A penseira
– A penseira.
– Penseira? – Remo perguntou interessado – Harry vai entrar em contato com uma penseira…
– Mas que memórias ele visitaria? – Sirius perguntou confuso – Será que Dumbledore vai tirar a memória do sonho de Harry para ver com mais clareza?
– Talvez. – Tiago disse ansioso – Ele pode ver os dois sonhos que Harry teve, talvez isso esclareça muitas coisas para ele.
– E então Dumbledore vai poder proteger Harry melhor. – Lily suspirou esperançosa.
– Espero que sim. – Tiago respondeu descrente.
A porta do escritório se abriu.
— Olá, Potter — disse Moody. — Então, entre.
Harry entrou. Já estivera uma vez no escritório de Dumbledore, era uma bela sala circular, coberta de retratos de diretores e diretoras que o antecederam em Hogwarts, os quais dormiam a sono solto, o peito arfando suavemente.
– Na verdade, eles fingem que estão dormindo, mas estão prestando atenção em tudo o que acontece no escritório do diretor. – Sirius contou com um meio sorriso – Meu tataravô Fineus Nigellus Black sempre faz questão de dar a opinião dele sobre mim quando sou chamado à sala de Dumbledore.
– E apesar dele ser meu bisavô, – Tiago deu de ombros – ele não se importa muito com o que eu faço ou deixo de fazer na escola… Acho que é porque não sou um Black.
– Isso faz dele seu tataravô. – Lily disse, virando-se para Harry com interesse – As árvores genealógicas das famílias tradicionais bruxas são muito confusas...
– Mas ele é meu tataravô por parte de mãe e pai, – Sirius disse rindo da confusão de Lily – meus pais são primos em segundo grau, por isso acharam que Régulo era um aborto por um bom tempo.
– Ele é meu tataravô também. – Frank comentou – Minha avó paterna era uma Black. E ele é tataravô de vocês dois também, – acrescentou apontando para Rony e Gina – meu pai é primo em primeiro grau do seu pai.
– Já entendi! – Lily disse rindo – Eu já sabia que todas as famílias de sangue-puro são conectadas, mas isso é um exagero.
– Isso é porque não estou explicando nossa conexão com Crabbe, Goyle, Malfoy, Flint, Crouch… – Sirius disse, contando as famílias que fazem parte da árvore genealógica de sua família.
– Qual o grau de parentesco de vocês com Crouch? – Alice perguntou curiosa.
– O Crouch é primo em primeiro grau do meu pai e de Arthur Weasley. – Frank respondeu – O que é um tanto estranho se for parar para pensar… Já que eles não deram nenhum sinal de ser mais que colegas de trabalho na Copa Mundial…
– Nosso avô Septimus Weasley não se dava muito bem com a família da nossa avó Cedrella. – Gina explicou – Nosso avô considerava todos os familiares da nossa avó metidos adoradores do sangue-puro. Então nossa avó acabou cortando relações com todas as pessoas da família Black… E se não me engano ela foi queimada da árvore genealógica.
– Como você pode saber isso? – Sirius perguntou intrigado – Minha mãe foi quem queimou sua avó da árvore!
– Só ouvi dizer. – Gina deu de ombros tentando disfarçar.
Cornélio Fudge estava em pé do lado da escrivaninha de Dumbledore, usando sua habitual capa listrada e segurando seu chapéu-coco verde-limão.
— Harry! — cumprimentou o ministro jovialmente, adiantando-se. — Como vai?
— Ótimo — mentiu Harry.
— Estávamos justamente falando da noite em que o Sr. Crouch apareceu nos terrenos da escola — disse Fudge. — Foi você quem o encontrou, não foi?
— Foi — confirmou Harry. Depois sentindo que não adiantava fingir que não escutara o que eles estavam dizendo, acrescentou: — Mas não vi Madame Máxime em lugar nenhum, e ela teria uma trabalheira para se esconder, não?
Todos os presentes caíram na gargalhada.
– Ótima resposta! – Neville disse entre as risadas.
– Ele mereceu! – Frank concordou enfático.
Dumbledore sorriu para Harry pelas costas de Fudge, com os olhos cintilantes.
— Bem, teria, — respondeu Fudge constrangido — íamos sair para dar uma volta pelos terrenos da escola, Harry, se você nos der licença... Quem sabe você volta às suas aulas...
– Quem esse idiota pensa que é para mandar Harry para a aula? – Lily bufou irritada – Se ele está na sala do diretor é porque ele precisa falar com o diretor.
– E quem manda em Hogwarts é o Dumbledore, e isso não vai mudar! – Tiago concordou enfático – Mesmo ele sendo ministro, ele não tem autoridade alguma na escola.
— Eu queria falar com o senhor, professor — disse Harry depressa, olhando para Dumbledore, que lhe lançou um olhar breve e penetrante.
— Espere por mim aqui, Harry — disse. — Nosso exame da propriedade não vai demorar.
Os três passaram por ele em silêncio e fecharam a porta. Mais ou menos um minuto depois, Harry ouviu o toque-toque da perna de pau de Moody desaparecendo no corredor embaixo. Olhou para os lados.
— Alô, Fawkes — cumprimentou ele.
Fawkes, a fênix de Dumbledore estava parada em seu poleiro de ouro ao lado da porta. Do tamanho de um cisne, uma magnífica plumagem vermelha e dourada, a ave balançou sua longa cauda e piscou bondosamente para Harry.
Harry se sentou em uma cadeira diante da escrivaninha de Dumbledore.
Durante vários minutos, ficou sentado contemplando os velhos diretores e diretoras cochilando em seus quadros, pensando no que acabara de ouvir e acariciando a cicatriz. Parara de doer agora.
– Essas suas dores na cicatriz me incomodam tanto. – Remo disse apreensivo – Isso não pode ser normal!
– Deve ser uma consequência da maldição da morte. – Severo murmurou pensativo – Ela criou um tipo de conexão…
– E além dessa conexão você ainda tem uma varinha gêmea da de Voldemort. – Sirius disse incomodado – Isso não pode ser uma simples coincidência…
– A conexão deve ser a razão das varinhas gêmeas. – Severo disse batendo o dedo no braço do sofá ritmadamente – É muito difícil especular considerando que não há outros casos conhecidos de sobrevivência à maldição da morte.
– Talvez Dumbledore tenha alguma explicação para tudo isso. – Lily disse roendo as unhas, nervosa – Ele disse para Harry no primeiro livro que tinha coisas que ele ainda não podia explicar…
O garoto se sentia muito mais calmo agora que se achava no escritório de Dumbledore, pois em breve estaria lhe contando seu sonho. Harry ergueu os olhos para as paredes atrás da escrivaninha. O Chapéu Seletor, remendado e esfiapado, estava pousado em uma prateleira. Ao seu lado, uma redoma protegia uma magnífica espada de prata, com o punho cravejado de grandes rubis, em que Harry reconheceu a que ele próprio tirara do Chapéu Seletor no segundo ano. A espada pertencera outrora a Godrico Gryffindor, fundador da Casa de Harry. Ele a examinava, lembrando como a espada viera em seu auxílio em um momento em que pensara que não havia mais esperanças, quando notou uma malha de luz prateada que dançava e refulgia sobre a redoma. Ele procurou a fonte da luz e viu uma nesga de luz branco-prateada que saía de um armário escuro às suas costas, cuja porta não fora bem fechada. Harry hesitou, olhou para Fawkes, depois se levantou, atravessou a sala e escancarou a porta do armário.
Havia ali uma bacia de pedra rasa, com entalhes estranhos na borda, runas e símbolos que Harry não reconheceu. A luz prateada vinha do conteúdo da bacia, que não lembrava nada que Harry tivesse visto antes. Ele não sabia dizer se a substância era líquida ou gasosa. Era brilhante, branco-prateada e se movia sem cessar; sua superfície se encapelava como água sob a ação do vento e, então, como uma nuvem, se dividia e girava lentamente. Parecia luz liquefeita, — ou vento solidificado — Harry não conseguia decidir.
– São lembranças e pensamentos. – Remo explicou – Eles não tem uma forma física…
– Mas se a penseira já está cheia de pensamentos… – Frank disse intrigado – Quer dizer que eles não vão rever os sonhos de Harry…
– Parece que não. – Tiago admitiu receoso – Acho que Harry vai se aventurar pelas memórias de outra pessoa…
– Dumbledore provavelmente. – Sirius disse pensativo – Considerando que essa é a penseira do diretor de Hogwarts… É passada entre os diretores há séculos…
Teve vontade de tocá-la, de descobrir como era ao tato, mas quase quatro anos de experiência no mundo da magia lhe diziam que meter a mão em uma bacia cheia de uma substância desconhecida era uma grande burrice. Ele, portanto, puxou a varinha de dentro das vestes, lançou um olhar nervoso pelo escritório, tornou a olhar para o conteúdo da bacia e tocou-a. A superfície da substância prateada dentro da bacia começou a girar muito depressa.
– Eu poderia dizer que você foi completamente intrometido fazendo isso… – Sirius deu de ombros – Mas como você nem sabe o que uma penseira é, não é tão grave quanto seria se um de nós fizesse o mesmo.
– De qualquer forma é uma grande invasão de privacidade. – Remo afirmou categórico – Primeiro porque pensamentos e lembranças são coisas intimas demais, e depois porque mesmo não sabendo o que é, ele não deveria estar mexendo nas coisas de Dumbledore.
Harry se curvou mais para perto, enfiando a cabeça no armário. A substância prateada se tornara transparente, parecia vidro. Ele espiou dentro dela, esperando ver o fundo de pedra da bacia — mas, em vez disso, viu uma sala enorme sob a superfície da misteriosa substância, uma sala para a qual ele aparentemente espiava por uma janela circular no teto.
A sala era mal iluminada; o garoto achou que talvez fosse subterrânea, pois não havia janelas, apenas archotes presos às paredes como os que iluminavam Hogwarts.
– Quanto tempo Harry vai levar para perceber que essa sala não é em Hogwarts e isso não está acontecendo no momento em que ele está assistindo? – Tiago perguntou intrigado.
– Levando em conta a incrível capacidade dele de perceber o óbvio… – Sirius disse com uma gargalhada.
– Não é bem assim! – Lily disse sem conseguir esconder uma risada – Ele não demorou muito para perceber que era uma lembrança no diário…
Baixando o rosto de modo a ficar com o nariz a apenas dois centímetros da substância vítrea, Harry viu que havia filas e mais filas de bruxos e bruxas sentados ao redor das paredes no que lhe pareceram bancos escalonados. Uma cadeira vazia fora colocada bem no centro da sala. Alguma coisa nela produziu em Harry um mau pressentimento. Havia correntes envolvendo seus braços, como se quem a ocupasse sempre estivesse preso a ela.
Onde seria esse lugar? Certamente não era em Hogwarts, ele nunca vira uma sala igual àquela no castelo. Além do mais, as pessoas reunidas na misteriosa sala no fundo da bacia eram, em sua maioria, adultos e Harry sabia que não havia tantos professores assim em Hogwarts.
– Ele percebeu bem rápido. – Lily sorriu confiante.
E pareciam estar aguardando alguma coisa e, embora o garoto só pudesse ver a ponta dos seus chapéus cônicos, todos davam a impressão de estar olhando para o mesmo lado e ninguém falava com ninguém.
Uma vez que a bacia era redonda e a sala que ele observava, retangular, Harry não conseguia divisar o que estaria acontecendo nos cantos. Ele se curvou para mais perto ainda, inclinou a cabeça, procurou enxergar...
A ponta do seu nariz tocou a estranha substância que ele estava mirando.
O escritório de Dumbledore deu um tremendo solavanco — Harry foi projetado para frente e mergulhou de cabeça na substância da bacia...
Mas a cabeça do garoto não bateu no fundo de pedra. Ele foi caindo por alguma coisa gelada e escura, era como se estivesse sendo sugado por um redemoinho negro...
E inesperadamente ele se viu sentado em um banco no fundo da sala dentro da bacia, um banco mais acima dos outros. Ergueu os olhos para o alto teto de pedra, esperando ver a janela circular pela qual estivera espiando, mas não havia nada lá exceto a pedra sólida e escura.
– Parece ser uma sala subterrânea. – Alice disse pensativa – Mas não tenho ideia de que sala pode ser essa…
– Pela descrição da sala e da cadeira no meio… – Sirius disse hesitante – Parece ser o tribunal…
– Dumbledore é o presidente da suprema corte dos bruxos. – Tiago afirmou – Deve ser alguma memória dele de um julgamento…
– Talvez seja uma memória bem interessante para Harry assistir. – Remo disse interessado.
Respirando com força e depressa, Harry olhou ao seu redor. Nenhum dos bruxos nem bruxas na sala (e havia pelo menos uns duzentos) estava olhando para ele.
Nenhum deles parecia ter reparado que um garoto de catorze anos acabara de cair do teto no meio da reunião. Harry se virou para o bruxo mais próximo no banco e soltou um grito de surpresa que ecoou pela sala silenciosa. Sentara-se bem ao lado de Alvo Dumbledore.
— Professor! — exclamou Harry, numa espécie de sussurro estrangulado. — Sinto muito, não tive intenção, estava apenas olhando dentro da bacia no seu armário, eu... Onde estamos?
– Harry ainda não tem como saber que está em uma lembrança! – Lily defendeu.
– O fato de ninguém ter percebido a presença dele devia ser uma dica! – Sirius disse rindo – Mas tenho certeza de que ele vai perceber logo. – completou depois de receber um olhar repreensivo de Lily.
Mas Dumbledore não se mexeu nem falou. Ignorou Harry completamente.
Como os demais bruxos sentados nos bancos, o diretor tinha os olhos fixos no canto mais afastado da sala, onde havia uma porta.
Harry olhou, confuso, para Dumbledore, depois para os bruxos atentos e silenciosos, e tornou a olhar para Dumbledore. Então compreendeu...
Já tinha havido uma vez em que Harry se vira em um lugar em que ninguém podia vê-lo ou ouvi-lo. Naquela ocasião, ele entrara nas páginas de um diário enfeitiçado, diretamente na memória de alguém... E, a não ser que estivesse muito enganado, alguma coisa assim estava acontecendo de novo...
– Tem razão. – Sirius disse encarando Lily com um sorriso – Ele não demorou tanto assim.
Harry ergueu a mão direita, hesitou, depois agitou-a energicamente diante do rosto de Dumbledore. O diretor não piscou nem olhou para ele e tampouco se mexeu de modo algum. E isso, na opinião de Harry, resolvia a questão.
Dumbledore não o ignoraria daquela maneira. Ele estava dentro de uma lembrança e aquele não era o Dumbledore atual. Contudo, não poderia ter sido há muito tempo... O Dumbledore sentado ao seu lado tinha cabelos prateados, igualzinho ao Dumbledore dos dias de hoje.
– Considerando que a barba e os cabelos de Dumbledore já são prateados, não acho que isso signifique muito. – Frank afirmou enfático.
Mas que lugar era este? Que é que todos aqueles bruxos estavam aguardando? Harry olhou para os lados mais detidamente. A sala, como ele suspeitara quando a observara do alto, era quase certamente subterrânea — mais uma masmorra do que uma sala, pensou o garoto. A atmosfera era desolada e hostil naquele lugar; não havia quadros nas paredes, nem decorações, apenas as filas de bancos, que subiam em níveis escalonados ao redor da sala, dispostos de maneira a proporcionar uma visão clara da cadeira com correntes nos braços.
Antes que Harry pudesse chegar a alguma conclusão sobre o lugar em que se encontravam, ele ouviu passos. A porta no canto da masmorra se abriu e três pessoas entraram — ou pelo menos um homem, ladeado por dois dementadores.
As entranhas de Harry gelaram. Os dementadores, altos, encapuzados, os rostos ocultos, deslizaram lentamente em direção à cadeira no centro da sala, cada um segurando um braço do homem com suas mãos de cadáver, de aspecto podre. O homem entre os dois parecia prestes a desmaiar e Harry não poderia culpá-lo... Sabia que os dementadores não poderiam tocá-lo dentro de uma lembrança, mas se lembrava muito bem do poder que tinham. Os bruxos se encolheram ligeiramente quando os dementadores sentaram o homem na cadeira com correntes e deslizaram para fora da sala. A porta se fechou ao passarem.
Harry olhou para o homem que agora estava sentado na cadeira e viu que era Karkaroff.
– Então Dumbledore estava dando uma boa olhada no julgamento de Karkaroff? – Tiago perguntou interessado – Meu pai sempre diz que uma penseira é um bom modo de relembrar detalhes que podem ter passado despercebidos antes…
– Talvez Dumbledore tenha dúvidas em relação ao que aconteceu nesse dia. – Sirius disse ansioso – E é um momento interessante para analisar essas lembranças, Karkaroff está na escola, alguém colocou o nome de Harry no cálice de fogo… Crouch enlouqueceu… Coisas demais acontecendo.
– Me parece que vamos descobrir quem Karkaroff entregou para se livrar de Azkaban. – Remo disse estreitando os olhos para o livro – Pelo menos Harry vai descobrir com quem ele deve tomar cuidado.
– E nós vamos descobrir o mesmo. – Tiago concordou balançando a cabeça enfático.
Ao contrário de Dumbledore, Karkaroff parecia muito mais novo, seus cabelos e barba eram negros. Não estava vestido com peles elegantes, mas com vestes ralas e esfarrapadas. Tremia. Bem na hora em que Harry o observava, as correntes nos braços da cadeira produziram um reflexo dourado e se enroscaram pelos seus braços, prendendo-os ali.
— Igor Karkaroff — disse uma voz ríspida à esquerda de Harry. O garoto olhou e viu o Sr. Crouch se levantar no meio do banco ao lado. Seus cabelos eram escuros, seu rosto muito menos enrugado, ele parecia em boa forma e lúcido.
– Interessante. – Tiago disse coçando o queixo pensativo – Talvez Dumbledore não estivesse interessado no passado de Karkaroff afinal…
– Você acha que ele está analisando essas lembranças por causa de Crouch? – Lily perguntou curiosa.
– Faz sentido, não é? – Tiago perguntou retoricamente – Crouch apareceu em Hogwarts dizendo que várias coisas aconteceram por sua culpa… Talvez Dumbledore esteja analisando o que exatamente pode ser culpa dele…
— Você foi trazido de Azkaban para prestar depoimento ao Ministério da Magia. Você nos deu a entender que tem importantes informações para nos dar.
Karkaroff se endireitou o melhor que pôde, firmemente preso à cadeira.
— Tenho, sim senhor — respondeu ele e embora sua voz soasse muito temerosa, Harry pôde perceber o quê de untuosidade que tão bem conhecia. — Quero ser útil ao Ministério. Quero ajudar. Sei que o Ministério está tentando prender os últimos seguidores do Lord das Trevas. Estou ansioso para cooperar de todas as maneiras que puder...
Um murmúrio percorreu os bancos. Alguns bruxos e bruxas examinaram Karkaroff com interesse, outros com acentuada desconfiança. Então Harry ouviu, muito claramente, do outro lado de Dumbledore, uma voz rosnada e familiar exclamar "Gentalha".
Harry se curvou à frente para poder ver além de Dumbledore. Olho-Tonto Moody estava sentado ali — embora houvesse uma nítida diferença em sua aparência.
Ele não tinha um olho mágico, mas dois normais. Ambos fixavam Karkaroff e ambos estavam apertados revelando intenso desagrado.
– Claro que ele não estaria satisfeito com isso! – Tiago afirmou com uma risadinha sarcástica – Lugar de comensal da morte é em Azkaban! Moody é completamente contra esses acordos que o ministério faz com os prisioneiros.
– E ele está certo em ser contra! – Sirius concordou enfático – Ele tem todo o trabalho de prender essa gente e o ministério faz um acordo idiota e solta a pessoa!
— Crouch vai soltá-lo — murmurou Moody baixinho a Dumbledore. — Fez um trato com ele. Levei seis meses para caçá-lo e Crouch vai soltá-lo se ele tiver um número suficiente de nomes novos. Vamos ouvir suas informações, digo eu, e atirá-lo de volta aos braços dos dementadores.
– O ministério vai jogar fora o trabalho dele de seis meses. – Lily disse impressionada – Ele está certíssimo em ficar irritado!
Dumbledore fez um barulhinho de discordância pelo nariz longo e torto.
— Ah, eu ia me esquecendo... você não gosta de dementadores, não é mesmo, Alvo? — disse Moody com um sorriso sardônico.
— Não — respondeu Dumbledore calmamente. — Receio que não. Há muito tempo venho achando que o Ministério faz mal em se aliar a essas criaturas.
— Mas para uma gentalha dessas... — disse Moody baixinho.
– Dumbledore está certo. – Remo concordou com um aceno de cabeça – Os dementadores se voltariam contra o ministério assim que Voldemort oferecesse um acordo melhor. Essa é a natureza deles. São criaturas das trevas… Meu pai uma vez me disse que os dementadores já estavam em Azkaban muito antes do ministério usar o prédio como prisão… Parece que um bruxo das trevas desconhecido criou a ilha e o prédio para seus experimentos doentios… – um arrepio subiu à espinha de Remo – Dizem que Azkaban é o lugar mais maligno que existe e que os dementadores são a parte menos desagradável do lugar.
– Muito obrigado! – Sirius exclamou nervoso – Espero sinceramente que vocês não me deixem passar doze anos nesse lugar macabro.
– Vou fazer o meu melhor. – Tiago afirmou temeroso – Já ouvi verdadeiros horrores sobre Azkaban… Meu pai teve que ir lá uma vez, ele se recusou terminantemente a falar o que viu…
– Talvez nem os comensais da morte mereçam ficar naquele lugar. – Sirius disse soturno.
— Você diz que tem nomes para nos informar, Karkaroff — recomeçou o Sr. Crouch. — Por favor, queremos ouvi-los.
— O senhor deve compreender — disse Karkaroff na mesma hora — que Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado sempre operou no maior sigilo... Ele preferia que nós, quero dizer, seus seguidores, e me arrependo agora, profundamente, de ter-me incluído entre eles...
— Ande logo com isso — disse Moody com desdém.
— ... Nunca soubemos os nomes de todos os seus seguidores, somente ele sabia exatamente quem éramos...
– E isso faz muito sentido. – Remo afirmou acenando enfaticamente com a cabeça – Especialmente se alguns dos seguidores forem como Karkaroff que vende nomes em troca da liberdade.
— O que era uma atitude sensata, não é, pois impedia que alguém como você, Karkaroff, entregasse todos — murmurou Moody.
— Contudo, você diz que tem alguns nomes para nos informar? — disse o Sr. Crouch.
— Tenho... Tenho — respondeu Karkaroff sem fôlego. — E note que eram seguidores importantes. Gente que eu vi com os meus próprios olhos cumprindo as ordens dele. Presto estas informações como prova de minha total renúncia a ele, e de que estou tão roído de remorsos que mal...
– Roído de remorsos. – Sirius desdenhou – Como se todos não soubessem que você está apenas tentando salvar a própria pele!
— Os nomes são? — tornou o Sr. Crouch com rispidez.
Karkaroff inspirou profundamente.
— Antônio Dolohov. Vi-o torturar inúmeros trouxas e... Não seguidores do Lord das Trevas.
– Nenhuma novidade ai. – Tiago afirmou – Dolohov é um comensal bem conhecido, e ele não faz questão nenhuma de esconder que é seguidor de Voldemort.
– Foi ele quem matou nossos tios Fábio e Gideão. – Gina disse engolindo em seco – Ouvi nossa mãe falando sobre ele com papai… – Gina suspirou antes de voltar à leitura.
— E ajudou-o a fazer isso — murmurou Moody.
— Já prendemos Dolohov — disse Crouch. — Foi capturado pouco depois de você.
— Verdade? — admirou-se Karkaroff arregalando os olhos. — Fico... Fico satisfeito em saber!
Mas não parecia nada satisfeito. Harry percebeu que a notícia fora um verdadeiro golpe para ele. Esse nome era, portanto, inútil.
— Mais algum? — perguntou Crouch friamente.
— É claro que sim... Havia Rosier — acrescentou Karkaroff depressa. — Evan Rosier.
– Rosier não é seu amigo? – Tiago perguntou a Severo irônico – Você tem ótimas amizades mesmo…
– Minha tia Druella também é tia dele. – Sirius afirmou soturno – Ele fazia parte do grupo de convidados às festas da família quando eramos crianças… Minha tia sempre quis que fizéssemos amizade…
— Rosier está morto. Foi capturado pouco depois de você, também. Preferiu lutar do que aceitar a prisão, e foi morto ao resistir.
— Mas levou um pedaço de mim com ele — sussurrou Moody, à direita de Harry. O garoto virou mais uma vez a cabeça para olhá-lo e viu que ele apontava o pedaço que lhe faltava no nariz para Dumbledore.
– Parece que Rosier é muito bom em duelos… – Sirius disse ligeiramente surpreso – Você devia pedir umas aulinhas para ele quando tiver a chance. – completou encarando Severo com um sorriso sarcástico.
— Era... Era o que Rosier merecia! — disse Karkaroff, agora com uma perceptível nota de pânico na voz. Harry percebeu que ele estava começando a se preocupar que nenhuma de suas informações tivesse utilidade para o Ministério.
Os olhos de Karkaroff correram para a porta no canto, atrás da qual sem dúvida os dementadores continuavam parados à espera.
— Mais algum? — perguntou Crouch.
— Sim! Havia o Travers, ele ajudou a assassinar os McKinnons! Mulciber, era especialista na Maldição Imperius, forçou inúmeras pessoas a fazerem coisas horrendas! Rookwood, que era espião e passava Àquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado informações úteis de dentro do Ministério!
– Rookwood? – Tiago perguntou horrorizado – Ele trabalha no departamento de mistérios! Sempre pareceu ser gente boa… Ele é colega dos meus pais!
– Acho melhor contar isso aos seus pais assim que sair daqui. – Remo afirmou desconfortável – Pelo menos vamos poder desestabilizar um pouco o partido das trevas…
Harry percebeu que, desta vez, Karkaroff encontrara ouro. Todos os bruxos presentes começaram a murmurar ao mesmo tempo.
— Rookwood? — disse o Sr. Crouch à bruxa que estava sentada à sua frente e que começou a tomar notas em um pergaminho. — Augusto Rookwood do Departamento de Mistérios?
— Esse mesmo — confirmou Karkaroff pressuroso. — Creio que ele usava uma rede de bruxos bem colocados, tanto dentro quanto fora do Ministério, para colher informações...
— Mas Travers e Mulciber nós já prendemos. Muito bem Karkaroff, se são só esses, você será reconduzido a Azkaban enquanto decidimos...
— Ainda não! — gritou Karkaroff, parecendo bastante desesperado. — Espere, tenho mais!
Harry observou que ele suava à luz dos archotes, sua pele branca contrastava fortemente com o negro dos cabelos e da barba.
— Snape! — exclamou ele. — Severo Snape!
Severo empalideceu na mesma hora. Aquela era a confirmação definitiva de que havia conquistado o que queria, mas por algum motivo a sensação não era nada agradável. Ele procurou os olhos de Lily, e encontrou apenas decepção, tentando desviar os olhos, encontrou Harry e não foi capaz de entender o que os olhos do garoto diziam, já não entendia porque havia sido convocado a ler aqueles livros, agora compreendia ainda menos.
– Não é realmente uma surpresa. – Tiago disse apertando a mão de Lily com carinho – O que realmente me surpreende é ver Snape aqui. – voltou-se para Harry interrogativo.
– Vocês vão entender. – Harry prometeu ainda encarando Snape com atenção.
– Eu não entendo ainda. – Rony deu de ombros – E já ouvi as razões de Harry dezenas de vezes.
– Eu até entendo. – Hermione confessou – Mas não concordo!
– Resumindo, – Gina disse trocando olhares com Neville, Rony e Hermione – nenhum de nós concorda, mas fomos obrigados a aceitar porque o nome do livro é Harry Potter. Se o livro se chamasse Gina Weasley, pode ter certeza de que Snape não estaria nessa sala.
– Então acho que nós também não vamos concordar. – Sirius disse recebendo acenos de concordância de Tiago e Remo.
– Vocês estão sempre me dizendo para não julgar antes de saber tudo. – Alice disse cuidadosa – Deviam pelo menos esperar para descobrir os motivos de Harry antes de dizer que não vão concordar…
– Confio no julgamento de Hermione. – Remo disse categórico.
– Talvez devêssemos confiar no julgamento de Harry também. – Lily respondeu sorrindo para Harry e encerrando o assunto.
Severo encarrou Harry mais uma vez, se Lily estava disposta a confiar no julgamento dele, talvez nem tudo estivesse perdido na amizade deles.
— Snape já foi inocentado por este conselho — disse Crouch friamente. — Dumbledore testemunhou em favor dele.
– Muito bom saber que uma palavra de Dumbledore inocentou Snape e ele não pôde fazer o mesmo por mim. – Sirius bufou – A cada capítulo que passa tenho mais dúvidas sobre as intenções de Dumbledore…
– Talvez Snape se encaixasse nos planos dele e você não. – Tiago deu de ombros, observando Severo pelo canto do olho – Eu já disse, Dumbledore é inteligente demais, as vezes ele acha que as pessoas são descartáveis…
– Eu não acredito nisso. – Remo disse defensivo – Dumbledore acredita nas pessoas.
– Não acreditou em mim. – Sirius rebateu.
– E eu sinceramente não entendo isso! – Remo respondeu intrigado – Simplesmente não faz sentido ele não ter te dado nem ao menos a chance de se explicar na época em que você foi preso.
– Eu já disse. – Tiago suspirou cansado – Dumbledore esquece que as pessoas tem sentimentos e usa elas para os fins dele… Mas não acho que ele faça isso de proposito… É apenas o fardo de ser um gênio… Por isso tenho minhas dúvidas sobre a maneira como ele age com o Harry… – completou trocando um olhar significativo com Harry.
– Quando você fala, eu sempre fico na dúvida se você gosta de Dumbledore ou não... – Lily confidenciou confusa.
– Sinceramente, – Tiago respondeu encarando Lily – eu não tenho ideia do que sinto em relação a Dumbledore… Talvez eu descubra até o final desses livros.
— Não! — gritou Karkaroff, forçando as correntes que o prendiam à cadeira. — Garanto ao senhor! Severo Snape é um Comensal da Morte!
Dumbledore se erguera.
— Eu já prestei depoimento sobre esse caso — disse calmamente. — Severo Snape foi de fato um Comensal da Morte. Porém, voltou para o nosso lado antes da queda de Lord Voldemort e virou nosso espião, se expondo a grande perigo. Hoje ele é tão Comensal da Morte quanto eu.
– Espero que isso seja verdade. – Lily suspirou encarando Severo com tristeza – Não acho que poderia te perdoar por se tornar um comensal da morte… Comensais da morte matam pessoas como eu, apenas por sermos nascidos-trouxas… E apenas o fato de você se unir a pessoas desse tipo já me deixa enojada… Mas se você se voltou contra Voldemort no final, antes da queda dele… Talvez eu não te odeie para sempre… Mas duvido que possamos ser amigos se um dia você se tornar um comensal. – Lily concluiu categórica – Apenas pense nas suas escolhas.
Severo pretendia pensar, muitas das coisas que os livros estavam mostrando o fizeram ver que se tornar um comensal da morte não havia valido a pena para ele, e se antes do fim, ele traiu Voldemort e foi informante de Dumbledore, ele devia ter bons motivos.
– Pelo menos agora está explicado porque Dumbledore livrou Snape. – Sirius bufou – Um informante é sempre útil… Eu nunca fui um informante, nunca poderia me infiltrar entre os comensais… Quem diria que um informante merece mais a liberdade que um homem inocente…
Harry se virou para olhar Olho-Tonto Moody. Revelava no rosto uma expressão de profundo ceticismo, por trás de Dumbledore.
— Muito bem, Karkaroff, — disse Crouch friamente — você ajudou. Vou rever o seu caso. Entrementes voltará para Azkaban...
– Pelo visto Moody também não acha que Snape mereça a liberdade. – Remo ressaltou tentando melhorar o humor de Sirius.
A voz do Sr. Crouch foi morrendo. Harry olhou para os lados, a masmorra estava desaparecendo gradualmente como se fosse feita de fumaça, tudo estava desaparecendo, ele só conseguia ver o próprio corpo, todo o resto era um redemoinho de escuridão...
Então, a masmorra reapareceu. Harry estava sentado em outro lugar; ainda no banco mais alto, mas agora à esquerda do Sr. Crouch.
– Outro julgamento… – Tiago disse pensativo – O mesmo Crouch… Talvez Dumbledore realmente esteja atrás das memórias que ele tem de Crouch.
– Ainda não sabemos quem está sendo julgado. – Frank deu de ombros – Talvez não seja apenas sobre Crouch.
A atmosfera parecia bem diferente, descontraída, quase animada. As bruxas e bruxos ao redor conversavam entre si, quase como se estivessem assistindo a um evento esportivo. Uma bruxa no meio dos bancos defronte a Harry chamou a atenção do garoto. Tinha cabelos louros e curtos, usava vestes magenta, e chupava a ponta de uma pena verde-ácido. Era, inconfundivelmente, uma Rita Skeeter mais moça.
– Eles deixam essa mulher horrorosa assistir a julgamentos? – Lily perguntou horrorizada e não recebeu qualquer resposta.
Harry olhou para os lados, Dumbledore estava outra vez sentado ao seu lado, usando outras vestes. O Sr. Crouch parecia mais cansado, mais feroz, mais descarnado... O garoto compreendeu. Era uma lembrança diferente, um dia diferente... Um julgamento diferente.
A porta ao canto se abriu e Ludo Bagman entrou na sala.
– Bagman? – Tiago perguntou chocado – Bagman foi acusado de ser comensal da morte? Isso nem ao menos faz sentido!
– Mas explica muita coisa. – Remo afirmou pensativo – Explica porque Skeeter disse que sabe coisas sobre Bagman que chocariam Hermione, e explica porque Crouch fez Winky acreditar que Bagman é um bruxo mau…
– Mas ele trabalha para o ministério! – Tiago disse descrente – Ele não pode ser realmente um comensal da morte… Mesmo que ele tenha conseguido se livrar, não dariam emprego a um ex-comensal no ministério!
– Acho melhor ler para saber. – Sirius disse sinalizando para Gina voltar a ler, cauteloso.
Não era, porém, um Ludo Bagman envelhecido, mas um Ludo Bagman que visivelmente se achava no auge de sua forma de jogador de Quadribol. Seu nariz não estava quebrado, ele era alto, magro e musculoso. Bagman parecia nervoso quando se sentou na cadeira com as correntes, mas elas não o prenderam, como haviam feito com Karkaroff, e Bagman, talvez animado por isso, correu os olhos pelos bruxos reunidos, acenou para alguns e até deu um sorrisinho.
– O clima do julgamento é completamente diferente! – Tiago afirmou – Não acho que as pessoas estariam empolgadas se ele realmente fosse um comensal da morte!
— Ludo Bagman, você foi trazido perante o Conselho das Leis da Magia para responder às acusações relacionadas com as atividades dos Comensais da Morte — disse o Sr. Crouch. — Já ouvimos as provas contra você e estamos prestes a alcançar um veredicto. Você tem algo mais a acrescentar ao seu depoimento antes de lavrarmos a sentença?
Harry não conseguiu acreditar no que estava ouvindo. Ludo Bagman, um Comensal da Morte?
— Apenas que, — respondeu o bruxo, sorrindo sem graça — bem, sei que estive agindo como um idiota...
Uns espectadores nos bancos sorriram com indulgência. O Sr. Crouch não parecia compartir esse sentimento. Encarou Ludo Bagman com uma expressão de grande severidade e desagrado.
– Talvez ele realmente não fosse um comensal da morte… – Remo disse encarando o livro pensativo – Tiago tem razão, porque as pessoas estariam sendo indulgentes com ele se ele estivesse com o partido das trevas?
– Porque ele é um jogador de quadribol. – Lily disse remexendo-se desconfortável – As pessoas são indulgentes com jogadores de quadribol. – completou virando-se para Tiago em tom de desculpas.
— Você nunca disse nada mais verdadeiro, moleque — murmurou alguém secamente a Dumbledore, atrás de Harry. Ele virou a cabeça e viu Moody sentado ali de novo. — Se eu não soubesse que ele sempre foi débil, eu diria que alguns balaços devem ter afetado permanentemente o cérebro dele...
— Ludovico Bagman, você foi apanhado passando informações aos seguidores de Lord Voldemort — disse o Sr. Crouch. — Por isso, proponho que cumpra sentença de prisão em Azkaban com uma duração mínima de...
Ouviram-se protestos zangados para todos os lados. Vários bruxos e bruxas se levantaram, balançando a cabeça e até mesmo erguendo os punhos contra o Sr. Crouch.
— Mas eu já declarei que não fazia idéia! — disse Bagman com veemência, sobrepondo-se à balbúrdia vinda dos bancos, arregalando seus redondos olhos azuis. — Nenhuma! O velho Rookwood era amigo do meu pai... Jamais me passou pela cabeça que ele estivesse com Você-Sabe-Quem! Pensei que estava colhendo informações para o nosso lado! E Rookwood falava o tempo todo em me arranjar um emprego no Ministério mais tarde... Quando terminassem meus dias de Quadribol, sabem... Quero dizer, não podia ficar levando balaços o resto da vida, podia?
– É claro que ele não sabia que Rookwood era um comensal da morte! – Tiago disse obviamente aliviado – Nós mesmos acabamos de descobrir! E esse julgamento não deve ter sido muito tempo depois do de Karkaroff!
– Faz sentido! – Remo deu de ombros – Quando Karkaroff denunciou Rookwood devem ter começado a investigar ele. E provavelmente pegaram Bagman passando informações para ele… Quando Rookwood foi preso indiciaram Bagman também…
– Então ele não tinha como saber! – Tiago afirmou satisfeito.
Ouviram-se risinhos nervosos entre os presentes.
— Vou levar isso à votação — disse o Sr. Crouch friamente. E, virando-se para o lado direito da masmorra. — Jurados, por favor, ergam a mão... Os que forem a favor da prisão...
Harry olhou para a direita da masmorra. Ninguém levantou a mão. Muitos bruxos e bruxas nos bancos começaram a bater palmas. Uma das bruxas no júri se levantou.
– Ele foi unanimemente inocentado. – Sirius disse impressionado – Ele realmente foi apenas um idiota…
— Pois não? — ladrou Crouch.
— Gostaríamos de cumprimentar o Sr. Bagman por seu esplêndido desempenho no jogo de Quadribol da Inglaterra contra a Turquia no sábado passado — disse a bruxa ofegante.
O Sr. Crouch fez uma cara furiosa. A masmorra agora ressoava de aplausos. Bagman se levantou e fez uma reverência, sorrindo.
— Desprezível — vociferou o Sr. Crouch para Dumbledore, sentando-se na hora em que Bagman saía da masmorra. — Rookwood ia lhe arranjar um emprego, francamente... O dia que Ludo Bagman se juntar a nós será um dia muito triste para o Ministério...
– Isso explica mais ainda os sentimentos de Winky. – Remo afirmou.
– E me dá ainda mais certeza de que essas lembranças são sobre o Crouch e não sobre quem está sendo julgado. – Tiago disse coçando a cabeça pensativo.
E a masmorra tornou a se dissolver. Quando reapareceu, Harry olhou para os lados. Ele e Dumbledore continuavam sentados ao lado do Sr. Crouch, mas a atmosfera não poderia ser mais diferente. Havia um silêncio absoluto, interrompido apenas pelos soluços de uma bruxa miudinha ao lado do Sr. Crouch. Apertava um lenço contra a boca com as mãos trêmulas. Harry ergueu os olhos para Crouch e viu que ele parecia mais descarnado e grisalho que nunca. Um nervo tremia em sua têmpora.
— Pode trazê-los — disse, e sua voz ecoou pela masmorra silenciosa.
A porta no canto abriu-se mais uma vez. E desta vez, entraram seis dementadores, ladeando um grupo de quatro pessoas. Harry viu os bruxos presentes erguerem os olhos para o Sr. Crouch. Alguns cochicharam entre si.
Os dementadores sentaram cada uma das quatro pessoas nas quatro cadeiras de braços com correntes agora no centro da masmorra. Havia um homem corpulento que fixava Crouch com o olhar parado, outro mais magro e mais nervoso, cujos olhos percorriam ligeiros a assembléia, uma mulher, com cabelos espessos e brilhantes e olhos grandes e semicerrados, sentada à cadeira como se esta fosse um trono e um rapaz adolescente, que parecia no mínimo petrificado. Ele tremia, tinha os cabelos cor de palha espalhados pelo rosto, a pele sardenta e branca como o leite. A bruxa miudinha ao lado de Crouch começou a se balançar para frente e para trás no banco, abafando o choro com um lenço.
Crouch se levantou. Olhou para os quatro prisioneiros e havia ódio absoluto em seu rosto.
— Vocês foram trazidos aqui perante o Conselho das Leis da Magia — disse ele com clareza — para serem julgados por um crime tão hediondo...
— Pai — disse o rapaz de cabelos cor de palha. — Pai... Por favor...
– É o julgamento do filho de Crouch? – Tiago perguntou abismado.
Neville empalideceu, encarou Harry com uma mistura de apreensão e raiva e Harry se esforçou ao máximo para pedir desculpas a ele com o olhar. Alice e Frank sentiram o corpo de Neville enrijecer.
—... De que raramente se ouviu falar neste tribunal — disse Crouch, alteando a voz, abafando as palavras do filho. — Ouvimos as provas contra vocês. E vocês foram acusados de capturar o auror, Frank Longbottom, e de submetê-lo à Maldição Cruciatus, acreditando que ele tivesse conhecimento do paradeiro atual do seu amo exilado, Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado...
– Você sabia! – Neville acusou Harry levantando-se de seu lugar horrorizado – Você sabia por todo esse tempo!
– Não queria te incomodar… – Harry balbuciou – Se você não contou, é porque preferia que não soubéssemos… Sinto muito…
– Sente? – Neville disse entredentes – Você mentiu para mim! Agiu como se não soubesse!
– Não queria te confrontar! – Harry explicou tirando os olhos de Neville e observando a expressão de choque de Frank – Neville, eu sinto muito, de verdade, eu devia ter falado alguma coisa! Mas eu nunca gostei que as pessoas me encarassem com pena por meus pais terem morrido e eu assumi que você não gostava também! Mas nada disso importa agora. – completou indicando Frank com a cabeça. Neville voltou ao seu lugar, tremendo.
– O que aconteceu? – Frank perguntou com o olhar vazio – O que aconteceu comigo?
– Acho melhor terminar de ler essa parte antes de explicar. – Harry suspirou apreensivo.
— Pai, eu não fiz isso! — gritou o rapaz acorrentado à cadeira. — Eu não fiz isso, pai, não me mande de volta aos dementadores...
— Vocês são ainda acusados — berrou o Sr. Crouch — de usar a Maldição Cruciatus contra a mulher de Frank Longbottom, quando ele se recusou a dar informações. Vocês planejaram reconduzir Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado ao poder e de retomar a vida de violência que presumivelmente levavam quando ele detinha o poder. Agora peço aos jurados...
– Eles nos torturaram? – Alice perguntou tremendo – Eles pensaram que sabíamos onde Voldemort estava? Por que?
– Eles torturaram vocês até vocês perderem completamente a sanidade. – Neville disse sem conseguir conter as lágrimas, todos os presente encaravam Frank e Alice em choque.
– Nós não morremos? – Alice perguntou descrente.
– Vocês enlouqueceram. – a voz de Neville estava carregada de dor – Não reconheciam ninguém… E…
– Por que? – Alice balbuciou segurando a mão de Neville com força – Por que eles pensaram que sabíamos sobre Voldemort?
– Frank era auror. – Tiago disse incrédulo – Vocês são nossos amigos… Voldemort desapareceu depois de ir à nossa casa…
– Então é por isso que não te criamos? – Alice perguntou chorosa – Por isso você passou sua vida com a Sra. Longbottom?
Neville apenas acenou afirmativamente com a cabeça.
– Isso é horrível! – Sirius disse atônito – Quem são os outros comensais? Além de Crouch Jr.? – perguntou temeroso, tinha a nítida impressão de que sabia exatamente quem era a mulher, conhecia muito bem uma das únicas mulheres a se tornar comensal, e sabia que ela era completamente capaz de sentar-se na cadeira de seu julgamento como se estivesse sentada em um trono.
– Rabastan, Rodolfo e Bellatrix Lestrange. – Hermione murmurou desconfortável, não estava preparada para isso, não sabia em que momento Harry havia descoberto aquilo.
– Minha prima. – Sirius suspirou – Não devia me surpreender… Ela sempre foi sádica.
– Eu… – Frank balbuciou ainda olhando para a parede com o olhar vazio – Eu não entendo…
– Não vai acontecer! – Tiago afirmou, levantando-se e tirando Frank do transe com determinação – Nós não vamos morrer, vocês não vão perder a sanidade, Sirius não vai para Azkaban, é por isso que Harry e Neville nos trouxeram aqui! E nós não vamos permitir que eles cresçam sem pais!
– Obrigado. – Frank disse piscando repetidamente, esforçando-se para voltar à realidade – Você tem razão, – completou quando Tiago voltou ao seu lugar – não podemos permitir que isso aconteça… Eles não merecem isso!
– Você está bem? – Alice perguntou a Neville preocupada.
– Estou. – Neville murmurou perdoando Harry com o olhar – Só não estava preparado para isso… Não nesse momento…
– Vai dar tudo certo. – Alice respondeu tentando parecer confiante – Vamos conseguir mudar tudo isso. – completou pegando a mão de Frank pelas costas de Neville – Só temos que descobrir como mudar as coisas, e é melhor continuarmos lendo para isso.
— Mãe! — gritou o rapaz, e a bruxa miudinha ao lado de Crouch começou a soluçar, se balançando para frente e para trás. — Mãe, faça ele parar, mãe, eu não fiz isso, não fui eu!
— Eu agora peço aos jurados — gritou o Sr. Crouch — que levantem as mãos se acreditarem, como eu, que estes crimes merecem uma sentença de prisão perpétua em Azkaban.
Unânimes, as bruxas e bruxos do lado direito da masmorra ergueram as mãos. A assembléia ao redor começou a aplaudir como fizera no julgamento de Bagman, seus rostos expressavam selvagem triunfo. O rapaz começou a gritar.
— Não! Mãe, não! Eu não fiz isso, eu não fiz isso, eu não sabia! Não me mande para lá, não deixe o pai me mandar!
– Ele é culpado? – Alice perguntou com a voz falhando – O filho de Crouch realmente nos torturou?
– Isso nós realmente não podemos falar agora. – Hermione disse cuidadosa.
– Ele é meu primo. – Frank disse desconfortável – Se ele realmente fez isso… Vou ser torturado até a loucura pelo meu primo…
– Não vai! – Tiago garantiu – Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para garantir que isso não vai acontecer! Só preciso saber como!
Os dementadores voltaram a deslizar pela sala. Os três companheiros do rapaz se levantaram silenciosamente das cadeiras, a mulher de olhos grandes e semicerrados olhou para Crouch e gritou:
— O Lord das Trevas voltará a se erguer, Crouch! Joguem-nos em Azkaban, nós esperaremos! Ele se reerguerá e virá nos buscar e nos recompensará mais que aos seus outros seguidores! Somente nós permanecemos fiéis! Somente nós tentamos encontrá-lo.
– Minha prima é louca. – Sirius murmurou nervoso – Completamente louca!
– Mas ela sabia que ele não tinha morrido. – Tiago disse pensativo – De alguma forma Bellatrix sabia que Voldemort não havia morrido no dia que tentou matar Harry… E isso é muito estranho, considerando que todo mundo acreditava que ele estava morto… Não acho que isso seja pura loucura da parte dela...
Mas o rapaz procurava se desvencilhar dos dementadores, embora Harry percebesse que o desumano poder de sugar energia daquelas criaturas começava a afetá-lo. Os bruxos presentes riam e caçoavam, alguns de pé, enquanto a mulher saía majestosamente da masmorra e o rapaz continuava a se debater.
— Sou seu filho! — berrava ele para Crouch. — Sou seu filho!
— Você não é meu filho! — berrou o Sr. Crouch, os olhos saltando subitamente das órbitas. — Não tenho filho!
A bruxa miudinha ao lado de Crouch ficou sem ar e desabou na cadeira. Desmaiara, o marido pareceu não ter notado.
— Levem-nos embora! — berrou para os dementadores, o cuspe saltando de sua boca. — Levem-nos embora, que eles apodreçam lá!
— Pai, eu não estava envolvido! Não! Não! Pai, por favor!
– Crouch disse que se sentia culpado pelo filho dele. – Lily murmurou com dificuldade – Ele se sentia culpado por não ter dado chance para o garoto se explicar, ou porque descobriu que o garoto era inocente…
– Não acho que ele seja inocente. – Sirius disse soturno – As pessoas que ele admira na escola… Snape deve saber melhor que eu… Crouch Jr. e meu irmão se envolvem com todos os aspirantes a comensais da morte, Bellatrix sempre elogia Régulo por suas “boas amizades”… E ele obviamente estava junto com minha prima e o marido, que todos estamos cansados de saber que são comensais da morte fiéis… Bellatrix não fez questão nenhuma de esconder isso no julgamento…
— Acho, Harry, que já é hora de voltar ao meu escritório — disse baixinho uma voz ao ouvido do garoto. Ele se assustou. Olhou para um lado. Depois para o outro.
Havia um Alvo Dumbledore sentado à sua direita, observando o filho de Crouch sair arrastado pelos dementadores — e havia um Alvo Dumbledore à sua esquerda, olhando bem para ele.
– Por um momento me esqueci completamente que Harry estava no escritório de Dumbledore. – Lily disse assustada.
– Foram informações fortes demais. – Tiago disse observando Frank, Neville e Alice preocupado.
— Venha — disse o Dumbledore à sua esquerda, segurando o cotovelo de Harry. O garoto sentiu que o erguiam no ar, a masmorra desapareceu à sua volta; por um momento tudo ficou escuro, então teve a impressão de que estava dando uma cambalhota em câmara lenta e, repentinamente caiu de pé, no que concluiu ser a claridade ofuscante do escritório do diretor. A bacia de pedra tremeluzia no armário à sua frente e Alvo Dumbledore estava parado ao seu lado.
— Professor, — exclamou Harry — eu sei que eu não devia ter... Não tive intenção, a porta do armário estava entreaberta e...
— Eu compreendo — disse Dumbledore. E erguendo a bacia, levou-a até a escrivaninha, pousou-a sobre sua superfície reluzente e se sentou na cadeira à escrivaninha. Fez sinal ao garoto para que se sentasse defronte dele.
– Pelo menos Dumbledore não parece prestes a brigar com você. – Remo suspirou.
Harry obedeceu, com os olhos postos na bacia de pedra. O conteúdo voltara ao seu estado original branco-prateado girando e ondulando ao seu olhar.
— Que é isso? — perguntou Harry trêmulo.
— Isso? Chama-se Penseira, às vezes eu acho, e tenho certeza de que você conhece a sensação, que simplesmente há pensamentos e lembranças demais enchendo minha cabeça.
— Hum — fez Harry, que não podia realmente dizer que já tivesse sentido nada igual.
– Eu estou sentindo isso nesse exato momento. – Tiago disse apoiando a testa na mão – Os livros estão nos dando informações demais em pouco tempo… E cada informação que o livro me dá cria várias suposições na minha cabeça…
– Achei que nunca fosse dizer isso para você. – Lily disse segurando a mão de Tiago com cuidado – Mas você pensa demais…
— Nessas ocasiões — continuou Dumbledore indicando a bacia de pedra — uso a Penseira. Escôo o excesso de pensamentos da mente, despejo-os na bacia e examino-os com calma. Assim fica mais fácil identificar padrões e ligações, compreende, quando estão sob esta forma.
— O senhor quer dizer... Que isso aí são os seus pensamentos? — disse Harry, olhando a substância branca que redemoinhava na bacia.
— Sem dúvida. Deixe-me mostrar.
Dumbledore puxou a varinha de dentro das vestes e pousou sua ponta sobre seus cabelos prateados, próximos à têmpora. Quando afastou a varinha, os cabelos pareciam estar grudados nela, mas Harry viu que eram, na realidade, fios brilhantes da mesma substância estranha e branco-prateada que enchia a Penseira. Dumbledore acrescentou novos pensamentos à bacia, e Harry, espantado, viu seu próprio rosto boiando na superfície da substância.
Dumbledore colocou suas longas mãos dos lados da Penseira e sacudiu-a, como faria um garimpeiro à procura de pepitas de ouro... E o garoto viu o próprio rosto se transformar suavemente no de Snape, que abriu a boca, e falou para o teto, fazendo sua voz ecoar levemente: “Está voltando... A de Karkaroff também... Mais clara e forte que nunca…”
– Ainda acho que isso é sobre a marca negra. – Tiago disse coçando a cabeça intrigado – Mas não consigo entender porque ela ficaria mais clara… – Tiago virou-se para Severo esforçando-se ao máximo para ser educado – Você sabe o que isso significa?
– Não. – Severo admitiu – Mas suponho que a marca negra tenha desbotado quando o Lord das Trevas desapareceu… E parece estar ficando mais nítida porque ele está ficando mais forte…
– É uma suposição interessante. – Remo considerou pensativo – Faz muito sentido considerando tudo o que sabemos até agora.
— Uma ligação que eu teria feito sem ajuda de ninguém, — suspirou Dumbledore — mas não faz mal. — Por cima dos seus oclinhos de meia-lua, ele mirou Harry, que acompanhou boquiaberto o rosto de Snape girar continuamente na bacia. — Eu estava usando a Penseira quando o Sr. Fudge chegou para a reunião e guardei-a apressado. Com certeza não fechei o armário direito. É natural que ela tenha atraído sua atenção.
— Me desculpe — murmurou Harry.
Dumbledore balançou a cabeça.
— A curiosidade não é um pecado — disse ele. — Mas devemos ser cautelosos com a nossa curiosidade... Sem dúvida...
Enrugando ligeiramente a testa, o diretor tornou a empurrar seus pensamentos para dentro da bacia com a ponta da varinha. Instantaneamente, emergiu dela um vulto, uma menina gordinha de cara mal-humorada de uns dezesseis anos, que começou a girar lentamente, com os pés ainda na bacia. Ela não prestou a menor atenção a Harry nem ao Professor Dumbledore. Quando falou, sua voz ecoou como fizera a de Snape, como se viesse das profundezas da bacia de pedra: "Ele me azarou, Professor Dumbledore, e eu só estava brincando, só disse que o tinha visto beijando Florência atrás das estufas na quinta-feira passada...”
— Mas por que, Berta, — disse Dumbledore tristemente, fitando a menina que agora girava silenciosamente — por que você teve que segui-lo, para começar?
– Dumbledore está falando com a Berta da penseira ou com a Berta real, que provavelmente caiu numa arapuca armada pelo Pedro? – Sirius perguntou confuso.
– Talvez esteja falando com as duas. – Tiago deu de ombros – Berta sempre foi bisbilhoteira… É bem provável que Pedro, sabendo disso, guiou ela até Voldemort… Afinal, ela devia saber que era para ele estar morto…
— Berta? — sussurrou Harry, olhando para a garota. — Ela é... Era a Berta Jorkins?
— Era — disse Dumbledore mais uma vez revolvendo os pensamentos na bacia, Berta voltou a afundar neles, e tudo se tornou mais uma vez prateado e opaco. — É a Berta como me lembro dela na escola.
A claridade prateada da Penseira iluminou o rosto de Dumbledore e ocorreu a Harry, repentinamente, que o diretor parecia velhíssimo. Ele sabia, era claro, que Dumbledore estava envelhecendo, mas por alguma razão nunca pensara no diretor como um velho.
— Então, Harry — disse Dumbledore baixinho. — Antes de se perder nos meus pensamentos, você queria me contar alguma coisa.
— Verdade. Professor, eu estava na aula de Adivinhação agorinha e... Hum... Cochilei.
Ele hesitou neste ponto, imaginando se iria levar uma bronca, mas Dumbledore apenas disse:
— Muito compreensível. Continue.
– Se Dumbledore não te deu uma bronca por invadir a penseira e os pensamentos dele, não vejo porque ele brigaria com você por dormir em uma aula inútil… – Sirius disse encolhendo os ombros.
— Bem, eu tive um sonho. Um sonho com Lord Voldemort. Ele estava torturando Rabicho... O senhor sabe quem é Rabicho...
— Sei — disse Dumbledore, prontamente. — Por favor, continue.
— Voldemort recebeu uma carta levada por uma coruja. E falou uma coisa mais ou menos assim: que o erro de Rabicho tinha sido reparado. Falou que alguém estava morto. Depois falou que ia atirar Rabicho para servir de comida à cobra, tinha uma cobra ao lado da poltrona dele. Falou também que em vez do Rabicho, ele ia jogar a mim. Depois lançou a Maldição Cruciatus em Rabicho, e a minha cicatriz doeu. Doeu tanto que me acordou.
Dumbledore apenas fitou Harry.
— Hum, foi só isso — disse Harry.
— Entendo — disse Dumbledore em voz baixa. — Agora, a sua cicatriz já doeu alguma outra vez este ano, além daquela em que o acordou durante as férias de verão?
– A confirmação de que você e Dumbledore mantem contato. – Remo disse a Sirius com um suspiro.
— Não, eu... Como foi que o senhor soube que ela me acordou no verão? — perguntou Harry espantado.
— Você não é o único que se corresponde com Sirius — disse Dumbledore. — Também tenho estado em contato com ele desde que fugiu de Hogwarts no ano passado. Fui eu quem sugeriu a caverna na encosta da montanha como o lugar mais seguro para ele se esconder.
– Bom saber que depois de me deixar passar doze anos em Azkaban ele resolveu começar a me ajudar! – Sirius bufou.
– Parece que seu eu-futuro foi capaz de perdoar Dumbledore. – Remo disse cuidadoso – Talvez você devesse tentar fazer o mesmo.
– Não sem antes descobrir todas as informações sobre o assunto. – Sirius respondeu categórico.
Dumbledore se levantou e começou a andar para cima e para baixo atrás da escrivaninha. De vez em quando, levava a varinha à têmpora, retirava mais um pensamento prateado e o acrescentava à Penseira. Os pensamentos dentro dela começaram a girar tão rápido que Harry não conseguia distinguir nada muito claramente, apenas um borrão de cor.
— Professor? — disse Harry baixinho, depois de uns minutos.
Dumbledore parou de andar e encarou Harry.
— Perdão — disse ele em voz baixa. E tornou a se sentar em sua cadeira.
— Professor, o senhor sabe por que minha cicatriz dói?
O diretor fitou Harry com muita atenção por um momento, depois disse:
— Eu tenho uma teoria, não é nada mais que isso... Acredito que a sua cicatriz dói quando Lord Voldemort anda por perto ou quando tem um assomo particularmente intenso de ódio.
– Isso nós já havíamos deduzido sozinhos! – Tiago bufou ansioso – Queremos saber o motivo disso!
— Mas... Por quê?
— Porque você e ele estão ligados pelo feitiço que falhou. Isto não é uma cicatriz comum.
– Isso se encaixa perfeitamente com o que estávamos pensando. – Remo suspirou – O feitiço criou uma conexão… E essa conexão permite que Harry saiba quando Voldemort está por perto e veja o que está acontecendo com ele…
– Mas nunca ouvi falar de um feitiço que fizesse isso. – Severo murmurou pensativo.
– E nunca ouvimos falar de alguém que sobreviveu à maldição da morte… Não temos como comparar. – Sirius deu de ombros – Este livro está quase no final, mas ainda temos 3 livros pela frente… Talvez tenhamos uma explicação melhor em algum deles.
— Então o senhor acha... Esse sonho... Ele realmente aconteceu?
— É possível. Eu diria, provavelmente, Harry, você viu Voldemort?
— Não — respondeu Harry. — Somente as costas da poltrona dele. Mas... Não haveria muita coisa que ver, haveria? Quero dizer, ele não tem corpo, tem? Mas... Mas por outro lado como é que ele poderia ter segurado a varinha? — disse Harry lentamente.
— Como, não é mesmo? — murmurou o diretor. — Como mesmo...
– Ele compartilhou o corpo de Quirrell… Pode ter achado outras maneiras de tomar um corpo... Para compartilhar... – Lily disse assustada.
– Pode ser… – Tiago respondeu pensativo.
Nem Dumbledore nem Harry falaram por algum tempo. O diretor tinha o olhar perdido no outro lado da sala, de vez em quando apoiava a ponta da varinha na têmpora e acrescentava mais um pensamento de prata refulgente à massa que fervilhava na Penseira.
— Professor, — disse Harry finalmente — o senhor acha que ele está ficando mais forte?
— Voldemort? — indagou ele, olhando para o garoto por cima da Penseira.
Era o olhar penetrante e característico que Dumbledore já lhe dera em outras ocasiões, e sempre fizera o garoto ter a sensação de que o diretor estava enxergando através dele, de uma maneira que nem o olho mágico de Moody seria capaz.
— Mais uma vez, Harry, só posso expressar suspeitas. — Dumbledore suspirou outra vez e seu rosto pareceu mais velho e mais cansado que nunca. — A ascensão de Voldemort ao poder — disse ele — foi marcada por desaparições. Berta Jorkins desapareceu sem deixar vestígio no lugar em que se sabe que Voldemort esteve por último. O Sr. Crouch, também, desapareceu... Aqui nos terrenos da escola. E houve uma terceira desaparição, uma que o Ministério, lamento dizer, não considera ser importante, porque diz respeito a um trouxa. O nome dele era Franco Bryce, vivia na aldeia em que o pai de Voldemort se criou, e os habitantes do lugar não o vêem desde agosto. Como vê, leio os jornais dos trouxas, ao contrário da maioria dos meus amigos do Ministério.
– Então tudo sobre o primeiro capítulo era real. – Alice suspirou – Mas não deviam ter encontrado o corpo de Franco?
– Tenho a impressão de que Voldemort deu ele para Nagini comer… – Remo murmurou soturno – Pelo menos Dumbledore está fazendo as conexões certas… Ele devia ir até o lugar onde Franco Bryce desapareceu… Ele descobriria que Voldemort realmente esteve por lá, e talvez ele ainda esteja…
– Dumbledore poderia acabar com tudo de uma vez se fosse até lá… – Sirius concordou hesitante – Ele encontraria Voldemort fraco e poderia pegar o rato para provar minha inocência… E então só precisaria descobrir o infiltrado.
– Acho que se Dumbledore fosse fazer isso, já teria feito. – Tiago bufou desconfortável, indicando que Gina continuasse lendo.
Dumbledore encarou Harry muito sério.
— Essas desaparições me parecem estar interligadas. O Ministério discorda, como você deve ter ouvido, enquanto esperava do lado de fora do meu escritório.
– Fudge é realmente um idiota. – Neville disse resignado.
Harry confirmou com a cabeça. Fez-se novo silêncio entre os dois, Dumbledore extraindo pensamentos de quando em quando. Harry achou que estava na hora de ir, mas sua curiosidade o segurava sentado.
— Professor? — falou ele outra vez.
— Sim, Harry?
— Hum... Será que eu posso perguntar ao senhor sobre... Aquela cena do tribunal em que eu estive na... Penseira?
— Pode — disse Dumbledore com um peso no coração. — Estive presente muitas vezes, mas alguns julgamentos voltam à lembrança mais claramente que outros... Particularmente agora...
— O senhor sabe, o senhor sabe o julgamento em que me encontrou? O do filho de Crouch? Bem... Era dos pais de Neville que eles estavam falando?
Frank apertou a mão de Alice com mais força.
Dumbledore lançou um olhar muito sagaz a Harry.
— Neville nunca lhe contou por que foi criado pela avó?
Harry balançou a cabeça, imaginando ao mesmo tempo, porque jamais perguntara isso a Neville em quase quatro anos de conhecimento.
– Porque não é o tipo de coisa que podemos perguntar para as pessoas… – Hermione disse com um profundo suspiro – Só sabemos o que nossos colegas nos contam.
– Vocês acham que Dino é nascido-trouxa, por exemplo. – Gina deu de ombros chamando a atenção de todos.
– E ele não é? – Rony perguntou completamente confuso.
– Pelo que sei, ele foi criado pela mãe e pelo padrasto, e eles são trouxas mesmo, mas o pai dele abandonou ele quando era criança… E a mãe dele acredita que o pai era um bruxo, mas o pai dele nunca revelou isso para ela. – Gina explicou pacientemente.
– E como você sabe disso? – Tiago perguntou interessado.
– Eu também fiz amizade em Hogwarts. – Gina disse com um meio sorriso irônico.
– Na verdade eu acho que já ouvi alguém falar sobre isso… – Hermione disse pensativa – Mas pelo que me lembro não há confirmação alguma sobre isso.
– Dino fez algumas pesquisas e descobriu alguns bruxos com o mesmo sobrenome do pai dele… – Gina deu de ombros – Mas nunca o encontrou nem nenhuma pessoa da família... Thomas é o sobrenome do padrasto dele…
– E você sabe o nome do pai dele? – Tiago perguntou interessado.
– Isso ele nunca me contou. – Gina suspirou antes de retomar a leitura.
— Era, estavam falando dos pais de Neville. O pai, Frank, era auror como o Professor Moody. Ele e a mulher foram torturados para darem informações sobre o paradeiro de Voldemort depois que ele perdeu os poderes, conforme você ouviu.
— Então estão mortos? — perguntou Harry baixinho.
— Não, — disse Dumbledore, a voz cheia de uma amargura que Harry nunca ouvira nele antes — enlouqueceram. Os dois estão no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Creio que Neville os visita, com a avó, durante as férias. Os pais não o reconhecem.
Grossas lágrimas escorriam pelo rosto de Alice, que se esforçava para segurar a mão de Frank pelas costas de Neville e a do próprio Neville ao mesmo tempo.
– Nós nem ao menos reconhecemos você? – Alice perguntou sem conseguir conter o choro – Isso é terrível!
– As coisas vão ficar bem. – Frank balbuciou – Vamos mudar isso… Vamos reconhecer você, e vamos criar você… E vamos levar você a jogos de quadribol junto com Tiago e Harry… E Sirius vai ensinar para você que sapos saíram de moda há décadas!
– Isso! – Alice disse secando as lágrimas nas vestes – Vai dar tudo certo, vai ser tudo ótimo.
Harry ficou sentado ali, horrorizado. Nunca soubera... Nunca, em quatro anos, se preocupara em descobrir...
— Os Longbottom eram um casal muito querido — disse Dumbledore. — Os ataques a eles começaram depois da queda de Voldemort, quando todos pensavam que estavam a salvo. Os ataques causaram uma onda de fúria nunca vista. O Ministério ficou sob grande pressão para capturar quem tinha feito aquilo. Infelizmente, o depoimento dos Longbottom não foi, dada a condição em que estavam, nada confiável.
— Então, talvez o filho do Sr. Crouch não estivesse envolvido? — perguntou Harry lentamente.
Dumbledore balançou a cabeça.
— Quanto a isso não faço idéia.
– Tenho certeza de que Crouch Jr. estava envolvido. – Sirus disse categórico.
– Talvez não estivesse. – Alice disse hesitante – Não temos como saber… O menino morreu e nunca vamos saber se ele teve alguma culpa.
– Se não fosse uma coisa tão ruim, – Sirius disse encarando Alice com cuidado – eu apostaria com você que ele estava envolvido sim, e o julgamento foi apenas um teatrinho para tentar se livrar da prisão.
– Não temos como saber de qualquer forma. – Alice suspirou encolhendo os ombros.
Harry ficou em silêncio mais uma vez, observando o conteúdo da Penseira redemoinhar. Havia mais duas perguntas que estava em cócegas para fazer... Mas diziam respeito à culpa de gente viva...
— Hum, — começou ele — o Sr. Bagman...
— ... Nunca mais foi acusado de nenhuma atividade maligna deste então — disse Dumbledore calmamente.
– E não estaria trabalhando no ministério se tivesse. – Tiago afirmou confiante.
— Certo — apressou-se Harry a dizer, fitando novamente o conteúdo da Penseira, que girava mais lentamente agora que Dumbledore parara de lhe acrescentar pensamentos. — E... Hum...
Mas a Penseira parecia estar fazendo a pergunta por ele. O rosto de Snape apareceu novamente flutuando à superfície. Dumbledore olhou para dentro da bacia e depois ergueu os olhos para Harry.
— Tampouco o Professor Snape — disse.
Harry fitou os olhos azul-claros de Dumbledore e a coisa que realmente queria saber escapou de sua boca antes que ele pudesse se refrear.
— Que foi que levou o senhor a pensar que ele realmente parou de apoiar Voldemort, professor?
Dumbledore sustentou o olhar de Harry por alguns segundos e então disse:
— Isto, Harry, é um assunto entre mim e o Professor Snape.
– Suponho que você tenha descoberto o motivo de Dumbledore. – Remo disse encarando Harry com interesse – Afinal, você também está dando uma segunda chance a Snape…
– Então nós vamos descobrir também. – Sirius disse olhando para Severo de soslaio – Uma hora ou outra, vamos descobrir.
Severo baixou os olhos temeroso, se o motivo para Dumbledore confiar nele tivesse relação com seus sentimentos por Lily, seria exposto a todos daquela sala, inclusive à própria, e não tinha como saber qual seria a reação dela. Quando levantou os olhos, encontrou os olhos de Harry, que o observava com interesse.
Harry percebeu que a entrevista terminara; Dumbledore não parecia zangado, contudo havia um tom conclusivo em sua voz que informou ao garoto que era hora de se retirar. Ele se levantou e o diretor também.
— Harry — disse ele, quando o garoto chegou à porta. — Por favor, não comente sobre os pais de Neville com mais ninguém. Ele tem o direito de informar às pessoas quando estiver preparado para isso.
– Esse é o outro motivo porque nunca te contei que descobri sobre o que aconteceu… – Harry disse virando-se para Neville hesitante.
– Eu entendo. – Neville disse com um meio sorriso triste – Eu estava nervoso, não estava pronto para falar sobre isso agora…
– E eu devia ter te falado quando viemos com os livros. – Harry suspirou – Mas não pensei nisso…
— Sim senhor, professor — disse Harry virando-se para ir embora.
— E...
Harry virou a cabeça para trás.
Dumbledore estava parado diante da Penseira, seu rosto iluminado pelos pontos de luz prateada, parecendo mais velho que nunca. O diretor fitou Harry por um momento e em seguida disse:
— Boa sorte na terceira tarefa.
– Acabou. – Gina disse pousando o livro na mesa de centro – Talvez seja melhor pararmos para comer alguma coisa. – completou trocando um olhar hesitante com Hermione.
– É um bom momento. – Hermione concordou levantando-se do sofá e sendo seguida pela maioria dos outros para a mesa.
Alice e Frank permaneceram exatamente no mesmo lugar enquanto os outros comiam.
– Não estou com fome. – Alice afirmou chorosa – Estou tão confusa! – confessou afundando-se nos braços de Frank – Nada disso é justo! Nós vamos ser torturados até à loucura, nem vamos reconhecer Neville.
– Não fale isso. – Frank disse firme – Temos que mudar tudo isso… E isso explica muito sobre Neville… – Frank hesitou – Especialmente porque ele se sentiu tão mal naquela aula de Moody sobre as maldições…
– Sua mãe também deve ter sofrido muito. – Alice disse um pouco mais calma – Deve ter sido duro para ela criar Neville e ver você… No hospital…
– Acho que minha mãe fez o melhor que podia. – Frank suspirou – Ela devia morrer de medo de alguma coisa acontecer com Neville…
– Me pergunto o que aconteceu com a minha família. – Alice disse pensativa – Neville disse que minha mãe morreu… Mas não disse nada sobre meu pai.
– Talvez ele tenha conhecido seu pai. – Frank disse com um meio sorriso enquanto os outros voltavam para a sala em silêncio, Neville sentou-se entre os dois.
Tiago pegou o livro que Gina deixara sobre a mesa de centro, abriu no capítulo seguinte e leu:
– Capítulo XXXI – A terceira tarefa.
~~X~~
Hey leitores mais queridos do FeB! Quem frequenta o grupo sabe que não consegui postar durante o carnaval, foi um pouco complicado arranjar tempo, com pessoas aqui em casa e tudo mais, então o capítulo está saindo hoje. Vejam pelo lado bom, pelo menos o próximo capítulo vai chegar mais rápido...
- Gessica Lirio da Silva: Obrigada!
- Thales Riddle: Fico realmente feliz que você goste tanto da construção dos personagens, eu realmente me esforcei para manter a personalidade deles, mas incluir um pouco do que eu penso de cada um deles. O Snape fica muito calado porque ele não se sente muito a vontade para falar no meio de várias pessoas de quem ele não gosta. Além disso ele sempre foi mais um personagem de pensar e raciocinar do que de se expor. Quanto a Hermione e Harry, eles não podem falar muito mesmo, porque se não eles acabam deixando escapar coisas sobre as quais eles não podem comentar ainda...
- Juhh Potter Malfoy: De correria eu entendo bem! Eu tentei voltar a fazer jogos no grupo, mas a última vez que tentei fazer não deu muita gente e fiquei um pouco desanimada... Depois tenho que ver que dia é melhor e da mais gente para fazer jogo. Eu me emocionei muito escrevendo esse capítulo. Foi bem pesado para mim, espero que tenha conseguido transmitir tudo o que eu queria. Fico realmente feliz que você goste da construção dos personagens, eu sempre me esforço muito para manter eles dentro do que sabemos dos personagens e incluir um pouco do que eu penso. Realmente não pretendo parar, mas vai demorar bastante para terminar... Espero que você continue comigo até o final.
- Luiza Snape: Quando disse que não acho que Severo conseguiria, é apenas porque para se transformar em animago a pessoa precisa ter um interesse intenso em transfiguração e etc, e ele se interessa muito mais por Artes das Trevas e Poções do que por Transfiguração... É um ramo da magia em que a pessoa precisa estar 100% dedicada. Como disse na fic, é um ramo da magia completamente diferente. E ninguém da nova geração tenta, justamente porque é muito complicado, pelo menos tudo o que sabemos sobre o assunto mostra quão complexo é. McGonagall só se transformou anos depois de acabar a escola, por exemplo.
- MionGinnyLuna: Apesar de tudo, não acho que os Marotos, com o coração que eles tem, conseguiriam deixar de sofrer pelo Pedro. É complicado você se desvencilhar completamente depois de passar anos sendo amigo de uma pessoa.
- Ana Marisa Potter: Esse capítulo foi muito intenso para mim, espero que tenha conseguido transmitir para vocês tudo o que eu queria. Os Marotos não conseguiriam deixar de sentir alguma coisa com a tortura do Pedro, não depois de tudo que eles passaram juntos, por anos, na escola...
- Cibeli Cardoso: Eu realmente não compreendo as pessoas que não gostam dos Marotos, eu fico achando que eles não leram os mesmos livros que eu... Como alguém pode não gostar de um grupo de amigos que acolhe um lobisomem e o tratam como se não houvesse nada de diferente com ele e ainda se transformam em animagos apenas para que ele não se sinta sozinho durante a lua cheia? Não faz sentido nenhum para mim... E eu senti que eles realmente não conseguiriam ficar impassíveis vendo o sofrimento de uma pessoa que eles consideraram um amigo próximo por tantos anos, eles não são frios. Espero que eu tenha conseguido transmitir para vocês tudo o que eu queria durante esse capítulo.
- Tatiana Thays: Estamos combinadas! Sempre que conseguir um notebook você comenta! Eu gosto de demonstrar que casais não precisam estar se beijando ou se agarrando para demonstrar carinho um pelo outro. Eu vivo implicando com meu namorido, vivo rindo dele, brincando com ele, especialmente em público. É uma forma de carinho e intimidade e fico feliz que você tenha reconhecido isso, não é o tipo de coisa que as pessoas costumam perceber. Nem mesmo o Remo deve descobrir a verdade dessa vez, a verdade é um tanto complexa demais, e para eles o Crouch Jr. está morto... O negócio não é descobrir que é o Moody, o negócio é descobrir que o Moody não é realmente o Moody, esse é o grande mistério desse livro. Infelizmente a Luna não vai aparecer para ler os livros. Harry teve que tomar uma decisão na hora de escolher quem iria ler esses livros com eles, ele não podia deixar Rony e Hermione para trás, e depois de tudo o que aconteceu, ele decidiu não deixar a Gina para trás também. O Neville tinha o direito de conhecer os próprios pais, mas a Luna não tem razão de estar lá... Além disso, ela só aparece no quinto livro, seria complicado deixar ela ali durante quatro livros inteiros sem aparecer.
- Luana Mendes Potter: As vezes o FeB resolve dar problema, deve ter sido por isso que o seu outro comentário não apareceu aqui... OdF é o livro em que Harry mais sonha, mas no começo eles não devem perceber o que está acontecendo, devem achar que Harry está tendo sonhos normais. Os livros deixam bem claro que Pedro parecia incompetente na escola, quando os professores estão falando dele em PdA e Harry escuta, eles fazem Pedro parecer um bobalhão mesmo:
"— Pettigrew... Aquele gordinho que sempre andava atrás dos dois em Hogwarts? — perguntou Madame Rosmerta.
— Ele venerava Black e Potter como se fossem heróis — disse a Profª. Minerva. — Não estava bem à altura deles em termos de talento. Muitas vezes fui severa demais com ele."
Então acho que é isso que as pessoas se lembram na hora de escrever sobre ele na escola... Eu também tenho sérios problemas com o Snape, e sempre deixo eles bem claros, não acho que ele seja um herói, para mim no final ele estava apenas arrependido dos próprios atos. E não teria se arrependido se Voldemort tivesse resolvido matar o Frank, a Alice e o Neville. Teria continuado a ser um comensal da morte fiel. E sabemos muito bem o que os comensais da morte fazem, não é? Eu não acho que todos os personagens distinguam bem o Fred e o Jorge (vide Molly na plataforma no primeiro livro) acho que Harry diferencia bem eles, e por isso eles não costumam brincar muito com o Harry. Eu adoro o Rony, acho ele um dos melhores personagens, ele é amigo do Harry, sente uma certa inveja, mas sempre que o Harry precisa dele ele se joga de cabeça. E sobre Dumbledore, acho que nós já conversamos no grupo, não é? Eu tenho sérios problemas com o que ele considera certo para o "bem maior"... Exploro isso ainda mais em OdF, porque para mim todas as atitudes de Dumbledore em OdF foram extremamente sem consideração pelo Harry como ser humano, visando apenas o "bem maior".
- Izabella Bella Black: Os Marotos realmente percebem as coisas mais rápido que os outros, mas o mistério final do livro também é um tanto complicado, acho que nem eles devem conseguir pensar nisso... Acho que o Pedro é o tipo de pessoa que só toma atitudes quando pode ganhar alguma coisa com elas, e busca proteção dos mais fortes, como Sirius já falou nos livros, na escola os mais fortes eram Sirius e Tiago, fora da escola o mais forte era Voldemort. É como Voldemort falou no primeiro capítulo desse livro, ele poderia fazer a poção com qualquer outro bruxo, mas se ele fizesse com o Harry ele seria ainda mais forte. Então sim, de qualquer forma Voldemort voltaria, mas ele seria mais fraco... A única vez que Harry tinha razão em achar que a culpa era do Draco, foi em EdP, mas nem mesmo o Draco queria fazer o que estava fazendo e ele parecia outra pessoa completamente... Acho que se eu tivesse um assassino atrás de mim minha vida inteira eu teria aprendido a me defender na primeira oportunidade. Eu espero que eu tenha conseguido transmitir tudo o que eu queria com esse capítulo, foi um capítulo bem difícil para mim, muito emotivo.
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Comentários (17)
Mais um capítulo incrível. Desculpe se não comento em todos os capítulos, minha relação com Harry Potter é agridoce: as vezes eu morro de vontade de reler e ler fanfic e as vezes, não. Estava pensando no rumo da fanfic e do nada comecei a chorar pelas mortes do Sirius (meu personagem favorito), do Dumbledore (meu segundo personagem favorito) e do Remus, chorei de soluçar. E daqui uns, o que, 7 capítulos?, vai chegar no livro mais dramático da série. Sinto que vou chorar muito. Perdão, sou chorona. E também que a morte do Sirius foi a mais dramática da série inteira, pelo amor de Deus, se eu choraria mesmo sendo uma morte comum, imagina com os detalhes do sofrimento do Harry que a JK colocou? Sofrido.Até o próximo capítulo <3
2016-02-12Acho que não estou preparada psicologicamente para ver os marotos continuando a história, nos primeiros livros eram tristes os acontecimentos, mas agora tudo vai ficando cada vez mais claro e pior. Ja tava saindo uma lágrima ou outra antes mesmo de começar o capítulo, pq me recordava de como era triste saber o que aconteceu com os pais do Neville, mas quando li essa parte: "Grossas lágrimas escorriam pelo rosto de Alice, que se esforçava para segurar a mão de Frank pelas costas de Neville e a do próprio Neville ao mesmo tempo. – Nós nem ao menos reconhecemos você? – Alice perguntou sem conseguir conter o choro – Isso é terrível!– As coisas vão ficar bem. – Frank balbuciou – Vamos mudar isso… Vamos reconhecer você, e vamos criar você… E vamos levar você a jogos de quadribol junto com Tiago e Harry… E Sirius vai ensinar para você que sapos saíram de moda há décadas!– Isso! – Alice disse secando as lágrimas nas vestes – Vai dar tudo certo, vai ser tudo ótimo.". Eu cheguei a soluçar, kkkk Me da uma agonia tudo isso, e sei que ou chorar mais ainda no Priori Incantatem, pq orra aquele ali me mata, sinceramente é o capitulo mais tenso, e tento imaginar o Thiago e a Lily lendo a volta de Voldemort, Harry a ponto de ser assassinado e eles de certa forma voltando e ajudando ele, afinal eles nunca o abandonaram. Em OdF o negocio é tenso também né, Harry sofre demais e para mim ocorre uma das piores mortes da saga, amo demais um certo cachorro e nem quero imaginar a reação dos marotos ao lerem, afinal eles tem esperança do Harry ainda ir morar com Almofadinhas. Quer saber? OdF é cheio de lágrimas que até Dumbledore chora. Você fez uma enquete perguntando qual o ship que o pessoal mais gostava e tal, eu respondi Jily, e sinto falta da interação deles. Acho que sou romantica demais, e sinto que interagiam mais no primeiro livro q vc escreveu do que agora. Enfim, acho que ja falei de mais, mas não poderia deixar passar em branco um capítulo tão carregado de amoções.
2016-02-12Olá, posso dizer que sou nova aqui haha, fiz uma conta pra comentar pq não aguentava mais guardar meus pensamentos para mim mesma! Acontece que viajei no carnaval, depois de ter lido apenas Marotos lendo Harry Potter e a Pedra Filosofal e infelizmente, não levei meu notebook pra roça que fui passar o carnaval... fiquei lendo tudo no celular, não conseguia fazer cadastro e por muito pouco não pego um papel pra anotar tudo aquilo que gostaria de dizer sobre a fic! Enfim, são tantas coisas para comentar que fica dificil hahaha O seu modelo de história é simplesmente perfeito pra quem quer reler HP pela 100ª vez, no meu caso hahahaha, adorei que você se mantem fiel à personalidade de cada personagem, sem shippers malucos e etc. (Se bem que, apesar de amar o Ron, Remo daria um bom par para a Mione kkkkk) Brincadeiras a parte, quero muito que você saiba que estou muito feliz de ler suas histórias, e que elas valem cada esforço e tempo que vou tem doado. Espero muito que você nunca desista, mesmo que dure uns 5 anos até concluir MLHP e as Reliquias da Morte.... P.S.: Entendo seu ponto de vista sobre o Severo, apesar de eu gostar dele. Para mim ele é um personagem humano: errou, magoou, teve seus amigos, teve seus inimigos, é egoista, orgulhoso, rancoroso e nvejoso, mas no fim, o ato de arrependimento dele é o que torna digno de merecer estar junto aos Marotos, Lily, Alice e Frank lendo as histórias de Harry Potter. P.S. 2: Suas observações (sobre o comportamento de Dumbledore de deixar o Harry "largado", Harry "esquecer" que Remo não é só seu professor e principalmente o fato do Harry quase que menospresa as duas melhores heranças que alguém no mundo mágico poderia ter recebido: O Mapa e a Capa) são fatos de que eu nunca tinha parado pra perceber hahaha P.S. 3: Nem imagino como vai ser engraçado quando eles forem ler Enigma do Principe, o monstro no peito do Harry vai ser o melhor "personagem" hahahahaha
2016-02-11Olá, Não sei se você se lembra de mim, eu costumava comentar mais para o começo da fic, nos outros livros. Queria pedir desculpa por não ter comentado nos últimos (muitos) tempos. Fiquei sem computador e meu celular bugou e não enviava meus comentarios, nem aqui e nem no Nyah. Prometo que daqui em diante eu irei comentar em todos os capítulos. Amo muito sua fanfic. Sempre começo a ler fanfics assim, mas ninguém termina, então é um alívio ver que você não pretende desistir dessa preciosidade. Obrigada por tudo. E desculpa mesmo pela ausência. Bjs. Carol Beluzzo (Black)
2016-02-11São tantos choques para eles, que fico com dó deles!!! Imagino quando chegar no final do sexxto livro o choque vai ser tão grande que acho que alguns vão precisar de uma poção calmante. E no final do 7 livro então??? Vão surtar!!!
2016-02-11Meninaaaa se eu te contar que eu até sonhei com esse cap novo você acredita? Hahah mandei minha solitaçao lá no grupo, viu? Enfim, sobre o cap: adoro a forma como você coloca os pensamentos dos personagens. Sério. Ahhh fiquei tão triste pela Alice e pelo Frank (de novo). Imagina qnd eles lerem como eles realmente estão na ordem da fênix. Meu coração não aguenta absuxk já to no aguarde para as reações ao descobrir oq voldemort vai fazer pra ter um novo corpo e sobre quem é o espião. Beijosssss
2016-02-10Só um pequeno detalhe: A hermione já sabia que o Harry sabia dos pais do Neville. No 5° ano, no hospital, ele contou pra ela e pro rony e a gina sobre ter sabido antes. De resto, perfeito. Já roendo as unhas de ansiedade pra ver com vai ser a 3a tarefa, acho que é dessa vez que alguem infarta. Tadinha da Alice.(Imagina se, por algum motivo, algum dos marotos estava em algum desses julgamentos, de testemunha ou seilá o que? Acho que o harry teria chorado).
2016-02-10