Aniversário



Assim que abro os olhos e vejo os raios da manhã incidindo pela janela do meu quarto sorrio. Nada melhor que um aniversário com sol. Levanto coloco um vestido azul sem mangas, com um cintinho branco. Uma sapatilha azul do mesmo tom do vestido, uma bolsa branca e um laço no cabelo. Um look bem inocente para o dia de hoje. Afinal hoje é dia de ver os Dursley. Não posso fazer feio. Se é que me entendem. Saio do meu quarto e desço as escadas. Sherlock e John já estão tomando café. Quando Sherlock se vira para falar comigo, quase engasga com a bebida quente.


- O que aconteceu com você? Resolveu ser uma garota normal? – fala irônico e um pouco... Decepcionado?


John se vira também e quando me vê, seu queixo cai.


- Acho que tive a reação esperada.


- Como assim? – Sherlock pergunta confuso.


- Vou passar o dia com Harry lembra? Rever meus queridos tios...


- Ah, - ele entende aonde eu queria chegar – vê lá o que vai fazer hein? A propósito, feliz aniversário.


Sorrio.


- Obrigada.


- Parabéns Mary! – fala John vindo me abraçar – Seus presentes estão na sala. Como não estou com muita fome vou ver o que mais um ano de vida me rendeu. É uma pilha razoável até.


Os dois do topo são de Holmes e Watson e são os primeiros que abro. Do meu padrinho, eu ganho uma lupa. Sorrio, dou-lhe um abraço e agradeço. Há tempos estava querendo uma. Quando abro o de John tenho outra surpresa: Um disco de vinil do AC/DC para a minha coleção. Que demais. Agradeço-o também e abro os outros. Do Rony ganho um bisbilhoscópio. De Hermione, uma série de livros em francês, de Fred e Jorge, uma caixa cheia de logros da Zonkos’s. Vovô me dá uma réplica de seu desiluminador, Tio Sev, um caldeirão auto-mexível (que mexe o conteúdo sozinho), Tia Minnie um Xadrez de Bruxo e Hagrid me deu um livro bem curioso. Observo-o mais atentamente. O título era “O Livro Monstruoso dos Monstros”. Ao tentar abri-lo, ele me ataca e acaba mordendo o meu dedo. Dou um grito e deixo o livro cair no chão.


- O que foi isso? – pergunta Sherlock voltando para a sala.


- O Hagrid – digo vagamente – me deu um livro que morde – olho para o meu dedo mordido – que DEMAIS!!!


- Agora sim está parecida com a minha afilhada...


- Sherlock, acho melhor ver isso aqui – John grita lá da cozinha.


Acompanho Sherlock até a cozinha e John aponta a televisão:


- ... Black é um assassino em potencial e ainda não foi explicado como ocorreu a fuga. Pedimos a todos que se por algum acaso verem Sirius Black, avisar a polícia local. Agora vamos a previsão do tempo - a foto de um homem com o rosto ossudo de olhos negros e com cabelos da mesma cor que iam até o seu cotovelo desapareceu e deu espaço para o mapa da previsão.


- Não falou da onde ele fugiu... - comento ainda não entendendo por que John nos chamou para ver isso.


- É o óbvio que não iriam comentar - fala Sherlock 


- Por que é óbvio?


- Sirius Black fugiu de Azkaban.


- Oi? Falaram na TV sobre a fuga de um bruxo?


- Não é qualquer bruxo. Esse era um dos mais fiéis seguidores de Voldemort. E agora está a solta - ele ser vira para mim - Mary, me prometa que você não vai sair por aí sozinha. E não vai sair da casa dos Dursleys se eu não estiver lá para buscar você.


- Quê? Acha que ele fugiu para ir atrás de mim e do Harry?


- Ele teve um papel muito importante na morte de seus pais, é bem capaz que queira continuar com o plano seja lá qual for ele. 


- Conto para o Harry sobre isso? 


- Não. Só fale pra ele não sair sozinho. E diz que quando ele for para o Beco Diagonal comprar os materiais que iremos buscá-lo para ele não ir sozinho. Não diga nada sobre Lily e James.


- Por que não? - pergunto confusa.


- Harry é o tipo de pessoa que age por impulso... Se ele souber como Black participou da morte de seus pais, irá atrás deles e eu tenho certeza absoluta que você não vai impedi-lo e sim ajudá-lo.


- Então você não vai contar pra mim como Black participou de tudo?


- Exatamente. Por isso, não insista.


Reviro os olhos, emburrada. Odeio quando ele faz isso. Ou quando todos fazem isso. Que mania de esconder as coisas! Mas eu vou descobrir isso de qualquer maneira. Ou eu não me chamo Mary Lily Potter.


- Ok! Não vou insistir - ele ergueu as sobrancelhas confuso - por enquanto - sua expressão ficou desanimada - mas só porque eu tenho que sair agora. Anda, me leva até a casa de meus queridos tios Dursley. Se você vai querer bancar o meu chofer, vai ter que arcar com as consequências...


- Você não existe – diz Sherlock.


- Obrigada – dou um largo sorriso.


Saímos de casa e vamos à casa de meus tios que fica em Surrey. Mais precisamente na Rua dos Alfeneiros, número 4. Assim que estamos na frente do local, me despeço do meu padrinho e ele volta a Londres. Toco a campainha. Ouço alguém gritando para Harry atender. Típico. Quando a porta se abre, meu irmão fica ali parado me encarando.


- O que foi? – pergunto confusa.


- Quem é você e o que fez com a minha irmã? – ele estava se referindo as roupas é claro. Sorri.


- Feliz Aniversário para você também maninho – estiquei os braços e ele veio me abraçar – Espero que você goste – falo depois de nos separarmos e dou-lhe o presente que comprei na semana passada.


- Mary, você sabe que eu não pude comprar nada para você ainda...


- Não esquenta Harry. Já ganhei presentes suficientes – falo mostrando meu dedo mordido.


- Hagrid? Livro? Maluco? – começo a rir concordando.


- Melhor de todos – ele me acompanha com gargalhadas.


- Quem está aí? – fala tio Válter vindo para o hall.


- Euzinha – digo entrando em seu campo de visão – Como vai tio Válter?


O que eu mais gosto nele é quando ele muda a cor do rosto de normal para roxa em poucos segundos. E foi isso que aconteceu agora. Quando ele tenta falar alguma coisa, eis que entra tia Guida. Meu Deus, meu aniversário não podia estar melhor...


- O que essazinha está fazendo aqui? Pensei que tinha expulsado ela Válter...


- Bem, eu vim visitar o meu irmão tia Guida... Creio que a senhora vai me entender, já que está fazendo o mesmo...


- Mary, vem, vamos subir para o meu quarto – olho para Harry confusa, ele sempre gosta de torturar um pouco nossos tios no aniversário... O que aconteceu?


- Ok... – falei desconfiada e subi junto com ele para seu quarto.


Ao fechar a porta perguntei:


- O que foi aquilo?


- Será que dá pra você se controlar um pouco hoje?


- Por que?


- Tio Válter só vai assinar a autorização para ir a Hogsmeade se eu me comportar enquanto ela estiver aqui.


Hogsmeade é um povoado bruxo que fica perto de Hogwarts. Todo aluno da escola que estiver do terceiro ano pra cima, se possuir autorização dos responsáveis, pode ir ao povoado em fins de semana programados.


- Tá de brincadeira né? – falo não acreditando.


- Por favor Mary...


- O que eu não faço por você hein?


Ele sorriu e me deu um abraço.


- OK! OK! Agora abre seu presente.


Ele rasga o papel de presente e fita o Guia de Jogadas para Quadribol. Quando volta a me olhar, o brilho em seus olhos é evidente. Ele gostou.


- Caramba Mary... É... Demais!


- Faço o que posso...


Eu estou feliz por ele ter gostado. Afinal não é todo ano que Harry ganha um aniversário decente.


- O que acha de darmos uma volta?


- Uma volta? – falo um pouco apreensiva lembrando do aviso de Holmes...


- É, o que você acha?


Bem, já que eu não posso contar todos os  detalhes, não vou me dar ao luxo de contar a historia inteira. Além disso, Black fugiu ontem de Azkaban. Ele não vai conseguir chegar a Surrey a tempo de ver eu e Harry dando um passeio...


- Acho uma ótima ideia.


 

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