome, mas ignorei. Ele apenas me alcançou quando já estava na estrada, afastada da festa.
- Caramba Lily, espera – James entrou na minha frente, me impedindo de continuar a correr.
- Sai da minha frente, não quero falar com você.
- Não, não vou sair, você vai me ouvir antes.
- Não tem nada pra ouvir James, eu já vi tudo que precisava – gritei.
- Lily, aquilo não foi real – ele segurou meu braço – Ela me agarrou, você não viu como empurrei ela?
- Pra mim você parecia estar gostando bastante – debochei.
- Gostando? – ele bufou – Não to entendendo Lily.
- Não tá entendendo o que?
- Porque é que você está tão brava se quando te beijei você simplesmente ignorou?
- Isso não tem nada a ver James – tentei me desvencilhar, mas ele me impediu.
- Então me explica porque ficou tão brava.
- Porque eu te mandei tomar cuidado com ela e olha só no que deu. Ela tá desconfiada de alguma coisa James.
- Não é só isso, você correu como se não houvesse amanhã e está quase roxa de raiva. Não tem como ser isso.
- James, sai da minha frente.
- Lily – ele me segurou - Olha nos meus olhos e diz que você não sentiu nada com aquele beijo.
- James, aquilo não tem nada haver com o que eu acabei de ver agora – tentei fugir do assunto.
- Me responde – ele me olhou esperando uma resposta e eu suspirei.
- Aquilo não foi nada – encarei seus olhos, mentindo.
Ele deu uma gargalhada alta e me encarou novamente.
- “Aquilo”, você nem consegue dizer a palavra de verdade – seu rosto se aproximou do meu – Beijo.
Nem tive tempo de processar e seus lábios já estavam sobre os meus, quentes e macios. Senti meu corpo inteiro se arrepiar e prendi a respiração. Milhões de coisas poderiam estar passando pela minha cabeça, mas nesse momento ela estava completamente vazia. E a única coisa que eu sentia era a leveza de meu estômago, como se ele fosse sair voando.
Por um momento ouvi passos se aproximando. Empurrei James, assustada e me perdi em seus olhos por alguns instantes antes de aproveitar a distração dele e sair correndo de novo. Eu não conseguia encarar aquilo e a minha covardia me fez correr como se fugisse da morte.
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