ONESHOT
Estava andando a esmo pelo Salão Principal, tentando reunir coragem.
"Ah, vamos lá, Neville". Disse a mim mesmo. "É só de uma garota que você precisa".
A festa que Hermione daria na Sala Precisa, para comemorar nossa volta à Hogwarts, seria naquela noite. Quase todo mundo iria. Andavam falando que Hermione havia contratado uma banda trouxa, que já sabia da existência de nosso mundo, para tocar na festa. E ninguém queria ficar de fora de uma festa liberal e animada dada por Hermione Granger, é claro.
Hermione fizera questão de me convidar pessoalmente. Mas fiquei sem graça ao ver que todos iriam com um par.
E eu queria - ou precisava - muito de um.
Mas a única garota que me daria bola, a única garota que eu realmente queria que fosse comigo, estava fazendo meu estômago se embrulhar e meu coração acelerar só de estar próximo à ela. Por que era tão difícil apenas perguntar?
Me aproximei da mesa da Corvinal, engolindo em seco.
Agora eu sei exatamente o que fazer,
Bom recomeçar, poder contar com você,
Pois eu me lembro de tudo irmão, eu estava lá também,
Um homem quando esta em paz,
Não quer guerra com ninguém
Assim que me aproximei, ela se virou. Arfei quando seus olhos azuis se cravaram nos meus. Era como mergulhar numa piscina límpida e refrescante. Minhas entranhas se contraíram.
- Olá, Neville - Luna sorriu, o que só fez meu já acelerado coração disparar.
Eu segurei minhas lágrimas,
Pois não queria demonstrar a emoção,
Já que estava ali só pra observar
E aprender um pouco mais sobre a percepção
- Oi, Luna - me forcei a falar.
Ela ficou me observando, esperando que eu falasse. Alguns alunos da Corvinal se viraram para mim, olhando com expressões risonhas.
- Está tudo bem? - Luna indagou, parecendo preocupada.
- Sim... - balancei a cabeça - eu só... queria saber se... você vai à... festa hoje à noite.
Ela arregalou os olhos levemente.
- Não sei... eu não tenho par ainda.
Dentro de mim, senti como se meu coração dançasse uma conga. Perfeito... eu tinha alguma chance ainda.
- Você quer... - olhei com raiva para Cho Chang, que se rachava de rir ao lado de Luna - .. quer ir à festa comigo?
Ouvi Luna arfar baixinho e, em seguida, sorriu daquele jeito que só ela conseguia fazer. Minhas pernas tremeram quando absorvi seu sorriso.
- Sim...
"Ela disse sim, ela disse sim!!", gritei por dentro.
- Ah, então tá... - murmurei - até a festa, então.
- Até - ela assentiu com a cabeça e, em seguida, voltou ao seu pudim inacabado, se virando novamente para a mesa.
Cho me olhou de modo divertido, e eu quase a soquei ali mesmo.
Mas nem ela podia estragar meu momento de felicidade. Luna concordara em ir comigo. Íamos à festa juntos. Eu tive uma louca e maravilhosa vontade de dançar e cantar ali mesmo.
Eu estava ficando cada vez mais convicto que o inesperado e inevitável já havia acontecido.
Eu estava apaixonado por Luna.
E ia dizer isso à ela naquela noite mesmo.
Eles dizem que é impossível encontrar o amor
Sem perder a razão,
Mas pra quem tem pensamento forte,
O impossível é só questão de opinião
- Ih, acho que ele está gostando da Di-Lua - ouvi um corvinal cochichar ao outro, rindo.
- Coitado... deve estar ficando maluco - respondeu o outro, balançando a cabeça.
Eu estava ficando louco, sim.
E nunca, em minha vida, ser louco me pareceu mais maravilhoso.
E disso os loucos sabem, só os loucos sabem,
Disso os loucos sabem, só os loucos sabem
Continuei caminhando à esmo, indo em direção à minha próxima aula.
Mas não prestei atenção na aula de Poções, já que só percebi o furúnculo que crescera em minha mão por causa de um respingo de poção quando Rony me sacudira.
Tampouco anotei a aula de História da Magia, pois, enquanto todos dormiam em suas carteiras, eu olhava para o teto fixamente, com os braços apoiando minha cabeça e minha mão desenhando, no ar, a forma de uma lua.
Até mesmo na aula de Herbologia, a Profª Sprout teve que repetir duas vezes que eu devia adubar a tentácula que havia na minha frente, quase tendo que me socorrer quando ela espetou minha mão.
A tarde passou tão rápido que eu mal reparei. Estava muito ocupado, imaginando como Luna estaria quando eu fosse busca-la na entrada da sala comum da Corvinal.
Toda positividade eu desejo a você,
Pois precisamos disso, nos dias de luta,
O medo cega os nossos sonhos,
O medo cega os nossos sonhos,
Meu mundo, na verdade, parecia se resumir cada vez mais àquela lourinha que nos acompanhara desde o quinto ano. Por que diabos eu a achava tão bonita e engraçada? Por que eu me sentia como se estivesse flutuando, sendo preso ao chão apenas por sua presença?
Era estranho... mas também era maravilhoso.
Eu ficava contando os minutos que faltavam para as oito horas da noite, enquanto me aprontava no dormitório.
Menina linda eu quero morar na sua rua,
Você deixou saudade, você deixou saudade,
Quero te ver outra vez, quero te ver outra vez,
Você deixou saudade,
Faltando quinze minutos, decidi já espera-la na frente da Torre.
Fiquei de frente para o corredor que dava para a Torre da Corvinal, consultando meu relógio toda hora. De repente, a gárgula saltou, dando espaço para alguém passar.
Meu Deus... era ela.
E estava linda.
Havia maquiado levemente os olhos, e usava um vestido bufante salmão que ia até seus joelhos.
Meu coração saiu de sua caminhadinha matinal e voltou a correr desembestado, como se quisesse sair pela boca.
- Você está bonita - murmurei, atordoado.
- Obrigada - ela balançou os ombros, dando uma risadinha. Estendeu a mão para mim, e, de repente, o chão pareceu sumir embaixo dos meus pés.
Segurei-a, sentindo seus dedos macios em contato com os meus. Ela tinha a mão pequena, como a de uma pré-adolescente. Havia pintado as unhas, o que foi uma surpresa para mim. Luna nunca fora de se enfeitar muito, e lá estava ela, estonteante e produzida. Será que havia se arrumado toda assim só por que iria comigo à festa?
"Não seja bobo, Neville", ralhou minha cabeça. "Por que ela se arrumaria toda para você?"
Andamos em silêncio, de mãos dadas, até a Sala Precisa.
Quando entramos, o ambiente já deixou claro que estava descontraído; haviam várias pessoas dançando despreocupadamente, ao som de uma música que me lembrava muito o estilo das Esquisitonas. Havia um tipo de luzeiro colorido que se deslocava ao longo do ambiente, deixando tudo ainda mais leve e alegre.
- Ah, vocês chegaram! - ouvi Hermione exclamar. Nos viramos e nos deparamos com ela e Rony de braços dados, sorrindo - bem vindos!
- Caprichou na festa, hein, anfitriã? - brinquei, fazendo Hermione rir e dar de ombros.
- Ah, mais ou menos... Harry e Gina ainda não chegaram. Mas pontualidade nunca foi o forte do Sr. Potter... - ela deu outra risadinha;
A música parou abruptamente, sendo substituída por uma valsa lenta. Hermione deu um gritinho e puxou Rony em direção à pista de dança.
- Eu adoro essa música! Vamos, Rony!
Eles sumiram no meio da multidão, enquanto eu e Luna ficamos no meio dos outros dançarinos.
- Ahn... - eu disse, envergonhado - quer dançar?
- Quero - Luna afirmou com a cabeça, fazendo seus cabelos louros balançarem.
Tentei dar alguns passos desajeitados com os pés, procurando entrar no ritmo da música, mas tropecei na ponta de meu sapato e quase joguei Luna no chão.
Ela gargalhou, e me senti congelar com o lindo som que reverberou ao meu redor com sua risada;
- Não, Neville.. assim - ela ainda ria quando me ajudou a mexer os braços e as pernas no ritmo da valsa.
Em pouco tempo, eu finalmente já estava dançando de um modo aceitável. Luna me guiava, o que me deixava envergonhado e feliz ao mesmo tempo.
Olhei ao meu redor, e fiquei constrangido ao ver que vários casais que estavam ao nosso lado estavam se abraçando e se beijando enquanto dançavam. A nossa anfitriã já estava atacando impiedosamente seu par, dado tal abraço no pescoço de Rony que eu fiquei surpreso que não o enforcasse.
Luna pareceu perceber o mesmo que eu, mas continuou sorrindo enquanto me girava.
Ah, não. Eu ia falar. Era agora ou nunca.
- Luna... - respirei fundo, segurando seus braços. Luna parou de dançar, parecendo confusa - eu queria te perguntar... uma coisa.
- Pode perguntar - ela inclinou a cabeça, sorrindo.
Olhei outra vez para a pista de dança, nervoso. Falei tudo de uma vez.
- Luna... estou apaixonado por você... quer ser minha namorada?
Alguns casais pararam de dançar ao nosso redor, surpresos. Luna arregalou os olhos, e abriu a boca como se fosse dizer algo, mas não saiu som algum. Ouvi ela sussurrar um "sim" tão baixo que demorei alguns segundos para absorver.
Não sei o que deu em mim. Acho que foi culpa dos holofotes que ficaram em nossa direção. Foi culpa das pessoas que observavam esperançosas. Foi culpa de Luna, que estava tão maravilhosa naquela noite. Foi culpa de meu corpo, que reagiu inconscientemente e se aproximou mais ainda da garota que me encarava.
Fosse qual fosse o motivo, eu simplesmente a puxei e ocultei sua boca com a minha, beijando-a.
Os aplausos foram ensurdecedores, sobrepujando a música, que parou do nada. Senti um calor invadir minhas veias, enquanto sentia os lábios macios de Luna se movimentando, tímidos, nos meus. Seus braços foram para meus pescoço, apoiando seu corpo no meu.
Quando nos separamos, Luna voltou a me encarar.
Ah, não, Será que eu fora longe demais?
Para meu alívio e surpresa, Luna se lançou em mim num abraço alegre, comemorado com mais aplausos por todos que assistiam. Hermione reapareceu junto com Rony na multidão, exibindo um sorriso satisfeito que parecia querer arrebentar seus rosto.
Provavelmente o mesmo sorriso bobo e alegre que devia estar no meu enquanto abraçava Luna, sentindo-a vibrar e felicidade nos meus braços.
OK... então era isso. Eu a amava... simples assim...
E disso os loucos sabem, só os loucos sabem,
Disso os loucos sabem, só os loucos sabem
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