Luke, o estranho



O dia seguinte chegou, mas Lily não estava muito bem de humor. Quando os primeiros raios de sol entraram em seu quarto e passaram pela pequena fresta entre seu cortinado ela acordou e se lembrou da noite passada, pensando que quase disse o que sentia pra Remus. Sentiu-se meio aliviada de não ter falado, porque sabia que ele não sentia o mesmo. Percebera na noite anterior.


Mas mesmo estando aliviada ainda estava triste. “Amor não correspondido dá nisso”, pensou se levantando de sua cama. Olhou para o pequeno despertador que estava na cômoda ao lado da mesma e vira que ele marcava seis horas. “Ótimo! Acordei uma hora mais cedo do que de costume”. Suspirou e revirou os olhos. Ela gostava de acordar cedo, mas no horário certo, e não uma hora antes. Poderia estar aproveitando e dormindo, porque pelo menos não enchia a cabeça de pensamentos ridículos sobre a noite anterior.


O que ela poderia fazer até dar sete horas pra acordar suas amigas? Não tinha nada o que fazer. Seus deveres do primeiro dia, do dia anterior, foram poucos, e ela já os tinha feito quando chegara de suas aulas da tarde.


Pensou que fazia muito tempo que ela não tomava banho no banheiro dos monitores. Não teve tempo de fazê-lo quando voltara pra escola. Então decidiu ficar no mínimo meia hora naquela banheira com espumas e bolhas coloridas para relaxar. Pegou sua toalha e seu uniforme, e desceu para o banheiro.


Incrivelmente o castelo estava quieto. Não tinha ninguém nos corredores, e estes ainda estavam meio escuros e um pouco frios. Nem os fantasmas se atreviam a sair naquele horário. Onde será que eles ficavam à noite? Será que dormiam? Se dormissem, será que era em pé ou deitado? “Ai que coisa estúpida de se pensar”. Mas mesmo assim ela gostaria de perguntar isso para Nick quase-sem-cabeça, mesmo achando que se perguntasse iria ser rude e o fantasma que ela mais gosta poderia nunca mais falar com ela.


Às vezes ela conversava com Nick, para saber sobre as guerras que ele se lembrava ou que participara. Dificilmente acreditava no que ele falava que fizera. Eram coisas bem surreais, mesmo estando em um mundo mágico.


Lily chegou ao banheiro e sorriu em ver que estava sozinha naquele imenso espaço. Trancou a porta e se despiu, colocando sua toalha perto da banheira também enorme.


Entrou na mesma e teve que ficar na ponta dos pés, pois a banheira era muito funda. Havia alguns degraus em um dos cantos da mesma, e Lily foi se sentar neles.


- Pra que fazer banheiras tão fundas? – murmurou olhando para a espuma que se fazia por cima da água. – Isso parece uma piscina.


Encostou sua cabeça em um dos degraus e deitou-se nos outros. Não era a posição perfeita, mas era melhor que nada. Fechou os olhos e relaxou. Aquele lugar era perfeito para não fazer nada e não pensar em nada.


Ela sentia a água se acalmando aos poucos, pois outrora ela entrara na banheira rapidamente, mexendo muito na água. Sentia também a espuma indo para as bordas, e como ela estava em um dos cantos, a espuma começou a tocar sua pele.


Nem se importou se seu cabelo iria ficar com espuma colorida, ela iria lavá-lo mesmo assim.


Mesmo que aquele lugar era para relaxar e não pensar em nada, sua mente começou a passar imagens de Remus do dia anterior. Das ruguinhas em sua testa, de sua risada, seu sorriso, dos riscos nos cantos dos seus olhos quando sorria, e quando ele a abraçou, nas duas vezes.


Não foi algo que ela se orgulhou naquele momento, mas gostou de se lembrar do que acontecera. Mesmo ele não dando sinais de que gostava dela. Ela queria que ele não a visse mais como sua amiga, companheira de monitoramento. Queria que a visse como uma garota, como todos os meninos a veem. Queria que ele sentisse desejo por ela, que sentisse vontade de beijá-la, de acariciá-la durante o beijo, queria que ele sentisse vontade de tocá-la a todo momento, que não conseguisse ficar por muito tempo longe dela e corresse para encontrá-la, para ficarem sozinhos, abraçados, fazendo carinhos um no outro, dando beijos calmos porque não conseguiriam manter suas bocas longes uma da outra, como aqueles estúpidos filmes de romance que mexe com a cabeça de garotinhas inocentes em quesito de amor.


Mas isso nunca iria acontecer, porque ele só a via como amiga. Aquela que ele poderia pedir mil favores, poderia confiar para contar segredos, para conversar sobre garotas, mesmo que fosse estranho esse assunto entre dois amigos de sexos diferentes. Mas ele não se importava porque era divertido saber a opinião de uma menina sobre outra menina. Ela sabia que ele se importava com ela, não do jeito que ela gostaria que se importasse, mas se importava. Ele cuidava dela, ele se considerava o irmão mais velho de Lily.


Se lembrou de um dia que ele a consolou por causa de um menino. Estava no quarto ano, ainda não tinha evoluído fisicamente. Ela se viu ter uma queda por um corvinal do sexto ano. Ele era bonito, inteligente, não era um trasgo como os outros meninos mais velhos, e parecia sempre se destacar em classe.


Então ela começou a conversar com ele, sobre as matérias, tentando fazer com que ele a conhecesse do jeito certo, e não como uma pessoa infantil, como todos os mais velhos faziam com os mais novos.


Um certo dia ela estava na biblioteca procurando alguns livros nas prateleiras e ouviu o tal garoto, Finn Durly, conversando com um amigo.


Este amigo insinuava que Lily era apaixonada por Finn e só estava se aproveitando para se aproximar dele, para que algum dia os dois ficassem. Foi então que Finn disse tudo aquilo que Lily não iria gostar de ouvir nunca em sua vida de um menino mais velho. Tudo em apenas uma frase: “Nunca ficaria com ela porque ela é muito criança”.


Aquele a destruiu por dentro. Nunca pensou que encontraria alguém e gostasse do mesmo jeito que gostara de Finn. Ele despertou muitas coisas diferentes nela, e eram sempre coisas boas, emocionantes. Foi bom ela ter tido essa experiência de cortar o coração, porque ela aprendeu a nunca dar o coração por completo pra outra pessoa, mesmo que ela conhecesse essa pessoa, porque poderia de acontecer de esta pessoa não ser nada do que Lily achava que era. Ela nunca mais falou com ele, e o evitava nos corredores. Por sorte ele só tinha mais um ano na escola.


Remus percebera o jeito que ela ficara, e ele a consolou, abraçando-a a noite toda em um canto na sala comunal. Dizia que ela era maravilhosa em tudo. Era doce, gentil, sempre ajudava os outros e era muito madura pra sua idade, e que esse tal de Finn não sabia de nada, que era o maior babaca de todo o mundo. Que Remus a conhecia muito melhor. E quem ganhasse seu coração seria a pessoa mais feliz do mundo.


No outro dia ela não deixou isso consumi-la e fingira não ter acontecido nada.


Ela mergulhou a cabeça, ficando algum tempo debaixo d’água, não ouvindo absolutamente nada e tentando não pensar em nada. Decidiu se lavar e se secar para colocar seu uniforme. Já devia ter passado bastante tempo. Se trocou em menos de cinco minutos.


Estava abrindo a porta do banheiro e de repente bateu em algo, ou melhor, em alguém, fazendo um barulho muito alto.


- Ai meu Deus. Eu matei alguém – disse só vendo o par de pernas no chão, sem se mover. Então começaram a se mexer e Lily soltou um grito abafado. Abriu a porta toda e viu metade de uma barriga. A outra metade estava tampada com a camiseta branca, ou melhor, metade da camiseta branca, porque a outra estava engarranchada na cabeça e nos braços da pessoa, que parecia ser um menino.


- Quem está ai? – o menino disse meio abafado e Lily reconheceu a voz de Remus.


- Ai meu Merlin, Remus – disse com os olhos arregalados e se agachou para ajudá-lo, largando sua toalha no chão. Sem nenhuma intenção olhou para a metade da barriga dele e se deparou com uma barriga meio definida.


Mesmo não praticando nenhum esporte, Remus tinha um bom físico. E também não era magrelo, parecendo não ter carne, só ossos.


Ele ainda estava se atrapalhando com a camiseta. Lily tentou ajudá-lo puxando-a para baixo, revelando um rosto muito vermelho pelo esforço e um pequeno galo, quase invisível, na testa do garoto.


- Lily – disse finalmente se levantando. – Não sabia que estava aqui.


- Me desculpa Remus. Nem vi você quando abri a porta – sorriu sem graça.


- Ah! Não tem problema não – riu fraco. – Nem doeu tanto assim – disse passando os dedos pelo galo e fazendo uma careta de dor.


- É claro que doeu. Me deixa ver – ela ficou na ponta dos pés e encostou seus dedos finos delicadamente na testa dele sentindo o galo pulsar bem fracamente.


Ela estava muito próxima dele, e pôde ver suas íris. Eram cor de mel, contrastando com a cor âmbar do resto de seus olhos. Ficou sem se mover, somente olhando para seus olhos. Remus também olhava para seus olhos verdes, de um para o outro. Ficou sem fazer nada, somente esperando ela fazer qualquer coisa.


Lily percebeu que ficara muito tempo nisso, então desceu das pontas dos pés e olhou para baixo, engolindo em seco.


- Perdão. Acho... Acho melhor ir na enfermaria – disse rápido e se abaixou para pegar sua toalha, que ainda estava no chão.


- Não é necessário – ele riu fraco, sendo acompanhado por Lily, que se levantou, mas olhava para a toalha. Ele só conseguia ver um emaranhado de cabelos ruivos.


- Eu tenho que ir – disse ainda olhando para baixo, fingindo mexer em sua toalha. – Até mais tarde – continuou, sobre o ombro, saindo de lá. Correu até a Sala Comunal, gritando a senha para a Mulher Gorda e recebendo uma bufada de impaciência. Subiu as escadas dois degraus por vez entrando em seu dormitório e batendo a porta com força.


- AI MEU DEUS, É TIRO! – Katie gritou assustada, pulando de sua cama. Olhou para Lily – Por Merlin, Lily, você me assustou – pôs a mão em seu coração, sentindo-o bater descompassado.


- Desculpa, desculpa – disse se jogando em sua cama, respirando eufórica.


- O que foi isso? – Alice também acordara e olhava de Lily para Katie, bocejando.


- Nada – Lily respondeu rápido.


- Se não fosse nada, não estaria assim, Lily – Alice disse erguendo uma sobrancelha, interrogativamente.


- É do Remus? – Katie disse olhando para a amiga que a olhou assustada. – Quando você chega eufórica ou é porque brigou com Potter – Lily fez uma careta – ou é porque estava com o Remus. Isso é novo, mas eu sei.


- O que tem o Remus? – Alice perguntou se virando para a Katie.


- Você não sabe né?


- Só fica com o Frank e esquece as amigas – Lily disse cruzando os braços, ainda deitada.


- Essa conversa de novo não, por favor. O assunto é outro – Alice suspirou cansada.


- Calem a boca! – Marlene disse com a voz embargada, ainda de olhos fechados.


- Não. Tá na hora de acordar Lene. – Katie disse batendo na cama dela. Ela fungou e se sentou na cama, ainda sonolenta.


- Essa foi fácil – Lily fez o mesmo que a amiga. Surpreendeu-se por ela ter acordado tão rápido assim. Normalmente tem que bater nela muitas e muitas vezes.


- É que eu ouvi “Remus” – ela disse com os olhos fechado e rindo. Lily revirou os olhos – Conta logo.


- Não. Espera. Eu preciso saber o que tem ele – Alice disse olhando significativamente para a ruiva.


- Lily gosta do Remus – Katie disse.


- Acho que gosto do Remus – corrigiu.


- É mesmo? – Alice ergueu uma sobrancelha. – Mas vocês são amigos.


- Isso que é o problema. Não dá pra acontecer nada entre a gente – continuou.


- Pronto. Esclareceu tudo. Agora conta – Lene disse ansiosa, com os olhos agora abertos.


- Bom, eu fui tomar banho lá no banheiro dos monitores... – então Lily contou tudo. Contou o que aconteceu e o que sentiu, tudo, nos mínimos detalhes. – Eu não queria ter ficado naquela posição, olhando para os olhos dele. Pareceu uma eternidade e ele pode ter pensado exatamente o que não quero que ele pense. Que eu gosto dele.


- E por que não? É tão ruim assim? – Alice disse.


- É horrível, Li. É óbvio que ele não me vê de outra forma. Só me vê como amiga, como a irmã mais nova que ele tem o dever de proteger – sua voz saiu embargada.


- Mas às vezes se você contar pode ser que desperte algo nele – ela continuou.


- Não quero ninguém gostando de mim por pena.


- Não seria por pena. Você é incrível Lil, ele iria se apaixonar por você se começasse a te ver de outra forma.


- Mas ele não me vê de outra forma.


- Talvez porque ele se sinta culpado por pensar assim.


- Lice, acho melhor não colocar mais coisas na cabeça da Lily – Marlene disse.


- Eu também acho. Ela já tá muito confusa. E isso só faz um dia que tá acontecendo. Você sabe como a Lily é complicada – Katie completou.


- Obrigada? – Lily disse irônica pela última parte. – É Li. Eu to com elas. Talvez não seja nada demais. Talvez seja eu que esteja colocando coisas na minha cabeça. Mas mesmo assim, obrigada.


- Você que sabe Lily. Só estou tentando ajudar – Alice deu de ombros.


- Eu sei – se levantou e foi pra frente da amiga. – E eu agradeço – abraçou-a por alguns segundos.


- Quanta melação – Marlene disse revirando os olhos. – Agora eu vou tomar banho enquanto Alice tá ocupada. – ela se levantou rapidamente e foi direto para o banheiro, trancando a porta em seguida.


- Não! – Alice se separou de Lily que deu uma risadinha. – Lene, você tem que ser por último, é a que mais enrola – ficou batendo na porta, mas desistiu. Ouviu o barulho do chuveiro ligado. – Saco. – se jogou na sua cama. Lily riu da atitude e começou a arrumar seu material, já que já tinha tomado banho.


-x-


Todos os sete já estavam no café da manhã há algum tempo. Peter estava comendo, como sempre; Remus estava lendo o livro de Runas, que era a próxima aula dele, de Lily, de James, de Sirius e de Katie; Katie ainda comia seu primeiro omelete; Sirius e Marlene estavam discutindo sobre alguma coisa inteligível, algo como “Holyhead Harpies ser melhor que Chudley Cannons” por parte de Marlene, e a recíproca por parte de Sirius.


- Você só diz que Chudley é melhor que as Harpies porque é machista o suficiente de não enxergar que elas ganharam os três últimos torneios britânicos seguidos, e os Chudley ganharam torneios com um espaçamento de tempo enorme – Marlene disse olhando para Sirius com a sobrancelha erguida.


- Mas eles têm mais número de Copa Mundial – Sirius deu de ombros tomando um gole do suco de abóbora.


- Estamos falando sobre torneios e não Copa Mundial – ela começara a ficar irritada.


- Porque você sabe que se falar de Copa Mundial você perde – ele olhou pra ela com um sorriso enviesado e irônico.


- Então vamos falar de Copa Mundial – ela bateu na mesa com uma só mão assustando Peter. – E aquela Copa que os Chudley perderam tão ridiculamente de 370 a 150 dos Puddlemere United? – ergueu uma sobrancelha, desafiadora. – Os Puddlemere fizeram 37 gols, e pra não ficar ainda mais ridícula os Chudley pegaram o pomo, porque não conseguiram fazer nenhum gol?


- Isso... Isso foi um dia de fraqueza dos Chudley – Sirius disse desconcertado, se virando para terminar de comer seus bacons. Marlene sorriu vitoriosa. Lily, vendo a cena, meneou a cabeça, com um sorriso mínimo. James percebera e fitara-a por um longo tempo.


Lily percebeu, mas não quis falar nada. Não queria estragar ainda mais seu humor naquele dia. James estava irritando-a somente por olhá-la, mas ela não iria dar o gostinho a ele de ficar brava, porque era disso que ele gostava. Gostava de vê-la ficar da cor de seus cabelos e com os olhos brilhantes de tanta raiva.


Tentou não se incomodar com isso olhando pra frente e vendo Remus lendo seu livro, que estava aberto em suas mãos. Ela viu as ruguinhas em sua testa novamente, e tentou ignorar o solavanco dentro de seu estômago. Baixou os olhos para a boca dele e via-a se mexer conforme ele lia.


- Oi pessoal – Luke chegara, se sentando ao lado de Lily e a tirando de seus devaneios.


- Oi – disseram em uníssono. Lily se virou pra ele e sorriu. Um barulho um pouco alto de penas tiraram a atenção deles seja do que estavam fazendo. O correio chegara e Lily olhara pra cima a procura de sua coruja. Sorriu vendo uma mancha marrom com pequenos círculos brancos indo de encontro a ela. Athena pousou a sua frente e soltou o jornal matinal que estava segurando na cordinha que o amarrava. Lily acariciou sua cabeça dando uma noz.


- Que linda sua coruja Lily – Luke disse aproximando seus dedos na coruja. E mal tocara em sua cabeça ela levantara voo.


- É sim. Ela não veio ontem pra você ver ela. Provavelmente tava cansada de ficar na gaiola dela. – Lily riu fraco abrindo o Profeta Diário e não gostando do que via na manchete de primeira página “Mais quatro assassinatos em povoados trouxas no dia anterior”. Ela suspirou, torcendo para que não fosse perto da casa de seus pais.


- Tá péssimo isso né? – Luke deu uma olhada para o jornal. Lily assentiu. – Meus pais estão preocupados com essas mortes e Voldemort – um silêncio reinou naquela parte da mesa. Todos olharam para Luke meio boquiabertos por ele ter dito aquele nome. Ninguém acreditava que um garotinho de onze anos poderia ter tanta coragem para dizê-lo.


- Por que você disse esse nome? – Lily disse num fio de voz.


- Porque é o nome dele – Luke deu de ombros.


- Ninguém diz o nome. Só Dumbledore. Aurores. Pessoas estúpidas o suficiente de não terem medo dele. – James disse franzindo o cenho.


- Não é que eu não tenha medo dele. Eu morro de medo dele. Minha família mora em um povoado trouxa. É o petisco favorito dele. Mas nem assim vou deixar de falar o nome dele pensando que está amaldiçoado – o garotinho disse meio rápido, ficando um pouco vermelho. Todos o olharam meio assustados. Ele se virou para a jarra de suco de abóbora e colocou um pouco em seu copo.


Ficaram em silêncio, voltando a fazer o que antes faziam: comer. Luke ficara meio desconfortável por aquele momento, e não disse mais nada. Só comia um pouco rápido, querendo sair daquele lugar.


Não queria se achar a melhor pessoa por ter dito o nome de Voldemort. Mas ele dissera tantas vezes antes que não se assustava mais. Lembrou-se de um raio verde a alguns centímetros dele, mas logo meneou a cabeça, não querendo mais pensar nisso. Não estava em Hogwarts para ficar pensando nessas coisas. Ele mesmo fizera essa promessa para si.


- Então... – Lily disse, pra cortar a tensão - ontem a gente não conversou sobre suas aulas.


- Foram boas, muito boas – disse comendo um pedaço de torta de abóbora.


- Suas primeiras aulas e você fala que foram “muito boas”? – ela tentou imitá-lo, não se saindo muito bem. Marlene e Katie riram fraco vendo a cena.


- É ué. – deu de ombros – Foram um pouco monótonas e muito teóricas – olhou pra ela revirando os olhos.


- Mas as primeiras aulas são assim – ela riu fraco.


- É pra você começar a focar e colocar o seu poder no feitiço. Aprender a controlá-lo – Katie disse.


- Mas eu queria que já fosse algo prático. Tipo – ele pegou sua varinha e disse – “Wingardium Leviosa” – o garfo que estava no prato de Lily começou a flutuar e todos os sete olharam, novamente, assustados para o pequeno garotinho de onze anos.


- Como... Como fez isso? – Lily perguntou abobalhada.


- Falando o feitiço – ele desfez e o garfo caiu suavemente. Lily revirou os olhos e ele riu. – Eu pesquisei um pouco e treinei.


- Isso é impossível. Normalmente os professores fazem isso lá pra Outubro, e com uma pena, que nem tem peso – Katie disse olhando para o garotinho com o cenho franzido.


- Tem alguma coisa em você que não tá certo Luke – Marlene disse olhando-o com uma sobrancelha erguida. Ele engoliu em seco.


- Eu sou nascido trouxa e sou muito curioso. Eu só quero ficar pesquisando – deu de ombros, mais uma vez, e voltou para sua comida. Lily sorriu minimamente, se lembrando dela mesma no primeiro ano, em que sabia de tudo. Sabia os feitiços e como fazê-los, sabia as poções, sabia sobre os animais mágicos. Era muita curiosidade pra uma pessoa só. Mas mesmo assim ela não parou de ir pra biblioteca e pesquisar o quanto conseguia todos os dias.


Por causa disso que James começara a mexer com ela. Falava que ela um ratinho de biblioteca, que queria a atenção dos professores, queria saber mais que todos pra se destacar. Ela pensou que não era uma coisa ruim ser uma das melhores, e se destacar, afinal, em seu futuro ela poderia conseguir um bom emprego que podia se autossustentar, e viver muito bem. Ela não sentia vergonha em ser culta, sabe-tudo.


Mas com o passar dos anos ela percebeu que isso não atraía a atenção dos garotos. Nenhum garoto queria uma garota que só falasse sobre as aulas, coisas que eles não sabiam. Nenhum garoto gostava que uma garota fosse mais inteligente que ele.


Esse foi um dos motivos de ela concordar em começar com as marotices com as garotas. A outra ela superar Potter. Ele era um bom aluno também. Não era um bom exemplo, mas conseguia tirar notas boas, conseguia impressionar os professores fazendo os feitiços. Juntamente a Black, eram um dos melhores alunos da Grifinória, mas que não era bom exemplo. E Lily sempre odiou isso.


Ela se esforçava, passava horas na biblioteca, pedia explicações depois das aulas para os professores, somente pra ficar com boas notas. Mas James e Sirius, não prestando atenção nas aulas, conversando e brincando nas mesmas, fazendo marotices, ganhando detenções praticamente todos os dias, eram um dos que tiravam boas notas.


Então ela parou de frequentar a biblioteca tantas vezes no mesmo dia, parou de correr atrás dos professores, parou de se sentar na frente, e parou de levantar a mão todas as vezes que o professor fazia alguma pergunta. Ela levantava vez ou outra para ganhar pontos pra Grifinória, coisa que James e Sirius conseguiam perder em uma brincadeira com sonserinos.


O dia passou se arrastando de uma maneira enlouquecedora para Lily. Claro que James sentou-se ao seu lado, porque agora ele era seu companheiro de classe, e provavelmente tenha brigado com Remus por ter sentado ao lado de Lily no dia anterior. Mas não fora por isso que quase enlouqueceu.


Ela sentou-se na última carteira do meio, ao lado de suas amigas, e Remus se sentou na sua frente e de James, junto com Sirius. Mesmo antes tendo falado que não faria Runas, porque iria desistir esse ano, não conseguira tal feito com a professora McGonagall. Ela ainda estava irritada pela brincadeira no dia de boas vindas que não se deu o trabalho de considerar o pedido de Sirius.


Toda hora ela olhava para a nuca do garoto, para suas costas, seus braços que estavam um pouco à mostra. Quando o garoto se virava para mandar Sirius calar a boca por estar cantando, ou falar para parar de jogar bolinhas de papel, ou até mesmo de se encostar nos dois pés traseiros da cadeira e ficar balançando, e ainda conversar com James, ela conseguia ver seu rosto de perfil e seu estômago se afundava.


Antes era só se ela visse as ruguinhas na testa, os risquinhos nos cantos dos olhos ou quando ele a tocava. Mas agora, com um mero olhar, ela se arrepiava e se pegava contemplando-o.


Pensou em não ficar pensando nisso, em não prestar atenção em todos os pelos de seu corpo se eriçando, ou a batida de seu coração ficar mais pesada, e bem mais rápida por pensar como seria beijá-lo, acariciar e passar as unhas em sua nuca, ser apertada gentilmente durante o beijo por aqueles braços. Tentou prestar atenção na aula, prestar atenção em cada palavra que os professores diziam para que ela pudesse anotar as coisas mais importantes, mas isso era a coisa mais impossível de se fazer naquele exato momento.


Ela nem se irritou por James ficar virando a cabeça de cinco em cinco segundos para encará-la. Na verdade ela nem prestou atenção se ele fazia isso ou não. Ele só fazia isso para que ela se irritasse, porque a única coisa que ele dizia gostar nela era ela se irritar, ficar vermelha até a raiz de seus cabelos. Ele adorava isso. Divertia-se em deixá-la puta da vida com ele, pra depois dar aquele sorriso maroto que ela já tinha gritado mil vezes que odiava.


Na última aula antes do almoço, James começou a ficar entediado por ela não se virar para ele, um pouco vermelha nas bochechas perguntando para ele “Algum problema Potter?”. Ele começou a se irritar por ela não dar sinal algum de querer ralhar com ele. Ela só ficava olhando para a professora, prestando atenção no que ela falava. Ela só não estava anotando tudo. Anotava coisa ou outra, mas não muito como de costume.


Ele tinha que fazer alguma coisa para que ela prestasse atenção nele pra ficar irritada e ficar vermelha. Mesmo sendo Herbologia, e eles estando nas estufas, ele ainda estava ao seu lado. Suas amigas estavam no seu outro lado e os meninos a sua frente. Eles tinham que virar as cabeças para olhar para a professora. Consequentemente James olhava as costas de Lily.


Pegou sua varinha, que guardava no cós da calça. Estava começando a treinar, desde o ano passado, a fazer feitiços sem dizê-los ou murmurá-los. Não tinha conseguido muito coisa, mas o suficiente para irritar Lilian Evans. Começou a balançar a varinha, como quem não quer nada, e de repente ela deu um estalo, bem fraco. Olhou de soslaio para a ruiva, mas esta somente olhava para a professora. Balançou-a de nova, fazendo um estalo um pouco mais forte, só que ela ainda não olhara. Só Sirius o olhou, não entendendo nada.


Pensou com mais concentração e balançou a varinha. Ela soltou faíscas pratas pra cima e estas estalaram bem fortes e fez um barulho bem alto. Lily pulou de susto, e o resto da sala olhou para James. Ele fingiu estar prestando atenção na professora, tentando não rir.


- Algum problema senhor Potter? – disse a professora Sprout olhando-o com um guelricho na mão.


- Nenhum, professora – ainda olhava-a tentando não rir. Ela continuou falando. Ele olhou para seu lado e viu Lily com uma sobrancelha levantada. – Algum problema Evans? – a imitou, sorrindo de lado em seguida.


- Você adora chamar atenção né Potter? – disse dando um sorriso desdenhoso.


- Não tenho ideia do que está falando lírio – ele sorriu marotamente, e ela começara a ficar vermelha. Rolou os olhos pra cima e se virou novamente para a professora. Ele conseguira fazê-la ficar irritada, nem que fora por alguns segundos. Provavelmente ela pensara em não se preocupar mais com James, e o que ele fazia para irritá-la. Pensara em não prestar atenção nele, assim talvez ele parasse. Mas com certeza ele iria continuar com isso, para irritá-la, e para que ela prestasse atenção nele. Ele era movido a atenções, e ele queria a atenção da ruiva.


Mal sabia ele que não era isso que fazia com que Lily não o olhasse.


A hora do almoço fora tranquila. De seu jeito. Katie comia normalmente, sem fazer nada, só olhando as outras pessoas comerem, conversarem; Remus comia e lia ao mesmo tempo, o mesmo livro de Runas que estava lendo mais cedo; Sirius se divertia com a comida, jogando bolinhas de queijo para Peter pegar no ar e comê-las; Marlene revirava os olhos murmurando “imaturos”, mas ao mesmo tendo ria do momento hilário, em que todas as bolinhas de queijo arremessadas por Sirius para Peter ele conseguira pegá-las com a boca; James ficara entediado ao lado deles, e, como Peter estava no meio dele e de Sirius, começou a jogar também as bolinhas, revezando um e outro; Lily não ria, somente bufava e revirava os olhos de vez em quando, olhando para Remus, que não desgrudava os olhos de seu livro, e não tirava as ruguinhas de sua testa. Virou-se para sua torta de frango, não querendo mais prestar atenção nele.


O resto das aulas foi a mesma tortura para Lily, mesmo que ela tenha tido dois horários vagos, em que somente ela, Sirius, James e Peter que não tiveram, que era Adivinhação. Ela, como sempre, passou o tempo todo na biblioteca fazendo a redação sobre o alfabeto viking, pra aula de Runas.


Não se surpreendeu nem um pouco não vendo os outros três marotos fazendo algum trabalho, mas como eles eram, conseguiriam fazer em duas horas, o que ela demorava quase a tarde toda pra fazer, e ainda conseguiriam tirar a nota mais alta.


Eles poderiam ter mais consideração com as aulas. Potter e Black vivem falando que querem ser aurores para todo mundo. Certeza que é só um pretexto para beijar garotas que os acham heróis. Ela revirou os olhos pensando nisso. Balançou a cabeça e recomeçou a ler o capítulo de um dos três livros que pegara, que falava dos vikings.


Sempre que ela precisava fazer alguma redação ela não pegava somente um livro como todos. Ela gostava de pegar três ou mais, para saber a opinião de cada autor. Ela não sabia o porquê, mas adorava livros. Adora pegá-los e folhea-los, ler o que continham, sentir o cheiro de livros novos. Adora ter um livro na mão.


“Como todos sabem, os símbolos entalhados nas pedras e troncos eram retos, pois facilitava escrevê-los, em vez de serem arredondados.”. Lily ouviu um estalo vindo do outro corredor, na estante em que estava ao lado. Provavelmente primeiranistas querendo produzir logo os feitiços. Pensou, e logo voltou para seu livro. “O alfabeto viking ajuda a desvendar o futuro, como tantos meios no mundo mágico.”. Ela escreveu esse parágrafo em sua folha de rascunho, para ser melhor depois pra criar a redação.


Novamente ouviu o estalo. Começou a ficar irritada. Estava se atrapalhando. Não conseguiu terminar de ler uma página completa. Ela se levantou e foi até o corredor ao lado ver o que estava acontecendo, pois como era monitora, poderia fazê-los parar, seja lá quem fosse.


E não se surpreendeu em ver que eram James, Sirius e Peter.


- Vocês tem o castelo todo pra fazer barulho. Mas aqui na biblioteca não é um desses lugares – disse olhando-os com os braços cruzados.


- Nós estávamos estudando – Sirius disse sorrindo de lado, levantando um livro. Olhou pra ele com um sorrisinho.


- Sabia que você era especial. Mas não sabia o quanto. Até consegue ler um livro de cabeça pra baixo – ergueu uma sobrancelha. Sirius riu fraco e logo virou o livro da maneira correta. – Vocês podem até azarar sonserinos, mas saem da biblioteca.


- Nossa! Lilian Evans, monitora, a senhorita Certinha, falando para nós irmos azarar sonserinos. Estou chocado – James disse em deboche. Ela rolou os olhos.


- Como se vocês não fizessem mesmo eu falando algo.


- Nós estamos fazendo o trabalho – Peter disse dando de ombros.


- Que trabalho?


- Ah... O que a professora passou – disse meio desconcertado. Lily riu em deboche.


- Eu to me irritando com esses estalos. E eu realmente não tenho tempo pra parar de fazer meus trabalhos e ficar de olho em vocês...


- Então não fique – Sirius disse dando de ombros.


- Então tenham a decência de fazer num lugar que não tenha uma enorme placa escrita “Silêncio” – ela apontou para a placa atrás dos três garotos, que a olharam e depois viraram para a ruiva. Ela girou nos calcanhares e voltou para seu lugar.


Não deu nem um minuto e os três desabaram nas carteiras em frente à mesa redonda em que ela estava. Bufou de impaciência.


- Eu quero fazer meu trabalho – ela disse tentando controlar a raiva que já estava borbulhando em seu corpo todo.


- E nós queremos ajudá-la – Sirius disse rindo e puxando o livro que estava embaixo do braço da garota.


- Não pedi ajuda – ela puxou de volta.


- Ah, então era isso que a professora de Runas tava falando? – Sirius olhou-a se divertindo com o ódio estampado na cara dela. Ela começara a ficar vermelha.


- Se parasse de agir como criança na sala, saberia – disse voltando a olhar para seu livro, fingindo não ter ninguém.


- Quem é criança aqui? – disse engrossando a voz, fazendo James e Peter darem risadas pouco escandalosas. Ela nem se deu ao trabalho de olhar para o garoto. – Qual é Evans. Para de ser tão chata. – ele cutucou de leve o braço dela.


- Se tiver amor pelo seu braço, não me cutuque de volta – disse, ainda sem olhá-lo. Ele tirou a mão devagar, levantando-as em seguida, em sinal de rendição.


- Nós somos os melhores alunos de Runas, ruivinha. A gente pode ajudar você pra ir mais rápido – James disse puxando um dos livros fechados em cima da mesa e abrindo-o.


- Pela última vez não me chame de ruivinha, Potter. E eu não pedi ajuda de ninguém – por fim ela se levantou e olhou para ele. Ele riu de lado. Finalmente conseguira o que queria aquele dia: irritá-la. Ela já estava da cor de seus cabelos, começando a tremer de tanta raiva.


- Por Merlin, ela vai se transformar em um lobisomem, cuidado – Sirius disse fingindo medo.


- SAI DAQUI VOCÊS TRÊS – não aguentando mais, gritou. E os três riram, saindo de lá rapidamente, antes que Madame Pince chegasse lá e ralhasse com eles, cuspindo nas suas faces.


- Que está acontecendo aqui? – a bibliotecária chegou onde Lily estava, com a cara de poucos amigos que ela nunca conseguira amenizar.


- Black, Potter e Pettigrew como sempre – Lily disse revirando os olhos. Madame Pince olhou-a meio em dúvida, mas vendo os três livros na mesa da garota, e as folhas espalhadas pela mesma, não fez mais nada. Somente saiu de lá.


Lily respirou fundo, sentando-se novamente e recomeçou sua leitura. “Como todos sabem, os símbolos entalhados nas pedras e troncos eram retos...”.


-x-


Estavam na aula de Criaturas Mágicas, estudando tronquilhos avançados. Seus livros estavam abertos na página sobre tal criatura, e estavam em grupos de sete desenhando detalhadamente o animal e descrevendo seus movimentos.


- Coloca ai Almofadinhas: basicamente um tronquilho fica parado feito um tronco de árvore – James disse cutucando o bicho em cima da mesa. Ele mexeu-se minimamente.


- Que perfeita dedução James – Marlene ironizou ajudando Katie a desenhar. – Você é o novo Sherlock Holmes – Lily olhou-a com o cenho franzido. – De tantas vezes você falar de Sherlock, eu gravei o nome – revirou os olhos e Lily sorriu. Inconscientemente James sorrira vendo a feição da ruiva e Sirius percebera.


- Não vá babar no pobre tronquilho senão ele afoga – disse meio baixo, somente pro amigo ouvi-lo. Estavam as três garotas, lado a lado, com Katie no meio (era ela quem desenhava melhor); Lily ao seu lado esquerdo, e Marlene ao seu direito; James estava ao lado de Lily; Sirius ao lado de Peter que estava ao lado de Remus, os três estavam na frente dos outros quatro.


- Você tá bem Lily? – Katie sussurrou para a amiga, mas continuava a desenhar.


- To. Por quê? – disse olhando para o tronquilho, contando quantos riscos ele tinha em suas costas.


- Tava meio perdida nas aulas, e ficou só olhando pro Remus. Ou melhor, pra nuca dele – Marlene ouvira e também sussurrara, concordando, chegando perto das duas. Lily mandou-as ficarem quietas. Olhou para Remus, que estava absorto no bicho. Peter estava com a cabeça deitada na mesa quase dormindo. Remus cutucou seu rosto, fazendo-o acordar meio assustado. Riu minimamente e voltou para o bicho a sua frente.


Lily respirou fundo vendo a cena, e voltou a contar os riscos das costas do animalzinho. Marlene percebera e pegou um pedaço de pergaminho. Escreveu:


“Não vai falar não?”


Entregou para Lily que levantou uma sobrancelha. Marlene imitou-a. Então a ruiva escreveu.


“Não dá né”


M - “Claro que dá”


L - “Tem curiosos”


A garota apontou para seu lado, em que James fingia ler algo do livro. Marlene o vira ler o pergaminho. Revirou os olhos.


“Bate nele”


L - “Bem que eu queria”


A morena viu a cara de espanto do garoto e riu meneando a cabeça.


“Você tem que esquecer isso”


L - “Eu já disse que é impossível”


M - “Você vai ficar louca”


K - “Você tem que tentar fazer outras coisas pra ocupar sua cabeça”


Katie pegara o pergaminho que passava de um lado para o outro acima de seu desenho.


“E parem com isso que eu tenho que desenhar essa coisa que classificam como animal”


Escreveu rapidamente e mostrou para Marlene e depois para Lily. Queimou o papelzinho jogando as cinzas no chão e voltando para seu desenho.


- Estraga-prazeres – Marlene murmurou.


- Eu ouvi McKinnon – Katie disse e a morena riu.


- Depois a gente fala disso – sibilou para Lily que concordou, abrindo seu exemplar de “Animais Fantásticos e Onde Habitam”.


-x-


À noite, na detenção, foram divididos em grupos novamente: Lily, Katie e Peter ficariam com Tate na sala de troféus; Marlene, Sirius, James e Remus ficariam com Ana na biblioteca, novamente, como no dia anterior.


Como a sala de troféus era enorme dividiram-na em três lugares, para cada dia, e como a biblioteca sempre ficava bagunçada, sempre tinha trabalho a se fazer. O que mudaram foram somente os grupos.


A noite passou se arrastando, como sempre quando estavam na detenção. Parecia que a hora não passava. Dez e meia da noite parecia nunca estar próxima, e o trabalho monótono na sala de troféus nunca ajudava.


- Ainda bem que é o Tate monitorando a gente – Lily disse passando os troféus para Katie colocá-los no chão. – Ele é bem legal, e não fica enchendo o saco, ou se metendo onde não é chamada.


- Sorte sua de ter pego ele esses dois dias. Pegar a Rinkel é a coisa mais insuportável de se fazer – Katie rolou os olhos e Lily riu.


- Ela fica querendo mandar a gente fazer as coisas sendo que sabemos o que devemos fazer- Peter disse a três prateleiras de onde estavam, e elas riram, concordando.


- Então... Foi bom ficar do lado do Black depois que ele te beijou ontem? – Lily deu uma risadinha, olhando para a amiga que revirou os olhos.


- Ele é divertido quando não está cantando ninguém. Sirius e James são pessoas legais, Lily – olhou para a amiga, tentando persuadi-la.


- Você não vai conseguir fazer com que eu goste do Potter, Kay. Do Black até que vai, mas não do Potter – Lily bufou de impaciência.


- Eles são praticamente iguais. – a loira deu de ombros – São bem divertidos quando querem.


- Aposto que são – disse irônica.


- Eu to falando sério Lily. Dê uma chance pra eles.


- Nem em sonho – a loira bufou revirando os olhos.


- Você é impossível Lilian Evans. – ela começou a limpar os troféus.


-x-


- Por Merlin, eu quero me matar – Marlene disse fingindo exaustão pegando os livros sob as mesas.


- Não antes de eu te dar uns beijinhos Lene – Sirius disse rindo e mandando beijos para a garota que revirou os olhos.


- Só em sonhos, Black. E vai limpar as mesas agora. – ele sorriu de lado pegando o paninho e passando nas mesas imensas da biblioteca.


- Isso é pior que um Avada Kedavra – ela continuou.


- Não fala isso Marlene – Remus interviu ajudando-a a guardar os livros.


- Por quê?


- Ele é supersticioso – Sirius respondera revirando os olhos. – Ele pensa que falar isso e falar o nome de Voldemort traz coisas ruins.


- Não fala o nome dele Sirius, que saco – Remus repreendeu o amigo, que só sorriu de lado.


- Então vocês fazem festinhas e nem me chamam? – James chegara ao corredor em que estavam, e se apoiou em uma mesa.


- Quem me dera se fosse festa. Ai eu poderia embebedar a McKinnon – Sirius se virou para a garota, sorrindo maroto. Ela se virou para ele com uma sobrancelha erguida.


- Eu te embebedo antes de você me embebedar – cruzou os braços, e ele riu.


- Por um acaso querem ter mais um dia de detenção? – Ana aparecera onde estavam, e eles voltaram a fazer seu trabalho. – E limpem direito, senão vão ter que voltar aqui na quinta-feira.


- Não antes de me matar – Marlene murmurou, fazendo Sirius e James rirem.


- Que disse McKinnon? – a monitora olhou para ela, com olhar desafiador.


- Nada – disse com um sorriso de deboche.


- Vocês dois – apontou para Remus e Sirius. – Vão pro outro corredor. – Sirius revirou os olhos, mas mesmo assim foi, a contragosto.


- Ela é pior que qualquer sonserino – Marlene murmurou para James, que estava ao seu lado ajudando-a a guardar os livros acima dela, onde ela não alcançava.


- Assim está xingando-a. Ela não é tão ruim – ele disse sem olhá-la.


- Você não precisa fingir gostar dela pra mim. Só faz isso com ela se quiser beijá-la – ela revirou os olhos e ele riu.


- Não quero ficar com ela – começou a limpar as mesas. – Só estou falando que ela não é tão ruim quanto aparenta ser – Marlene bufou e revirou os olhos novamente.


-x-


- E você com o Remus? – Katie disse limpando uma das prateleiras debaixo.


- Shhh – Lily olhou-a assustada, vendo se Peter estava prestando atenção. Mas ele estava um pouco longe dela. – Depois a gente fala disso.


- Não. Vamos falar agora – ela disse baixo. – Você não pode ficar empurrando isso Lily. Não vai te fazer bem.


- Eu sei. Mas eu não quero lidar com isso nesse exato momento.


- Não precisa lidar nesse exato momento.


- Você entendeu o que eu quis dizer – a ruiva disse meio brava, fazendo Katie rir fraco.


- Talvez fosse bom você falar isso pra ele Lil.


- Não. Ele não sente o mesmo. Não quero pagar como idiota.


- Não vai ser.


- Claro que vou – disse olhando para a amiga, com um olhar cansado. – Eu to cansada de gostar de meninos e eles nunca corresponderem. Primeiro foi o Finn, agora é o Remus.


- Remus é totalmente diferente do Finn. Se ele souber...


- Ele não vai saber – interrompeu-a.


- Deixa eu terminar. – Lily suspirou. – Se Remus souber ele não vai agir como o Finn agiu. Ele nunca iria te menosprezar. Ele iria tentar suavizar a amizade de vocês. Pra que nada ficasse forçado. – ela passou a mão gentilmente no braço da amiga.


- Não vai dar certo Kay. Esquece – disse guardando os troféus em suas prateleiras.


-x-


- Isso aqui tá muito parado – James disse se espreguiçando.


- Também acho – Marlene fez o mesmo, estalando seu pescoço. – Faz aqueles estalos de novo. Só que bem alto – ela sorriu marota.


- A gente vai ficar com mais um dia em detenção – James disse rindo.


- Ela não pode nos dar detenção. E nem tirar pontos. E se ela contar pra Minerva, ela não tem provas pra acusar a gente.


- Uau. Você pensou em tudo – ambos riram. Ele pegou sua varinha, que estava no cós de sua calça. Concentrou-se o máximo possível que conseguiu naquele momento, e pensou no feitiço.


Faíscas saíram de sua varinha, estalando-se no ar. Ouviram um grito alto e bem esganiçado.


- O QUE FOI ISSO? – ouviram a voz de Rinkel.


- Calma Rinkel. Você se assusta muito fácil – Sirius disse, aparentemente segurando a risada. A garota aparecera no corredor em que estavam James e Marlene, e os encontrou guardando os livros.


- Eu sei que foram vocês – disse começando a ficar vermelha.


- Sabe? Você virou uma profetiza? – Marlene disse em desdenho.


- Cala a boca McKinnon. Eu vou falar com a professora McGonagall e vocês dois – apontou para ambos – vão pegar mais um dia de detenção.


- Você não tem provas – a morena desafiou a garota.


- Ela vai acreditar em mim – cruzou os braços. Marlene riu forçado.


- Pensa assim se você consegue dormir melhor – e saiu dali falando pelo ombro. – Já passou da hora de nós irmos embora. Mimi não ficará feliz se souber que você prendeu a gente aqui mais do que o suficiente. – Sirius e James abafaram os risos. Remus ficou impassível, mas mesmo assim queria rir da cara de ira que Ana Rinkel fizera.


-x-


Todos foram dormir. Aquela noite era monitoramento de Ana e Tate, e Lily gostou e odiou por isso. Ela queria ficar perto de Remus, porque nunca conseguia fazer isso a sós. Só que estava com medo do que podia acontecer se ela se descontrolasse um pouco.


O outro dia amanheceu bem claro, com um lindo sol lá fora. Setembro era um mês não tanto quente, mas também não tão frio. Era um mês perfeito.


Todos fizeram sua rotina matinal, mesmo que tenham demorado tanto em seus dormitórios por parte de Marlene, Sirius e James. Tomaram o café da manhã tranquilamente, recebendo o correio logo em seguida e vendo mais notícias de morte estampados na primeira página.


As aulas correram normalmente, mesmo que Lily tenha ficado do mesmo jeito que ficara no dia anterior em relação à Remus. James percebera que Lily não estava prestando muito atenção no que os professores falavam, como no outro dia e achou muito estranho. Algo poderia estar acontecendo na vida da ruiva, e não era bobagem, porque afetava seus estudos, e ninguém que ele conhecia era mais aplicado e dedicado nos estudos que Lilian Evans.


Pensou em perguntar se tinha algo errado, mas provavelmente ela iria entender mal e iria ralhar com ele. Mesmo gostando de vê-la brava ele não queria irritá-la. Obviamente não estava bem, e não existe coisa pior que uma pessoa enchendo a paciência no dia que você não está muito bem.


Marlene e Katie também perceberam a ruiva com o pensamento bem distante dali, e ficaram preocupadas. Aquilo não poderia acontecer sempre, senão seu rendimento escolar não seria muito bom, e depois Lily iria se arrepender por tudo aquilo, e possivelmente entraria em colapso nervoso de tanto estudar o que perdera.


Era sempre assim. Lily entrava em colapso na hora dos exames finais e deixava suas amigas à loucura. Lembravam-se do ano anterior, nos N.O.M’s quando Lily ficara impossível de se lidar, e tiveram que levá-la na enfermaria para que Madame Pince desse alguma poção pra acalmar os nervos da garota, e para que ela dormisse bem, porque mal dormia. Se dormia quatro horas por noite era muito.


Lily tinha essa mania de se por à prova, de mostrar para todos que era tão boa quanto os nascidos bruxos. Recriminavam-na por ser nascida trouxa e ela nunca gostara daquilo, por isso era tão aplicada. Suas amigas tentavam acalmá-la falando que não era necessário tudo aquilo que ela fazia, e que ninguém tem nada a ver com a vida da ruiva, mas ela nunca ouvia, e ficava nervosa falando que as amigas não entendiam sua situação.


Novamente a detenção se arrastara. E novamente mudaram os grupos: Lily, Remus e James ficaram com Ana na sala de troféus, e o restante com Tate, na biblioteca.


James tentava irritá-la como sempre, e ela ficava vermelha de tanta raiva do maroto, e sempre explodia, sendo repreendida por Ana que mandava ela calar e continuar a limpar troféus. Remus tentava fazer com que o amigo parasse de fazer aquilo, e tentava acalmar a garota, que só sentia solavancos em seu estômago toda hora que ele a tocava ou olhava em seus olhos, falando com ela. E ela só conseguia olhar para a boca do garoto se mexendo, e ficando com mais vontade de agarrá-lo ali mesmo, não se importando se Rinkel ou Potter estavam olhando-os.


Finalmente acabara a detenção. Todos foram para a Sala Comunal menos Lily e Remus que ainda tinham que fazer a ronda na parte deles do castelo. Andavam lado a lado sem dizer uma só palavra.


Lily não olhava para ele. Estava absorta em seus pensamentos, e tentava controlá-los para que não fluíssem para Remus. Já estava cansada de ter que fazer isso toda hora. Estava cansada de ter que controlar sua vontade de beijá-lo, de abraçá-lo, de controlar sua respiração para que ele não percebesse nada, de tentar não ficar encarando-o todo momento.


Estava cansada de ter que ficar pensando nele o tempo todo e não poder contar nada do que tava sentindo há três dias, porque provavelmente o assustaria e ele se afastaria. E isso era a última coisa que ela queria que acontecesse.


Estava tão concentrada que nem prestara atenção quando ele colocara a mão em sua barriga fazendo-a parar. Ela olhou pra ele sem entender nada, e Remus levou o dedo nos próprios lábios, fazendo sinal para que ela não falasse nada. Ela não entendeu nada. Então ele apontou para algo atrás dela. Se virou e viu dois meninos discutindo. Nem perceberam da aparição dos dois.


Tinha uma armadura do lado de Lily e Remus, e eles foram para trás dela, sem fazer barulho. Lily olhou novamente para os dois garotos. Um era alto e o outro baixo, ambos magros. Tinha certeza que um era bem mais velho que o outro. Apurou os ouvidos tentando entender algo.


- Eu to cansado disso – disse o mais alto.


- Você tem que aguentar. Você concordou – o mais baixo retrucou, e Lily pensou conhecer a voz.


- Eu ainda vou concordar.


- Detalhes. Você tem que fazer tudo o que eu falei. E fingir certo. Estamos no terceiro dia ainda Brand – o menor disse com mais convicção. E então Lily percebera que era Luke quem falava. Era muito estranho. Parecia que Luke tinha controle sobre Brand.


- Ainda no terceiro, mas já to me enchendo... Luke – Brand, irmão dele, frisou o nome, e Lily não entendera nada. Ambos pararam de falar, e deram as costas, uma para o outro, indo embora de lá.


- Uau. Isso foi estranho – Remus disse saindo do esconderijo.


- Muito. Tem alguma coisa de errado. Luke não é assim – Lily franziu o cenho.


- Será que eles fizeram alguma coisa e agora são cúmplices?


- Pode ser. Mas e aquele “ainda vou concordar”? Muito estranho. Não entendi nada.


- É melhor deixar pra lá. Assunto de família a gente não se mete.  – Remus riu fraco. Continuou a andar e Lily o acompanhou. – Então... – continuou – teve algum progresso com Brand?


- Progresso? – Lily olhou para ele sem entender nada.


- É. Contou pra ele que você gosta dele?


- Ah. Não. Ainda não. Acho que vai ser estranho.


- Estranho por quê?


- Porque faz pouco tempo que eu o conheço. – deu de ombros.


- O amor não espera – ele sorriu acalentador, e ela deu um risinho fraco. Chegaram no buraco do retrato.


- É que, sei lá. É meio estranho – disse parando.


- Não tanto – Remus também parou e ficou frente a frente com ela.


- Eu o conheço só há três dias – insistiu.


- Por isso que falam que amor é uma coisa que não tem como entender. É impossível tentar compreendê-lo. Ele faz com que você faça coisas absurdas, coisas que você jurava que nunca iria fazer se não tivesse amando. O amor é algo que só dá pra sentir, e só quem sente é que sabe como é ter amor, sentir amor por outra pessoa. Não tem como falar o que é o amor pra uma pessoa que nunca amou – disse. No final deu de ombros, e Lily ficou olhando-o, não pensando direito. Ouviu as palavras dele, mas não as assimilou tanto quanto queria.


Então de repente, sem nem pensar direito, ela pulou no pescoço de Remus, selando seus lábios. Ele ficou sem ação, com os olhos abertos e assustados e com as mãos no ar, desajeitadas. Lily beijava-o, sem seu consentimento, acariciando sua nuca e sua bochecha. Ele não fazia nada, ela que fazia o trabalho todo. Ele estava em choque, ainda tentando entender o que estava acontecendo.


Ela também tentava entender o que ela estava fazendo. Então abriu os olhos e viu os olhos dele, ainda abertos. Soltou-se dele. Remus continuou olhando-a assustado. Lily não sabia o que fazer. Naquele momento se sentiu um pouco insignificante. O beijo de Remus, aquele que ela sonhara mil vezes durante três dias, aquele que ela achava ser o melhor beijo do mundo, no final foi um “tanto faz” ou até um “que seja”. Não sentiu a paixão, não sentiu um calorzinho por seu corpo. As borboletas e os solavancos em seu estômago cessaram. E ela ainda tentava entender o porquê de tudo aquilo ter acontecido. Ou melhor. De nada ter acontecido.


- O... Quê... Hum... Lily – Remus balbuciava estático, ainda com os olhos arregalados e os braços desajeitados.


- Eu precisava saber – ela disse franzindo o cenho.


- Saber... – balbuciou novamente.


- Eu não gosto do Brand. Marlene tentou cobrir o que a Katie disse. Uma coisa que ela não deveria ter dito pra você. Mas eu gosto de alguém, e é sim, algo novo, que nunca tinha sentido nada. E não é pelo Brand – ela respirou fundo. – É por você. – então seguiu silêncio. Lily conseguia ouvir o cérebro de Remus trabalhando furiosamente, tentando assimilar aquela informação que acabara de receber.


Ele abria a boca tentando falar alguma coisa, tentando formar uma frase, mas apenas grunhia, e depois fechava. Piscava excessivamente e fungava. Estava claro que ele não sabia o que fazer e muito menos o que falar. Então Lily tentou amenizar a situação.


- Olha Remus, eu sei que é inesperado e estranho...


- Muito inesperado e estranho – ele disse esganiçado. Lily respirou fundo antes de continuar:


- Mas é que eu tava louca, tava cansada de ficar pensando nos meus sentimentos por você. Eu queria te contar, mas não quis te assustar.


- Me assustar? Claro que não. Imagina – ainda tava com a voz esganiçada.


- Eu sei que você não sente o mesmo por mim, por isso não quis me abrir pra você. Só que tava me matando por dentro. E isso foi só três dias. Imagina uma semana, ou um mês? Eu iria ficar louca – ele soltou um riso meio forçado e nervoso. – Eu tinha duas opções: te beijar pra ver se era sério o que eu sentia ou...


- POR QUE NÃO ESCOLHEU A OUTRA OPÇÃO? – ele disse exaltado, e Lily se assustou um pouco. Respirou fundo, tentando se acalmar.


- Você queria que eu explodisse por dentro? Não fazer nada a respeito? – ela ergueu uma sobrancelha.


- Isso seria melhor não seria? Não acontecer nada entre a gente – sua voz voltou ao normal, mas era claro que ele estava um pouco nervoso.


- Claro que não. Eu nunca iria descobrir se era mesmo amor.


- E você não sabe quando é e quando não é amor? – começou a esganiçar-se novamente. Ficou um silêncio por algum tempo.


- Não Remus. Nunca amei ninguém pra saber disso – disse meio cabisbaixa, e na hora ele se arrependeu de ter feito isso. Engoliu em seco. – Enfim, agora eu sei que era uma coisa passageira.


- Como?


- Vamos dizer que o seu beijo não surte efeitos – ela deu de ombros e ele abriu a boca, surpreso e ressentido. Ela riu fraco. – Eu não senti nada quando te beijei Remus. Então isso tá acabado. Era só uma coisa da minha cabeça. – ele continuou calado. – Então vamos esquecer que isso aconteceu. Ninguém precisa saber né? Vamos... Só vamos não pensar nisso porque sua amizade é muito importante pra mim. Não quero perdê-la porque fui idiota. – ela sorriu rapidamente e entrou na Sala Comunal, deixando Remus olhar suas costas.


Ele ainda não tinha conseguido assimilar tudo. Não conseguira acreditar no que acabara de acontecer. Ele tinha acabado de beijar Lilian Evans, e ficara estático, sem fazer nada, só assustado com a situação. Não a via de outra forma, somente como sua irmãzinha. Não queria estragar aquilo, mas parece que estragou uma amizade de seis anos em uma só noite.


Nem queria pensar naquilo, então subiu para seu dormitório pra dormir, e esperar que o dia seguinte chegasse, e que nada daquilo tivesse realmente acontecido.


-x-


- VOCÊ O QUÊ? – Marlene gritara surpresa.


- Shhh – Lily olhou-a querendo dar-lhe um soco. – Eu beijei o Remus.


- Você disse que não queria mais saber disso – Alice disse olhando a amiga, analisando-a.


- Eu sei. É que ele começou a falar de amor e eu puf. Me desliguei total. Quando eu vi tava em cima do menino beijando ele. E eu fiz tudo sozinha. Ele tava por demais assustado e não fez coisa nenhuma – ela revirou os olhos se jogando na cama.


- Por que fez isso? – Katie disse ainda surpresa.


- Eu precisava ver se eu gostava dele ou não. Se era só coisa da minha cabeça. – disse passando a mão pelo cabelo, nervosamente.


- E concluiu...? – Marlene disse.


- Conclui que era coisa da minha cabeça. Eu não senti nada.


- Nada? – Katie disse.


- Nadinha.


- Nem umas borboletas? – Alice disse.


- Não.


- Nem um calorzinho naquela parte? – Marlene disse fazendo todas rirem.


- Nem isso – Lily disse ainda rindo. Suspirou. – Talvez fosse o melhor né? Não iria dar certo mesmo. Então pra que eu me iludir. – as três concordaram. – Só não quero que fique estranho entre a gente.


- Provavelmente não. Ele não quer te perder como amiga também – Katie disse se deitando em sua cama.


- É. Tomara. E só pra lembrar: eu não contei isso pra vocês ok? Se algum dia a gente falar sobre isso finjam surpresa. – ela disse deitando em sua cama, e Alice e Marlene seguiram seu exemplo rindo fraco. – Boa noite meninas.


- Boa noite – as três disseram em uníssono.

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Demorou, mas chegou capítulo novinho e enormezão. Tomara que eu continua a escrever capítulos grandes, porque eu amo escrevê-los, tomara que não perca inspiração. Enfim, queria agradecer por lerem, e queria pedir comentários, só pra saber como estou indo, então por favor comentem, nem que seja um "bom capítulo, mas comentem".
Olá Bru McKinnon Black, eu não respondi você e to mal com isso :/ Obrigada pelos dois comentários e tal, e que bom que você gostou. É, percebi isso pelo seu nome mesmo HAUAUAH mas cenas de Marlene e Sirius vão demorar um pouco. Essa é sim uma fanfic Jily, mas eu vou colocar cenas dos dois, do Remus e da Katie, vou colocar o Brand, o Luke, a Ana e todo mundo. Espero que as cenas de Marlene e Sirius sejam perfeitas pra suas expectativas. Obrigada novamente pelos comentários s2

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Comentários (2)

  • LeleCangane

    MÁ, ESSE CAP!! (carinha com corações) Meu Deus, Lily sendo confusa e desesperada hahaha Adorei! E não confio nesse Luke, ele parecia umfofo, mas tá muito estranho... Beijos  

    2016-02-20
  • Bru Mckinnon Black

    Só posso dizer que esse cap. é muito divo!!! Hahahaha!!!espero o próximo!!!bjo 

    2014-08-03
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