João e Maria - Hugo e Rosa



João e Maria


Hugo e Rosa


 


_ Ronaaald! – ouvi a voz de anjo de minha adorada esposa Hermione ressoar pela casa. Engoli em seco. – QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE FALAR PRA VOCÊ NÃO MEXER NOS MEUS LIVROS?


Olhei para o sofá enquanto ela descia furiosamente as escadas até a cozinha. Era sexta, então as ‘crianças’ podiam ficar acordadas até mais tarde. Rosa tinha um ar de presunção no rosto – ela adorava quando a bronca era comigo, por que aí ela não precisava se preocupar.


Estreitei os olhos pra ela.


_ Rony. – Hermione sussurrou, me assustando. – Você está tentando morrer hoje, é? – ela se virou para Rosa e Hugo, que estavam morrendo de rir com um comercial japonês. Que, aliás, eu acho que deviam ser banidos do mundo. – O que as crianças estão fazendo fora da cama?


_ Mione, é sexta. – respondi, revirando os olhos.


_ Te perguntei que dia que é? – ela retrucou, furiosa – Você vai arrumar meus livros do jeito que estavam. Que diabos você estava fazendo lá, aliás?


_ Eu estava... procurando um livro. – eu disse, hesitante.


_ Você? Que livro?


_ Aquele de contos de fadas. – sussurrei quase inaudívelmente.


_ Que? – ela quase gritou – Fala direito, Rony!


_ O livro de contos de fadas! – eu disse, alto.


Silencio. As crianças se viraram pra mim, boquiabertos. Rosa me olhava com os olhos arregalados.


_ E pra que, - Mione disse pausadamente – você queria o livro de contos de fadas?


_ Ahn... – olhei pra Rose. Ela estava quase me matando com o olhar. Ahh, não era minha culpa, ué. – É pra Rosa. Eu contei uma historia pra ela esses dias... Eu queria achar outra.


_ Uma história? – Hermione repetiu como se nunca tivesse ouvido a palavra antes.


_ Há! Rosa ainda ouve histórias pra dormir. – Hugo gargalhou – Espere até eu contar isso pro Alvo!


_ Faça isso e seu corpo é encontrado em uma vala amanhã. – Rosa retrucou num sussurro mortal. Eu, hein.


_ Rosa! – Hermione franziu o cenho – Não fale assim. E você – ela apontou pra mim – Não mexe mais nos meus livros. Coloque as crianças pra dormir. O livro está na gaveta de cima. – ela sussurrou para só eu ouvisse, deu um pequeno sorriso e subiu para o quarto.


 


Alguns minutos depois, Rosa e Hugo estavam deitados em suas respectivas camas, olhando para mim com expectativa.


_ Que é que foi? – estreitei os olhos, desconfiado.


_ Conta a história, ué. – Rosa revirou os olhos.


_ Ahnnf? – exclamei – Achei que vocês não queriam ouvir a história.


_ Claro que queremos.


_ E eu quero também. – Hugo disse – Rose contou que na outra história eu era um mero coadjuvante. Achei antiético. Nasci pra ser protagonista, apenas.


Uati.


_ Okay. – eu comecei, sorrindo ligeiramente – Hoje eu vou contar a história de... João e Maria. Ou melhor... De Hugo e Rosa.


_ Issooo. – Rosa e Hugo disseram juntos.


_ Sem me interromper. – avisei. – Muito bem.


 


 


“Era uma vez... Há muito tempo atrás, existia um grande reino. Dentro desse reino, havia todos os tipos de criaturas magicas, e ainda, uma escola de magia, chamada Hogwarts, que era escondida de todos os seres não mágicos...”


 


 


_ Nossa, muito original, pai. – Hugo interrompeu, revirando os olhos.


_ É, pai. – Rosa concordou - E o que Hogwarts tem a ver com João e Maria?


_ Oxi, tem tudo a ver. – empinei o nariz – E, caaalma, que vocês vão entender.


 


 


“... E aos arredores de Hogwarts e da Floresta Encantada, existia uma aldeia muito, muito feia chamada Hogsmeade. Nessa aldeia, viviam várias famílias pobres que dependiam de Bolsa Família, mas que não recebiam, por que o reino não ligava pra nenhum deles. Nessa aldeia, uma família em especial se destacava: os Weasley. Eles eram todos muito gentis e amáveis, principalmente a adorável sra. Weasley...”


‘É BROWN!’ – a mesma gritou de dentro da casa, ao ouvir sua vizinha, Pansy, chamando-a de sra. Weasley – JÁ FALEI QUE NÃO MUDEI MEU NOME COM O CASAMENTO. Eu sou uma mulher independente, por favor, né.”


 


 


_ Pera. Pera. – Rosa interrompeu, chocada – Brown? Quem é essa Brown? O sobrenome da mamãe é Granger.


_ Caaaaalma. – eu disse, com um risinho nervoso – Essa é Lilá Brown, a madrasta de Hugo e Rose.


_ Lilá Brown? – Hugo repetiu – Deixa a mamãe ficar sabendo disso.


_ Mas, ela não vai por que vocês não vão contar, certo? Certo?


_ Vou ganhar uma vassoura nova de Natal? – Rosa rebateu, com um sorriso maléfico.


_ É o que, menina?


_ Ah, e eu quero o novo CD da Nicki Minaj. – Hugo bateu palmas.


_ É o que?


_ Ah, qual é, pai. – Hugo revirou os olhos – Não conhece a diva, o poder? #Decepcionado.


_ Okaaay. – respirei fundo – Depois a gente vê isso. Continuando...


 


 


“A família Weasley era composta por quatro membros: o pai, lindo e maravilhoso, Ronald Weasley; as crianças chantagistas que não vão ganhar nada de natal, Hugo e Rosa; e a madrasta, Lilá Brown. Ronald havia se casado novamente após sua esposa ter desaparecido misteriosamente há alguns anos. Mas, o que ele não sabia era que Lilá era uma vaca despeitada com seus filhos.”


‘Siguintch, pirralhos.’ – ela disse naquele dia, após seu inocente marido sair para trabalhar – ‘Tô indo pra night. Aquele quengo do seu pai foi trabalhar e eu tô saindo por que hoje tem show da Anitta.’ – as crianças fizeram cara de nojo ao ouvir isso – ‘Quando eu voltar, quero a casa brilhando e comida feita.’


‘Que comida?’ – Hugo protestou.


‘Te vira, moleque. Va-zei.’ – e saiu.


‘Aff. Sa vadia tá pensando que eu sou elfo doméstico?’ – Rosa se indignou.


‘Ai, mulher.’ – Hugo franziu o cenho – ‘Até parece que a gente vai obedecer aquela coisa.’


‘Mas, sabe, um pouquinho de comida não faria mal não.’ – Rosa disse, ouvindo seu estômago roncar com tristeza.


‘Quiiiii comida, menina. Vamos ver se a gente acha um pé de Doritos.’


“E eles, contrariando sua madrasta vadea, pegaram um pedaço de pão embolorado do armário – por que, afinal, vai saber se aquilo não poderia ser útil – e saíram para a rua movimentada da aldeia. Era dia de feira, então tudo o que se ouvia era ‘OLHA O ALFACE’ ‘OLHA A PAMONHA’ ‘OLHA A NEYDE’ e coisas assim. Então, eles passaram silenciosamente pela pobraiada até chegar à orla da floresta encantada para procurar o tal pé de Doritos.”


“Então, eles foram surpreendidos por três figuras sombrias...”


 


 


_ Dementadores? – Rosa interrompeu, arregalando os olhos.


_ Nazguls? – Hugo fez coro.


_ Vampiros?


_ Fadas?


_ Os três mosqueteiros?


_ Jessie, Ariana e Nicki?


Olhei pra eles.


_ Naaaaaão. – sacudi a cabeça – Eram só Thiago, Alvo e Lílian, os órfãos nojentos do bairro.


_ Aff. – Hugo e Rosa disseram ao mesmo tempo.


_ Vocês tem que parar com esses livros trouxas adolescentes – eu repreendi – E com as músicas também.


_ Ah pai, por favor, né. – Hugo revirou os olhos – O senhor quer que eu ouça o que? Celestina Warbeck? A música bruxa é o ó.


_ Para de rebeldia, menino. – revirei os olhos – Posso continuar? Que coisa...


 


 


“...Três figuras sombrias: Thiago, Alvo e, a mais aterrorizante de todos: Lilian.


‘Olha quem chegou aqui, yo.’ – Lilian disse, cruzando os braços e olhando de lado pra eles.


‘É. A branquela e o irmão dela, bro.’- Thiago estreitou os olhos e fez cara de mau.


‘Siguintch. Pode passar tudo que tiver na bolsa, falou. E depois wiggle, wiggle, baby.’ – Alvo fez cara de mau também.


 


 


_ Oxxsh. – Hugo interrompeu – Por que os Potter estão falando que nem traficantes feat gangsters?


Rosa riu.


_ Eles não são gangsters. – revirei os olhos – São órfãos e analfabetos. Tudo o que eles falam foi aprendido de músicas e filmes trouxas. Tudo bem? Tá...


 


 


‘Kirido. Tá vendo alguma bolsa aqui?’ – Rosa revirou os olhos, mesmo que tivesse com um pouco de medo de Lilian. – ‘Isso aqui é uma cesta. S-E-X-T-A.’ – ela soletrou.


‘Olha o rexxpeito aee, moça.’ – Thiago botou pressão.


‘E olha a ortografia.’ – Hugo resmungou, com vergonha alheia pela sua irmã.


‘Aff. Fala direito, criatura.’ – Rose se estressou, por que ela ‘não era obrigada’.


‘Ou, garota.’ – Lilian chegou mais perto, todo o terror em seus 1,40 de altura – ‘Olha o jeito que tu fala com meus cara aee. Agora, só por que me irritou, você vai ter que...


‘Não, mossan.’


‘Piedade’ – Rosa implorou.


‘MIM LEVI NU LUGAR DELA’ – Hugo se atirou no chão dramaticamente.


‘Aff. A menina só tem que dançar Anaconda.’ – Alvo revirou os olhos.


‘Aiiiiin não.’ – Hugo sacudiu a cabeça - ‘Anaconda só a do Jared Leto, por favor.’


‘Ahhh, não vai dançar?’ – Lilian estreitou os olhos perigosamente – ‘Então, se pre.pa.ra. Por que eu vou darling a mão na sua cara.’


Rosa e Hugo engoliram em seco e rezaram pra Giovanna.


‘Mas, primeiro...’ – Thiago sorriu diabolicamente – ‘CÓCEGAS.’


Rose e Hugo arregalaram os olhos.


‘Agora a poha ficou séria.’ – Rosa gritou, se afastando um pouco.


‘Mel dels. Não aguento isso. Te amo, maninha.’ – Hugo disse dramaticamente de novo – ‘COOOORRE NEGADA.’


“E eles correram. Correram como gazelas para dentro da grande floresta encantada, fugindo das crianças do mal. Mas, então, depois de uns quarenta segundos correndo, Rosa teve um súbito pensamento.”


‘Hei.’- Rosa ergueu as mãos, num gesto de ‘pare o transito’.


‘Vish, que foi, menina?’ – Hugo perguntou.


‘Eu sou burra.’


‘Obrigado por esclarecer, eu não tinha percebido.’


‘Nãããão. Eu sou realmente burra.’ – Rosa insistiu – ‘A gente não sabe voltar pra casa. Se a gente entrar mais dentro da floresta, não vai saber voltar depois.’


‘Eita.’


“Então, Rosa teve a brilhante, incrível ideia de jogar migalhas do pão embolorado no chão para marcar o caminho. E eles andaram felizes da vida pela floresta, pulando e cantando a musiquinha do Cirilo, que nem dois retardados. Até que, previsivelmente, Rosa empacou de novo.”


‘Hugoooo.’- ela disse pálida como um fantasma – ‘Tu não vai acreditar, cara.’


‘Bate palma junto, porque a verdade é a felicidade...’ – Hugo cantava, mostrando o quanto ele se importava com o que a irmã falava.


‘Hugoooo.’


‘Bate palma junto, e viva a vida com muita vontade...’


‘HUGO, PARA DE CANTAR, INFELIZ.’ – Rosa gritou, perdendo a paciência.


‘Oxiii, mulher.’ – ele disse espantado – ‘Mas, eu to feliiiiz...’


‘Você não vai ficar feliz depois que eu quebrar seus dentes’ – Rosa advertiu – ‘Aconteceu uma coisa muito louca.’


‘O que?’


‘O pão sumiu, veeéi.’ - ela arregalou os olhos.


‘Comaassim, menina.’


‘Sumiu, criatura. Não sei como. Acho que foram fantasmas.’ – ela disse, enquanto alguns passarinhos comiam um pedaço de pão bem na cara dela.


‘Ai meu Jared.’ – Hugo sacudiu a cabeça – ‘Já é noite, a gente tá sozinho no meio da floresta encantada e tu tá me dizendo que não dá pra voltar?’


‘Isso ae.’


‘Fodel’


“Mas, Hugo e Rose não desistiam nunca, então, andaram mais um pouco pela floresta, tentando, em vão, achar o caminho para casa. Mas, no fim, eles acabaram achando algo muito mais interessante...”


 


 


_ Nárnia? – Hugo interrompeu pela milésima vez.


_ Condado?


_ Arena?


_ Submundo?


_ Jessie, Ariana e Nicki?


_ Não, não, não, não e COM CERTEZA NÃO. – revirei os olhos – Parem de viajar, vocês dois. É MUITO melhor que tudo isso!


_ Melhor que Nárnia? – Rose perguntou, cética.


_ Melhor que Nicki?


_ Mil vezes melhor. – empinei o nariz – Eles encontraram... O sonho. O poder. O Paraíso... A Fantástica Fábrica de Chocolate!


Eles me encararam.


_ A o que? – eles disseram juntos. Ai. Meu. Rim.


_ Não me digam que vocês não conhecem a fantástica fábrica de chocolate.


_ Não.


_ Ai, minha Giovanna. – sacudi a cabeça – Decepcionado. Como vocês não conhecem o Willy Wonka? Os Oompa Loompas? Vocês não tiveram infância?


_ Ahnf? Eu tenho onze anos. – Rose disse, indignada.


_ Não é desculpa. – retruquei – Enfim. Eles encontraram a Fábrica...


 


 


“Mas essa Fábrica havia sido roubada, por uma bruxa velha e mal amada. Mas, as crianças não sabiam disso. Então, entraram na velha fábrica, cujo teto e as paredes e todos os lugares eram feitos de chocolate. Ficaram observando o lugar, com as bocas abertas – nunca tinham visto tanto chocolate na vida.”


‘É melhor que o pé de Doritos’ – Hugo disse, assombrado.


‘Total’ – Rose concordou. – ‘Partiu atacar’


Mas, então, enquanto eles se matavam de comer chocolate, surgiu uma criatura vinda das profundezas da Fábrica. Rosa e Hugo gritaram ao ver o ser horrendo.


‘É A MEDUSA’ – Rosa se esgoelou.


‘É O SMEAGOL’


‘É A VANESSA HUDGENS’


‘NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO’


‘Crianças. Se acalmem.’ – a velha bruxa gritou, saindo das sombras para que pudessem vê-la melhor. Na verdade, fora uma péssima ideia.


‘Valha-me Deus, que coisa horrorosa.’ – Hugo gemeu – ‘Vem, Rosa, vem rezar, menina’


‘Ai, parem com isso.’ – a bruxa crocitou, impaciente – ‘Isso magoa, sabia? Eu tenho sentimentos.’


‘Minha filha, você não tem nem cabelo, vai ter sentimentos.’ – Hugo revirou os olhos.


Imediatamente, os olhos da bruxa se encheram de lágrimas e ela começou a amaldiçoar as crianças.


‘S-s-seus pirralhos. Nojentos. Pedaços de feto. Descendentes de formiga. Coxinhas.’


‘Ou, não humilha, né. – Rosa resmungou.


‘Silêncio.’ – ela vociferou – ‘Eu não fui sempre assim, sabia? Ah, eu era linda. Mais bonita que a JLaw. Eu sambava na cara das inimigas. Mas, um dia... Eu fui amaldiçoada.’


‘Ninguém se importa.’ – Hugo resmungou.


‘É o que, menino?’ – a bruxa se voltou pra ele os olhos estreitados.


‘Ain, nada não, moça.’ – ele engoliu em seco – ‘Eu tava só admirando sua porta.’


‘Aff.’ – ela continuou – ‘Enfim, eu fui amaldiçoada por essa mulher. Ela roubou meu marido e meus filhos e eu fiquei muito phoota, rodei a baiana na cara dela, e expulsei o Willy Wonka daqui.’


‘Ain, moça, por que?’ – Rosa disse, desaprovando – ‘O que o homi lhe fez?


‘Aff, cara chato. Flopado. Não vendia nem mais um Kinder Ovo.’ – a bruxa respondeu, expressando todo seu recalq. – ‘Até Art Pop vendeu mais que ele.’


‘Não me fala de Art Pop, por favor’ – agora era a vez de Hugo chorar – ‘Ainda estou de luto.’


‘Ai, siguintch.’ – a bruxa disse, entediada – ‘Vocês crianças são muito chatas. Reclamam demais. E eu tô com fome. Então, entrem no forninho que eu vou comer vocês.’


‘Que isso, moça. Comer as pessoas é feio’


‘Vai pro forninho logo, Hugo.’ – Rosa ordenou, desistindo.


Logo, eles descobriram que o forninho ficava em cima da mesa da bruxa. E que era um tanto pequeno pra eles.


‘Sa dona é maluca. A gente não cabe aí não.’


‘Menina, o forninho vai cair.’ – Hugo disse, ao tentar subir no forninho – ‘ÇOCORR, O FORNINHO VAI CAIR.’


‘Masoq...’ – a bruxa exclamou, ao ver a criança pendurada no seu forninho, enquanto a outra o segurava. ‘Meu. Meu. Meu forninho. AAAAAH EU VOU TE MATAR, MULEKI DUZINFERNU.’


‘Inxalá. Mas todo mundo tá querendo matar a gente hoje.’ – Hugo disse enquanto corria desembestado com sua irmã – ‘Acho que a gente tem one less, one less problem, Rosa.’


‘Cálice, minino.’


“Mas, então, eles pararam de correr. Por que, subitamente, duas pessoas entraram no recinto, sambando na cara do mundo, destruindo carreiras com seus uniformes de espiões americanos e suas armas de combate.”


 


 


_ Viúva Negra e Gavião Arqueiro?


_ Mulher Gato e... –


_ NÃO. – eu gritei – Fiquem quietos vocês dois. Mais que coisa.


_ Ai, credo, a gente só queria participar da história. – Hugo disse, ofendido.


_ Tá querendo que a mamãe acorde, é? – Rosa arqueou as sobrancelhas.


_ Não. – revirei os olhos – Mas, parem de interromper. A história já está chegando ao fim... – fiz voz de mistério.


_ Pai. – Hugo disse – É uma história pra dormir, não os livros do Stephen Rei.


_ Shhh. Continuando...


 


 


“As crianças olharam as criaturas, atônitas. Um homem de óculos e cara de tédio, e uma mulher ruiva brincando com um bichinho de pelúcia.”


‘Quem são vocês?’ – Rosa perguntou, assombrada.


‘Nós somos Harry e Gina.’ – o cara de óculos respondeu – ‘Caçadores de Bruxas.’


‘Parece Débi e Loide.’ – Hugo cochichou para Rosa.


‘Parece mesmo’ – eles começaram a rir.


‘OU VOCÊS DOIS’ – Harry gritou – ‘Tão rindo do que?’


‘Nada não, moço’ – Rosa respondeu, prendendo o riso.


‘Harry.’ – Gina repreendeu – ‘Não seja tão rude.’


‘Mas... Mas... ’


‘Vocês são irmãos?’ – Hugo perguntou, com toda sua cara de pau.


‘É o que, menino?’ – Harry retrucou.


‘NÃAAAO.’


‘Ai que nojo.’


‘São o que, então?’ – Rosa se entrosou.


‘Bom, a gente...’ – Gina começou.


‘A gente faz secsu.’ – Harry concluiu.


‘HARRY.’ – Gina gritou.


‘O que é secsu?’ – Hugo perguntou.


‘É chocolate, querido.’ - Gina se aproximou, sorrindo de forma muito idiota – ‘Entaããão, crianças. Tudo bem? Puq naum mi dizen ondi ta a buxa malvada, ahn?


‘Por que ela tá falando assim?’ – Rosa cochichou, com medo.


‘Sei lá. Acho que ela é louca.’ – Hugo sussurrou de volta – ‘Agora. Apenas sorria e balance a cabeça’


Eles sorriram e balançaram a cabeça.


‘Por que vocês estão com essas caras?’ – Harry franziu o cenho – ‘E, Gina, querida, eles não são bebês.”


‘Valeu, cara.’


‘Então, ondi ta a buxinha malvada?’ – Harry perguntou.


‘Aff’


‘Ela estava aqui agora.’ – Rosa ergueu as sobrancelhas, procurando a bruxa. ‘Mas cadê a mulher gente?’


‘Aqui.’ – a mesma saiu de dentro do forninho quebrado.


‘AAAAAAAAAAH.’ – as crianças gritaram.


‘Ai, meu Jared. Faz isso não, mulher’ – Hugo disse, com a mão no coração.


‘Como ela coube ali dentro?’ – Harry disse, indignado.


‘Verdade. Tu não é mais magrinha não, querida.’ – Rosa sacudiu a cabeça.


A bruxa se virou pra ela, os olhos arregalados de fúria.


‘Eita, Sara Lopez.’ – Hugo exclamou.


‘AAAAH EU VOU TE SO CAR, GURIA INFILIZ.’ – a bruxa gritou, correndo atrás deles de novo.


‘AAAAAAH’ – Rosa e Hugo gritaram, recomeçando a corrida.


‘HEI. – Harry gritou, dando um passa a frente. - Não temam, crianças. A gente veio botar pra f... –


‘Harry!’ – Gina interrompeu, escandalizada – ‘Que horror. Eles são crianças. Aff.’


‘Ai, qual é. Esse é o meu bordão!’


‘Calado.’ – ela disse simplesmente – ‘Agora, crianças. Fiquem atrás de mim enquanto a gente acaba com essa bruxa feia.’ - *joga o cabelo.* *bad ass atitutte.*


‘Peeeera.’ – a bruxa levantou as mãos – ‘Vocês não podem encostar em mim.’ - *estrala os dedos* - ‘Eu sou uma bruxa branca. 2bjos.’


 


 


_ Ahnnf? – Rosa interrompeu – Não vão matar a guria só por que ela é branca? Isso é racismo, sabia?


_ Não é ela que é branca, é a magiiia que é braaanca, sua lesada. – Hugo disse, revirando os olhos.


Me controlei para não rir – eu sabia que Rosa ia ficar chateada depois.


_ Entendeu, Rosa? Okay.


 


 


‘Aaaaaaah, qual é. De novo isso?’ – Harry reclamou – ‘Depois que inventaram esse negócio de bruxa branca, a gente não consegue mais bruxa nenhuma.’


‘Verdade.’ – Gina sacudiu a cabeça – ‘É só chegar numa casa e começa ‘Ain eu so uma bruxa branca, ain eu naum fassu mal as pessoas’. Coisa chata.’


‘Mas, é verdade.’ – a bruxa revirou os olhos – ‘Eu fui enfeitiçada e fiquei assim.’


‘Pera, pera.’ – Gina franziu o cenho – ‘Você foi enfeitiçada? Você não nasceu com a magia?’


‘Não, né, estranha. Foi o que eu acebei de falar’


‘Ah, sua anta.’ – Harry disse, indignado – ‘Então, você não é uma bruxa branca. Na verdade. Você nem é uma bruxa’


‘É o que, menino?’


“Mas, nessa hora, a fábrica foi invadida mais uma vez por duas figuras trôpegas.”


 


 


_ Jack Sparrow?


_ Charlie Harper? – Hugo bocejou.


_ Se fizerem isso de novo, vou dar na cara dos dois. – ameacei. – E vamos terminar a história, por favor.


Tomei fôlego, e terminei a história.


 


 


‘Papai?’ – Hugo e Rosa exclamaram, perplexos.


‘Willy Wonka?’ – a bruxa disse, mais perplexa ainda.


‘Vem aqui, que eu vou dar umas bolachas na sua cara, bruxa duzinfernu.’ – ele avançou pra cima da bruxa.


‘Calma, calma aí, gente.’ – Harry disse, e, ele e Gina tiraram Willy de cima dela.


“Então, eles disseram que estudaram em Hogwarts, e, pelo que sabiam, havia um jeito de desfazer o feitiço que colocaram nela: dançando Y.A.L.A. E, então, a bruxa dançou ‘Go low, go slow, Roll like a pollo, up and down a pole, like you’re glowing up a yo-yo.’ E a magia se desfez, e pah *congelamento avenida Brasil*. Eles viram que a bruxa era, na verdade, Hermione Weasley, a esposa de Ronald, e mãe dos dois garotos; e que, na verdade, Lilá era a bruxa que havia enfeitiçado Hermione. Então, Mione voltou pra casa, Lilá levou uma surra dos Caçadores de Bruxas – que decidiram adotar as crianças órfãs do bairro -, Willy Wonka conseguiu sua fábrica de volta, e todos viveram feliz pra sempre, agora, finalmente, recebendo o bolsa família. Fiiiim.”


 


 


Olhei para as crianças, esperançoso. Aí eu vi que eles estavam dormindo. Ah, mas de novo isso? Não é fácil criar historinhas do nada, sabe? Não tem o mínimo de consideração.


Mereço mesmo.


 


 


 

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