É primavera Granger

A guerra felizmente chegara ao fim. Harry Potter vencera. E a vida no mundo bruxo podia seguir seu curso. Exceto porque havia feridas abertas que jamais se cicatrizariam. E ela tinha tudo que sonhara em um longínquo mundo distante. Iria se casar. Enfim Ronald a percebera como mulher e a reivindicara como ela sempre quis. Era uma pena que já não queria mais.

Não quando seu coração pertencia a outro. Mesmo com o fim da guerra a distância entre ela e Draco se mantivera. Se casar com Ronald e esquecer aquilo que vivera era o certo, o correto, o mais sensato. Mas não queria enganar os amigos, a família, o mundo bruxo, não podia enganar a si mesma. E aquilo era pior do que perder a batalha das batalhas. E ela não estava em si. Estava enlouquecendo.

Pegou tinta, pena e um pergaminho. Deixaria uma carta.

É primavera... Malfoy

Sua família estava muito próxima da ruína que ela mesma provocara. E arrastar a mulher que se ama, para aquela desordem não era uma opção. Talvez entrasse com a vassoura voando pelo salão do casamento, colocasse a noiva em sua vassoura e sumisse cortando os sete céus. Chegaria aonde? Lugar nenhum. Era um comensal. Fato. Estava num indulto de paz, que ainda não sabia ao certo o porquê de ser poupado de todo o castigo aos seguidores de Voldemort. Podia ser por sua mãe os ter tirado do castelo de Hogwarts antes da queda, ou se tinha mãos alheias naquela historia. Estava feliz por vê-la nos jornais. Vê-la sorrindo. Vê-la vitoriosa.

Lembrou se de um tempo em que não se importava em ganhar, apenas queria o final do jogo para estar com ela. Mas não haveriam mais jogos. Estavam no final. Impaciente e desgostoso voltou para frequentar Hogwarts. Seu pulso sempre escondido, a marca que sempre estaria ali, não precisava ser vista. Sabia que ela não iria para a escola. Ela não precisaria. Estava arrumando os preparativos do casamento, estava festejando a vitória. Aquela constatação fez seu estomago doer. Ao mesmo tempo que a coruja entrou pela janela entregando a carta com um selo vermelho.

‘’Draco Malfoy, Meu eterno amor escondido. Não poderia partir sem falar com você. Ou te dizer adeus. Vivemos as quatro estações. Verão. No verão me achei louca. No outono me senti mulher. No inverno senti a solidão. E agora na primavera as cores renascem. Você é a minha primavera. E não posso ser de outro, ter outro homem em meu corpo. Ele é seu, e sempre será. Não quero e não vou decepcionar a ninguém. E aqui onde tudo começou. Onde verdadeiramente te conheci, escolhi para ter o meu fim. Estou louca, eu sei. Descobrir que há uma vida dentro de mim, me fez pirar. Não há saída. Então me entrego ao destino que nunca quis que estivéssemos juntos. Não quero que Ronald nem ninguém saiba o que vivemos. Não por medo, vergonha ou dor, apenas que o melhor de mim, só você teve e só você continuara tendo! Essa é minha ultima primavera, pois para mim não haverá mais verão! Te amo eternamente, Hermione Jean Granger!

Nós dois...

_Merlin! Merlin! A ponte? Uma vida? Merlin não... não... – ele correu com todas as suas forças.

Precisava alcançá-la. Precisava olhar nos olhos dela. Quando saiu do castelo a avistou de longe, sabia que era ela, e mesmo que vivesse mil anos, jamais esqueceria a visão da camisola dela balançando com o vento, os braços abertos os cabelos esvoaçando aproveitando o sabor do vento.

_Hermione! Não faz isso! Não. - Ele disse baixo como um sussurro, e ela olhou em sua direção sorriu, e se jogou.

_Nãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaoooooooooooo! O grito estridente poderia acordar o castelo inteiro, e suas pernas o levaram até o meio da ponde exatamente onde ela estivera.

_Maldita! Eu pularia com você! – Ele esbravejou, seus olhos nublados e ele tentou subir no corrimão exatamente onde ela estivera, mas havia uma magia que o impeliu para trás, e ele tentou de novo... e de novo...

_Você não queria que eu morresse não é? Porque fez isso? Devia ter me deixado pular no verão. Devia ter me deixado pular! – Ele gritou - Porque me fez te amar? Destino maldito, eu não sofreria essa dor. Eu não sofreria as estações. Tudo teria tido um fim.

Equinócio

Draco se abaixou e então seus olhos conseguiram captar algo que brilhava e ele se aproximou. Seus soluços presos na garganta dor o sufocando. E então ele passou o fino cordão pelo pescoço e girou, três voltas.

Fez o caminho de volta na velocidade da luz, e viu a coruja com a carta antes que ela entrasse em seu dormitório. Pegou a carta e com uma magia sem uso de uma varinha alterou as palavras.

‘’Ponte do corujal agora.’’

E correu novamente pela ponte. E chegou a tempo de vê-la subir no corrimão da ponte, e começar a murmurar alguns feitiços.

_Hermioneeeeeeeeeeeeeee! Não pula não! Foge comigo!

Hermione olhou sobressaltada, seus olhos cheios de lagrimas vidrados espelhando a sua loucura!

_Draco?

Ele se aproximou cautelosamente, precisava convencê-la a não pular.

_Não pula! Como eu não pulei! Não pula!

_Você não entende! Não posso! Eu preciso acabar com isso!

_Vamos fugir? Vamos pra longe! Nós dois! Só eu e você! Esquecer tudo! Vamos viver nossa primavera!

_Não... Você não percebe! Jamais vamos conseguir viver juntos!

_Então... Vamos acabar juntos! Se não há primavera pra você, não ira ter pra mim também!

_Não... Você não deve morrer! Eu quero que voce todas as estações!

_Você não percebe que não há estações para mim... Não sem você!

_Porque eu tinha que te amar? Porque tinha que mudar assim minha vida? Sabe o que vai acontecer no próximo outono? Vou estar tendo um filho, que não é do meu futuro marido. Um filho de Draco Malfoy! – ela chorou emocionada.

_E eu estarei tendo um filho com Hermione Granger uma nascida trouxa! Uma sangue-ruim que eu deveria odiar. E não odeio. Vem estamos juntos nessa estação!- ele estendeu a mão, e ela tentou pegar.

Porém o vento foi forte e a desequilibrou, fazendo-a cair, com um grito estridente. Draco avançou um passo, e por um segundo segurou o pulso dela.

_Eu peguei você!

_Oh Merlin!

_Eu te segurei. Vem! – Draco a subiu com cautela, e quando pode enlaçar os ombros a puxou para o lado seguro da ponte.

Os dois caíram, ela sobre ele. E ele respirou aliviado. E antes que ela pudesse dizer alguma coisa. Eles aparataram.

Hermione assustada.

_Como? Como conseguiu aparatar em Hogwarts? E onde estamos? – ela perguntou observando o campo de flores amarelas e brancas, que estavam deitados.

_Sou um ex comensal. Ainda sei burlar seguranças!- ele disse e a puxou para um beijo- E sobre onde estamos, comprei esse imóvel no inverno. Com esses enormes campos de flores, me falaram que na primavera era lindo. Mas ainda não tinha tido coragem de vê-los. Não sem você! E sim estamos longe de Hogwarts, longe de Londres. Longe do mundo bruxo. E essa propriedade esta protegida. Ou seja, não nos encontrarão até que quisermos assim!

Hermione suspirou com o peso dele ainda sobre ela.

_Sabe que teremos coisas pendentes no mundo lá fora. É inevitável!

_Sim, mas aqui poderemos viver nossas estações, nos fortalecendo e enfrentando as dificuldades até que elas não existam mais!

_Eu sei que eu não deveria, mas eu quero muito...

Eu também! Obrigado por ter deixado aquele vira tempo. Eu consegui o que você queria. Eu quase a perdi.

Então ela o olhou e levou a mão no pescoço.

_Meu vira tempo. Eu o perdi...

_Oh Merlin! Então...

_Eu estava protegendo a ponte. Queria que ficasse seguro e...

Ele não a permitiu continuar falando. Ele apenas a abraçou com o coração aos pulos. Os dois entendendo a gravidade do que havia acontecido. Seus lábios se tocaram ternamente e ele tocou o barriga dela.

_Eu te amo!- ela sussurrou.

_Vamos viver muita juntos. E eu te provarei que um Malfoy pode amar! E te farei feliz por muitas e todas as estações!