A casa dos Riddle
– Capítulo I – A casa dos Riddle. – Rony leu.
– Riddle? – Lily perguntou alarmada – Como Tom Riddle? Como Voldemort…
– Mas… – Tiago gaguejou confuso – O que Harry estaria fazendo na casa dos Riddle…
– O livro segue o Harry… – Remo começou nervoso – Então o Harry tem que estar lá… Não é?
– Mas Harry foi para a casa dos trouxas. – Sirius disse coçando a cabeça preocupado – Ele não pode estar na casa dos Riddle...
– Acho melhor só começar o capítulo. – Hermione disse parecendo ansiosa.
Os habitantes de Little Hangleton continuavam a chamá-la de "Casa dos Riddle", ainda que já fizesse muitos anos desde que a família Riddle morara ali. A casa ficava em um morro com vista para o povoado, algumas janelas pregadas, telhas faltando e a hera se espalhando livremente pela fachada.
Outrora uma bela casa senhorial, e, sem favor algum, a construção maior e mais imponente de toda a redondeza, a Casa dos Riddle agora estava úmida, em ruínas, e desocupada.
As pessoas do local concordavam que a velha casa dava arrepios. Meio século antes uma coisa estranha e terrível acontecera ali, uma coisa que os antigos habitantes do povoado ainda gostavam de discutir quando faltava assunto para fofocas. A história fora requentada tantas vezes e enfeitada em tantos pontos, que ninguém mais sabia onde estava a verdade. Todas as versões, porém, começavam no mesmo ponto: cinqüenta anos antes, ao amanhecer de uma bela manhã de verão, quando a casa dos Riddle ainda era bem cuidada e imponente, uma empregada entrou na sala de estar e encontrou os três Riddle mortos.
– Três Riddles mortos? – Remo perguntou pensativo – A família de Voldemort?
– Parece que sim. – Tiago disse ainda nervoso – Acho que são os únicos Riddle que já apareceram na história…
– Mas… Eles eram trouxas? – Sirius perguntou extremamente confuso.
– É claro, como não me lembrei disso? – Tiago deu um tapa na própria testa – Ele disse na câmara que seu pai era trouxa! Deve ser o pai dele e a família.
– O que realmente mostra quão hipócrita ele é… – Gina murmurou.
A empregada saiu correndo morro abaixo, aos berros, até o povoado, e acordou o maior numero possível de pessoas.
— Caídos na sala com os olhos abertos! Gelados! Ainda com a roupa do jantar!
A polícia foi chamada e Little Hangleton inteiro fervilhou de espanto, curiosidade e mal disfarçada excitação. Ninguém gastou fôlego em fingir tristeza com o que acontecera aos Riddle, porque eles eram muito impopulares. Os velhos Sr. e Sra. Riddle tinham sido ricos, esnobes e grosseiros, e seu filho adulto, Tom, era tudo isso em grau maior.
– Tom? – Lily perguntou assustada – Mas ele não estava morto… Ele é Voldemort…
– É o pai dele... Eles tem o mesmo nome... – Tiago disse pensativo.
A preocupação de todos que moravam em Little Hangleton era a identidade do assassino — pois não havia dúvida de que três pessoas aparentemente saudáveis não poderiam ter morrido, na mesma noite, de causas naturais.
O Enforcado, o bar local, faturou sem parar aquela noite; os habitantes do povoado apareceram em peso para discutir a matança. Foram recompensados por terem deixado o conforto de sua lareira, quando a cozinheira dos Riddle apareceu teatralmente e anunciou para o bar, repentinamente silencioso, que um homem chamado Franco Bryce acabara de ser preso.
— Franco! — exclamaram várias pessoas. — Nunca!
Franco Bryce era o jardineiro dos Riddle. Morava sozinho em uma casa malcuidada na propriedade dos patrões. Voltara da guerra com uma perna dura e uma intensa aversão por ajuntamentos e barulhos, e, desde então, trabalhava para os Riddle.
Houve um corre-corre geral para pagar bebidas para a cozinheira e ouvir maiores detalhes.
— Sempre achei que ele era esquisito — disse a mulher aos ouvintes ansiosos, depois do quarto xerez. — Assim, antipático. Tenho certeza de que não ofereci a ele só uma xícara de chá, ofereci bem umas cem. Nunca quis se misturar, nunca mesmo.
— Ah — disse uma mulher sentada ao balcão —, mas ele passou muito sofrimento na guerra, e gosta de uma vida tranqüila. Isso não é razão...
— Quem mais tinha a chave da porta dos fundos, então? — vociferou a cozinheira. — Desde que me entendo por gente, sempre teve uma chave de reserva pendurada na casa do jardineiro! Ninguém forçou a porta ontem à noite! Não tem janelas quebradas! Franco só precisou entrar escondido na casa grande enquanto a gente dormia...
– Um bruxo não precisaria da chave. – Severo constatou – E pela descrição dos corpos, parece que os três receberam a maldição da morte…
Hermione acenava para que Rony continuasse lendo, parecia tão curiosa quanto os outros para saber o que havia acontecido.
As pessoas trocaram olhares tenebrosos.
— Eu sempre achei que ele tinha um jeito ruim, e não me enganei — resmungou um homem junto ao balcão.
— Foi a guerra que deixou ele esquisito, se querem saber a minha opinião — disse o dono do bar.
— Eu disse que não queria desagradar a Franco, não disse, Dot? — falou uma mulher agitada a um canto.
— Gênio terrível — concordou Dot acenando a cabeça com vigor. — Me lembro quando ele era criança...
Na manhã seguinte, quase ninguém em Little Hangleton duvidava que Franco Bryce tivesse matado os Riddle.
Mas na cidadezinha vizinha de Great Hangleton, na delegacia de polícia escura e feia, Franco teimava em repetir sem parar que era inocente e que a única pessoa que ele vira perto da casa, no dia da morte dos Riddle, fora um adolescente estranho, de cabelos negros e rosto pálido. Ninguém mais no povoado vira o tal garoto e a polícia não teve dúvidas de que Franco o inventara.
– Tom… – Gina tremeu – O garoto pálido de cabelos negros… É Voldemort…
– Então ele matou a própria família? – Frank perguntou com um calafrio.
– É o que parece. – Alice suspirou – Ele era tão novo…
– Ele é um monstro. – Gina murmurou – E já era um monstro quando estava em Hogwarts…
Então, quando as coisas estavam ficando muito feias para Franco, chegou o laudo sobre os cadáveres dos Riddle e tudo mudou.
A polícia nunca vira um laudo mais esquisito. Uma equipe de legistas examinara os corpos e concluíra que nenhum dos Riddle fora baleado, envenenado, esfaqueado, estrangulado, sufocado ou, pelo que sabiam, sofrera qualquer violência. Com efeito, continuava o laudo, em tom de inconfundível perplexidade, os Riddle, tirando o fato de que estavam mortos, pareciam gozar de perfeita saúde. Os legistas observaram (como se estivessem decididos a encontrar alguma coisa errada nos cadáveres) que cada membro da família tinha uma expressão de terror no rosto — mas, segundo afirmava a frustrada polícia, quem já ouvira falar de alguém morrer de pavor e como não havia a menor prova de que os Riddle tivessem sido assassinados, a polícia foi obrigada a soltar Franco. Os mortos foram enterrados no cemitério da igreja de Little Hangleton e, por algum tempo, suas sepulturas se tornaram alvo da curiosidade geral. Para surpresa de todos, e acompanhado por uma nuvem de desconfiança, Franco Bryce voltou para sua casinha na propriedade dos Riddle.
– Maldição da morte. – Severo disse confiante – Definitivamente é a maldição da morte…
— Para mim, foi ele quem matou a família e não me interessa o que a polícia disse — comentou Dot no Enforcado. — E se ele tivesse um pingo de decência, iria embora daqui, sabendo que a gente sabe que foi ele.
Mas Franco não foi embora. Ficou para cuidar do jardim para a família que veio morar logo depois na Casa dos Riddle, e para a próxima — porque nenhuma das duas se demorou muito. Em parte, talvez tenha sido por causa de Franco que cada proprietário dizia que o lugar dava uma sensação desagradável e, por falta de moradores, acabou se desmantelando.
O ricaço que era o atual dono da Casa dos Riddle nem morava lá nem dava um destino a casa, diziam no povoado que ele a mantinha por "causa dos impostos", embora ninguém entendesse muito bem o que significava isso. E o ricaço continuou a pagar a Franco para cuidar da jardinagem. Ele agora se aproximava do seu septuagésimo sétimo aniversário, muito surdo, a perna mais dura que nunca, mas era visto trabalhando pelos jardins quando fazia bom tempo, embora o mato já começasse a levar a melhor.
– Sabe o que eu não estou entendendo? – Tiago disse encarando Harry, Rony e Hermione. – Harry ainda não apareceu nesse capítulo… Fora o primeiro capítulo do primeiro livro, tudo até agora foi sob o ponto de vista de Harry…
– E eles realmente parecem tão curiosos quanto a gente pela primeira vez. – Sirius disse concordando com Tiago – Isso não faz sentido…
– Mas se nenhum de vocês estava lá… Como isso pode estar no livro? – Lily perguntou pensativa.
– Na verdade… – Remo franziu o cenho – Eu estou curioso sobre isso desde o inicio… Quem escreveu esses livros?
– Nós… – Hermione hesitou – Nós não sabemos. – concluiu com um suspiro.
– Como assim vocês não sabem? – Tiago perguntou exaltado – De onde esses livros vieram?
– Você disse que explicaríamos a eles quando eles perguntassem. – Harry deu de ombros.
– Ok. – Hermione suspirou – Uma pessoa em quem nós confiamos muito, e não vamos dizer quem é, nos deu esses livros. Nós tinhamos a opção de envia-los no tempo e esperar o resultado, ou vir com eles.
– Nós obviamente resolvemos vir com eles. – Rony encolheu os ombros.
– Nós também deveríamos escolher as pessoas que leriam os livros. – Harry acrescentou – Mas nós só sabíamos do que se tratavam os livros, não conhecíamos o conteúdo.
– A pessoa que nos entregou explicou que eles vieram do futuro… – Hermione continuou a explicação – Do nosso futuro no caso. E estava encantado para receber os nomes das pessoas que o leriam, e só se revelaria completamente com todos os escolhidos presentes.
– Então nós não sabemos quem escreveu o livro. – Harry suspirou – Eu fiquei espantado em saber algumas coisas que o livro sabia sobre mim, que eu nunca contei a ninguém…
– Como o que? – Lily perguntou curiosa.
– Como o meu cabelo que crescia sempre que era cortado. – Harry deu de ombros.
– Então vocês não sabem nada do que está escrito nos livros? – Frank perguntou confuso.
– Até agora o livro só falou verdades… Algumas coisas que nós nem sabiamos como a história desse Franco Bryce e o assassinato dos Riddle… – Hermione disse – Outras que eram intimas, como a infância de Harry. Mas nenhuma mentira, nem mesmo um exagero.
– Tudo exatamente da forma como eu me lembro. – Harry acrescentou.
– A maior parte dos livros até agora eram sob seu ponto de vista. – Remo ponderou – Então apenas pensei que você havia escrito os livros, ou contado a história para alguém escrever.
– Talvez meu eu-futuro tenha feito isso. – Harry deu de ombros – Mas a pessoa que escreveu teve mais informantes… Eu nunca soube nada disso.
– Isso é impressionante… – Tiago disse abismado – Agora estou ainda mais curioso para chegar ao final do livro.
O mato não era, no entanto, o único problema que Franco precisava enfrentar. Os garotos do povoado tinham criado o hábito de atirar pedras nas janelas da Casa dos Riddle. Passavam de bicicleta por cima da grama que Franco se empenhava tanto para manter aveludada. Umas duas vezes eles haviam arrombado a velha casa para ganhar apostas. Sabiam que o velho Franco era dedicado à propriedade e achavam graça vê-lo mancando pelo jardim, brandindo a bengala e ralhando, a voz roufenha, com os invasores. Franco, por sua vez, acreditava que os garotos o atormentavam porque, tal qual seus pais e avós, achavam que ele era um assassino. Por isso, quando acordou certa noite de agosto e viu uma coisa muito estranha na casa, ele simplesmente supôs que os garotos estivessem indo um pouco mais longe em suas tentativas de castigá-lo.
– Acho que o Franco devia apenas voltar a dormir… – Lily disse receosa – Alguém na casa do pai de Voldemort, no meio da noite… Não me parece um bom presságio.
Foi a perna dura que o acordou; doía mais do que nunca agora na velhice.
Franco se levantou e desceu as escadas até a cozinha pensando em tornar a encher a bolsa de água quente para aliviar a rigidez do joelho. Parado a pia, enchendo a chaleira, ele olhou para a Casa dos Riddle e viu uma luz brilhando nas janelas do primeiro andar. Franco percebeu na mesma hora o que estava acontecendo. Os garotos tinham invadido novamente a casa e, a julgar pelo bruxuleio da luz, haviam acendido a lareira.
Franco não possuía telefone e, de qualquer modo, desconfiava demais da polícia, desde que esta o levara para interrogatório depois das mortes dos Riddle.
Na mesma hora, ele pousou a chaleira, correu para cima o mais rápido que a perna dura lhe permitiu, e logo voltou à cozinha, completamente vestido, e apanhou uma velha chave enferrujada no gancho junto à porta. Depois, pegou a bengala, que deixara apoiada na parede, e saiu pela noite.
– Não é uma boa ideia. – Alice murmurou nervosa – Realmente não é uma boa ideia…
A porta de entrada da Casa dos Riddle não tinha sinais de arrombamento, e o mesmo acontecia com as janelas. Andando com dificuldade, Franco contornou a casa em direção aos fundos até chegar a uma porta semi-escondida pela hera, apanhou a velha chave, enfiou-a na porta e abriu -a silenciosamente.
Entrou em uma cozinha cavernosa. Havia muitos anos não entrava ali; ainda assim, mesmo no escuro, ele se lembrou de onde era a porta para o corredor e tateou até encontrá-la, as narinas invadidas pelo cheiro de podridão, os ouvidos atentos a qualquer som de passos ou vozes no primeiro andar.
Chegou ao corredor, que estava um pouquinho mais claro, graças às grandes janelas de caixilhos que havia de cada lado da porta de entrada, e começou a subir as escadas, abençoando a poeira grossa que cobria a pedra, porque abafava o som dos seus passos e de sua bengala.
– Volta para casa Franco… – Frank murmurou, todos já imaginavam quem deveria estar na casa para isso ser relevante o bastante para aparecer no livro – Você não precisa ir investigar… Apenas vá dormir.
No patamar, Franco virou à direita e viu imediatamente onde se encontravam os intrusos: no finzinho do corredor havia uma porta entreaberta de onde saía uma luz vacilante, que projetava uma longa nesga dourada no chão escuro. Franco foi se aproximando mais, segurando a bengala com firmeza. A alguns passos da entrada, conseguiu entrever uma faixa estreita do quarto adiante.
O fogo estava aceso na lareira. Isto o espantou. Parou e escutou com atenção, porque uma voz masculina falava dentro do quarto; parecia tímida e temerosa.
— Sobrou um pouco na garrafa, milorde, se ainda tiver fome.
– Não é assim… – Alice tremeu – Que os seguidores chamam Voldemort?
– Exatamente assim. – Sirius confirmou apreensivo.
– Isso significa que… – Lily murmurou temerosa – Ele voltou?
– Só tem um jeito de saber. – Remo disse fazendo sinal para Rony continuar lendo.
— Mais tarde — respondeu uma segunda voz. Esta também pertencia a um homem, mas era estranhamente aguda e fria como uma rajada repentina de vento gélido. Alguma coisa naquela voz fez os poucos cabelos na nuca de Franco ficarem em pé. — Me leve mais para perto do fogo, Rabicho.
Tiago, Remo e Sirius suspiraram ao mesmo tempo.
– Parece que a profecia de Trelawney se realizou. – Tiago disse fechando os olhos decepcionado.
– O rato definitivamente encontrou Voldemort… – Sirius suspirou – E agora Harry realmente está em perigo.
– E agora? – Lily olhou para Harry receosa – O que vai acontecer?
– Vamos continuar lendo. – Harry deu de ombros e fez sinal para Rony voltar à leitura.
Franco virou a orelha direita para a porta, para ouvir melhor. Ouviu o tinido de uma garrafa que alguém pousava sobre uma superfície dura, depois o ruído prolongado e seco de uma cadeira pesada arrastando pelo chão. O jardineiro viu de relance um homenzinho, de costas para a porta, empurrando a cadeira conforme lhe pediram. Usava uma longa capa preta, e tinha uma grande pelada na parte de trás da cabeça.
Depois, ele desapareceu de vista.
— Aonde foi Nagini? — perguntou a voz fria.
— N... Não sei, milorde — disse a primeira voz, nervosamente. — Saiu para explorar a casa, acho...
– Isso não é bom! – Neville disse apreensivo – Isso não é nada bom.
– Quem é Nagini? – Frank perguntou curioso.
– Acho que vocês já vão descobrir. – Rony disse voltando a ler.
— Você vai ordenhá-la antes de nos recolhermos, Rabicho — disse a segunda voz. — Vou precisar me alimentar durante a noite. A viagem me deu uma enorme canseira.
– Ordenhá-la? – Sirius perguntou franzindo os lábios – Nagini é uma vaca?
– Não… – Gina disse com aparente asco – Antes fosse…
A testa enrugada, Franco inclinou o ouvido para mais perto da porta, e escutou. Houve uma pausa e, em seguida, o homem chamado Rabicho tornou a falar.
— Milorde, posso perguntar quanto tempo vamos ficar aqui?
— Uma semana — disse a voz fria. — Talvez mais. O lugar é razoavelmente confortável, e ainda não podemos dar seguimento ao plano. Seria tolice agir antes do fim da Copa Mundial de Quadribol.
Franco meteu um dedo nodoso no ouvido e girou-o. Com certeza, devido ao acúmulo de cera, ele ouvira a palavra "Quadribol", uma palavra que não existia.
— A... A Copa Mundial de Quadribol, milorde? — admirou-se Rabicho. (Franco enfiou o dedo com mais força no ouvido.) — Me perdoe, mas... Não compreendo... Por que precisamos esperar o fim da Copa Mundial?
— Porque, seu tolo, neste exato momento estão chegando ao país bruxos do mundo inteiro e todos os bisbilhoteiros do Ministério da Magia estarão em campo, à procura de sinais de atividades incomuns, verificando identidades e tornando a verificá-las. Estarão obcecados com a segurança, tentando impedir que os trouxas percebam alguma coisa. Por isso vamos aguardar.
– Não estou gostando nada do rumo dessa conversa. – Tiago trincou os dentes nervoso.
– Seria pedir muito que esse plano não tivesse nada a ver com Harry? – Lily perguntou chorosa.
Franco parou de tentar desentupir o ouvido. Ouvira distintamente as palavras "Ministério da Magia", "bruxos" e trouxas. Era óbvio que cada uma dessas expressões significava alguma coisa secreta, e Franco só conseguia pensar em dois tipos de gente que falava em código — espiões e bandidos. Franco apertou mais a bengala e apurou ainda mais os ouvidos.
— Milorde continua decidido, então? — perguntou Rabicho em voz baixa.
— Claro que estou decidido, Rabicho. — Agora havia um tom de ameaça em sua voz fria.
Seguiu-se uma pausa — e então Rabicho falou, as palavras saíram de sua boca num atropelo, como se ele estivesse se obrigando a falar antes de perder a coragem.
— Poderia ser feito sem o Harry Potter, milorde.
– É claro! – Lily soluçou – É claro que o que quer que fosse envolveria você, não é? Será que vocês realmente não tiveram um ano de paz?
– Eu odeio ser obrigado a ressaltar isso, Lily, – Remo disse – mas se você parar para reparar, os livros só estão aumentando… Esse parece ter pelo menos o dobro do tamanho do outro.
Outra pausa, mais longa, e então...
— Sem o Harry Potter? — sussurrou a segunda voz. — Entendo...
— Milorde, não estou dizendo isso porque me preocupo com o garoto! — explicou Rabicho, a voz subindo esganiçada. — O garoto não significa nada para mim, nadinha! É só porque se usássemos outro bruxo ou bruxa, qualquer um, a coisa poderia ser feita muito mais rapidamente! Se o senhor me permitisse deixá-lo por algum tempo... O senhor sabe que posso me disfarçar com muita eficiência... Eu voltaria em apenas dois dias com a pessoa necessária...
– Rato. – Sirius disse com ojeriza – Ele não teria nem a capacidade de se disfarçar se não fosse pelo Tiago
– E ele está oferecendo outro bruxo para o que quer que seja como se fossemos descartáveis. – Alice disse horrorizada.
– Para ele, pessoas em geral são descartáveis. – Gina murmurou ligeiramente soturna, quando se tratava de Voldemort ela perdia completamente o bom humor.
— Eu poderia usar outro bruxo — disse a primeira voz, baixinho — é verdade...
— Milorde, faz sentido — disse Rabicho, parecendo muito mais aliviado — pôr as mãos em Harry Potter seria tão difícil, ele está tão bem protegido...
— E então você se oferece para ir buscar um substituto? Estranho... Talvez a tarefa de cuidar de mim tenha se tornado cansativa para você, Rabicho? A sugestão de abandonar o plano não seria apenas uma tentativa de me abandonar?
— Milorde! N... Não tenho nenhum desejo de deixá-lo, absolutamente nenhum...
— Não minta para mim! — sibilou a segunda voz. — Sempre percebo, Rabicho! Você está arrependido de ter voltado para mim. Eu o horrorizo. Vejo você fazer careta quando olha para mim, sinto você estremecer quando me toca…
— Não! Minha devoção a milorde...
— Sua devoção não passa de covardia. Você não estaria aqui se tivesse aonde ir. Como posso sobreviver sem você, quando preciso que alguém me alimente a intervalos regulares? Quem vai ordenhar Nagini?
Snape ouviu o diálogo com estranheza, por que Voldemort precisaria de cuidados a ponto de parecer temer o abandono? Aquele com certeza não parecia o bruxo das trevas mais poderoso que existiu. Não soava nem ao menos como um adulto independente.
— Mas o senhor parece tão mais forte, milorde...
— Mentiroso — sussurrou a segunda voz. — Não estou mais forte e uns poucos dias sozinho seriam suficientes para me roubar a pouca saúde que recuperei com os seus cuidados desajeitados. Silêncio!
Rabicho, que estivera resmungando incoerentemente, calou-se na mesma hora. Durante alguns segundos, Franco não ouviu nada exceto o crepitar do fogo.
Então o segundo homem recomeçou a falar, num sussurro que era quase um silvo.
— Tenho minhas razões para usar o garoto, como já lhe expliquei, e não vou usar mais ninguém. Esperei treze anos. Mais uns meses não me farão diferença. Quanto à proteção que rodeia o garoto, creio que o meu plano funcionará. Preciso apenas um pouco de coragem de sua parte, Rabicho, e você encontrará coragem, a menos que queira sentir o peso da cólera de Lord Voldemort...
– Essa conversa toda é muito estranha. – Tiago disse pensativo – Voldemort parece fraco e incapaz de cuidar de si mesmo… Por que, ainda assim, Pedro tem medo dele?
– Se ele ainda tiver a varinha, a fraqueza dele não interfere em nada no poder… – Severo deu de ombros.
— Milorde, tenho que falar! — disse Rabicho, agora com pânico na voz. — Durante a nossa viagem repassei mentalmente o plano, milorde, o desaparecimento de Berta Jorkins não passará despercebido por muito tempo, e se dermos seguimento a ele, se eu enfeitiçar...
– Berta Jorkins? – Alice perguntou franzindo o cenho – Não é aquela garota fofoqueira da Lufa-lufa que estava no terceiro ano quando nós entramos em Hogwarts?
– Acho que sim. – Frank disse coçando a cabeça – Não foi ela que começou um jornalzinho cheio de fofocas ridículas quando estávamos no terceiro ano?
– Exatamente. – Tiago bufou – Ela falou várias besteiras sobre mim nele… Dumbledore baniu o jornal depois da segunda edição.
– Mas o que Pedro quer dizer com desaparecimento? – Sirius perguntou preocupado – Ela era uma cabeça de vento, mas ela não merecia ir parar nas mãos de Voldemort…
– Não acho que alguém mereça. – Lily suspirou.
— Se? — murmurou a primeira voz. — Se? Se você der seguimento ao plano, Rabicho, o Ministério jamais precisará saber que mais alguém desapareceu. Você fará isso em surdina, sem confusão; eu bem gostaria de fazer isso pessoalmente, mas na minha condição atual... Vamos, Rabicho, mais um obstáculo vencido, e o caminho até Harry Potter estará livre. Não estou pedindo que você aja sozinho. Até lá, o meu fiel servo terá se reunido a nós...
– Achei que Pettigrew era o fiel servo… – Alice disse confusa.
– Não é o que Voldemort parece pensar. – Remo disse em tom de desagrado.
– Pedro só é fiel a ele mesmo. – Sirius disse entredentes – Ele só faz coisas que podem beneficiá-lo.
– Isso certamente não caracteriza uma pessoa fiel. – Frank deu de ombros – Mas se ele não é o servo fiel, quem é?
– Não sei… – Tiago disse olhando de soslaio para Snape – Mas pode ser qualquer um dos comensais da morte dele…
— Eu sou um servo fiel — disse Rabicho, com um levíssimo traço de aborrecimento na voz.
— Rabicho, preciso de alguém com cérebro, alguém que nunca tenha vacilado em sua lealdade, e você, infelizmente, não satisfaz nenhum dos dois requisitos.
– Nunca imaginei que concordaria com Voldemort em alguma coisa. – Sirius disse com desprezo.
— Eu o encontrei — disse Rabicho, e agora decididamente havia irritação em sua voz. — Fui eu que o encontrei. Fui eu que lhe trouxe Berta Jorkins.
— É verdade — disse o segundo homem, parecendo achar graça. — Um lance de genialidade que eu nunca teria achado possível em você, Rabicho, embora, a verdade seja dita, você não fizesse idéia do quanto ela seria útil quando a pegou, não é?
— Eu... Eu achei que ela poderia ser útil, milorde...
— Mentiroso — disse novamente a primeira voz, a zombaria cruel mais acentuada do que nunca. — Mas não nego que a informação da mulher foi preciosa. Sem ela, eu nunca poderia ter traçado o nosso plano, e por isso você terá a sua recompensa, Rabicho. Vou deixá-lo realizar uma tarefa essencial para mim, uma que muitos seguidores meus dariam a mão direita para realizar...
— V... Verdade, milorde! Qual...? — Rabicho parecia outra vez aterrorizado.
— Ah, Rabicho, você não quer que eu estrague a surpresa! Sua parte virá bem no finzinho... Mas, prometo que você terá a honra de ser tão útil quanto Berta Jorkins.
– Não acho que Berta Jorkins tenha se sentido honrada… – Alice suspirou nervosa.
— O senhor... O senhor... — a voz de Rabicho saiu repentinamente rouca, como se sua boca tivesse ficado muito seca. — O senhor... Vai... Me matar, também?
Lily soluçou, nunca fora amiga de Berta Jorkins, nunca nem ao menos falou com ela, mas ainda assim, saber que ela também será morta por Voldemort a deixou sensibilizada.
– Berta não merecia isso. – Tiago franziu a boca – E mais uma vez, Pedro entregou alguém a Voldemort…
— Rabicho, Rabicho — disse a voz fria suavemente —, por que eu iria matá-lo? Matei Berta porque precisei. Ela não servia para mais nada depois do meu interrogatório, completamente inútil. Em todo o caso, haveria perguntas embaraçosas se ela tivesse voltado ao Ministério com a notícia de que encontrara você nas férias. Seria melhor que bruxos presumivelmente mortos não esbarrassem em bruxas do Ministério da Magia em hotéis à beira de estradas...
Rabicho murmurou alguma coisa tão baixinho que Franco não pôde ouvir, mas fez o segundo homem rir — uma risada sem alegria, fria como a sua fala.
— Poderíamos ter alterado a memória dela? Mas os Feitiços da Memória podem ser desfeitos por um bruxo poderoso, como eu provei ao interrogá-la. Teria sido um insulto à memória da bruxa não usar as informações que ela me forneceu, Rabicho.
– Então o plano dele é todo baseado em informações que ele arrancou de Berta? – Remo mordeu o lábio preocupado – E ela pelo visto estava trabalhando no ministério…
– Isso é muito ruim. – Sirius murmurou – Muito ruim mesmo.
Fora no corredor, Franco de repente percebeu que a mão que segurava a bengala se tornara escorregadia de suor. O homem de voz fria tinha matado uma mulher.
E falava disso sem um pingo de remorso — divertia-se. Ele era perigoso — um doido. E estava planejando outros assassinatos — esse garoto, Harry Potter, fosse ele quem fosse — corria perigo...
O jardineiro sabia o que devia fazer. Agora, como nunca antes, estava na hora de ir a policia. Ele sairia silenciosamente da casa e iria direto à cabine telefônica no povoado... Mas a voz fria recomeçara a falar e Franco continuou onde estava, paralisado, escutando tudo que podia.
– Não Franco. – Frank murmurou nervoso – Saia dai enquanto ainda há tempo.
– Mesmo que ele vá a policia, – Severo disse soturno – de nada vai adiantar, apenas mais trouxas acabariam mortos…
– Mas pelo menos Franco se salvaria. – Lily disse triste – E talvez achassem que ele é maluco e ninguém morreria.
— Mais um feitiço... Meu fiel servo em Hogwarts... E Harry Potter será praticamente meu, Rabicho. Está decidido. Não haverá mais discussões. Mas fique quieto... Acho que ouvi Nagini...
– Então o servo dele está em Hogwarts. – Tiago disse olhando diretamente para Snape – Imagino que esse servo fiel esteja em uma boa posição para atacar Harry…
– Tiago. – Hermione disse cuidadosa – É melhor não tomar conclusões precipitadas…
– Ok. – Tiago disse tirando os olhos de Snape e voltando-se para o livro – Então vamos saber mais sobre o assunto antes de tirar conclusões…
E a voz do segundo homem mudou. Começou a emitir ruídos que Franco jamais ouvira na vida, sibilava e bufava sem inspirar. Franco achou que ele devia estar tendo algum tipo de ataque ou acesso.
E então o jardineiro ouviu um movimento às suas costas no corredor escuro. Virou-se para olhar e quedou paralisado de medo.
Alguma coisa deslizava em sua direção pelo chão escuro do corredor, e quando se aproximou da nesga de luz, ele percebeu, com um choque de terror, que era uma cobra gigantesca, no mínimo, com três metros de comprimento.
– Então Nagini é a cobra de Voldemort? – Sirius perguntou com uma expressão de repulsa – Isso quer dizer que Pedro está ordenhando uma cobra?
– Isso é realmente nojento. – Alice disse com ansias.
– E parece que Voldemort se alimenta disso. – Frank disse se mexendo incomodado.
Apavorado, pregado no chão, ele viu aquele corpo ondulante abrir uma trilha larga e curva na poeira espessa do chão, sempre mais próximo, o que faria?
O único meio de fugir era entrar no quarto onde os dois homens estavam sentados planejando matar, mas se ele ficasse onde estava a cobra certamente o mataria...
Mas antes que se decidisse, a cobra emparelhou com ele e então, incrivelmente, milagrosamente, passou; orientava-se pelos silvos e bufos que a voz fria emitia do outro lado da porta e, em segundos, a ponta do rabo da cobra, malhada de losangos, desapareceu pela abertura.
Havia suor na testa de Franco agora e a mão na bengala tremia.
No quarto, a voz fria continuava a silvar, e ocorreu a Franco uma idéia estranha, uma idéia impossível... Esse homem podia falar com as cobras. Franco não entendia o que estava acontecendo. Queria mais do que tudo voltar para a cama com a sua bolsa de água quente. O problema é que suas pernas não pareciam querer se mexer.
Enquanto estava parado ali, trêmulo, tentando se controlar, a voz fria voltou de repente a falar em inglês.
– Saia dai Franco, saia dai! – Alice murmurou temerosa – Ele fala com cobras, ela vai te denunciar…
— Nagini trouxe notícias interessantes, Rabicho.
— Ver... Verdade, milorde? — respondeu Rabicho.
— Verdade. Segundo Nagini, tem um velho trouxa parado do lado de fora do quarto, escutando cada palavra que dizemos.
Franco não teve a menor chance de se esconder. Ouviu passos e em seguida a porta do quarto se escancarou. Um homem baixo de cabelos grisalhos e ralos, um nariz pequeno e pontudo, olhos lacrimosos, parou diante dele com uma mescla de medo e susto no rosto.
— Convide-o a entrar, Rabicho. Onde está a sua educação?
A voz fria vinha de uma velha poltrona diante da lareira, mas Franco não conseguiu ver quem falava. A cobra, por sua vez, se enroscara no tapete podre diante da lareira, em uma medonha imitação de bichinho de estimação.
Rabicho fez sinal para Franco entrar. Embora continuasse profundamente abalado, Franco segurou com firmeza a bengala e, coxeando, cruzou o portal.
O fogo na lareira era a única fonte de luz no quarto; projetava sombras longas e aranhosas nas paredes. Franco fixou o olhar nas costas da poltrona; o homem sentado nela parecia ser ainda menor do que o seu criado, pois Franco não conseguia sequer ver a parte de trás de sua cabeça.
– Voldemort não é mais baixo que Pedro… – Tiago disse estranhando a informação.
– Isso só pode significar que ele ainda não recobrou o corpo. – Severo disse pensativo – Deve estar em alguma forma parecida com a que estava antes de coabitar o corpo de Quirrel…
– E qual seria essa forma? – Remo perguntou temeroso.
– Não temos como saber. – Severo deu de ombros – Mas não é humano. – completou deixando todos desconfortáveis.
— Você ouviu tudo, trouxa? — perguntou a voz fria.
— Do que foi que o senhor me chamou? — perguntou Franco, desafiando-o, porque agora que estava dentro do quarto, agora que chegara a hora de agir, ele se sentia mais corajoso, sempre fora assim na guerra.
— Chamei-o de trouxa — disse a voz calmamente. — Isso quer dizer que você não é bruxo.
— Eu não sei o que o senhor quer dizer por trouxa — respondeu Franco, com a voz mais firme. — Só sei é que esta noite ouvi o suficiente para despertar o interesse da polícia, ah, isto eu ouvi. O senhor já matou uma vez e está planejando matar mais! E vou-lhe dizer outra coisa, — acrescentou, numa súbita inspiração — minha mulher sabe que estou aqui e se eu não voltar...
— Você não tem mulher. — disse a voz fria, muito baixinho. — Ninguém sabe que você está aqui. Você não disse a ninguém que vinha. Não minta para Lord Voldemort, trouxa, porque ele sabe... Ele sempre sabe...
– Ele é um dos melhores legilimens que já existiu… – Severo murmurou – Apenas um oclumens brilhante seria capaz de mentir para ele…
– E você está estudando para ser um oclumens competente o bastante? – Lily perguntou de repente – Você sempre me disse que queria ser um grande oclumens…
– Não seria uma coisa ruim. – Severo respondeu austero.
— É mesmo? — retrucou Franco com aspereza. — Lord é? Ora, não tenho muito respeito pelos seus modos, milorde. Vire-se e me encare como homem, por que não faz isso?
— Mas eu não sou homem, trouxa — retrucou a voz fria, quase inaudível devido ao crepitar das chamas. — Sou muito, muito mais do que um homem. Mas... Por que não? Vou encará-lo... Rabicho, venha virar minha poltrona. O servo deu um gemido.
— Você me ouviu, Rabicho.
– Eu sei que não é o momento… – Tiago disse franzindo a testa de repente – Mas tem uma coisa me perturbando muito…
– O que? – Sirius perguntou encarando o amigo.
– Voldemort só chama Pedro de Rabicho… – Tiago disse franzindo o cenho – Sei que isso não é relevante, mas me incomoda… Rabicho foi o apelido que nós demos a ele, quando pensamos que ele era nosso amigo… Voldemort está maculando cada pequena memória boa que eu ainda tenho de Pedro…
– Entendo o que quer dizer. – Remo concordou com Tiago enfático – Me atingiu também… É como uma afronta a todos nós…
– Acho que tem mais a ver com uma afronta a Pedro… – Sirius disse coçando o queixo – É como se ele quisesse fazer Pedro lembrar da traição dele o tempo todo.
– Mas isso não atingiria aquele rato nojento, – Tiago bufou – ele não tem consciência o bastante para isso.
Lentamente, com o rosto contraído, como se preferisse fazer qualquer coisa a ter que se aproximar do seu senhor e do tapete em que se deitara a cobra, o homenzinho se adiantou e começou a girar a cadeira. A cobra ergueu a feia cabeça triangular e sibilou baixinho quando as pernas da poltrona se prenderam no tapete.
E, então, a poltrona ficou de frente para Franco e ele viu o que havia nela.
Sua bengala caiu no chão com estrépito. Ele abriu a boca e soltou um grito. Gritou tão alto que nunca ouviu as palavras que a coisa na poltrona disse ao erguer a varinha. Houve um relâmpago de luz verde, um ruído farfalhante e Franco Bryce desabou. Morreu antes de bater no chão.
– Pobre Franco… – Frank lamentou – Ele definitivamente não merecia morrer assim…
– Ninguém merece morrer assim. – Lily suspirou triste.
A trezentos quilômetros dali, o garoto chamado Harry Potter acordou assustado.
– Então você sonhou com isso? – Tiago encarou Harry preocupado.
– Não com tudo isso… – Harry disse cuidadoso.
– Harry, você não pode falar sobre essas coisas. – Hermione disse pegando o livro de Rony.
– Espera. – Lily disse quando Hermione virou a página e abriu a boca para continuar a leitura – Me deixe entender algumas coisas… Então Voldemort tem um plano para capturar Harry…
– E provavelmente para matá-lo. – Sirius confirmou nervoso.
– E ele tem um servo em Hogwarts que vai ajudá-lo com esse plano… Ele usou Berta para conseguir as informações, e ela trabalha no ministério… – Lily compilou todas as informações importantes do capítulo.
– É isso mesmo. – Tiago concordou – Harry está correndo mais riscos do que correu nos últimos três livros… Mas acho melhor continuar lendo de uma vez.
Hermione baixou os olhos para o livro e leu:
– Capítulo II – A cicatriz.
Hey leitores mais queridos do FeB, espero que tenham gostado do primeiro capítulo de CdF, e espero ver todos vocês comentando e participando aqui e no grupo. Obrigada a todos que estiveram comigo desde o inicio, e sejam bem-vindos todos os que estão começando agora. Considero CdF o "meio do caminho" e espero que continuem comigo até o final.
- Inghara: Espero que tenha dado tudo certo e que tenha conseguido passar de série direitinho! E é claro que não fico chateada de você não ter comentado por precisar estudar, eu entendo. Fico feliz que você goste tanto das coisas que escrevo e vou me esforçar bastante para manter as próximas fics tão boas quanto as três primeiras. Obrigada por me acompanhar até aqui, espero ver você comentando CdF e espero ver você aparecendo mais no grupo.
- Estrela Sirius.: Fico feliz que esteja gostando tanto do site. Eu sempre respondo os comentários, para mim é a melhor forma de mostrar minha gratidão a todos os meus leitores, afinal se vocês se dão ao trabalho de comentar eu posso muito bem mostrar minha consideração respondendo. Vou ver se dou uma olhadinha na sua fic quando eu tiver tempo. Sinta-se a vontade para divulgar ela pelo grupo da fic, apenas meus leitores tem autorização para fazer isso.
- Flaa: Obrigada! Espero que goste de CdF.
- Regiane Helena: Contanto que você não desapareça de vez tudo bem. Eu entendo bem como é quando temos muitos compromissos. Obrigada por sempre deixar comentários tão simpáticos, espero te ver em CdF! E eu sempre pensei que Harry precisava conviver um pouco com os pais, conhecê-los e saber mais sobre a própria família.
- Ariane Potter: Ahh, eu adoro o FeB, apesar de não estar gostando muito do novo... Espero que goste do CdF e que compartilhe comigo sua opinião sempre que possível. Eu nunca gostei do Snape então para mim ele é insuportável sempre. Eu adorei escrever o momento pai e filho que coloquei no penúltimo capítulo de PdA e com certeza ainda vou colocar mais desses por ai. Quanto aos jogos, não deixe de tentar, com o tempo você pega a prática e vai começar a responder tão rápido quanto elas. Não se preocupe, não vou abandonar a fic.
- MionGinnyLuna: Tudo bem não ter comentado nos outros capítulos, só não pode me abandonar, ok? Eu adoro pesquisar para deixar a fic mais fiel ao que a JK disse e mais completa possível! E ainda não tinha começado CdF quando você comentou mesmo... Tenho uma amiga que sempre me mostra coisas que ela acha no tumblr, mas eu realmente nunca aprendi a usar... Mas fico realmente feliz que o tumblr tenha feito você se tornar uma pessoa melhor!
- Bruh Potter: Sempre fico feliz quando me dizem que criaram uma conta para comentar minha fic, fico honrada de verdade! Mas sem querer ser chata, meu nome não tem acento! Hahaha. Eu amei escrever PdA apesar de ter sido a mais difícil de escrever até o momento. Eu adoro que você goste do que fiz com a Alice, eu realmente precisava de um personagem que representasse o mundo bruxo como um todo e por algum motivo ela se encaixou perfeitamente no personagem. E eu nunca gostei de fics em que o Tiago e a Lily ficam juntos do nada, eu sempre imagino que eles precisaram de um tempo para aprender mais um sobre o outro e com isso descobrirem que se amam por quem são de verdade. Eu também gosto muito de quando a Gina é maldosa, apesar de que se ela tivesse ficado com o trio todo o tempo ela não teria se tornado a bruxa forte que se tornou. E eu também estou ansiosa para mostrar a mudança de Neville, ele é um personagem de muito valor, apesar de só ter aparecido de forma significativa depois de OdF. E eu gosto de mostrar eles brigando por coisas que não aconteceram ainda por que, apesar de serem inteligentes, para eles é um pouco difícil separar a pessoa no futuro da pessoa que está na sala. Espero te ver comentando sempre e aparecendo mais no grupo também!
- Luiza Snape: Espero que tenha gostado do primeiro capítulo.
- Day Caracas: Apesar de tudo acho que OdF e RdM vão ser muito piores para os Marotos, afinal em PdA eles ficaram bem no final... Eu sinceramente nunca gostei do Snape especialmente depois de PdA e o que ele mostrou em RdM para mim não justifica a forma como ele agiu o tempo todo e nunca poderia justificar. Ainda acho que o Fudge foi ainda mais estúpido em OdF, e com certeza ele mereceu ser jogado para fora do ministério como foi. O Tiago adolescente era justamente isso, um adolescente, adolescentes são estúpidos no geral, mas o Tiago cresceu e se tornou uma pessoa melhor. Já o Snape usou o que aconteceu com ele na escola para justificar a forma como tratava crianças que não fizeram nada de ruim para ele, só por que ele podia, só por que era mais forte que essas crianças. E para mim o Pedro era o tipo de pessoa que só vê as pessoas como forma de ganhar alguma coisa, na escola só via o Remo, o Tiago e o Sirius como forma de se proteger, e se for levar em conta que o Sirius e o Tiago eram bastante ricos devia se aproveitar disso também. Afinal, ele era apenas um aproveitador barato. Eu amo o Sirius, e OdF apesar de ter um final horrivel, é meu segundo favorito por que é o livro em que o Sirius mais aparece e conhecemos mais sobre ele. Sinceramente CdF é o que eu menos gosto de todos os sete, mas ainda assim eu gosto muito dele, o retorno de Voldemort para mim vai ser o capítulo mais difícil de escrever de todos os livros, mas acho que vou conseguir...
- GysLupinBlack: Apesar da história do livro não ser focada nos marotos como PdA era os Marotos vão continuar em evidência de qualquer jeito, afinal eles tem uma personalidade capaz de chamar atenção mesmo sem intenção. Fora que eles vão voltar a aparecer muito em OdF... Não se preocupe, o Sirius vai voltar a ter a personalidade normal dele agora que ninguém mais acha que ele é um assassino traidor. Espero te ver comentando mais e participando mais no grupo.
- Stehcec: Dessa vez você teve mais tempo do que da outra vez que comentou em cima da hora! Vocês realmente fizeram a fic se tornar ainda mais especial para mim, vocês me divertiram muito durante os jogos e a competição. O Harry ama muito o Sirius e tudo que ele representa para ele, por isso ele não poderia deixar nada de ruim acontecer à uma das únicas pessoas que ele conhece que realmente sabiam quem o pai dele era de verdade. Para mim o Snape nunca quis ser professor, acho que o Dumbledore meio que obrigou ele a virar professor para poder mantê-lo por perto. Hagrid tem a boca frouxa demais para saber de alguns segredos, apesar de que a partir do fim de CdF ele começa a receber mais responsabilidades e a saber mais segredos e consegue guardá-los. O Snape é tão mesquinho que ele não poderia ver ninguém feliz, então ele precisava descontar a raiva dele em alguém "mais fraco" que ele, apesar da fraqueza do Remo ser apenas sua condição licantropa e o preconceito que essa condição gera. Eu considero o pai do Tiago um homem realmente influente, levando em consideração que ele é muito rico e de sangue-puro, tem ligação com os Black e tudo mais, mas imagino que ele não use da influencia dele como os Malfoy por exemplo. Segundo uma entrevista da JK o Harry nunca passou o mapa para os filhos, mas o mais velho, Tiago Sirius, roubou o mapa da mesa do pai e o usa bastante. Quando Rony falou "que ele não se arrependeu" estava se referindo ao Pedro, uns capítulos atrás o Rony e a Hermione tiveram uma conversa em que o Rony dizia que no final o Pedro também se arrependeu e não matou o Harry, e nesse momento ele descobriu que ele não se arrependeu de verdade, apenas estava obrigado com o Harry. O Remo realmente precisava disso, ver que os alunos gostavam dele mesmo sabendo de sua licantropia mostra para ele que o mundo é um pouco melhor do que ele pensava. Foi um comentário rápido mais foi ótimo, nem se parece com os comentários que você fazia no inicio!
- Hilary Morgana Juno Soares Lestrange: Acho que o problema com o nome do capítulo é só com você mesmo. Sinceramente para mim é um arco muito interessante que nos faz voltar para o inicio do livro e ver como tanta coisa mudou nesse tempo. Antes Harry só tinha seus amigos, agora ele tem uma família, e também fecha o ciclo muito bem abrindo para o que vai acontecer a seguir. Com certeza o Snape se aproveitaria se tivesse alguma vantagem na sala, mas ele está completamente sozinho, justamente por não saber nada sobre o que é amizade. Eu não odeio o Dumbledore, de forma alguma, mas acho que nesse caso ele poderia ter feito muito mais do que fez, se ele realmente quisesse poderia muito bem fazer o ministério julgar o Sirius decentemente e provar a inocencia dele. E para mim apenas a McGonagall e o Dumbledore sabiam sobre o vira-tempo, afinal apenas eles dois precisavam saber mesmo. Para mim o Snape nunca quis ser professor e o Dumbledore colocou ele ali apenas para manter ele por perto, então o Snape resolveu que se era para ser professor ele preferia ser professor de DCAT, mas Dumbledore nunca permitiu. Acho que o Tiago poderia ser muito parecido com Draco se a criação dele tivesse sido diferente, afinal a mãe dos dois é Black, os dois vieram de família rica e etc. O Sirius vai adorar a Hermione em OdF. Então acho que tenho que ficar muito feliz pelo Lucas ter percebido como Hermione era uma das personagens mais importantes da saga... E é claro, tenho que agradecer sua falta do que fazer e sua curiosidade para ir procurar de novo a fic.
- Izabella Bella Black: Não se preocupe em se justificar, eu sei que você nunca desaparece de verdade. Você é uma das minhas leitoras mais fiéis. Eu não gosto de nenhum dos filmes, acho todos eles muito incompletos e sem sentido, se eu tivesse visto só os filmes não entenderia nada sobre HP, e ainda tem gente que se considera "especialista" sem nunca ter lido um livro. Remo estava preocupado com eles, se eles fossem pegos Remo se consideraria culpado. E Fudge sempre foi burro, basta lembrar que ele mandou Hagrid para Azkaban em CS e como ele agiu em OdF. Snape não se importa de falarem dele por que ele nunca quis ser amigo de ninguém naquela sala (tirando Lily é claro) e a única coisa que ele queria era ser poderoso e importante como Voldemort, então ele não tem motivo algum para mudar, na cabeça dele. Mas a morte de Snape foi por causa da varinha justamente para mostrar como Voldemort é cruel e mesquinho, ele matou uma pessoa que ele acreditava ser fiel a ele por causa da varinha e não teve nenhum remorso. Voldemort é realmente uma pessoa cruel e acho importante que isso seja mostrado explicitamente na forma como ele mata o Snape. A forma como Tiago acolheu e protegeu o Remo por tantos anos mostra como ele é uma pessoa boa de verdade. Segundo JK Harry nunca deu o mapa para os filhos, mas Tiago Sirius roubou o mapa da mesa do pai por volta do terceiro ano. Foi realmente importante para o Remo ver que as pessoas o admiravam e gostavam dele mesmo sabendo da licantropia dele. Nunca pensei no que Rony pode ter dito a Molly sobre a coruja, mas imagino que ela não tenha se importado muito. E ninguém muda do dia para a noite, Alice está aprendendo com os próprios erros e descobrindo a verdade. Acho bom mesmo que continue acompanhando a fic até o final.
- Clenery Aingremont: Pode acreditar que vou chegar até o fim. Espero que tenha gostado do capítulo.
Não deixem de comentar!
Quem quiser fazer parte do grupo da fic, onde posto novidades, prévias e enquetes:
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E para quem é do grupo: Quem acertou a frase da semana?
Comentários (13)
Capitiulo ótimo como sempre, paraben pela dedicação juh.Bom...reler o calice de fogo me faz lembrar de quando a gente vai falar com aquelas amigas pôsers que viram pra tua cara quando vc fala do calice de fogo e diz "ah...não é aquele filme que tem o Edward" :|...então, cara as vezes a burrice da lily me irrita, pq tipo ela fica repetindo "o Harry está em perigo" mas no vê q ele está bem ali do lado dela, vivinho da silva e sem nenhuma sequela.Mas ok, até pq vc não poderia fazer uma mãe q não se importasse em ver o filho lá se estribuchando no livro.kkkkkkk coitada se ela fosse contar todas as coisas q quase mataram o Harry kkkkkkk.Boa sorte juh, continue com essa historia diva!
2014-12-14Hey dear! Estou aqui de volta e acompanhando a nova fic! Ficou demais! Serio mesmo e eu acertei a frase da semana weeee!Agora vc conseguiu me deixar curiosa sobre quem deu o livro ao pessoal do futuro... Na minha cabeça tinha sido o Harry que tinha providenciado isso... mas depois pensando bem... nao teria como... to cheia das teorias aqui. Quanto ao Voldermort ser mestiço, só digo que é muita hipocrisia... Sei lá dá raiva dessas pessoas que nao tem moral nenhuma pra dizer certas coisas... mas sei lá... é do tio Voldy que a gente ta falando tbm, se nao fosse por ele nao teria a historia do Harry e tals... É aquele tipo de persongem que a gente odeia mas ama sabe? Não que nem a Umbridge que só há o ódio eterno kkkk.O que eu mais gosto nas suas fics é que elas me dao a pensar coisas que nao havia pensado enquanto eu estava lendo a saga, do tipo Dumbledore ajudar o harry em PF e o servo fiel nao ser o Rabicho e entres outras coisas que se eu for falar vai acabar ficando grande demais esse comentario kkk e eu nao posso me estender muito pq tenho tres provas essa semana... :(Entao por isso, eu me despeço aqui, mais uma vez reforçando que tava otimo o capitulo!! Um bjooo
2014-12-14Olá, gostei muito do primeiro capitulo de CdF. Eu tambem fiquei bastante confusa com esse primeiro capitulo, só fui entender depois que parte disso havia sido um sonho do Harry, eu gosto ate desse primeiro capitulo, pois ai conhecemos um pouquinho mais sobre Voldemort. Sobre Voldemort ser mestiço, sempre achei que ele era muito idiota, pois ele proprio tinha sangue de trouxa em suas veias e queria que somente os puros sangues vivessem, para mim isso nunca fez sentindo. Eu acho um pouco engraçado o Sanep e os outros do passado conversarem sem um querer matar o outro quando o assunto é o Voldemort do livro ou alguma coisa sobre Artes das Trevas, como aconteceu na CS. Errei a frase a semana, pois se eu estiver certa coloquei que era o Neville, eu achava que era mais a cara dele falar isso. Gostei muito da explicação para o surgimento dos livros, só fiquei curiosa para saber quem foi a pessoa que entregou os livros a eles, porem imagino que será revelado mais para frente. Concordo com todos ali Franco devia ter voltado a dormir, teria sido muito melhor. O pior é que eu pensei o mesmo que Sirius, que Nagini era uma vaca. Se o plano não tivesse nada a ver com Harry Voldemort não seria Voldemort. Eu não, mas estou com a impressão de que Snape será o primeiro a começar a perceber a verdade sobre as Horcrux ele pode ate não pensar nelas, mais imagino que ele será o que chegará mais perto, sem precisar dos livros, pelo fato de tudo o que ele sabe sobre Artes das Trevas e Tiago imagino eu que seja o segundo, pois ele é bem esperto. O mais engraçado de tudo é que o servo fiel não era o Snape. Se pararmos para pensar Voldemort nunca foi um humano, ele sempre foi um mostro no corpo de um humano. Imagino que Snape ficará felizem saber que pelo menos uma coisa ele conseguiu, afinal não são todos que conseguem mentir para Voldemort por tanto tempo. Concordo com Sirius, o fato de Voldemort chamar Pedro de Rabicho é mais como uma forma de sempre o lembrar que ele traiu os amigos. Com toda a certeza irei acompanhar a fic ate o final e fico muito feliz por você me considerar uma das suas leitoras mais fiéis. Curiosa para o proximo capitulo. Beijos.
2014-12-14