Capítulo 2




Eu amo ir a livrarias. Principalmente se elas tem aquela sessão infantil cheirosa, colorida e com almofadas espalhadas pelo chão. Na verdade, a primeira coisa que eu faço quando vou a livrarias é ir à sessão infantil e ficar lá, olhando os livros de criança, daqueles que você põe o dedo e viram olhos, ou algum livro de ilustração.


Mas como eu estava dizendo eu amo ir a livrarias. Elas tem cheiro de livro novo e um monte de estante com livros e mais livros. E eu, com tantos livros em casa, velhos, novos, empoeirados, cheirosos, alguns organizados, outros apenas empilhados, amo ir a livrarias.


E nesse momento estou sentada com uma pilha de livros no colo, tentando encontrar um que estou procurando a meses.


Já fazem alguns dias desde o meu encontrinho com Scorpius e não nos vimos dede então (Eu é que não vou procurar a criatura). Então, eu, aproveitando minha folga no trabalho, fui até um shopping perto da escola, ele tem uma livraria gigante e é meu lugar favorito além da minha casa com todos os meus livros e móveis de madeira. E também por que eu não consigo passar pela vitrine de uma livraria sem entrar. E olhar os livros que estão destacados. E mexer nas estantes até achar o livro que eu queria. E depois fazer uma pilha de livros e ter que escolher qual vou levar e qual eu não vou. E diga se de passagem isso é bem dramático.


Mas como eu disse, eu estou procurando um livro em especial. E eu não consigo achar em nenhuma, nenhuma, n-e-n-h-u-m-a livraria.


Devolvo ao lugar todos os livros que tinha comigo e começo a procurar meu tão-desejado-e-tão-querido livro. Mexi em 1445823 estantes, tirei livros do lugar, devolvi, empilhei, os funcionários devem ter achado de eu era uma doida tentando desarmar uma bomba escondida atrás das prateleiras.


E aí eu – finalmente – encontrei meu amado (e você pode apostar que eu imaginei alguma música da Disney de fundo) E na hora que e fui pegar o bendito livro, uma mão apareceu para interromper nosso momento romântico. Foi tipo aquelas cenas em que a mocinha esbarra em alguém, derruba os cadernos, mochila, livros e resto, os dois se abaixam para pegar e as mãos se tocam. Exceto pelo fato de que se aquela pessoa estivesse disposta a comprar o livro, ia ter uma briga séria naquele lugar.


Olho para cima e ao invés de ver o meu par romântico por toda a história, eu vejo... Meu ex par romântico de toda a história. Scorpius Malfoy. E nesse momento eu já estava pensando em deixar de lado nossa pequena volta de romance e rodar a baiana ali mesmo se ele não me desse o livro.


–Oi. – Ele disse. Lancei um olhar de lince preparando o bote, mas depois sorri.


–Oi. Pensei que você não gostasse de ler – Eu continuava segurando o livro. Por um segundo eu pensei em dar um puxão, pegar o livro e sair correndo, mas desisti da ideia por que lembre que provavelmente toda a segurança do shopping iria atrás da louca ruiva correndo com um livro na mão, isso de longe não seria interessante.


– Nunca disse isso, só sempre fui um pouco contra a sua ideia louca de acumular e empilhar livros em casa, mas ler eu até gosto. Estava procurando um livro, o que acha desse aqui...


–Acho uma pena, porque ele é meu agora – dei um puxão forte e abracei o livro como se não fosse soltar mais.


– Peraí rosinha, eu peguei primeiro! – Disse vindo em minha direção.


– Aah, mas não pegou mesmo! – Comecei a recuar, é claro.


–Ei, me dá esse livro!


Nós rimos e eu comecei a correr, ele correu atrás de mim e nós começamos a correr por toda a loja, eu com o livro na mão e ele atrás de mim, até que esbarrei numa estante giratória cheia de cartões postais e derrubei o livro – pelo menos não derrubei a estante – e Scorpius o pegou, e inocente/ burra da Rose, achou que ia pegar o livro da mão dele. Há, há, há. Voltamos a corrida, até que fomos parar na seção Veterinária/informática da livraria, aquela seção escondida/ abandonada/ esquecida/ ninguém-vai-lá.


Paramos de correr e recebemos olhares feios das pessoas próximas dali – o que não me impediu de rir descontroladamente


– Me dá esse livro - Disse quase engasgando de tanto rir – Eu fiquei horas aqui procurando ele, aposto que você só deu sorte!


–O quêêê? Eu é que passei horas procurando esse livro, vou até leva-lo para casa e colocar em cima de uma pilha!


– Eu não faço isso! – Até me senti ofendida, mas estava tão ofegante/risonha por causa da corrida que não consegui ficar séria – Eu leio todos os meus livros antes de empilhá-los.. quer dizer... eu só empilho por que não tenho onde colocá-los e...


– Viu, nem e explicar você consegue! Tá, eu só te dou o livro com uma condição – ih, lá vem. – Você vai deixar eu pegar um livro seu emprestado.


– O QUÊÊÊÊ? – Gritei recebendo olhares feios das poucas pessoas ali presentes, aquelas que vão à livrarias só para comprar livros de Veterinária/ Eletrônica/ Guia de Viagem/ Direito/ Psicologia. – Sinto muito Malfoy, mas não empresto livros. Nem aqueles livros velhos de receita que a minha avó me deu. Embora eu não tenha lido eles.


– Ok, então eu fico com esse livro aqui, vou ali no caixa, nos vemos depois, Rose... – Percebi o joguinho dele. Aaah, mas eu não vou ficar sem meu livro!


–Não, peraí! – Pude o ver sorrindo, mesmo ele estando virado de costas – Eu te empresto um livro. Qual você quer?


– O Hobbit.


–Ah não. O hobbit não. È meu livro favorito, você sabe disso! Peraí, como você sabe disso?


– Eu lembro que você falou para mim uma vez, em Hogwarts...


Ah não. Assim como eu não queria emprestar O Hobbit, eu não queria lembrar de Hogwarts, agora que eu e Scorpius estávamos voltando a nos dar bem depois de tantos anos...


– Tá! Eu te empresto o Hobbit! Mas me dá meu livro. – Ele sorriu e me deu meu tão desejado livro, e eu mal podia esperar para leva-lo para casa (o livro!) – Vai ao caixa comigo?


– Ok – E nós andamos até o único caixa funcionando e me deparei com uma fila enorme, ok, já fiquei em filas maiores para comprar livros. Olhei para Scorpius e a cara dele de desgosto para ficar na fila era tão engraçada que eu comecei a rir, do nada e descontroladamente, até receber olhas do pessoal da fila – Do que você tá rindo?


– Da sua careta! – Disse sem conseguir parar de gargalhar, saí da fila e fui para a área infantil, aquela área aconchegante e colorida que eu tanto amo. – Vamos ficar aqui até a fila diminuir!


E nós terminamos a nossa tarde lá, sentados e brincando com os livros de criança e com as crianças também. Foi um fim de tarde maravilhoso, exceto pelo fato de que tivemos que esperar um tempão para a fila diminuir. E eu me senti novamente uma personagem de comédia romântica que gosta de crianças.


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.