Cause she dies ‘not exac
Cause she dies ‘not exactly‘
Lily Evans
Sabe aquelas cenas em que o vilão está morrendo e passa um filme em frente aos seus olhos? Naquelas horas em que eles estão em seus últimos minutos de resistência e o mocinho fica em sua frente e o perdoa por todos os seus erros? Aqueles momentos em que eles são libertados de uma vida de maldade e tudo o mais? Pois bem, eu gostaria de dizer que quando estive em frente à morte, presenciei alguma dessas cenas, mas não vi Lúcia McVann por ali, desculpando-me por ter pintado os cabelos dela de rosa choque enquanto dormia, nem Courtney Allens, dizendo-me que não fora nada demais eu ter beijado o namorado dela enquanto ela não estava. Tampouco vi Petúnia, chorando em minha frente enquanto dizia-me que perdoava todas as atrocidades que cometera com ela em todos os anos de nossas vidas.
Aff, quer saber? Eu nem sou a vilã, para falar a verdade eu seria mais aquela garotinha que aparece de vez em quando no canto de alguma cena no filme, dizendo um oi timidamente enquanto a personagem principal passava por mim e sorria docemente.
Lúcia McVann era uma vadia por completo, sem tirar nem por e eu realmente não me arrependia de ter feito os cabelos dela ficarem daquela cor. Ficou muito mais apresentável para falar a verdade.
E eu sabia que Courtney Allens estava dormindo com outro e somente por isso beijei seu namorado. Para o pobrezinho não ser o único corno. Tadinho.
Petúnia, minha irmã, ela sim poderia passar pela vilã dos filmes. Ela vivia dizendo que eu era a parte má da família, mas eu sabia que ela é que possuía a ovelha negra dentro de si... Pedindo para sair. Seria bom se eu desse uma ajudinha. E eu apostaria minha vida que mesmo em meu leito da morte ela olharia para mim e diria: "bruxa".
Não que minha vida valesse muito naquele momento.
Eu estava simplesmente fazendo uma boa ação e me sentia feliz por isso. Libertar a maldade de Petúnia deveria ter feito bem à alma de minha irmã. Quando chegasse o dia do seu Juízo Final ela iria me agradecer. Tinha certeza. Afinal a minha maldade na busca de libertar a dela deveria contar alguns pontos no quesito ‘sofrimento‘ na fichinha para a batalha pelas vagas no paraíso, certo?¹
Quero dizer, iria ter um cara lá, vestido de branco parecendo o Constantine² que iria ler e dizer "poxa, mas ela sofreu, acho que isso pode diminuir o tempo no inferno".
O que eram alguns vestidos rasgados em comparação à libertação da alma?
Nada. Eu sabia que todos diriam isso.
Todos menos minha mãe. E Petúnia.
No momento em que o grito histérico de minha irmã ecoou por toda a casa e ela desceu as escadas de seu quarto com retalhos de vestidos nas mãos, minha mãe virou para mim e começou a gritar, gritar e... gritar mais um pouco.
O negócio era que eu me estressei. Quero dizer, quando era a Petúnia que fazia algo contra mim, minha mãe simplesmente dizia que não era para eu dar bola, que minha irmã deveria estar de TPM. Agora quando era eu que fazia algo – imagine, eu só estava em busca da libertação de sua alma – ela dizia que tudo era infantilidade e imaturidade de minha parte. Onde está a justiça nesse mundo Senhor?
Eu gritei, briguei e sai de casa bufando.
As ruas de Nova York eram sempre muito movimentadas, mas eu já estava acostumada. Caminhei rapidamente por algumas ruas e estava puxando meu celular do bolso na expectativa de ligar para Marlene quando tudo aconteceu.
A sensação que eu tinha era de estar fora de meu corpo. Era como se eu estivesse flutuando enquanto tudo à minha volta parecia sem foco e confuso.
E, de repente, tudo voltou ao normal. Eu sentia dor, meu corpo estava em fogo. Tudo em mim parecia estar quebrando em pedaços e esses pedaços em mais pedacinhos.
– Lily! – eu ouvia uma voz conhecida falar meu nome, mas eu não conseguia achar forças para responder. Minha boca não respondia aos comandos de meu cérebro e eu não conseguia mais me mover.
E então uma luz forte atingiu meus olhos e eu percebi que estava em uma sala de cirurgia.
Havia várias pessoas à minha volta, todas com toucas feias e azuis. Eles encaravam meu corpo concentrados e o doutor suturava um enorme ferimento em meu abdome.
E então eu percebi algo completamente estranho.
Eu não estava lá. Quero dizer, eu estava vendo tudo, porém não do lugar que eu deveria estar, que no caso era a cama, mas sim de longe, como um telespectador assistindo uma novela.
Olhei para baixo e vi meu corpo, perfeito e intacto, sem nenhuma marca de qualquer machucado.
– Que droga é essa? – resmunguei enquanto voltava a olhar para meu corpo imóvel e estraçalhado.
Tudo o que eu lembrava era que eu estava saindo de casa, estava estressada por ter brigado com minha irmã, portanto estava à pé e enquanto passeava pelas ruas movimentadas de Nova York quando um carro preto perdeu o controle e veio em minha direção, subindo a calçada e...
Bem, eu não conseguia lembrar mais nada.
Mas eu podia deduzir que, devido ao estado deplorável de meu corpo na maca, o carro preto havia deixado uma marca minha na calçada.
– Oh Deus, não! – eu falei sentindo minha garganta se fechar em um nó.
– Me passe o bisturi – ouvi o médico falar arrancando-me de meus pensamentos.
Porque diabos eles sempre pedem o bisturi? E porque diabos eu estava fora de meu corpo? E porque, DIABOS, aquela merda de carro tinha de vir justo em minha direção?
Devia ser um sonho, afinal, era muito ridículo tudo aquilo, certo? Eu não podia estar ali, naquela sala, quase morta. Afinal essas coisas não acontecem... Pelo menos não comigo!
Estiquei a mão até meu pulso e belisquei com o máximo de força que eu pude, mas não aconteceu nada. Eu não senti dor nenhuma e muito menos acordei de sonho algum.
Eu continuava lá apenas observando.
– Me acompanhe Lily – ouvi uma voz rouca e poderosa perto de meu ouvido, o que fez com que eu soltasse um grito que deveria ter acordado todo o hospital.
Porém os médicos não se moveram o que me fez crer que isso ainda fazia parte de minhas loucas alucinações.
Virei para o lado e encontrei lindos olhos escuros me encarando, ambos tão profundos e intensos que pareciam me engolir.
Pisquei. Eu não estava mais na sala do hospital observando meu corpo destroçado. Encontrava-me em uma sala branca, com paredes brancas e o chão parecia ser feito de fumaça... branca.
Mas não era o branco comum de camiseta Hering. Era um tipo de branco estranho, reluzente... Celestial.
Pisquei novamente, com mais força.
– Lily – novamente a voz poderosa me desviou de meus pensamentos e quando ergui os olhos para eles, soltei uma exclamação de choque:
– Você é Constantine? – perguntei idiotamente.
O homem não fez movimento algum, sua expressão estava imóvel.
Quero dizer, imóvel mesmo. Nem piscar ele piscava.
Fiquei com medo.
– Quem é você? – perguntei, olhando novamente para os lados.
– Eu sou um mensageiro – ele disse silenciosamente e eu franzi a testa.
– Acho que li esse livro – comentei.
– Não, eu sou um mensageiro. Alguém que trás mensagens – ele explicou e, mesmo sem expressões, era quase como se ele estivesse dando tapas em minha cara devido à minha idiotice e imbecilidade.
Senti meu rosto esquentar.
– Oh, mensageiro... – comentei, ainda sem fazer ideia de quem diabos ele era.
– Por favor, não pense nisso – ele comentou rigorosamente.
O que diabos ele estava falando?
– Não pense nisso. – ralhou novamente e eu franzi a testa.
– Nisso o que?
– Isso é um recinto divino, Lily. Somente seres divinos passam por aqui – ele comentou e eu arqueei uma sobrancelha.
– Oh, você está falando de Diab... – seus olhos pareceram estreitar minimamente e eu percebi que estava quase falando de novo. – Oh, desculpe. – franzi a testa novamente.
O nevoeiro em minha volta me deixava zonza, fazia-me ter vontade de dormir. Não conseguia pensar direito...
Pensar...
Epa! Aquele cara tinha lido minha mente? Porque eu não havia falado a palavra di..., bem, a palavra enquanto estava ali.
Eu deveria estar enlouquecendo. Porque não era possível... A única explicação plausível para todas as baboseiras que ele estava me falando era... Bem, mas não podia ser, podia?
– Eu morri? – perguntei, minha voz saindo entrecortada.
O homem, ser divino – e eu ainda conservava o pensamento de que talvez ele fosse Constantine -, seja lá o que for, caminhou para perto de onde eu estava.
– Não exatamente – disse.
Fiz uma careta. Grande explicação, Geninho.
– Como alguém pode estar ‘não exatamente‘ morto? – perguntei tentando ignorar o fato de que estávamos conversando sobre minha ‘não exata‘ possível morte.
– Digamos que falta pouco para você fazer a passagem – ele respondeu seriamente e eu senti meu estomago encolher até virar uma bolinha minúscula e dolorida. Senti minhas pernas começarem a tremer.
– Oh, isso é muito inspirador – comentei ficando feliz em perceber que pelo menos eu conservava meu sarcasmo após à morte. Afinal eu não poderia levar bens materiais, mas meu querido sarcasmo ainda estaria comigo.
Então eu ri. Quero dizer, era completamente irônico que eu estivesse ‘não exatamente‘ morta depois de ter brigado com minha irmã por causa da libertação da sua alma.
Naquele momento era a minha alma que estava quase sendo libertada. E eu não estava gostando nenhum pouquinho.
– Mas há uma forma de você não morrer – o homem comentou e eu parei instantaneamente de sorrir.
– O que? – eu pedi. Eu seria capaz de fazer qualquer coisa para não morrer.
Deus, eu seria capaz de beijar Lucia! De beijar Courtney! Até mesmo Petúnia...
Bem, não vamos exagerar.
– Há algo que precisamos, um ‘serviço‘ – ele disse e eu franzi a testa. Haha, um serviço para ao céu. Teria muita gente invejando a minha sorte.
– Hum.
– Há uma possibilidade de você viver, mas apenas se você se tornar um anjo por um mês – ele falou, mas seu tom parecia um pouco menos ríspido desta vez.
Sorri novamente, mas parei quando percebi que ele estava falando sério. Seus olhos escuros me repreendiam.
– Ser um anjo por um mês – comentei, avaliando bem a situação e tentando ignorar o fato de que aquilo era uma das coisas mais absurdamente estranhas que já havia vivido em toda minha vida. – Não parece ser difícil.
– Se eu fosse você não diria isso – ele falou em um tom soturno.
Mas o que seria pior que a morte?
– Eu aceito – respondi sem pensar.
O que foi um erro, pois eu descobriria algo que era bem pior do que a morte. Porque sinceramente, era preferível morrer do que ter de conviver com ele.
¹ - Citações de libertação de alma inspiradas em algumas frases de efeito de Dean Winchester de Supernatural, que, para quem não sabe, é uma série famosa mundialmente, por tratar da história de dois irmãos caçadores de "seres sobrenaturais".
² - Constantine é um filme de um exorcista sarcástico e com um maravilhoso humor negro, interpretado pelo Keanu Reeves.
N/A: Oi meus amores, tudo bem com vocês? Então, primeiro capítulo da fanfic aqui e espero que tenham gostado!
Bem, tive a ideia de escrever esta fanfic enquanto assistia E Se Fosse Verdade e (como sempre) meus pensamentos se voltaram imediatamente para seu lado Jilly, onde toda e qualquer ideia TÊM que ser uma fic sobre James/Lily. E, como amooooooooo Supernatural (e ainda vou me casar com Dean Wincherster, muito obrigada) e também o filme Constantine, foi simplesmente mais forte do que eu escrever esta fanfic baseada, mesmo que razoavelmente, neles também.
Também, tratando-se de algo que a pessoa aqui escreveu, vai conter altas doses de comédia, porque simplesmente não sei escrever nada que não seja minimamente engraçado. É mais forte do que eu. Sorry.
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo. Ele foi mais introdutório, mas prometo que nos próximos haverá muitas loucuras Jilly por ai.
Agora vou deixar vocês quietos para que possam abrir seu coração na caixinha ali embaixo e me contar o que estão achando da fanfic, certo?
Beijos no coração de vocês da titia Miller :*
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!