Tandalaia vai
Os malfeitos de Tandalaia
Chapter one.
Estava depositando os livros numa caixa que pegara no supermercado que ficava depois do trilhos e pensou ‘‘merda! Os livros vão cheirar como melões‘‘. Tandalaia parou de pensar e o refluxo gástrico ia e vinha enquanto se arrumava de mudança para a casa da tia, colocava as roupas nas malas velhas e empoeiradas de maneira nada organizada, derrepente não tinha métodos. Estava assim enquanto empacotava tudo o que tinha, o que já não era muito, ainda por cima suas coisas teriam que permanecer nas caixas por muito tempo, esquecidos, fora de qualquer alcance. Lembrou que não tinha mais remédio para acalmar o estômago dolorido e quando pensou em ir na farmácia do seu Frota,percebeu que não tinha dinheiro algum. Além de infeliz, permaneceiria com azia.
A Tia Zênia era costureira a mais de vinte anos, era separada e tinha uma filha de quatorze anos a quem Tandalaia não resguardava nenhum desprezo, raridade entre a família. Tia Zênia fora gentil o bastante para alojá-la na rua Gal. Rufino em seu apartamento minúsculo e cheio de confecções depois da grande tragédia que assolara a vida da rechonchuda Tandalaia.
Naquela noite, desesperada com o fato de não saber o que fazer com as coisas, com a vida e com a sua companheira felina Milan, achara meio litro de tequila atras da estante e faminta por decisões definitivas, pensou em beber tudo de uma só vez, ficar muito bêbada, cantar com os gatos da rua e escorrer da parede ao chão de alguma esquina muito suja e fedendo a urina igualzinho nos filmes americanos,então lembrou que aquela garrafa era a última em muitos anos dalí pra frente que ela poderia bancar. Ficou triste por estar tão pobre agora a ponto de não poder pagar o proprio porre. Pensou em vender o próprio corpo, mas ai lembrou que era baixa demais, cega demais e ainda por cima tinha uma faixa de gordura ao redor da cintura que mais parecia uma bóia pronta a ser inflada num momento de necessidade, pensar na reserva de gordura a deixou ainda mais triste, não pela questão estética mas porque até esta sumiria agora que não tinha nada, dineiro algum, zero moedas e crédito inexistente afinal, isso aqui não é os Estados Unidos, ninguém tem crédito aos vinte anos. Mas o pior é que não colocaria os olhos numa pizza de frango catupiry ou num kitkat tão cedo. Precisava de um emprego e além de tudo, Tandalaia precisava de perspectiva, esta que lhe fora roubada tão subitamente numa quinta feira de novembro.
Era manhã e a hora de ir levando os caixas para a casa da tia chegara, não era longe de onde morava, ficava a umas seis quadras, o problema é que teria que levar a mudança sozinha, caixas e mais caixas do que julgara importante, o que reduzia o conteúdo a livros, pijamas e creme dental. Os móveis tiveram que ser levados para a casa de uma outra tia que morava numa cidadezinha situada a umas seis horas de Fortaleza pois, não havia espaço na casa da ti Zênia para sua cama box super confortável e suas estantes...
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