wishes
– O que são essas coisas? – O rapaz perguntou a ela, sentando-se no parapeito do prédio, enquanto apontava para o céu.
Ela olhou para cima forçando seus olhos para acompanharem o que ele lhe mostrava. Era começo de noite, o céu estava repleto de estrelas cintilantes. E ao longe ela viu pontos de luzes cortando os céus, deixando uma poeira de brilho por onde passavam.
– Ah, aquilo são aviões Malfoy! – Ela sorriu o encarando de volta, para ela aquilo era comum, afinal de contas havia crescido naquele mundo onde máquinas eram capazes de voar.
– Parecem estrelas... – Ele murmurou ainda encarando o céu. – Ouvi dizer que se fizermos um pedido a uma estrela cadente ele se realizará.
– Isso é lenda... - Hermione como sempre era muito incrédula com relação à vida, as coisas, as pessoas.
– Você é uma bruxa, já viu tanta coisa e ainda assim não é capaz de acreditar nisso. – Ele a olhou nos olhos.
Os dois estavam no topo de um prédio residencial, sentados no parapeito como se fosse perfeitamente normal.
– Eu acredito em você, acho que isso já exige muito de mim. – Ela rebateu desviando seu olhar.
– Acho que deve ser a única que ainda acredita.
– Estou bem aqui, com você. – Ela disse repousando a mão em seu ombro.
– Sabe isso me faz lembrar, você não tinha medo de altura?! – E ele olhou para baixo constatando a altura em que estavam, era apenas um prédio de quinze andares.
– Depois de tudo que eu já vivi medo de altura, eu já nem lembrava mais que isso existia. – ela gargalhou sem olhar para baixo, era bom não abusar encarando a loucura que era estar ali.
– Está certa. – Eles se silenciaram por fim, e então outro avião cruzou o céu no horizonte. As estrelas cadentes de Draco.
– Acho que os aviões e eu temos algo em comum – Ele falava enquanto com o olhar acompanhava o objeto.
– E o que seria?
– Somos de lata, máquinas vazias e inexpressivas. Latas e eu não fomos feitas para voar, para ser livre.
– Você fala como se de repente, você não fosse você, parece até outra pessoa.
– Estou te importunando... Eu não quis.
– Malfoy, está tudo bem. Eu vim aqui te ver, saber como está. Eu me importo e fico feliz que converse comigo.
– Seu namorado não fica com ciúmes sabendo que você veio me ver? – Ele arqueou a sobrancelha demonstrando interesse.
– Uol, bom pra ser sincera ele não sabe que estou aqui. Sinceramente, não achei um jeito de dizer aos meus amigos sobre você.
– Imagino que eles vão pirar quando souberem, se souberem.
– É não vai ser uma tarefa muito fácil, mas vocês precisam se respeitar, ao menos a amizade que existe entre nós.
– Claro, nossa amizade. – Ele parecia chateado com a palavra amizade, e Hermione pode perceber embora não tenha comentado.
Ela então encarou o céu no momento em que mais um avião cortava os céus.
– E lá vai a sua estrela. – Ela tentou anima-lo.
– Sabe, essa noite podíamos fingir que os aviões na noite escura são estrelas cadentes, e talvez fazer um pedido.
– Isso é tão... – Ela pensou em dizer o quanto aquilo parecia bobagem, mas ao ver os olhos dele tão cintilantes pensando nisso. – Está bem, um pedido. – E riu por estar concordando com aquilo.
Esperaram alguns minutos, quando sua “estrela cadente” cortou a noite escura.
– Faça seu pedido garoto. – Ela fechou os olhos se entregando aquele momento. Intimamente ela fez um desejo, desejou que Draco fosse feliz.
Ela abriu os olhos e olhou para o lado, ele tinha o rosto sereno, seus olhos fechados e seus lábios esboçavam um tímido sorriso. Ele fez seu pedido silenciosamente.
– O que você pediu? – Ela perguntou curiosa.
– Existe uma regra nos desejos de que se falar a alguém ele não se realizara.
– Isso é verdade. – Eles riram.
Hermione desceu do parapeito e esticou suas pernas.
– Eu preciso ir, está ficando tarde.
– Não vai ficar e esperar para o seu pedido se realizar? – Ele perguntou também descendo de lá.
– Não acha mesmo que isso vai acontecer, ou acha?! E além do mais isso poderia levar tempo.
– Talvez ele se realize logo. – Ele se aproximou ficando frente a frente dela.
– Tem certeza que não vai mesmo me contar o que desejou?
– Contar eu não poderia... Quem sabe eu lhe mostre. - Hermione sentiu a curiosidade agitar-se dentro dela. – Por que não me conta você o que desejou?
– Se eu contar o meu, você me contaria o seu? – Ele balançou os ombros demonstrando sua concordância. – Desejei que você fosse feliz.
– Desejou minha felicidade? - Ele estava surpreso e deixou um sorriso escapar, mas não era qualquer sorriso, aquele era um sorriso visto por poucas pessoas, era o sorriso mais sincero e também o mais lindo que ele só conseguia produzir quando estava verdadeiramente feliz.
– Sim e esse é um desejo sincero. Agora me conte o seu afinal o combinado não sai caro. – ela piscou para ele.
– Como eu havia dito anteriormente eu não posso contar o que desejei tenho medo de que não se realize, mas posso lhe mostrar. – Enquanto ele falava deu passos que rapidamente eliminou a distancia que havia entre eles.
– Isso não é justo, você tem que me contar. – Ela o desafio arqueando suas sobrancelhas.
– Vou realizar seu desejo. – E com isso ele a beijou, gentilmente. Ele não saberia dizer se ele viu as estrelas de verdade que cobriam o céu naquela noite, ou se viu estrelas em sua imaginação. O fato é que ele viu estrelas e se sentiu encantado.
Por fim ele se afastou dela e encarou seu rosto, seus olhos ainda estavam fechados, mas ele não precisava vê-los para saber a profundidade que os olhos âmbar de Hermione escondiam, já fazia muito tempo que ele havia mergulhado de cabeça dentro do abismo de seu olhar.
– Eu não entendo. – Ela parecia confusa.
– Você me faz feliz, seu desejo foi realizado. – Ele ainda sorria.
– Isso significa?
– Que as coisas mudaram e eu tenho esperança de que um desejo se realize.
– Eu estou confusa. Você me beijou e...
– E você retribui, mesmo sendo comprometida. Eu sei que você gosta do seu namorado, mas isso não impede que eu sinta algo por você. Não estou pedindo para que fique comigo, nem que me retribua ou se sinta confusa sobre seus sentimentos.
– Draco Malfoy, não estou zangada com você, mas por Merlin diga-me o que você desejou. – ela exigiu como se temesse o desejo dele, como se a qualquer momento ele fosse se realizar e Hermione tinha a sensação de que aquilo faria seu mundo desandar.
– Não adivinhou ainda?
– Diga-me!
– Desejei que fosse minha e de mais ninguém. Mas eram apenas aviões, certo?
– Apenas aviões e desejos. – Ela concordou sorrindo para ele.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!