O menino que sobreviveu
-- Capítulo 01 – O menino que sobreviveu
-- Fui só eu ou esse título deu arrepio? – Lily pergunta se estremecendo
-- Não... – Alice responde – Eu também acho que nada bom virá desse capítulo.
O Sr. e a Sra. Dursley, da Rua dos Alfeneiros, nº 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, muito bem, obrigado. Eram as últimas pessoas no mundo que de se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, porque simplesmente não compactuavam com esse tipo de bobagem.
Lily se lembrou de sua irmã na hora. Ela namorava um Dursley, que era o pior tipo de pessoa que já conheceu.
Começou a pensar em o porquê de essa família fazer parte do livro que, aparentemente, falava sobre o filho do Potter.
-- Não me lembro de conhecer algum Dursley... – Tiago diz pensando
-- Ao que parece são trouxas. – Sirius diz e Pontas concorda com a cabeça
O Sr. Dursley era diretor de uma firma chamada Grunnings, fazia perfurações. Era um homem alto e corpulento quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes.
-- Que lindeza! – Sirius murmura para os seus colegas fazendo-os rirem
-- Sirius! – Alice chama a atenção deles e Severo revira os olhos, se questionando mais uma vez, o porquê dele está ali
A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal, o que era muito útil porque ela passava grande parte do tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos.
Lily engoliu em seco.
O que sua irmã estava fazendo naquele livro, pois essa descrição era claramente Petunia.
Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo.
Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior receio era que alguém o descobrisse. Achavam que não iriam aguentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.
-- O quê? – Tiago interrompe a leitura – O que tem de errado com a existência dos Potter?
-- Muita! – Severo sussurra para si
-- Tiago, isso ainda vai acontecer...
Lily pensa em dizer que conhece essas pessoas, mas acha melhor ler um pouco mais para confirmar
A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam há muitos anos. Na realidade, a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque esta e o marido imprestável eram o que havia de menos parecido possível com os Dursley. Eles estremeciam só de pensar no que os vizinhos iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham um filhinho também, mas nunca o tinham visto. O garoto era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança daquelas.
-- Eu não estou entendendo nada... – Tiago diz
-- A gente vai entender se deixar Lily terminar de ler! – Severo diz acidamente
-- Fica quieto ai, Ranhoso! – Sirius rosna para ele
Lily começava a entender, mas não queria contar a ninguém. Afinal, ela sempre rejeitara o Potter e no livro estavam casados? Não podia ser!
Ta certo que ela já pensou em dar uma chance para ele, em um ano para cá, ele havia mudado bastante e não podia negar que o moreno sempre mexeu com o seu interior.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira monótona e cinzenta em que a nossa história começa, não havia nada no céu nublado lá fora sugerindo as coisas estranhas e misteriosas que não tardariam a acontecer por todo o país. O Sr. Dursley cantarolava ao escolher a gravata mais sem graça do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto lutava para encaixar um Duda aos berros na cadeirinha alta.
Nenhum deles reparou em uma coruja parda que passou, batendo as asas, pela janela.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque na hora Duda estava tendo um acesso de raiva e atirava o cereal nas paredes.
— Pestinha — disse rindo contrafeito o Sr. Dursley ao sair de casa.
-- Ele acha isso bom? – Alice pergunta confusa e um pouco de revolta – Tenho pena no que esse menino pode se tornar
-- Esse Dursley não me agrada. Eles são um tipo de trouxa que é melhor ter distancia. – Frank comenta
-- E eu queria saber por que uma coruja está voando há essa hora com o risco de ser vista. – Remo diz
Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho ocorria: um gato lia um mapa. Por um instante o Sr. Dursley não percebeu o que vira – em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarelas, sentado na esquina da Rua dos Alfeneiros, mas não havia nenhum mapa à vista. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido um efeito da luz. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Alfeneiros – não, não estava olhando a placa: gatos não podiam ler mapas nem placas. O Sr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento.
-- Não... Será?! – Sirius diz com um sorriso nos lábios e olha Tiago
-- Acho bem provável! A descrição se encaixa com perfeição! – Tiago concorda
-- Mas também pode ser somente coincidência! – Remo se junta a eles
-- O que? – Frank pergunta
-- Achamos que esse gato é um animago, mais precisamente, a McGonagall. – responde Sirius convencido de sua crença
-- Será? – Alice duvida e os meninos dão de ombro, mas confiantes
Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de brocas que tinha esperanças de receber naquele dia, mas ao sair da cidade, as brocas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no costumeiro engarrafamento matinal, não pôde deixar de notar que havia uma quantidade de gente estranhamente vestida andando pelas ruas. Gente com capas largas.
-- Mas isso é muita irresponsabilidade! – Remo exclama
-- Eles estão desrespeitando o estatuto do sigilo! – Frank se junta a revolta – Bruxos não podem sair no mundo trouxa com roupas do mundo bruxo!
-- O que será que aconteceu? – Sirius questiona pensando do assunto – Porque para vários bruxos saírem à luz do dia, desrespeitando o estatuto, só pode ser porque algo grande e importante aconteceu.
-- Faz sentido o que Sirius disse. – Lily diz – Um bruxo ou outro podem até serem irresponsáveis e saírem com essas roupas a luz do dia, mas vários... Não, algo de muito sério deve ter ocorrido.
-- E algo me diz que esse algo sério, tem haver com o título. E não foi algo bom. – a ultima frase Tiago diz baixo, porém, todos escutam
O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas – os trapos que se viam nos jovens! Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota.
-- Ainda bem que os trouxas, desculpa Lily, são muito idiotas. Eles demoram a perceber quando algo sério acontece. – Sirius diz com um pequeno sorriso
Lily fez um bico, não gostava que falassem mal dos trouxas, mas teve que concordar, os trouxas demoram a perceber as coisas
Tamborilou os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de excêntricos parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens, ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda! Que petulância! Mas então ocorreu ao Sr. Dursley que se tratava prova de alguma promoção boba – essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... É, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Grunnings, o pensamento de volta às brocas.
O Sr. Dursley sempre sentava de costas para a parede em seu escritório no nono andar. Se não o fizesse, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em brocas aquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem, elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de corujas passava no alto.
-- Viu? – Remo diz – Isso não está certo!
Severo concordou silenciosamente com Remo
A maioria jamais vira uma mesmo à noite. O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco. Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria defronte.
-- Esse trouxa me dá asco! – Alice diz com uma careta
-- É um grosseirão mimado, Alice! – Lily cerra os punhos – Eu ainda me pergunto: como ela pôde! - murmura
-- Ela quem, Lily! – Tiago pergunta
-- Ninguém! – responde rapidamente e volta a ler
Esquecera completamente as pessoas de capas até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas na volta, levando uma grande rosquinha açucarada que entreouviu algumas palavras do que diziam.
—... Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
—... É, o filho deles, Harry...
-- Sempre gostei desse nome. – Tiago diz sorrindo
Severo revira os olhos com raiva pela interrupção a todo momento
-- E algo ruim aconteceu com ele – Frank diz sombrio
-- É o que parece. – concorda triste
O Sr. Dursley parou de repente. O medo invadiu-o. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor.
Atravessou a rua depressa, correu para o escritório, disse rispidamente à secretária que não o incomodasse, agarrou o telefone e quase terminara de discar o número de casa quando mudou de ideia. Pôs o fone no gancho e alisou os bigodes pensando... Não, estava agindo como um idiota. Potter não era um nome tão fora do comum assim. Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com um filho chamado Harry.
-- Vai pensando nisso! – Tiago diz com sarcasmo e Severo trinca os dentes
Não aguentava o Potter se achar tanto só porque veio de uma família antiga e rica.
Pensando bem, nem sequer tinha certeza de que o sobrinho tivesse o nome de Harry. Jamais viu o menino. Talvez fosse Henry. Ou Henrique.
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à simples menção da irmã. Não a culpava – se ele tivesse uma irmã como aquela... Mas mesmo assim aquelas pessoas de capas...
Lily abaixou os olhos tristes e constrangidos. Petúnia tinha vergonha dela. Sua própria irmã.
-- O que foi, Lily! – Tiago diz – Por que ficou tão triste?
-- Só acho triste uma pessoa não gostar da própria irmã.
Achou bem mais difícil se concentrar nas brocas aquela tarde, e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um encontrão em alguém parado ali à porta.
— Desculpe — murmurou, quando o velhinho cambaleou e quase caiu.
Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrário, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz esganiçada que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, caro senhor, porque nada poderia me aborrecer hoje! Alegre-se! Porque o Você-Sabe-Quem finalmente foi-se embora! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!
Várias vozes começaram a se sobrepor, questionando como era possível isso.
-- Como aconteceu? Quem o derrotou? – Remo dizia feliz
-- Não é possível... – Severo diz a si mesmo – Ninguém pode derrotar o Lorde das Trevas.
-- Finalmente os dias de desespero vão se acabar! – Alice diz apoiando a cabeça no ombro do namorado – E acho Tiago, que você estava errado!
-- Com o que? – pergunta confuso
-- Sobre o motivo de todos serem irresponsáveis... Era um motivo bom, afinal.
-- Não sei não, ainda acho que algo ruim aconteceu. Esse título comprova isso, porque se ele sobreviveu, foi porque mortes aconteceram.
-- É...- Sirius diz – Se Voldemort foi destruído, ele também destruiu várias pessoas. Não iria morrer tão fácil.
As pessoas do passado refletem um pouco e depois Lily continua
E o velho abraçou o Sr. Dursley pela cintura e se afastou.
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho. E também achava que fora chamado de trouxa, o que quer que isso quisesse dizer. Estava abalado. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperara que fizesse, porque não aprovava a imaginação.
Quando entrou no estacionamento do numero quatro, a primeira coisa que viu – e isso não melhorou o seu estado de espírito – foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.
— Chispa! — disse o Sr. Dursley em voz alta.
-- Com certeza é a McGonagall! – Tiago exclama – Só ela tem marcas em volta dos olhos que representam os óculos.
-- E ela deve está sentada bem rígida! – Sirius ri
-- Ainda é difícil de acreditar. – Lily diz – Por que ela estaria ali?
O gato não se mexeu. Apenas lançou-lhe um olhar severo. Será que isto era um comportamento normal para um gato? - pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a então não comentar nada com a esposa.
-- Se vocês ainda têm alguma duvida... – Sirius diz rindo
A Sra. Dursley tivera um dia normal e agradável. Contou-lhe durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha e ainda que Duda aprendera uma palavra nova (Nunca). O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno:
“E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem à noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram vistos hoje voando em todas as direções desde o alvorecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono.”
O locutor se permitiu um sorriso.
“Muito misterioso. E agora, com Jorge Mendes, o nosso boletim meteorológico. “Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, Jorge?”
Os bruxos reviraram os olhos para a piada sem graça
“Bom, Eduardo”, disse o meteorologista, “não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas que se comportaram de modo estranho hoje, ouvintes de todo o pais têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles tem tido chuvas de estrelas! Talvez alguém ande festejando a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa”.
O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país?
-- Eu sei que o fato de não ter mais o Lorde das Trevas para assustar as pessoas as deixem felizes, mas tudo isso é muita irresponsabilidade – Frank diz
-- Eles vão se livrar de um problema e entrar em outro, pois se os trouxas ficarem sabendo da existência do mundo bruxo, com certeza outra guerra irá acontecer. – Remo completa recebendo concordância dos demais
Corujas voando durante o dia? Gente misteriosa, capas por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...
A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá.
Não adiantava. Teria que lhe dizer alguma coisa. Pigarreou nervoso.
— Hum, hum, Petúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã ultimamente?
-- Não acredito! – Alice grita e interrompe a leitura – Já sei quem é a senhora Potter! – diz com um olhar insinuante em Lily
-- Quem? – Tiago se inclina para frente
Lily arregala os olhos e balança a cabeça para que ela fique quieta
-- Quem você acha? A Lily! – ela diz rindo – Lembro que uma vez ela me disse que tinha uma irmã com esse nome e pela reação dela, estou certa!
Tiago abre um grande sorriso e se vira para a ruiva
Severo fecha ainda mais a cara, trinca os dentes e os punhos e pensa: “Essa vai ser uma coisa que eu vou mudar! Vai ser a primeira delas!”
Enquanto isso, Lily sofre de várias brincadeiras dos marotos, pelo fato dela sempre recusar o Pontas.
Tiago, porém, não falava nada. Só sorria e olhava a sua ruiva.
Lily voltou a ler com a voz mais alta para dar fim a conversa que a deixava constrangida. Seu rosto estava da cor de seus cabelos.
Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu chocada e aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã.
Lily da um suspiro triste
— Não — respondeu ela, seca. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley — Corujas... Estrelas cadentes e vi uma porção de gente de aparência estranha na cidade hoje...
— E daí? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei, talvez, tivesse alguma ligação com... Sabe... O pessoal dela.
A Sra. Dursley bebericou o chá com os lábios contraídos. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de lhe contar que ouvira o nome “Potter”. Decidiu que não. Em vez disso, falou com a voz mais displicente que pode:
— O filho deles, teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda seca.
— Como é mesmo o nome dele? Henrique, não é?
— Harry. Um nome feio e vulgar se quer saber minha opinião.
-- Para alguém que colocou o nome de Dudley no filho não pode falar muita coisa? – Tiago exclama revoltado
-- Harry é muito melhor! – Lily diz baixinho e Tiago abre um largo sorriso novamente
Ele ia se casar com sua ruivinha!
— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — É, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar. Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, o Sr. Dursley foi devagarzinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da Rua dos Alfeneiros como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas. Será que tudo isto teria ligação com os Potter? Se tivesse... Se aparentasse que eram aparentados como um casal de... Bem ele achava que não aguentaria.
Os Dursley se deitaram.
Sirius começou a rir
-- O que foi? – Remo pergunta
-- Imagina só os dois na cama! – diz rindo – Como que...?
Não consegue terminar, mas deixa todos com cara de nojo já que começaram a pensar a respeito
-- Valeu, Sirius, agora estou com essa imagem na cabeça! – Tiago exclama
-- Parabéns! – Alice diz sarcástica
A Sra. Dursley, adormeceu logo, mas o Sr. Dursley continuou acordado pensando no que acontecera. Seu último consolo antes de adormecer foi pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia... Não via como ele e Petúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderia afetá-los...
Como estava enganado.
-- E eu tenho um péssimo pressentimento sobre isso. – diz Tiago contrariado
Ele começou a juntar todos os relatos expostos até agora e começava a decifrar o que aconteceria: ele e Lily iriam morrer, isso era óbvio pela forma que falavam dos Potter, os bruxos. E se estavam falando dos Dursley, que faziam parte, querendo ou não, da família da Lily, queria dizer que o Harry ia ser criado por eles, o que significava que sua mãe iria morrer.
Suspirou triste
Tiago sempre fora inteligente e sempre se orgulhara de seu raciocino lógico e rápido, mas naquele momento, queria muito que estivesse errado.
-- Você tem um palpite, não é? – Sirius olhava a reação do amigo
Pontas concorda
-- Você já sabe o que vai acontecer? – Alice pergunta
-- Não, como Sirius disse é um palpite!
-- Então fala para a gente! – Frank sugere
-- É um pouco... Triste. – para não usar a palavra: mórbido
-- Acho que estou deixando alguma coisa passar... – Sirius diz e começa a pensar em tudo o que foi revelado até agora
Remo faz o mesmo. E com um timing perfeito os dois arfam juntos ao ligarem os pontos.
Sirius olha para Tiago e Lily assustado
Era tão inteligente quanto Tiago e quando pensou com clareza nos fatos, não foi difícil chegar ao mesmo pensamento.
-- Não! – Remo sussurra
-- Entenderam? – Tiago murmura e eles acenam
-- Por mais que eu tente não consigo entender! – Lily diz com raiva. Vivia esquecendo que Tiago era muito inteligente e o melhor aluno de Hogwarts
Ninguém além dos marotos havia conseguido deduzir o que iria acontecer. Nem mesmo Severo que se mordia, pelo fato de saber que eles não estavam blefando. Podiam ser idiotas, mas eram inteligentes.
Ele nunca admitiria isso, mas sentia inveja do Tiago, que era tão bom nas coisas que fazia sem fazer esforço.
O Sr. Dursley talvez estivesse mergulhando em um sono inquieto, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da Rua dos Alfeneiros. E nem sequer estremeceu quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas mergulharam do alto. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
-- Ta certo! É a McGonagall! – Frank da o braço a torcer
Um homem apareceu na esquina que o gato estivera vigiando.
Apareceu tão súbita e silenciosamente que se poderia pensar que tivesse saído do chão. O rabo do gato mexeu ligeiramente e seus olhos se estreitaram.
Ninguém jamais vislumbrara nada parecido com este homem na Rua dos Alfeneiros. Era alto, magro e muito velho a julgar pelo prateado dos seus cabelos e de sua barba, suficientemente longos para prender no cinto. Usava vestes longas, uma capa púrpura que arrastava pelo chão e botas com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes por trás dos óculos em meia-lua e o nariz, muito comprido e torto, como se o tivesse quebrado pelo menos duas vezes. O nome dele era Alvo Dumbledore.
-- Como não reconhecer essa aparência simpática? – Tiago diz com um sorriso e espera Sirius fazer alguma piada, mas o amigo estava sério. A noticia sobre a morte futura de seu amigo o deixara triste, sem um pingo de humor
-- Sirius?! – Remo o chama, também estranhando essa reação – Nós vamos mudar isso!
-- Pode ter certeza! – confirma Tiago
-- É claro que vamos! – murmura revelando um sorriso relutante
Lily bufa irritada
Queria saber o que eles descobriram e ela não.
Alvo Dumbledore não parecia ter consciência de que acabara numa rua onde tudo, desde o seu nome às suas botas, era malvisto.
Estava ocupado apalpando a capa, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque ergueu a cabeça de repente para o gato, que continuava a fitá-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha e murmurou:
— Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa, parecia um isqueiro de prata. Abriu-o, ergueu-o no ar e ascendeu. O lampião de rua mais próximo apagou-se com um estalido seco. Ele fez de novo – o lampião seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o “desiluminador”, até que as únicas luzes acesas na rua eram dois pontinhos minúsculos ao longe, os olhos do gato que os vigiava. Se alguém espiasse pela janela agora, até a Sra. Dursley, de olhos de contas, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Dumbledore tornou a guardar o “desiluminador” na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho, mas, passado algum tempo, dirigiu-se a ele.
— Imaginava encontrar a senhora aqui, Professora McGonagall.
-- Não disse?! – Sirius responde convencido – Eu sempre tenho razão!
-- E um ego enorme! – diz Alice abrindo os braços para sinalizar o que dizia
-- Alice disse algo certo, Sirius, seu ego é enorme! – Lily ri e os marotos a acompanha
-- Porque eu posso! – ele pisca um olho e Severo revira os olhos
E virou-se para sorrir para o gato, mas este desaparecera. Ao invés dele, viu-se sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Trazia os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora, nunca vi um gato se sentar tão duro.
Todos, exceto Severo, riram com o que Dumbledore disse
-- Ela é uma professora rígida, oras! – Frank exclama com humor
— O senhor estaria duro se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Professora Minerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez festas e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cautelosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Deu no telejornal. — Ela indicou com a cabeça a sala às escuras dos Dursley. — Eu ouvi... Bandos de corujas... Estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa. Estrelas cadentes em Kent, aposto que foi coisa de Dédalo Diggle. Ele nunca teve muito juízo.
— Você não pode culpá-los — ponderou Dumbledore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
-- Se olharmos por esse lado, Dumbledore tem razão. É irresponsável, mas o alívio de ter o mal longe é muito forte – Alice diz – Eu ia querer comemorar muito!
— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para perdermos a cabeça. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem às ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
De esguelha, lançou um olhar atento a Dumbledore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Dumbledore?
— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
-- Um o que? – Alice pergunta intrigada. Como é de família de sangues puros e nunca fez estudos dos trouxas, não sabia o que significava
-- É um doce muito bom! – responde Lily – Ele é gelado e tem de vários sabores, você devia provar um dia!
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. É uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito.
— Não, obrigada — disse a Professora Minerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia sorvetes de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem, há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome que recebeu: Voldemort — a professora franziu a testa, mas Dumbledore, que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não reparar. — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer “Você-Sabe-Quem”. Nunca vi nenhuma razão para ter medo de dizer o nome de Voldemort.
— Sei que não vê — disse a professora parecendo meio exasperada, meio admirada. — Mas você é diferente... Todo o mundo sabe é o único de quem Você-Sabe... Ah está bem, de quem Voldemort tem medo.
-- Nós o chamamos pelo nome. – Tiago diz
-- Não temos medo dele! – Sirius completa
-- E mesmo que ele não tenha medo da gente, concordamos que ter medo do nome só faz aumentar o medo sobre ele. – Remo diz – E que é melhor chamá-lo pelo nome!
Severo lança um olhar desdenhoso sobre eles. Não tinham respeito pelo Lord e eram mais idiotas do que pensava por isso.
— Isto é um elogio — disse Dumbledore calmamente. — Voldemort tinha poderes que nunca tive.
— Só porque você é muito... Bem... Nobre para usá-los.
— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Pomfrey me disse que gostava dos meus abafadores de orelhas novos.
A sala novamente explode em risadas. Até Severo se permite um sorriso contido.
A Professora Minerva lançou um olhar severo a Dumbledore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm. Por que ele foi embora? O que foi que finalmente o deteve?
-- Finalmente eu vou ter alguma resposta, já que ninguém me fala nada. – Alice murmura olhando incisivamente para os Marotos
Aparentemente a Professora Minerva chegara ao ponto que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual estivera esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela fixara antes um olhar tão penetrante em Dumbledore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que “todos” estivessem dizendo, ela não iria acreditar até que Dumbledore confirmasse ser verdade. Dumbledore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.
— O que estão dizendo — continuou ela — que na noite passada Voldemort apareceu em Godric‘s Hollow. Foi procurar os Potter. O boato é que Lílian e Tiago Potter estão...
-- Oh não! – Lily não consegue continuar e olha para Tiago
Ele pega o livro da mão dela e lê:
Estão mortos.
Quem não havia chegado a essa conclusão arfa
-- E as minhas suspeitas se confirmam! – Tiago murmura e os olhos de Lily se enchem de lágrimas
Ela olha para ele e estende a mão para que ele a aperte. O moreno o faz de bom grado. Sabiam que nesse momento ninguém poderia sentir o que sentiam, eram os únicos que podiam se consolar.
-- Lily! – os olhos de Alice também se enchem de lágrimas – Você não vai morrer, não vamos deixar!
Severo concordou com a Alice, mesmo que não pronunciasse nenhuma palavra, ele não ia deixar Lily morrer. Para ele Tiago e filho poderiam morrer que não se importava, só queria que Lily sobrevivesse e ele faria de tudo para que isso acontecesse!
E ia começar evitando que ela se casasse com o Potter.
-- Eu não vou criar o meu filho! – diz entre lágrimas e Tiago a puxa para que chore em seu ombro
Snape olha a cena com raiva. Lily não podia aceitar em ter um futuro com Potter tão facilmente, mesmo sabendo que morreria ao lado dele.
-- Você pode evitar isso, Lily. – ele diz sombriamente
Ela vira um pouco do rosto vermelho para ele
-- Não se case com o Potter!
-- Bem que você queria, né? – Sirius exclama revoltado e se levanta – Você acha o que? Que se ela não se casar com Tiago vai ficar com você? Não seja idiota!
Sirius apontava o dedo para Snape, mas não fez nada e volta a se sentar
-- Deixa para lá, Sirius, quem tem que decidir é a Lily. – Tiago diz afagando os cabelos ruivos da amada e olhando para o sofá
Não podia negar que essa possibilidade foi como um punhal em seu peito, mas não podia forçar Lily a nada, ela tinha que escolher.
A ruiva ficou surpresa com a reação do Tiago, nunca pensou que ele fosse falar algo assim, ainda mais que sempre fora possessivo em relação a ela.
Ela olhou bem para ele e começou a pensar que estava começando a ver o que a havia feito se casar com ele. Snape olhou para os dois e se bate mentalmente. “Não devia ter falado nada, pois havia feito Potter parecer um santo!”
Se afastou de Tiago, limpou o rosto e voltou a ler
Dumbledore fez que sim com a cabeça. A Professora Minerva perdeu o fôlego.
— Lílian e Tiago... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Alvo.
Dumbledore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha no ombro.
-- Ela sempre fora apegada com você, né Tiago? – Frank diz ao colega
-- McGonagall é minha professora favorita!
-- Nossa professora favorita! – Sirius diz e eles sorriem um para o outro
— Eu sei... Eu sei... — disse deprimido.
A voz da Professora Minerva tremeu ao prosseguir:
— E não é só isso, estão dizendo que ele tentou matar o filho dos Potter, Harry. Mas... Não conseguiu. Não conseguiu matar o garotinho. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Harry Potter, por alguma razão, o poder de Voldemort desapareceu e é por isso que ele foi embora.
-- Impossível! – Severo fala assustando todos que haviam esquecido sua presença
-- Não ficou muito feliz com essa noticia, não é Ranhoso! – Tiago fala com desprezo e Lily trinca os dentes
Ela não gosta de ver as pessoas xingarem o Severo, foram amigos por muito tempo, e por mais que não se falassem agora e ele a tenha magoado, ainda sentia carinho pela antiga amizade que tinham
-- Potter, não fala assim, todos nós queremos saber como isso aconteceu. – diz com a voz calma. Não queria brigar com o rapaz que daqui a alguns anos será seu marido
-- Tudo bem – suspira – Mas como?
-- Voldemort é conhecido por liquidar suas vítimas com a maldição da morte, ele não usa as outras maldições imperdoáveis. É muito raro. Prefere matá-las logo, então a pergunta é: Como um bebê sobreviveu à maldição da morte? – Remo questiona
-- Não pode ter sobrevivido à maldição da morte! – Severo opina – É impossível! Ainda mais para um bebê! Ninguém nunca sobreviveu antes.
-- Harry vai ser a exceção! – Sirius diz com raiva
-- Ainda acho impossível! – rebate – Deve ser outro feitiço. Ai não fala que foi a maldição da morte, de fato!
-- Então vamos ler para entender! – Lily diz antes que uma briga começasse
Dumbledore concordou com a cabeça, sério.
— É verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... Todas as pessoas que matou... Não conseguiu matar um garotinho? É simplesmente espantoso... De tudo que poderia detê-lo... Mas, por Deus, como foi que Harry sobreviveu?
— Só podemos imaginar — disse Dumbledore. — Talvez nunca cheguemos a saber.
A Professora Minerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos. Dumbledore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho.
Tinha doze ponteiros, mas nenhum número, em vez deles, pequenos planetas giravam à sua volta. Mas, devia fazer sentido para Dumbledore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Hagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não em outro lugar.
— Vim trazer Harry para tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.
-- Não! – Sirius diz se levantando bruscamente – Ele tem a mim! Com certeza eu sou o padrinho dele!
-- Concordo com o Sirius – Tiago diz
-- Será que você morreu? – Alice pergunta com cautela
-- Não sei... – Sirius suspira e se senta -- Mas em algum momento os livros devem falar de mim, já que eu fui chamado para ler também.
-- Faz sentido. – Lily diz – E deve acontecer o mesmo com o Remo.
Remo se arrepiou com o que a Lily disse. Se falassem dele, com certeza falariam do seu... Probleminha.
Suspirou triste e fez sinal para que a ruiva continuasse
— Você não quer dizer... não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui — exclamou a Professora Minerva, pulando de pé e apontando para o número quatro — Dumbledore, você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas menos parecidas conosco. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Harry Potter não pode vir morar aqui!
-- Com certeza! – Alice concorda
-- Essa criança vai ser um mostro quando crescer. – Frank diz sobre Duda
— É o melhor lugar para ele — disse Dumbledore com firmeza. — Os tios poderão lhe explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi-lhes uma carta.
-- Que vão ignorar. Tenho certeza! – Lily diz – Minha irmã odeia qualquer coisa que seja relacionado a bruxo.
— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente Dumbledore, acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Harry Potter. Vão escrever livros sobre Harry. Todas as crianças no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Dumbledore, olhando muito sério por cima dos oclinhos meia-lua. — Isto seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menino. Famoso antes mesmo de saber andar. Famoso por alguma coisa que ele nem vai se lembrar! Veja, ele não estará muito melhor se crescer longe de tudo isso, ter a capacidade de compreender?
-- Concordo com o que Dumbledore disse. – Lily comenta – Ser famoso nessa escala com tão pouca idade não é bom. Mas não gosto da ideia dele morar com minha irmã. Eu sei que ela vai maltratá-lo! – se vira chorosa para o maroto
-- Vai ficar tudo bem! Não vamos deixar isso acontecer – Tiago responde
-- Sim, mas a que custo? – ela se joga nos braços dele
-- Nós, definitivamente, vamos mudar esse futuro! – Tiago diz com firmeza
O único que não gosta disso é Severo Snape. Lily estava começando a gostar e se importar com Harry, que ainda nem havia nascido, e sua ideia de salvar somente ela estava ficando difícil.
A professora abriu a boca, mudou de ideia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo é claro. Mas como é que o garoto vai chegar aqui, Dumbledore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se lhe ocorresse que talvez escondesse Harry ali.
— Hagrid vai trazê-lo.
— Você acha que é sensato confiar a Hagrid uma tarefa importante como essa?
— Eu confiaria a Hagrid minha vida — respondeu Dumbledore.
-- Eu também! – os marotos dizem juntos e riem
-- Hagrid é uma das pessoas mais confiáveis que eu conheço. – Tiago complementa
-- Verdade. – Frank concorda
— Não estou dizendo que ele não tenha o coração no lugar — concedeu a professora de má vontade — mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que tem uma tendência a... Que foi isso?
Um ronco discreto quebrara o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de farol de carro, o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu – e uma enorme motocicleta caiu do ar e parou na rua diante deles.
-- Uau! – sussurra Sirius com os olhos brilhantes
-- O que foi? – Frank pergunta rindo
-- Sirius sempre foi apaixonado por motos, e ter uma que voasse era o seu maior sonho! – Tiago responde
-- Minha paixão começou só para irritar minha mãe, mas ai se tornou verdadeira depois que comecei a ler bastante sobre elas. – os olhos dele brilhavam
-- Ta aí uma coisa que eu nunca imaginei que você gostasse. – diz Lily – Para mim, você só gostava de aprontar e de ficar com garotas.
-- E eu amo isso!
Todos riem menos Snape que revira os olhos
Se a motocicleta era enorme, não era nada comparada ao homem que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão selvagem – emaranhados de barba e cabelos negros longos e grossos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes de golfinhos. Em seus braços imensos e musculosos ele segurava um embrulho de cobertores.
— Hagrid — exclamou Dumbledore, parecendo aliviado. — Finalmente. E onde foi que arranjou a moto?
— Pedi emprestado, Professor Dumbledore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da moto ao falar — O jovem Sirius me emprestou. Eu o trouxe, professor.
Sirius abre um grande sorriso
-- Acho que seu sonho se realizar! – Remo diz rindo
-- Se você emprestou a moto para o Hagrid, porque você não fica com o Harry? Ta claro que você está vivo. – Tiago diz olhando Sirius
-- Eu também gostaria de saber! – diz frustrado
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-lo inteiro antes que os trouxas invadissem o lugar. Ele dormiu quando estivemos sobrevoando Bristol.
A essa altura as lágrimas escorriam com facilidade o rosto de Lily Evans
Dumbledore e a Professora Minerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia um menino, que dormia a sono solto. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um raio.
— Foi aí que...? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Dumbledore. — Ficará com a cicatriz para sempre.
— Será que você não poderia dar um jeito, Dumbledore?
— Mesmo que pudesse, eu não o faria. As cicatrizes podem vir a ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do metrô de Londres.
Eles riram
-- Muito útil, se visitar o metrô dos trouxas pela primeira vez! – Sirius diz com graça
Bem, me dê ele aqui, Hagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Dumbledore recebeu Harry nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... Podia me despedir dele, professor? — perguntou Hagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Harry e lhe deu o que deve ter sido um beijo muito áspero e peludo. Depois, sem aviso, Hagrid soltou um uivo como o de um cachorro ferido.
-- Hagrid gosta mesmo do Harry... – Alice diz com um sorriso
Lily e Tiago sorriem com carinho
— Psiu! — sibilou a Professora Minerva. — Você vai acordar os trouxas!
— Desculpe — soluçou Hagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas nã... Nã... Não consigo suportar, Lílian e Tiago mortos, e o coitadinho do Harry ter de viver com os trouxas...
-- Nem a gente Hagrid! – Sirius murmura
— É, é muito triste, mas controle-se, Hagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Hagrid enquanto Dumbledore saltava a mureta de pedra e se dirigia à porta da frente.
Depositou Harry devagarzinho no batente, tirou uma carta da capa, meteu-a entre os cobertores do menino e em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulhinho, os ombros de Hagrid sacudiram, os olhos da Professora Minerva piscaram loucamente e a luz cintilante que sempre brilhava nos olhos de Dumbledore parecia ter-se extinguido.
-- Até a professora Minerva quase chorou! – Frank diz
-- Ninguém está feliz com isso. – Alice diz infeliz e Lily concorda
— Bem — disse Dumbledore finalmente — acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Hagrid com a voz muito abafada. — Vou devolver a moto de Sirius. Boa noite, Professora Minerva, Professor Dumbledore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Hagrid montou na moto e acionou o motor com um pontapé. Com um rugido, ela levantou voo e desapareceu na noite.
— Nos veremos em breve, espero, Professora Minerva — falou Dumbledore, com um aceno da cabeça.
A Professora Minerva assou o nariz em resposta.
Dumbledore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o desiluminador. Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos lampiões de modo que a Rua dos Alfeneiros de repente iluminou-se com uma claridade laranja e ele divisou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulhinho de cobertores no batente do número quatro.
— Boa sorte, Harry — murmurou ele. Girou nos calcanhares e, com um movimento da capa, desapareceu.
-- Não acredito que Dumbledore o deixou ali sozinho! – Lily se revolta
Uma brisa arrepiou as cercas bem cuidadas da Rua dos Alfeneiros, silenciosas e quietas sob o negror do céu, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Harry Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar. Sua mãozinha agarrou a carta ao lado, mas ele continuou a dormir, sem saber que era especial, sem saber que era famoso, sem saber que iria acordar dentro de poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de leite do lado de fora, nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda. Ele não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam com vozes abafadas.
— A Harry Potter, o menino que sobreviveu.
-- Acabou! – Lily diz
-- Não gostei desse ultimo parágrafo! – Tiago cerra os punhos– Nós vamos mudar isso! – olha fundo nos olhos de Lily
Ela acena com a cabeça e os dois se abraçam, fazendo Severo apartar as mãos até os nós dos dedos ficarem brancos de tanta raiva.
Depois ela se separa dele e murmura algo como querer ir ao banheiro.
-- Segunda porta a direita. – diz Tiago
Ela acena e sai da sala deixando todos falar suas especulações. Lily precisa de um tempo sozinha para assimilar as coisas. Foram reveladas coisas que nunca passou pela sua mente e muito menos em poucos anos.
Lily se trancou no banheiro e chorou mais um pouco, depois lavou o rosto e se olhou no espelho. Seu rosto estava inchado e vermelho, mas ela não se importou e saiu do banheiro, mas quase trombou com Severo.
-- Severo?! – pergunta confusa
-- Lily a gente precisa conversar! – ele fala em tom mandão
-- Primeiro mude esse tom. – diz ela ficando com raiva
-- Desculpe! – murmura envergonhado – Mas eu quero mudar o seu futuro e sei como evitar.
-- Já sei o que pensa. Você falou lá na sala. E não! – ela diz – Desde o ano passado eu vejo como o Tiago está amadurecendo, e sei que sabendo que iremos nos casar, isso pode não acontecer, mas não irei deixá-lo só porque você quer.
-- Então vocês já têm um relacionamento? Desdenha
-- Não, Snape, - diz em tom de desprezo – Mas não vou influenciar minhas decisões por sua causa.
-- Mesmo que isso custe sua vida?
-- Só o fato de eu ser nascida trouxa coloca minha vida em risco!
-- Mas o Potter, que sempre me tratou...
-- Não começa! – interrompe – Isso já foi discutido na sala, você não pode falar como se ele sempre fosse o vilão, pois você fazia o mesmo. E ainda era pior porque é com magia negra.
Seus olhos enchem de lágrima, mas ela não chora
-- Olha, Sev, eu quero muito retornar a nossa amizade, mas você tem que parar de querer mandar em mim e aceitar a sua segunda chance, afinal, você está aqui.
Ela sorri
-- Seja amigo de Tiago, ou pelo menos o dê uma chance, que eu irei pedir o mesmo para ele, mas para isso, você tem que está aberto a mudanças.
Ela diz tudo com expectativa
-- Eu e Potter nunca seremos amigos! – ele diz com raiva e volta para a sala
Lily volta ao recinto com a cara um pouco desanimada e se senta ao lado de Tiago que já tinha os livros em mãos e só esperava ela para começar a ler:
-- Capítulo 02: O vidro que sumiu
Comentários (1)
Oi, estou gostando muito da fic, continua por favor.
2015-03-02