O mapa do Maroto
– O mapa do Maroto.
Sirius, Tiago e Remo se entreolharam entre assustados e admirados. Isso com toda a certeza significava que Harry teria o mapa, mas também significava que um de seus segredos seria exposto naquela sala.
– Mapa do Maroto? – Lily perguntou confusa – O que seria isso?
– Não tenho nem ideia. – Alice disse dando de ombros. Como ninguém mais parecia disposto a falar alguma coisa, Frank continuou lendo.
Madame Pomfrey insistiu em manter Harry na ala hospitalar pelo resto do fim de semana. Ele não discutiu nem se queixou, mas não deixou jogarem no lixo os estilhaços de sua Nimbus 2000. Sabia que era uma atitude burra, sabia que a vassoura não tinha conserto, mas o sentimento era mais forte que ele; era como se tivesse perdido um dos seus melhores amigos.
– Te entendo perfeitamente. – Tiago disse com um profundo suspiro – Ainda tenho a minha primeira vassoura...
– Fica pendurada na parede atrás da cama dele. – Remo disse sem conseguir abafar o riso.
Uma procissão de amigos veio visitá-lo, todos decididos a animá-lo.
Hagrid lhe mandou um buquê de flores com lagartinhas, que pareciam repolhos amarelos, e Gina Weasley, corando furiosamente, apareceu com um cartão de votos de saúde, feito por ela mesma, que cantava com voz esganiçada a não ser que Harry o guardasse fechado embaixo da fruteira.
– Desculpa por isso. – Harry e Gina disseram ao mesmo tempo.
– Não queria que o cartão te incomodasse, só não sabia lançar o feitiço muito bem... – Gina completou sozinha.
– Ele não me incomodou – Harry disse constrangido – só era um pouco difícil ouvir as outras pessoas ou dormir se ele não estivesse embaixo da fruteira. – Sirius, Remo e Tiago soltaram risinhos abafados – Mas não queria te magoar.
– Não magoou. – Gina deu de ombros.
O time da Grifinória tornou a visitar o companheiro no domingo de manhã, desta vez em companhia de Olívio, que declarou a Harry (numa voz de além-túmulo) que não o responsabilizava pela derrota. Rony e Hermione só deixavam a cabeceira de Harry à noite. Mas nada que ninguém dissesse ou fizesse conseguia fazê-lo se sentir melhor, porque eles só conheciam metade das suas preocupações.
Ele não contara a ninguém que vira o Sinistro, nem a Rony nem a Hermione, porque sabia que o amigo entraria em pânico e a amiga caçoaria dele.
– Até por que você não viu o Sinistro. – Sirius revirou os olhos – Era apenas um cachorro que gostava de quadribol.
O fato era, no entanto, que o Sinistro agora já aparecera duas vezes e ambas as aparições tinham sido seguidas por acidentes quase fatais; da primeira vez Harry quase fora atropelado pelo Nôitibus Andante; da segunda, levara uma queda da vassoura de quase quinze metros de altura. Será que o Sinistro iria atormentá-lo até a morte?
Será que ele, Harry, ia passar o resto da vida olhando por cima do ombro à procura da fera?
Além disso havia os dementadores. Harry sentia mal-estar e humilhação toda vez que pensava neles. Todos diziam que os guardas eram medonhos, mas ninguém desmaiava sempre que se aproximava deles. Ninguém mais ouvia mentalmente os ecos da morte dos pais.
Isto porque agora Harry sabia a quem pertencia a tal voz. Ouvira o que ela dizia, ouvira-a continuamente nas longas noites passadas na ala hospitalar quando ficava acordado, contemplando as listras que o luar formava no teto.
Quando os dementadores se aproximavam, ele ouvia os últimos instantes de vida de sua mãe, sua tentativa de proteger o filho da sanha de Lord Voldemort e a gargalhada do bruxo antes de matá-la... Harry dava breves cochilos, mergulhando em sonhos cheios de mãos podres e pegajosas e súplicas fossilizadas, acordando de repente para voltar a pensar na voz da mãe.
– Isso é horrível, Harry. – Hermione disse com um suspiro – Você devia ter nos contado, pelo menos estariamos do seu lado.
– E nós nunca achamos você fraco só por que os dementadores te afetavam um pouco mais do que aos outros. – Rony disse enfático.
Foi um alívio voltar à zoeira e à atividade da escola principal na segunda-feira, e ser forçado a pensar em outras coisas, ainda que tivesse de aturar a implicância de Draco Malfoy. O garoto não cabia em si de alegria com a derrota da Grifinória. Retirara finalmente as bandagens e comemorava a circunstância de poder usar os dois braços novamente, fazendo espirituosas imitações de Harry caindo da vassoura. Malfoy passou a maior parte da aula seguinte de Poções, a que assistiram juntos na masmorra, fazendo imitações dos dementadores; Rony finalmente se descontrolou e atirou um enorme e gosmento coração de crocodilo em Malfoy, que o atingiu no rosto, o que fez Snape descontar cinqüenta pontos da Grifinória.
– Um coração de crocodilo gosmento na cara de Malfoy vale cinquenta pontos da Grifinória em qualquer dia. – Sirius disse rindo.
— Se Snape vier dar aula de Defesa contra as Artes das Trevas de novo, vou me mandar — anunciou Rony quando seguiam para a classe de Lupin depois do almoço. — Vê quem está lá, Mione.
A garota espiou pela porta da sala.
— Tudo bem!
O Profº. Lupin voltara ao trabalho. Sem dúvida tinha a aparência de quem estivera doente. Suas vestes velhas estavam mais frouxas e havia olheiras escuras sob seus olhos; ainda assim, ele sorriu para os garotos que ocupavam seus lugares na classe e, em seguida, desataram a se queixar do comportamento de Snape na ausência de Lupin.
— Não é justo, ele estava só substituindo o senhor, por que passou dever de casa?
— Não sabemos nada de Lobisomens...
— Dois rolos de pergaminho!
— Vocês disseram ao Profº. Snape que ainda não estudamos Lobisomens? — perguntou Lupin, franzindo ligeiramente a testa.
– Por que se fez de bobo, Remo? – Tiago perguntou revirando os olhos – Você com certeza sabia que Snape ia querer obrigá-los a estudar Lobisomens... Ou qualquer outra matéria que ele soubesse que você ainda não havia dado.
– Provavelmente sabia mesmo. – Remo deu de ombros – Devia estar sendo diplomático e tentando fingir que não tinhamos um passado, ao contrário de Ranhoso que insistiu em deixar bem claro que me odiava.
A balbúrdia tornou a encher a sala.
— Dissemos, mas ele respondeu que estávamos muito atrasados...
— Ele não quis ouvir...
— Dois rolos de pergaminho!
O Profº. Lupin sorriu ao ver a expressão indignada nos rostos dos alunos.
— Não se preocupem. Vou falar com o Profº. Snape. Não precisam fazer a redação.
— Ah, não! — exclamou Hermione, muito desapontada. — Já terminei a minha.
– É claro que você já tinha terminado. – Remo disse a Hermione carinhosamente – Não esperava menos de você.
– Do jeito que é esperta deve ter descoberto muitas coisas... – Sirius disse encarando Hermione incisivo.
– Talvez. – Mione disse mordendo o lábio – Mas não posso falar sobre isso, não agora pelo menos.
Tiveram uma aula muito gostosa. O Profº. Lupin trouxera uma caixa de vidro contendo um hinkypunk, uma criaturinha de uma perna só, que parecia feita de fiapos de fumaça, a aparência frágil e inofensiva.
— O hinkypunk atrai os viajantes para os brejos — informou o professor enquanto os garotos faziam anotações. — Vocês repararam na lanterna que ele traz pendurada na mão? Ele salta para frente... A pessoa acompanha a luz... Então...
A criatura fez um horrível barulho de sucção contra o vidro da caixa.
Quando a sineta tocou, todos guardaram o material e se dirigiram para a porta, Harry entre eles, mas...
— Espere um instante, Harry — chamou Lupin. — Gostaria de dar uma palavrinha com você.
Harry deu meia-volta e observou o professor cobrir a caixa do hinkypunk com um pano.
— Soube do que houve no jogo — disse Lupin, virando-se para sua escrivaninha e começando a guardar os livros na maleta — e sinto muito pelo acidente com a sua vassoura. Há alguma possibilidade de consertá-la?
– Sabia que falaria com ele. – Tiago disse trocando um sorriso cumplice com Remo – Você é um bom amigo Remo. Obrigado por isso.
— Não — respondeu Harry. — A árvore arrebentou-a em mil pedacinhos.
Lupin suspirou.
— Plantaram o Salgueiro Lutador no ano em que cheguei em Hogwarts. Os alunos costumavam brincar de tentar se aproximar do tronco e tocar a árvore com a mão. No fim, um garoto chamado Davi Gudgeon quase perdeu um olho e fomos proibidos de chegar perto do salgueiro. Uma vassoura não teria a menor chance.
— O senhor soube dos dementadores também? — perguntou Harry com dificuldade.
Lupin lançou um olhar rápido a Harry.
— Soube. Acho que nenhum de nós tinha visto o Profº. Dumbledore tão aborrecido. Há algum tempo, eles estão ficando inquietos... Furiosos com a recusa do diretor de deixar que entrem na propriedade... Suponho que tenham sido eles a razão da sua queda.
— Foram. — Harry hesitou e, então, a pergunta que queria fazer escapou de sua boca antes que pudesse contê-la. — Por quê? Por que eles me afetam desse jeito? Será que sou apenas...
– Você resolveu falar sobre isso com a pessoa certa. – Tiago disse sorrindo de Remo para Harry com carinho – Ele é a melhor pessoa para te ajudar nisso, foi uma sorte ele estar no castelo, especialmente nesse ano.
— Não tem nada a ver com fraqueza — respondeu o professor depressa, como se tivesse lido o pensamento de Harry. — Os dementadores afetam você pior do que os outros porque existem horrores no seu passado que não existem no dos outros.
Um raio de sol de inverno entrou na sala, iluminando os cabelos grisalhos de Lupin e os traços do seu rosto jovem.
— Os dementadores estão entre as criaturas mais malignas que vagam pela Terra. Infestam os lugares mais escuros e imundos, se comprazem com a decomposição e o desespero, esgotam a paz, a esperança e a felicidade do ar à sua volta. Até os trouxas sentem a presença deles, embora não possam vê-los. Chegue muito perto de um dementador e todo bom sentimento, toda lembrança feliz serão sugados de você. Se puder, o dementador se alimentará de você o tempo suficiente para transformá-lo em um semelhante... Desalmado e mau. Não deixará nada em você exceto as piores experiências de sua vida. E o pior que aconteceu com você, Harry, é suficiente para fazer qualquer um cair da vassoura. Você não tem do que se envergonhar.
— Quando eles chegam perto de mim... — Harry fixou o olhar na mesa de Lupin, sentindo um nó na garganta —, ouço Voldemort assassinando minha mãe.
Lupin fez um movimento repentino com o braço como se fosse segurar o ombro de Harry, mas pensou melhor. Houve um momento de silêncio, depois...
– Sempre me perguntei por que não segurou meu ombro. – Harry disse de repente.
– Devia estar me contendo... – Remo disse pensativo – Afinal eu era seu professor, tinha que manter a distância...
— Por que é que eles tinham que ir ao jogo? — exclamou o garoto amargurado.
— Estão ficando famintos — disse Lupin tranquilamente, fechando a maleta com um estalo. — Dumbledore não permite que eles entrem na escola, então o suprimento de gente com que contavam secou... Acho que eles não conseguiram resistir à multidão em torno do campo de Quadribol. Toda a excitação... As emoções exacerbadas... É a idéia que fazem de um banquete.
— Azkaban deve ser horrível — murmurou Harry.
Lupin concordou, sério.
— A fortaleza foi construída em uma ilhota, bem longe da costa, mas não precisam de paredes nem de água para manter os prisioneiros confinados, não quando eles já estão presos dentro da própria cabeça, incapazes de um único pensamento agradável. A maioria enlouquece em poucas semanas.
— Mas Sirius Black escapou — comentou Harry lentamente. — Fugiu...
A maleta de Lupin escorregou da escrivaninha; ele teve que se abaixar depressa para apanhá-la no ar.
— É — disse se endireitando. — Black deve ter encontrado uma maneira de combatê-los. Eu não teria acreditado que isto fosse possível... Dizem que os dementadores esgotam os poderes de um bruxo que conviver um tempo demasiado longo com eles...
– Eles acabam com tudo de bom que um bruxo tem dentro de si, – Sirius disse soturno – talvez o que sobrou dentro de mim não fosse bom.
Ninguém teve coragem de dizer qualquer coisa depois daquilo, apesar de Alice ter pensado em muitas coisas que gostaria de dizer.
— O senhor fez aquele dementador no trem recuar — disse Harry de repente.
— Há... Certas defesas que se pode usar — disse Lupin. — Mas no trem havia apenas um dementador. Quanto maior o número, mais difícil é resistir a eles.
— Que defesas? — perguntou Harry em seguida. — O senhor pode me ensinar?
— Não tenho a pretensão de ser um especialista no combate a dementadores, Harry... Muito ao contrário...
— Mas se os dementadores forem a outro jogo de Quadribol, preciso saber lutar contra eles...
Lupin avaliou o rosto decidido de Harry, hesitou, depois disse:
— Bem... Está bem. Vou tentar ajudar. Mas receio que você terá de esperar até o próximo trimestre. Tenho muito que fazer antes das férias. Escolhi uma hora muito inconveniente para adoecer.
– Um garoto de treze anos não vai aprender satisfatoriamente o feitiço do Patrono. – Severo murmurou de seu canto – É um feitiço complexo demais.
– Pois eu tenho certeza de que ele vai fazer um Patrono muito poderoso. – Sirius disse desafiando Snape – Se quiser apostar.
– Não faço apostas idiotas, Black. – Severo disse entredentes.
– Tem medo de perder, Ranhoso? – Sirius provocou, mas Snape não se deixou levar pela provocação.
Com a promessa de receber aulas antidementadores de Lupin, o pensamento de que talvez não precisasse mais ouvir a morte da mãe, e o fato de que Corvinal esmagara Lufa-Lufa na partida de Quadribol no final de novembro, o ânimo de Harry deu uma guinada definitiva para cima. Afinal, Grifinória não fora eliminada da competição, embora o time não pudesse se dar ao luxo de perder mais uma partida. Olívio tornou a ficar possuído por uma energia obsessiva, e treinou com o time com mais empenho que nunca, na chuvinha gélida e nevoenta que persistiu até dezembro. Harry não viu nem sinal de dementador nos terrenos da escola. A fúria de Dumbledore parecia ter funcionado para mantê-los em seus postos nas entradas.
Duas semanas antes do fim do trimestre, o céu clareou de repente até atingir um branco leitoso e ofuscante, e os terrenos enlameados da escola amanheceram, certo dia, cobertos de cintilante geada. No interior do castelo, havia um rebuliço de Natal no ar. Flitwick, o professor de Feitiços, já enfeitara sua sala de aula com luzes pisca-piscas que, quando foram ver, eram fadinhas voadoras de verdade. Os alunos estavam satisfeitos discutindo planos para as férias de Natal. Tanto Rony quanto Hermione haviam decidido permanecer em Hogwarts e, embora Rony dissesse que era porque não ia conseguir aturar Percy duas semanas, e Hermione insistisse que precisava consultar a biblioteca, Harry não se deixou enganar; sabia que era para lhe fazerem companhia e se sentiu muito grato.
– Ficar em Hogwarts com você no Natal é muito melhor do que qualquer outra coisa que eu poderia fazer... – Rony sorriu para Harry dando de ombros.
– O mesmo vale para mim. – Hermione disse com um grande sorriso.
– Quero apenas agradecer a vocês por isso. – Harry disse com um suspiro, vocês eram toda a família que eu tinha.
– Não esqueça mamãe, – Gina disse rindo – ela ficaria triste se você não acrescentasse ela na sua família.
– Sua mãe foi como uma mãe para mim. – Harry disse com um meio sorriso antes de desviar seus olhos de Gina e encarar Lily com seriedade – Mas eu daria tudo isso apenas para ter você como mãe.
Os olhos de Lily transbordaram de lágrimas, ela mal consegui acreditar que seu filho tinha uma verdadeira conexão com ela, e não apenas com Tiago como ela havia pensado antes. Ela passou a mão pelos cabelos dele por um segundo antes de virar-se para Tiago e sorrir satisfeita, sentia necessidade de compartilhar com ele suas pequenas alegrias.
Para alegria de todos, exceto Harry, houve mais uma visita a Hogsmeade no último fim de semana do trimestre.
— Podemos fazer todas as nossas compras de Natal lá! — exclamou Hermione. — Mamãe e papai iriam adorar receber fios dentais de menta da Dedosdemel!
Resignado com a idéia de que seria o único aluno do terceiro ano a não ir, Harry pediu emprestado a Olívio o livro Qual Vassoura, e resolveu passar o dia lendo sobre as diferentes marcas. Ele andara montando uma vassoura da escola nos treinos do time, uma velhíssima Shooting Star, que era demasiado lenta e instável; decididamente precisava de uma vassoura nova.
– A essa altura eu já teria encomendado uma Firebolt como aquela que você viu no beco diagonal. – Tiago disse sonhador.
– Era uma vassoura muito cara. – Harry deu de ombros.
– Mas você podia pagá-la. – Tiago respondeu com um meio sorriso.
Severo revirou os olhos para Tiago. Não conseguia entender como Lily, tão doce e pura, estava abraçada a esse metido riquinho.
Na manhã de sábado em que os colegas iriam a Hogsmeade, Harry se despediu de Rony e Hermione, embrulhados em capas e cachecóis, tornou a subir a escadaria de mármore, sozinho, e tomou o caminho da Torre da Grifinória. A neve começara a cair do lado de fora das janelas e o castelo estava muito parado e silencioso.
— Psiu... Harry!
Ele se virou, a meio caminho do corredor do terceiro andar, e viu Fred e Jorge espiando-o atrás da estátua de uma bruxa corcunda, de um olho só.
– É isso! – Tiago exclamou de repente trocando um olhar com Sirius e Remo.
– Com certeza, é! – Sirius respondeu entusiasmado.
– Mas como? – Remo perguntou abismado.
– Vamos descobrir. – Tiago sorriu – Continue lendo, Frank!
– Quando vocês vão parar de fazer isso? – Alice bufou antes de Frank voltar a ler.
— Que é que vocês estão fazendo? — perguntou Harry, curioso.
— Vocês não vão a Hogsmeade?
— Antes de ir viemos fazer uma festinha para animar você — disse Fred, com uma piscadela misteriosa. — Venha até aqui...
O garoto indicou com a cabeça uma sala de aula vazia, à esquerda da estátua de um olho só. Harry acompanhou os gêmeos. Jorge fechou a porta sem fazer barulho e se virou, sorrindo, para Harry.
— Presente de Natal antecipado para você, Harry — anunciou.
Fred tirou alguma coisa de dentro da capa com um gesto largo e colocou-a em cima de uma carteira. Era um pedaço de pergaminho, grande, quadrado e muito gasto, sem nada escrito na superfície. Harry, desconfiando que fosse uma daquelas brincadeiras de Fred e Jorge, ficou parado olhando para o presente.
– Eles são impressionantes! – Sirius não conseguiu se conter – Inacreditáveis.
– Por isso eles nos pareceram tão interessantes. – Tiago disse com um grande sorriso.
– Vocês podem por favor explicar do que estão falando? – Lily pediu irritada.
– Não é nada... – Remo disse mordendo o lábio – Apenas já nos deparamos com o que Fred e Jorge vão dar a Harry.
– O que querem dizer com: "já se depararam"? – Lily perguntou colocando as mãos na cintura.
– Não podemos explicar. – Tiago disse com um suspiro – Eles não podem falar do que ainda não aconteceu no livro – ele continuou apontando para Rony e Hermione – nós não podemos falar sobre isso também.
– Se você insiste em não me contar. – Lily disse suspirando pesarosa.
– Você tem que entender que não é um segredo meu. – Tiago disse ligeiramente irritado – Te diria todos os meus segredos em qualquer momento, mas não me obrigue a contar os segredos dos meus amigos.
– Te respeito por isso. – Lily disse admirando Tiago cada vez mais – Ser fiel aos amigos é uma coisa realmente importante.
Severo não pode deixar de se sentir atingido pelo que Lily disse.
— E o que é que é isso? — perguntou.
— Isso, Harry, é o segredo do nosso sucesso — disse Jorge, dando uma palmadinha carinhosa no pergaminho.
— Dói na gente dar esse presente para você — disse Fred —, mas decidimos, na noite passada, que você precisa muito mais dele do que nós. E, de qualquer maneira, já o conhecemos de cor. É uma herança que vamos lhe deixar. Para falar a verdade, não precisamos mais dele.
– Eles não tem nem ideia do quanto isso pertence a Harry. – Sirius disse sorrindo satisfeito.
– É disso que vocês estavam falando antes? – Lily perguntou de repente – É isso que é de Harry por direito, a não ser que vocês estivessem vivos...
– Sim. – Tiago disse mexendo nos cabelos – Esse pergaminho nos pertence, e por isso é de Harry por direito.
– E por que ele pertence a vocês? – Lily perguntou curiosa.
Tiago não respondeu, apenas deu de ombros.
— E para que eu preciso de um pedaço de pergaminho velho? — perguntou Harry.
— Um pedaço de pergaminho velho! — exclamou Fred, fechando os olhos com uma careta, como se Harry o tivesse ofendido mortalmente. — Explique a ele Jorge.
— Bem... Quando estávamos no primeiro ano, Harry... Jovens, descuidados e inocentes...
Harry abafou uma risada. Duvidava se algum dia os gêmeos teriam sido inocentes.
— Bem, mais inocentes do que somos hoje... Nos metemos numa certa confusão com Filch.
— Soltamos uma bomba de bosta no corredor e por alguma razão ele ficou aborrecido...
— Então Filch nos arrastou até a sala dele e começou a nos ameaçar com os castigos de costume...
— ... Detenção...
—... Nos arrancar as tripas...
— ... E não pudemos deixar de reparar numa gaveta do arquivo dele em que estava escrito Confiscado e Muito Perigoso.
– Filch confiscou? – Remo disse abismado – Como ele teria conseguido confiscar?
– Sirius deve ter deixado ele perceber alguma coisa. – Tiago suspirou pesaroso – E logo no nosso último ano?
– Deve ter sido Pedro. – Sirius revirou os olhos – Ele sempre foi o mais descuidado, e acho que é o único que ainda usa com frequencia...
– Eu uso com bastante frequencia. – Tiago disse ligeiramente constrangido.
– Mas não seria descuidado a esse ponto. – Remo disse categórico.
– É realmente irritante quando vocês começam a falar assim. – Alice disse revirando os olhos.
— Não precisam continuar... — exclamou Harry, começando a sorrir.
— Bem, que é que você teria feito? — perguntou Fred. — Jorge soltou mais uma bomba de bosta para distrair Filch, eu abri depressa a gaveta e tirei... Isto.
— Não foi tão desonesto quanto parece, sabe — comentou Jorge.
— Calculamos que Filch nunca tivesse descoberto como usar o pergaminho.
— Mas, provavelmente suspeitou o que era ou não o teria confiscado.
— E vocês sabem como usar?
— Ah, sabemos — disse Fred, rindo. — Esta jóia nos ensinou mais do que todos os professores da escola.
Tiago, Remo e Sirius não conseguiam esconder os sorrisos de orgulho.
— Vocês estão me gozando — disse Harry, olhando para o pedaço velho e rasgado de pergaminho.
— Ah, é? — disse Jorge.
Ele apanhou a varinha, tocou o pergaminho de leve e disse:
— “Juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom”.
Na mesma hora, linhas de tinta muito finas começaram a se espalhar como uma teia de aranha a partir do ponto em que a varinha de Jorge tocara. Elas convergiram, se cruzaram, se abriram como um leque para os quatro cantos do pergaminho; em seguida, no alto, começaram a aflorar palavras, palavras grandes, floreadas, verdes, que diziam:
– Isso é assustador depois do diário de Riddle. – Lily disse abismada.
– Não tem nada haver com o diário de Riddle. – Tiago disse categórico.
Os Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinha e Pontas, fornecedores de recursos para bruxos malfeitores, têm a honra de apresentar
“O MAPA DO MAROTO”
– Almofadinhas não é o nome do seu cachorro? – Lily perguntou desconfiada se afastando de Tiago.
– Malfeitores nesse caso quer dizer apenas brincalhões. – Remo a interrompeu mordendo o lábio – Como Fred e Jorge, Tiago e Sirius.
– Isso é coisa de vocês? – Lily perguntou chocada.
– Pode falar Tiago. – Sirius disse com um suspiro – Pelo menos por mim, tudo bem.
– Por mim também. – Remo deu de ombros.
– Sim. É coisa nossa. – Tiago disse com calma – Nós o criamos.
– Almofadinhas era o apelido de Sirius. – Remo deu de ombros – Por isso esse é o nome do cachorro de Tiago.
– E quem são vocês dois? – Frank perguntou curioso.
– Aluado, a seu dispor. – Remo disse com um aceno de cabeça.
– Pontas. – Tiago disse sem pestanejar.
– Então é óbvio que Pedro é Rabicho. – Alice disse espantada.
– O que é esse mapa? – Lily perguntou ainda sem conseguir acreditar.
– Você deve ver logo. – Tiago disse com um suspiro – Mas basta que saiba que não usamos nenhum feitiço das trevas para criá-lo, e não usamos ele para nada de mal, apenas para brincadeiras e para sair do castelo sem sermos vistos.
– Promete que não há nada de mal com o mapa? – Lily perguntou encarando os olhos castanho-esverdeados de Tiago com muita seriedade.
– Não há nada de errado. – Tiago disse estendendo a mão para colocar uma mecha de cabelo atrás da orelha de Lily.
Era um mapa que mostrava cada detalhe dos terrenos do castelo de Hogwarts. O mais notável, contudo, eram os pontinhos mínimos de tinta que se moviam em torno do mapa, cada um com um rótulo em letra minúscula. Pasmo, Harry se curvou para examinar melhor. Um pontinho, no canto superior esquerdo, mostrava que o Profº. Dumbledore estava andando para lá e para cá em seu escritório; a gata do zelador, Madame Nor-r-ra, rondava o segundo andar; e Pirraça, o poltergeist, naquele momento saltitava pela sala de troféus. E quando os olhos de Harry percorreram os corredores que tão bem conhecia, ele notou mais uma coisa.
O mapa mostrava um conjunto de passagens em que ele nunca entrara. E muitas pareciam levar...
—... Diretamente a Hogsmeade — disse Fred, acompanhando uma delas com o dedo.
– Isso é incrível. – Alice disse abismada – Vocês são inacreditáveis.
– Obrigado. – Sirius disse com desdém.
– Nós descobrimos as passagens secretas sozinhos. – Tiago disse deixando a humildade de lado – Eram bem difíceis de encontrar.
– Talvez existam até mais do que nós já encontramos... – Sirius deu de ombros.
– Mas eu duvido um bocado. – Remo sorriu.
Lily ainda não conseguia acreditar no que estava ouvindo, nada daquilo lhe parecia real.
– É assim que você aparece no meu caminho quando eu menos espero? – Lily perguntou a Tiago de repente.
– Não posso negar que é uma das vantagens. – ele respondeu bagunçando os cabelos nervoso, Lily ainda não havia se reaproximado de Tiago, desde que descobriu sobre o mapa e Severo não pode deixar de sorrir por isso.
— São sete ao todo. Até agora Filch conhece essas quatro — ele as apontou —, mas temos certeza de que somente nós conhecemos estas outras. Não se preocupe com a passagem por trás do espelho no quarto andar. Nós a usamos até o inverno passado, mas já desabou, está completamente bloqueada. E achamos que ninguém jamais usou esta porque o Salgueiro Lutador foi plantado bem em cima da entrada. Mas, esta outra aqui leva diretamente ao porão da Dedosdemel. Nós já a usamos um monte de vezes. E como você talvez tenha notado, a entrada é bem ali do lado de fora da sala, na corcunda daquela velhota de um olho só.
– A passagem do espelho do quarto andar desabou? – Sirius perguntou chateado – Era a minha favorita, a saída era atrás do três vassouras.
– E Filch descobriu mais duas passagens. – Remo suspirou – Ele deve ter se sentido bem vitorioso.
– Pelo menos a do nosso estoque de doces está a salvo. – Tiago disse com um suspiro.
— Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas — suspirou Jorge, dando um tapinha no cabeçalho do mapa. — Devemos tanto a eles.
— Almas nobres, que trabalharam incansavelmente para ajudar novas gerações de transgressores — disse Fred solenemente.
– Agora, mais do que nunca, quero conhece-los. – Sirius disse com um grande sorriso – Um dia quero poder dizer a eles que sou o senhor Almofadinhas.
– Imagina o choque deles ao saber que o Professor de DCAT deles é o Aluado. – Tiago disse rindo.
– Eu tenho uma duvida. – Harry disse encolhendo os ombros – Achava que vocês se chamavam pelos apelidos o tempo todo...
– Claro que não. – Sirius disse rindo – Se usassemos nossos apelidos secretos na frente de todos, eles deixariam de ser secretos, não é?
– Faz todo sentido. – Hermione deu de ombros – E isso explica muita coisa.
– O que isso explica? – Remo e Tiago perguntaram curiosos ao mesmo tempo.
– Não posso falar... Mas acho que vai aparecer nesse capítulo mesmo. – Hermione disse com um meio sorriso.
– Então continue lendo logo, Frank! – Sirius disse ansioso.
— Certo — acrescentou Jorge depressa. — Não se esqueça de limpar o mapa depois de usá-lo...
—... Senão qualquer um pode ler — recomendou Fred.
— É só bater com a varinha mais uma vez e dizer "Malfeito feito!", e o pergaminho torna a ficar branco.
– Eu sempre me perguntei como Fred e Jorge descobriram como usar o mapa. – Rony disse pensativo.
– Pensamos que, se a pessoa está tentando revelar um conteúdo oculto ela vai usar feitiços para isso, talvez uma borracha reveladora... – Sirius disse sério.
– Então nosso sistema de segurança exige uma senha. – Tiago completou com um sorriso.
– Mas também queriamos que as pessoas pudessem utilizar ele anos depois de nossa partida de Hogwarts... – Remo disse encarando Harry.
– Então o mapa dá uma série de pistas para pessoas que não tenham sido proibidas. – Sirius disse com simplicidade.
– O que quer dizer com pessoas proibidas? – Gina perguntou muito interessada.
– Fizemos uma lista de pessoas para as quais o mapa não pode dar pistas ou se revelar. – Remo deu de ombros – Ele pode apenas falar besteiras aleatórias para a maioria das pessoas da lista.
– Para a maioria, não para todas? – Hermione perguntou curiosa, o mapa sempre lhe pareceu carregar uma magia avançada e complexa.
– Para algumas pessoas determinadas ele vai falar coisas especificas. – Tiago deu de ombros como se não fosse nada demais.
– Muito interessante. – Alice disse boquiaberta.
– Então é assim que vocês acham que Sirius está entrando em Hogwarts? – Frank perguntou pensativo.
– É provável. – Tiago deu de ombros.
– E mesmo Black sendo procurado pelo ministério Lupin não falou para o diretor sobre essas passagens... – Severo disse desdenhoso – Parece que eu tinha razão em desconfiar.
– Se você não estiver interessado em ter outra fruta podre no lugar do seu nariz – Tiago disse ameaçador – acho melhor não continuar provocando meus amigos.
— Portanto, jovem Harry — disse Fred, numa incrível imitação de Percy — trate de se comportar.
— Vejo você na Dedosdemel — despediu-se Jorge, piscando.
Os gêmeos deixaram a sala, sorrindo satisfeitos consigo mesmos.
Harry ficou ali, contemplando o mapa milagroso. Acompanhou o pontinho de tinta Madame Nor-r-ra virar à esquerda e parar para cheirar alguma coisa no chão. Se Filch realmente não conhecia... Ele não teria que passar pelos dementadores...
Mas mesmo enquanto continuava ali, transbordante de excitação, uma coisa que ouvira, certa vez, o Sr. Weasley dizer aflorou em sua lembrança.
“Nunca confie em nada que é capaz de pensar, se você não pode ver onde fica o seu cérebro”.
– O mapa não é realmente capaz de pensar. – Remo deu de ombros – Ele apenas repete as informações que nós colocamos nele quando o criamos.
O mapa era um daqueles objetos mágicos perigosos sobre os quais o Sr. Weasley o prevenira... Recursos para bruxos malfeitores... Mas então, raciocinou Harry, ele só queria usar o mapa para ir a Hogsmeade, não era que quisesse roubar alguma coisa ou atacar alguém... E Fred e Jorge já o usavam havia anos, sem que nada de terrível tivesse acontecido...
Harry acompanhou com o dedo a passagem secreta até a Dedosdemel.
Depois, subitamente, como se obedecesse a uma ordem, enrolou o mapa, guardou-o nas vestes e correu para a porta da sala de aula. Abriu-a uns dedinhos. Não havia ninguém do lado de fora. Com muito cuidado, esgueirou-se da sala até as costas da estátua da bruxa de um olho só.
Que era mesmo que devia fazer? Puxou outra vez o mapa e viu, para seu espanto, que um novo boneco de tinta aparecera no pergaminho, rotulado Harry Potter.
Estava parado exatamente no mesmo lugar que o verdadeiro Harry, mais ou menos na metade do corredor do terceiro andar. Harry observou-o atentamente. Seu pequeno eu de tinta parecia estar tocando a bruxa com uma varinha mínima. O garoto na mesma hora puxou a varinha real e deu um toque na estátua. Nada aconteceu. Ele tornou a consultar o mapa. Um balão com um texto aparecera ao lado do seu boneco. Dentro do balão havia a palavra "Dissendium”.
— Dissendium! — sussurrou Harry dando uma nova batida na bruxa de pedra.
– Para mim esse foi o nosso trabalho mais belo. – Sirius disse orgulhoso.
– Com toda a certeza. – Tiago sorriu satisfeito.
Na mesma hora, a corcunda da estátua se abriu o suficiente para admitir uma pessoa bem magra. Harry deu uma espiada rápida nos dois lados do corredor, guardou outra vez o mapa, se içou de cabeça para dentro do buraco e deu um impulso para frente.
Ele deslizou um bom pedaço, descendo o que parecia um escorrega de pedra e aterrissou na terra úmida e fria. Levantou-se, então, olhando a toda volta. Estava escuro como breu. Harry ergueu a varinha e murmurou:
— Lumus! — E pôde ver que se encontrava em uma passagem muito estreita, baixa e terrosa. Ergueu, então, o mapa, tocou-o com a ponta da varinha e disse baixinho: —Malfeito feito! — O mapa ficou imediatamente branco. Ele o dobrou cuidadosamente, enfiou-o dentro das vestes, depois, o coração batendo rápido, ao mesmo tempo excitado e apreensivo, Harry começou a andar.
A passagem virava e tornava a virar, mais parecendo uma toca de coelho gigante do que qualquer outra coisa. Harry caminhou depressa por ela, tropeçando aqui e ali no chão acidentado, segurando a varinha com firmeza à sua frente.
Levou uma eternidade, mas o garoto tinha o pensamento fixo na capacidade da Dedosdemel repor suas forças. Depois do que lhe pareceu uma hora, a passagem começou a subir. Ofegante, Harry apertou o passo, o rosto quente, os pés muito gelados.
Dez minutos mais tarde, chegou ao pé de uns degraus de pedra muito gastos, que subiam a perder de vista. Tomando cuidado para não fazer barulho, Harry começou a subir. Cem degraus, duzentos degraus, perdeu a conta, olhando para os pés... Então, sem aviso, sua cabeça bateu em alguma coisa dura.
Parecia um alçapão. Harry ficou parado ali, massageando o cocuruto da cabeça, apurando os ouvidos. Não conseguia ouvir nenhum som em cima. Muito devagarinho, empurrou o alçapão e espiou pela borda.
Deparou com um porão, cheio de caixotes e caixas. Harry subiu pelo alçapão e tornou a fechá-lo. Ele se fundiu tão perfeitamente com o soalho empoeirado que era impossível saber que estava ali. O garoto avançou lentamente até a escada de madeira que levava ao andar superior. Agora decididamente conseguia ouvir vozes, para não falar no tilintar de uma sineta e no abre e fecha de uma porta.
Pensando no que deveria fazer, Harry, de repente, ouviu uma porta se abrir muito próximo; alguém ia descer a escada.
– É só se esconder de volta no alçapão. – Sirius falou com sabedoria de causa.
– Ou poderia se esconder sob a capa de invisibilidade... – Tiago disse com um suspiro resignado, não entendia como Harry podia não manter a capa por perto o tempo todo.
— E traga mais uma caixa de lesmas gelatinosas, querido, eles praticamente levaram tudo... — disse uma voz feminina.
Dois pés desceram a escada. Harry pulou para trás de um enorme caixote e esperou os passos se distanciarem. Ouviu o homem deslocando caixas na parede oposta.
Talvez não tivesse outra oportunidade...
Rápida e silenciosamente, o garoto saiu abaixado do esconderijo e subiu as escadas; ao olhar para trás, viu um enorme traseiro e uma careca reluzente enfiada em uma caixa. Harry alcançou a porta no patamar da escada, escapuliu por ela e se encontrou atrás do balcão da Dedosdemel, abaixou-se, saiu quietinho de lado e por fim se levantou.
A Dedosdemel estava tão cheia de alunos de Hogwarts que ninguém olhou duas vezes para Harry. O garoto foi passando entre eles, olhando para os lados e reprimiu uma risada só de imaginar a expressão que apareceria na cara de porco do Duda se pudesse ver onde ele estava agora.
Havia prateleiras e mais prateleiras de doces com a aparência mais apetitosa que se pode imaginar. Tabletes de nugá, quadrados cor-de-rosa de sorvete de coco, caramelos cor de mel; centenas de tipos de bombons em fileiras arrumadinhas; havia uma barrica enorme de feijõezinhos de todos os sabores, Delícias gasosas — as tais bolas de sorvete de fruta que faziam levitar que Rony mencionara —, em outra parede havia os doces de "efeitos especiais": os melhores chicles de baba e bola (que enchiam a loja de bolas azulonas e se recusavam a estourar durante dias), o estranho e quebradiço fio dental de menta, minúsculos Diabinhos negros de pimenta ("sopre fogo em seus amigos!"), Ratinhos de sorvete ("ouça seus dentes baterem e rangerem!"), Sapos de creme de menta ("faça sua barriga saltar para valer!"), frágeis penas de algodão-doce e bombons explosivos.
– Pare de falar em doces. – Sirius disse mau-humorado – Meu estoque de verão já acabou há séculos!
Remo deu um meio sorriso para Sirius enquanto explorava os próprios bolsos.
– Acho que é meu último. – Remo disse fazendo surgir um sapo de chocolate do meio de suas vestes e oferecendo-o a Sirius.
– Você tinha esse sapo de chocolate o tempo todo e não me deu? Mesmo sabendo que passei doze anos em Azkaban? – Sirius disse avançando na mão estendida do amigo.
– Você não passou doze anos em Azkaban. – Remo disse revirando os olhos, mas rindo.
– Ainda. – Sirius disse com a boca cheia de chocolate.
– E não vai passar. – Tiago disse categórico indicando que Frank voltasse a ler.
Harry se espremeu entre os alunos do sexto ano que enchiam a loja e viu um letreiro pendurado no canto mais distante do salão (SABORES INCOMUNS). Rony e Hermione estavam bem embaixo, examinando uma bandeja de pirulitos com gosto de sangue. Harry, sorrateiramente, foi parar atrás dos dois.
— Eca, não, Harry não vai querer esses, são para vampiro, imagino — ia dizendo Hermione.
— E esses aqui? — perguntou Rony, enfiando um vidro de cachos de barata embaixo do nariz de Hermione.
— Decididamente não — disse Harry.
Rony quase deixou cair o vidro.
— Harry! — berrou Hermione. — Que é que você está fazendo aqui? Como... Foi que você...?
— Uau! — exclamou Rony, parecendo muito impressionado —, você aprendeu a aparatar!
— Claro que não aprendi. — Harry baixou a voz de modo que nenhum dos alunos de sexto ano pudesse ouvir e contou aos amigos sobre o Mapa do Maroto.
— Como é que Fred e Jorge nunca me deram esse mapa? — perguntou Rony indignado. — Eu sou irmão deles!
– Imagino que tenha sido justamente por isso. – Gina disse revirando os olhos – Eles sabem como você é, um professor, ou pior, a mamãe, poderia acabar pegando o mapa se estivesse com você.
– Mas eu sou perfeitamente capaz de apagar o mapa. – Rony disse cruzando os braços sobre o peito.
– Não com mamãe te encarando. – Gina disse levantando as sobrancelhas insinuante.
– Só por que deixei ela encontrar o estoque de ingredientes de Fred e Jorge não quer dizer que seja incapaz. – Rony bufou.
– Que estoque de ingredientes? – Lily perguntou curiosa.
– Enquanto estavamos no Egito, Fred e Jorge estavam comprando alguns ingredientes para suas brincadeiras. – Gina disse dando de ombros – Por culpa de Rony, mamãe acabou com metade do estoque.
– Que tipo de ingredientes? – Tiago perguntou mais interessado.
– Um pó de coceira, um tipo de besouro que causa tontura e vomito, esse tipo de coisa. – Gina disse como se não fosse importante.
– Seus irmãos são incríveis. – Sirius disse lambendo o resto de chocolate do pacote.
— Mas Harry não vai ficar com o mapa! — afirmou Hermione como se a idéia fosse ridícula. — Vai entregá-lo à Profª. Minerva, não é Harry?
– É claro que não! – Tiago, Sirius e Remo gritaram ao mesmo tempo.
– Ele não pode simplesmente entregar a McGonagall o trabalho de nossas vidas. – Sirius continuou categórico – Talvez apenas ela e Dumbledore sejam capazes de descobrir o mapa sem a senha...
— Não, não vou não! — disse Harry.
— Você é maluca? — exclamou Rony, arregalando os olhos para a garota. — Entregar uma coisa boa dessas?
— Se eu entregar, vou ter que contar onde foi que o arranjei. Filch ia saber que Fred e Jorge surrupiaram dele!
— Mas e o Sirius Black? — sibilou Hermione. — Ele poderia estar usando uma das passagens do mapa para entrar no castelo! Os professores têm que saber disso!
Sirius revirou os olhos para o livro.
– Mesmo que fechassem as passagens do mapa, eu teria um jeito de entrar em Hogwarts.
– Então quer dizer que nem todos os segredos de vocês estão no mapa. – Lily perguntou a Tiago incisiva.
– Nós somos pessoas profundas, Lily. – Tiago disse passando a mão pelos cabelos – Temos muitos outros segredos.
– Que você só vai me contar se nos casarmos? – Lily perguntou piscando os olhos para Tiago.
– Talvez. – Tiago deu de ombros – Não importa o que aconteça, nunca trairia meus amigos.
— Ele não pode estar entrando por uma passagem — retrucou Harry depressa. — Tem sete túneis secretos no mapa, certo? Fred e Jorge calculam que Filch conheça uns quatro. E os outros três... Um desabou, de modo que ninguém pode passar. Outro tem o Salgueiro Lutador plantado na entrada, portanto, não se pode sair. E este que eu usei para chegar aqui... Bem... É realmente difícil ver a entrada dele no porão. Então, a não ser que Black soubesse que havia uma passagem...
– Seria uma ótima teoria, – Alice revirou os olhos – se não estivesse falando de uma das pessoas que fez o mapa.
Harry hesitou. E se Black soubesse que havia uma passagem ali? Rony, porém, pigarreou querendo sinalizar alguma coisa e apontou para um aviso colado dentro da loja de doces.
POR ORDEM DO MINISTÉRIO DA MAGIA
Lembramos aos nossos clientes que até nova ordem, os dementadores irão patrulhar as ruas de Hogsmeade todas as noites após o pôr-do-sol. A medida visa garantir a segurança dos habitantes de Hogsmeade e será revogada quando Sirius Black for recapturado, portanto, é aconselhável que os clientes encerrem suas compras bem antes de anoitecer.
Feliz Natal.
– Isso é um aviso deprimente. – Sirius bufou – Além de estar atrapalhando a vida de Harry, também estou atrapalhando a vida de todos os comerciantes de Hogsmead...
– Sirius, – Lily suspirou – não fale assim, por favor!
– Lily está certa – Remo disse encarando o amigo – nada disso é culpa sua, e tenho certeza de que logo todos vão ver isso.
Alice revirou os olhos, mas não disse nada.
— Estão vendo só? — falou Rony em voz baixa. — Eu gostaria de ver Black tentar entrar na Dedosdemel com dementadores pululando por todo o povoado. Em todo o caso, Hermione, os donos da Dedosdemel ouviriam se alguém arrombasse a loja, não? Eles moram no primeiro andar!
– Não, – Tiago deu um sorriso sombrio – Sirius consegue arrombar qualquer fechadura com ou sem magia em silêncio.
– E de qualquer forma, não acho que eu esteja entrando em Hogwarts pela dedosdemel... – Sirius deu de ombros – Há lugares muito mais confortáveis onde eu poderia estar...
– Que lugares? – Frank perguntou curioso.
– Não vou dizer, – Sirius revirou os olhos – não vou revelar todos os meus segredos.
— Tá, mas... Mas... — A garota parecia estar fazendo força para encontrar outro argumento. — Olha, ainda assim Harry não devia ter vindo a Hogsmeade. Ele não tem autorização! Se alguém descobrir, ele vai ficar enrascado até as orelhas! E ainda não anoiteceu... E se Sirius Black aparecer hoje? Agora?
— Ia ter muito trabalho para encontrar Harry no meio disso aí — disse Rony indicando com a cabeça as janelas de caixilhos, pelas quais se via a nevasca rodopiando lá fora. — Vamos, Mione, é Natal. Harry merece uma folga.
Hermione mordeu o lábio, parecendo extremamente preocupada.
— Você vai me denunciar? — perguntou Harry à amiga, sorrindo.
— Ai... Claro que não... Mas sinceramente, Harry...
— Viu as delícias gasosas, Harry? — perguntou Rony, puxando Harry e levando-o até a barrica em que se encontravam. — E as lesmas gelatinosas? E os picolés ácidos? Fred me deu um desses quando eu tinha sete anos, fez um furo que atravessou a minha língua. Me lembro da mamãe pegando a vassoura e baixando o pau nele. — Rony ficou mirando, pensativo, a caixa de picolés ácidos. — Você acha que Fred comeria um cacho de baratas se eu dissesse a ele que era amendoim?
– Claro que não. – Gina disse rindo – Fred e Jorge só confiam na comida da mamãe e de Hogwarts, e se você fosse esperto o bastante não confiaria neles também.
Depois que Rony e Hermione pagaram por todos os doces que compraram, os três saíram da Dedosdemel para enfrentar a nevasca lá fora.
Hogsmeade parecia um cartão de Natal; as casas e lojas de telhado de colmo estavam cobertas por uma camada de neve fresca; havia coroas de azevinho nas portas e fieiras de luzes encantadas penduradas nas árvores.
Harry estremeceu; ao contrário dos amigos, ele não estava usando casaco. Os três saíram caminhando pela rua, a cabeça abaixada contra o vento, Rony e Hermione gritando por dentro dos cachecóis.
— Ali é o Correio...
— A Zonko’s fica mais adiante.
— Podíamos ir até a Casa dos Gritos...
— Vamos fazer o seguinte — sugeriu Rony com os dentes batendo —, vamos tomar uma cerveja amanteigada no Três Vassouras?
Harry estava mais do que a fim; havia um vento cortante e suas mãos estavam congelando. Então, eles atravessaram a rua e minutos depois entravam na minúscula estalagem.
A sala estava cheíssima, barulhenta, quente e enfumaçada.
Uma mulher tipo violão, com um rosto bonito, estava servindo um grupo de bruxos desordeiros no bar.
— Aquela é a Madame Rosmerta — disse Rony. — Vou pegar as bebidas, está bem? — acrescentou, corando ligeiramente.
– Que bom que Madame Rosmerta continua no bar. – Tiago sorriu satisfeito.
– Claro que continua, onde mais ela poderia estar? – Alice disse revirando os olhos.
– Não sei se percebeu, mas metade das pessoas que nós conhecemos estão mortas na época dos livros. – Sirius disse sombrio fazendo Alice baixar os olhos constrangida.
Harry e Hermione foram até o fundo do salão, onde havia uma mesinha desocupada entre uma janela e uma bela árvore de Natal próxima à lareira. Rony voltou em cinco minutos, trazendo três canecas espumantes de cerveja amanteigada.
— Feliz Natal! — desejou ele alegremente, erguendo a caneca.
Harry bebeu com gosto. Era a coisa mais deliciosa que já provara e parecia aquecer cada pedacinho dele, de dentro para fora.
Uma brisa repentina despenteou seus cabelos. A porta do Três Vassouras tornou a se abrir. Harry olhou por cima da borda da caneca e se engasgou.
Os professores McGonagall e Flitwick tinham acabado de entrar no bar em meio a uma rajada de flocos de neve, seguidos de perto por Hagrid, que vinha absorto em uma conversa com um homem corpulento de chapéu-coco verde-limão e uma capa de risca de giz — Cornélio Fudge, Ministro da Magia.
– Todas as pessoas que sabem que você não devia estar fora da escola entram no mesmo pub que você. – Remo disse rindo um pouco – Você é realmente um imã para problemas, Harry.
Numa fração de segundo, Rony e Hermione, ao mesmo tempo, tinham posto as mãos na cabeça de Harry e feito o amigo escorregar do banquinho para baixo da mesa.
Pingando cerveja amanteigada e se encolhendo para sumir de vista, Harry, agarrado à caneca, espiou os pés dos professores e de Fudge caminharem até o bar, pararem e, em seguida, darem meia-volta e se dirigirem para onde ele estava.
– Se você carregasse a capa com você não estaria nessa situação. – Tiago suspirou desgostoso – O interior do seu malão não tem necessidade nenhuma de ser invisível, sabe?
A maioria dos presentes riu. Harry, Rony e Hermione no entando pareciam extremamente desconfortáveis.
Em algum lugar acima de sua cabeça, Hermione sussurrou:
— Mobiliarbus!
A árvore de Natal ao lado da mesa se ergueu alguns centímetros do chão, flutuou de lado e desceu com um baque suave bem diante da mesa dos garotos, escondendo-os dos professores. Espiando por entre os ramos mais baixos e densos, Harry viu quatro conjuntos de pés de cadeira se afastarem da mesa bem ao lado, depois ouviu os resmungos e suspiros dos professores e do ministro ao se sentarem.
Em seguida, ele viu mais um par de pés, usando saltos altos, turquesa, cintilantes, e ouviu uma voz de mulher.
— Uma água de Gilly pequena...
— É minha — disse a voz da Profª. Minerva.
— A jarra de quentão...
— Obrigado — disse Hagrid.
— Soda com xarope de cereja, gelo e guarda-sol...
— Hummm! — exclamou o Profº. Flitwick estalando os lábios.
— Para o senhor é o rum de groselha, ministro.
— Obrigado, Rosmerta, querida — disse a voz de Fudge. — É um prazer revê-la, devo dizer. Não quer nos acompanhar? Venha se sentar conosco...
— Bem, muito obrigada, ministro.
Harry acompanhou os saltos cintilantes se afastarem e retornarem.
Seu coração batia incomodamente na garganta. Por que não lhe ocorrera que este era o último fim de semana do trimestre também para os professores? E quanto tempo eles ficariam sentados ali? Ele precisava de tempo para voltar discretamente à Dedosdemel, se quisesse estar na escola ainda aquela noite... A perna de Hermione deu uma tremida nervosa perto dele.
– Eu estava pensando em várias maneiras para tirar Harry dali sem ser percebido, mas nenhuma das minhas ideias parecia viável. – Hermione respondeu ao olhar interrogativo de Lily.
— Então, o que é que o traz a esse fim de mundo, ministro? — perguntou a voz de Madame Rosmerta.
Harry viu a parte de baixo do corpo de Fudge se virar na cadeira, como se verificasse se havia alguém escutando. Depois respondeu em voz baixa:
— Quem mais se não Sirius Black? Imagino que você deve ter sabido o que houve em Hogwarts no Dia das Bruxas?
— Para falar a verdade, ouvi um boato — admitiu Madame Rosmerta.
— Você contou ao bar inteiro, Hagrid? — perguntou a Profª. Minerva, exasperada.
— O senhor acha que Black continua por aqui, ministro? — perguntou Madame Rosmerta.
— Tenho certeza — respondeu Fudge laconicamente.
— O senhor sabe que os dementadores já revistaram o meu bar duas vezes? — falou Madame Rosmerta, com uma ligeira irritação na voz. — Espantaram todos os meus fregueses... Isto é muito ruim para o comércio, ministro.
– Por que é óbvio que um fugitivo conhecido passaria seus dias sentado em um pub bebendo. – Sirius disse revirando os olhos.
— Rosmerta, querida, gosto tanto deles quanto você — disse Fudge, constrangido. — É uma precaução necessária... Infelizmente, mas veja só... Acabei de encontrar alguns. Estão furiosos com Dumbledore porque ele não os deixa entrar nos terrenos da escola.
— É claro que não — disse a Profª. Minerva, rispidamente. — Como é que vamos ensinar com aqueles horrores por todo o lado?
— Apoiado, apoiado! — exclamou o Profº. Flitwick com voz esganiçada, os pés balançando a um palmo do chão.
— Mesmo assim — disse Fudge em tom de dúvida —, eles estão aqui para proteger vocês todos de coisa muito pior... Nós todos sabemos o que Black é capaz de fazer...
– Eu sou capaz de fazer muitas coisas, mas não me compare com um dementador. – Sirius bufou irritado.
— Sabem, eu ainda acho difícil acreditar — disse Madame Rosmerta pensativamente. — De todas as pessoas que passaram para o lado das trevas, Sirius Black é o último em que eu pensaria... Quero dizer, eu me lembro dele quando era garoto em Hogwarts. Se alguém tivesse me dito, então, no que ele iria se transformar, eu teria respondido que a pessoa tinha bebido quentão demais.
Sirius baixou a cabeça pensativo, pessoas que o conheciam realmente bem acreditavam que ele era um seguidor de Voldemort, será que ele realmente havia mudado daquela maneira; Será que seus pais finalmente haviam feito ele ser o que sempre quiseram que fosse; Ou teria sido convencido por sua prima Bellatrix? Não, Sirius chacoalhou-se mentalmente, aquilo tudo era ridículo, ele não se uniria a Voldemort por nada, nem mesmo para ser aceito por sua família.
— Você não conhece nem metade do que ele fez Rosmerta — disse Fudge com impaciência. — A maioria nem sabe o pior.
— Pior? — exclamou Madame Rosmerta, a voz animada de curiosidade. — O senhor quer dizer pior do que matar todos aqueles coitados?
— Isso mesmo.
— Não posso acreditar. Que poderia ser pior?
— Você diz que se lembra dele em Hogwarts, Rosmerta — murmurou a Profª. Minerva. — Você se lembra quem era o melhor amigo dele?
– Eu. – Tiago murmurou confuso – O que posso ter haver com isso?
Harry não aguentaria passar por isso mais uma vez, ouvir tudo aquilo havia machucado muito ele. Harry apoiou o cotovelo no braço do sofá e escondeu o rosto com uma das mãos.
— Claro — disse Madame Rosmerta, com uma risadinha. — Nunca se via um sem o outro, não é mesmo? O número de vezes que os dois estiveram aqui, ah, me faziam rir o tempo todo. Uma dupla incrível, Sirius Black e Tiago Potter!
Harry deixou cair a caneca com estrépito. Rony deu-lhe um pontapé.
— Exatamente — disse a Profª. Minerva. — Black e Potter líderes de uma turminha. Os dois muito inteligentes, é claro, na verdade excepcionalmente inteligentes, mas acho que nunca tivemos uma dupla de criadores de confusões igual...
— Não sei — disse Hagrid, dando uma risadinha. — Fred e Jorge Weasley seriam páreo duro para os dois.
— Poderia-se até pensar que Black e Potter eram irmãos!
O queixo de Sirius tremeu, ele sabia que nunca se uniria ao lado das trevas e ele devia isso ao seu irmão verdadeiro, o único irmão que o protegeu, o escutou e esteve do seu lado o tempo todo, não só por seu caráter, mas também por Tiago, ele nunca se uniria a Voldemort. Tudo aquilo só podia ser mentira.
O Profº. Flitwick entrou na conversa.
— Inseparáveis!
— Claro que eram — comentou Fudge. — Potter confiava mais em Black do que em qualquer outro amigo. Nada mudou quando os dois terminaram a escola. Black foi o padrinho quando Tiago se casou com Lílian. Depois, eles o escolheram para padrinho de Harry. O garoto nem tem idéia disso, é claro. Vocês podem imaginar como isto o atormentaria.
Harry se remexeu no sofá desconfortável. Todo os outros estavam em um silêncio sepulcral, finalmente saberiam do que Sirius estava sendo acusado.
— Por que Black acabou se aliando a Você-Sabe-Quem? — cochichou Madame Rosmerta.
— Foi muito pior do que isso, minha querida... — Fudge baixou a voz e continuou numa espécie de sussurro grave. — Muita gente desconhece que os Potter sabiam que Você-Sabe-Quem queria pegá-los. Dumbledore, que naturalmente trabalhava sem descanso contra Você-Sabe-Quem, tinha um bom número de espiões úteis. Um deles avisou-o e ele, na mesma hora, alertou Tiago e Lílian, Dumbledore aconselhou os dois a se esconderem. Bem, é claro que não era fácil alguém se esconder de Você-Sabe-Quem. Dumbledore sugeriu aos dois que teriam maiores chances de escapar se apelassem para o Feitiço Fidelius.
– Não. – Remo, que era o único dos que não conheciam a história, que sabia o que era um feitiço Fidelius, suspirou descrente. Ele já conseguia ver onde essa história iria parar, e aquilo simplesmente não poderia ser verdade.
— Como é que é isso? — perguntou Madame Rosmerta, ofegando de interesse, O Profº. Flitwick pigarreou.
— Um feitiço extremamente complexo — explicou com a sua vozinha fina —, que implica esconder o segredo, por meio da magia, em uma única pessoa viva. A informação é guardada no íntimo da pessoa escolhida, ou fiel do segredo, e torna-se impossível encontrá-la, a não ser, é claro, que o fiel do segredo resolva contar a alguém. Enquanto ele se mantiver calado, Você-Sabe-Quem poderia revistar o povoado em que Lílian e Tiago viviam durante anos sem jamais encontrá-los, mesmo que ficasse com o nariz grudado na janela da sala deles!
— Então Black era o fiel do segredo dos Potter? — sussurrou Madame Rosmerta.
Hermione observou Harry cerrar os punhos nervoso, ela temia que ele não conseguisse segurar a língua em momentos críticos como aquele.
— Naturalmente — respondeu a Profª. Minerva. — Tiago Potter contou a Dumbledore que Black preferiria morrer a contar onde eles estavam, que Black estava pensando em se esconder também... Mesmo assim, Dumbledore continuou preocupado. Eu me lembro que ele próprio se ofereceu para ser o fiel do segredo dos Potter.
— Ele suspeitava de Black? — exclamou Madame Rosmerta.
— Ele tinha certeza de que alguém intimo dos Potter tinha mantido Você-Sabe-Quem informado dos movimentos do casal — respondeu a Profª. Minerva sombriamente.
— De fato, ele vinha suspeitando havia algum tempo de que alguém do nosso lado virara traidor e estava passando muita informação para Você-Sabe-Quem.
— Mas Tiago Potter insistiu em usar Black?
— Insistiu — disse Fudge com a voz carregada. — E então, pouco mais de uma semana depois de terem realizado o Feitiço Fidelius...
— Black traiu os Potter? — murmurou Madame Rosmerta.
Um tremor subiu pela espinha de Tiago fazendo-o cerrar os punhos.
— Traiu. Black estava cansado do papel de agente duplo, estava pronto a declarar abertamente o seu apoio a Você-Sabe-Quem, e parece que planejou fazer isso assim que os Potter morressem. Mas, como todos sabem, Você-Sabe-Quem encontrou sua perdição no pequeno Harry Potter. Despojado de poderes, extremamente enfraquecido, ele fugiu. E isto deixou Black numa posição realmente muito difícil. Seu mestre caíra no exato momento em que ele, Black, mostrara quem de fato era, um traidor. Não teve outra escolha senão fugir...
— Vira-casaca imundo e podre! — exclamou Hagrid tão alto que metade do bar se calou.
– Não! – Tiago gritou com os dentes trincados e levantou-se – Me recuso a continuar aqui escutando esses absurdos todos!
Tiago saiu da sala intepestivo. Lily foi atrás dele e o encontrou sentado, com o rosto entre as mãos, em uma cama no quarto. Ela aproximou-se com todo o cuidado e sentou-se ao lado dele.
– Tiago? – Lily chamou com calma enquanto colocava a mão no ombro dele – Está tudo bem. Você confia em Sirius, eu confio em você, nada pode mudar isso.
– Mas e se for verdade? – Tiago perguntou com a voz embargada – E se por algum motivo ele realmente traiu nossa amizade e nos entregou a Voldemort? Se ele nos entregou... Se ele entregou Harry à morte?
– A carta dizia para não julgarmos uns aos outros antes do fim dos sete livros. – Lily disse acariciando os cabelos de Tiago – Não julgue o Sirius agora.
– Eu poderia acreditar se fosse o Remo, ou o Pedro, eles são meus amigos também, mas não como o Sirius... – Tiago disse levantando o rosto para Lily, seus olhos estavam repletos de lágrimas.
– Eu sei que vai dar tudo certo Tiago. – Lily disse secando as lágrimas do Maroto com carinho – Apenas sei. Então confie em mim, vamos até o banheiro lavar seu rosto e vamos voltar para a sala.
– Obrigado. – Tiago sussurrou enquanto Lily ajudava-o a se levantar.
O clima na sala estava enregelante. Frank, Alice e Snape olhavam para Sirius acusatoriamente, os três morrendo de vontade de dizer que já sabiam que Sirius não prestava. Remo estava em choque, já havia imaginado isso ao ouvir sobre o feitiço Fidelius, mas não podia acreditar, não queria acreditar, Sirius não faria aquilo, não com Tiago.
Mas de qualquer forma Sirius estava pior do que todos os outros, ele estava com o rosto escondido pelas mãos e não escondia o choro desesperado.
– Isso não é verdade, não é... – Sirius murmurava desconexamente entre seus soluços desesperados.
Tiago sentou-se de volta no sofá com a varinha em punho, Lily sentou-se ao lado dele observando que Harry parecia tão mal quanto Tiago com aquilo tudo.
– Eu... – Alice começou a dizer, mas foi interrompida por um olhar cortante de Tiago, que apontou a varinha para ela impiedoso.
– Acho melhor você não falar nada agora. – Neville disse apertando a mão de sua mãe ligeiramente – Apenas acho que é o melhor para você.
– Neville está certo. – Tiago disse entredentes – Não ouse abrir sua maldita boca agora.
– Frank. – Hermione disse tentando manter a própria calma – Pode continuar lendo agora que eles voltaram, por favor?
— Psiu! — fez a Profª. Minerva.
— Eu o encontrei! — rosnou Hagrid, — Devo ter sido a última pessoa que viu Black antes de ele matar toda aquela gente! Fui eu que salvei Harry da casa de Lílian e Tiago depois que o casal morreu! Tirei o garoto das ruínas, coitadinho, com um grande corte na testa, e os pais mortos... E Sirius Black aparece naquela moto voadora que ele costumava usar. Nunca me ocorreu o que ele estava fazendo ali. Eu não sabia que ele era o fiel do segredo de Lílian e Tiago. Pensei que tivesse acabado de saber da notícia do ataque de Você-Sabe-Quem e vindo ver o que era possível fazer. Estava tremendo, branco. E vocês sabem o que eu fiz? EU CONSOLEI O TRAIDOR ASSASSINO! — bradou Hagrid.
— Hagrid, por favor! — pediu a Profª. Minerva. — Fale baixo!
— Como é que eu ia saber que ele não estava abalado com a morte de Lílian e Tiago? Que estava preocupado era com Você-Sabe-Quem!
– Não, não, não! – Sirius repetia freneticamente entredentes, a cabeça ainda baixa, o rosto escondido pelas mãos, com o corpo todo tremendo.
Então ele disse:
— "Me dá o Harry, Hagrid. Sou o padrinho dele, vou cuidar dele”... Ah! Mas eu tinha recebido ordens de Dumbledore, e disse não, Dumbledore tinha me mandado levar Harry para a casa dos tios. Black discordou, mas no fim cedeu. Me disse, então, que eu podia pegar a moto dele para levar Harry. "Não vou precisar mais dela", falou. Eu devia ter percebido, naquela hora, que alguma coisa não estava cheirando bem. Black adorava a moto. Por que estava dando ela para mim? Por que não ia precisar mais da moto? A questão é que a moto era muito fácil de localizar. Dumbledore sabia que ele tinha sido o fiel do segredo dos Potter. Black sabia que ia ter que se mandar àquela noite, sabia que era uma questão de horas até o Ministério sair à procura dele. Mas e se eu tivesse entregado Harry a Black, hein? Aposto como ele teria jogado o garoto no mar no meio do caminho. O filho dos melhores amigos dele! Mas quando um bruxo se alia ao lado das trevas, não tem mais nada nem ninguém que tenha importância para ele...
– Não! – Sirius gritou levantando-se em desespero – Isso é mentira! É tudo mentira! Eu nunca faria isso com o Harry! Nunca faria isso com o Tiago! Nunca!
– Sirius. – Remo disse tentando controlar a própria voz – Eu também não acredito nisso, simplesmente não posso acreditar.
– Por favor. – Tiago disse virando-se para Harry com os olhos cheios de lágrimas – Me diz que isso não é verdade, que vamos descobrir que é tudo mentira depois. Por favor!
– O Harry não pode falar sobre isso. – Hermione disse com um suspiro ao ver Harry de cabeça baixa.
– Eu confio em você, Sirius. – Lily disse levantando-se e indo até ele – O Tiago confia em você. – Ela completou fazendo Sirius sentar-se de volta no sofá – Tudo vai dar certo. Eu tenho certeza.
A história de Hagrid seguiu-se um longo silêncio. Então, Madame Rosmerta falou com uma certa satisfação.
— Mas ele não conseguiu desaparecer, não foi? O Ministério da Magia o agarrou no dia seguinte!
— Ah, se ao menos isso fosse verdade — lamentou Fudge com amargura. — Não fomos nós que o encontramos. Foi o pequeno Pedro Pettigrew, outro amigo dos Potter. Com certeza, enlouquecido de pesar e sabendo que Black fora o fiel do segredo dos Potter, Pedro foi pessoalmente atrás dele.
– Não! – Remo disse confuso – Nada disso faz sentido! Pedro nunca enfrentaria Sirius, ele sempre soube que Sirius é bem melhor do que ele em duelos.
– Talvez ele tenha ficado com tanta raiva do traidor que esqueceu. – Alice disse sem conseguir morder a língua a tempo.
– Eu te avisei, Alice! – Tiago disse levantando-se e apontando a varinha para Alice. Um raio roxo saiu de sua varinha, mas antes que alcançasse ela, o raio bateu em uma barreira invisível.
– Você bloqueou o Potter? – Snape perguntou descrente, já havia duelado com Tiago vezes demais, e nunca havia sido rápido o bastante para bloqueá-lo.
– Não fiz nada. – Alice disse assustada levantando as mãos e mostrando-se desarmada.
– O que aconteceu então? – Frank perguntou ainda temeroso.
– A promessa. – Hermione explicou com um suspiro – A promessa que vocês fizeram a Dumbledore, Tiago devia estar prestes a quebrá-la.
– Mas Alice está quebrando a promessa há muito tempo! – Tiago disse revoltado – Ela prometeu que não julgaria ninguém até o fim dos livros, e tudo o que ela faz é julgar o Sirius.
– Acho que a promessa é mais efetiva em combates físicos. – Rony disse com um suspiro, entendia perfeitamente a vontade de Tiago de enfeitiçar Alice, ele mesmo já havia pensado em fazê-lo.
– Mas Tiago conseguiu transformar o nariz deles em tomate. – Lily constatou confusa.
– Transformar o nariz deles em tomate não fez mal nenhum a ninguém. – Hermione respondeu dando de ombros. – É apenas uma azaração.
– O que você ia fazer com ela? – Remo perguntou.
– Ele ia transformar ela em algum bicho. – Sirius disse sombrio levantando a cabeça ligeiramente – O raio roxo é bem caracteristico de um dos feitiços de transformação humana favoritos de Tiago...
– Uma barata. – Tiago disse olhando para Alice com nojo – Pois é isso que ela é.
Frank resolveu voltar a ler antes que mais alguém levantasse a varinha.
— Pettigrew... Aquele gordinho que sempre andava atrás dos dois em Hogwarts? — perguntou Madame Rosmerta.
— Ele venerava Black e Potter como se fossem heróis — disse a Profª. Minerva. — Não estava bem à altura deles em termos de talento. Muitas vezes fui severa demais com ele. Podem imaginar agora como me... Como me arrependo disso... — Sua voz parecia a de alguém que apanhara de repente um resfriado.
— Vamos, Minerva — consolou-a Fudge, com bondade. — Pettigrew teve uma morte de herói. Testemunhas oculares, trouxas, é claro, depois limpamos a memória deles, nos contaram como Pettigrew encurralou Black. Dizem que ele soluçava: "Lílian e Tiago, Sirius! Como é que você pôde?" Então fez menção de apanhar a varinha. Bem, naturalmente, Black foi mais rápido. Fez Pettigrew em pedacinhos...
– É isso! – Alice gritou acusatóriamente repentinamente sem tanto medo de Tiago – Madame Herchcovitch havia previsto a morte de Pedro, e havia dito que ele seria apunhalado pelas costas por quem ele pensava ser um amigo.
– Não acredito que você vai colocar uma professora maluca de adivinhação no meio disso! – Lily gritou com Alice colocando as mãos na cintura – Isso não faz sentido nenhum!
– Lily tem razão, – Remo disse pensativo – pensem bem, Pedro não foi convidado para ler os livros, mas Sirius foi!
– Para mim isso significa apenas que Pedro não tem chance alguma de sobreviver! – Alice gritou apontando para Sirius.
– Se Pedro não tem chance de sobreviver, – Lily falou encarando Alice extremamente séria – então eu e Tiago também não temos...
– Acho que Pedro não foi convidado por que ele não tem uma segunda chance. – Remo disse trocando um olhar cheio de significados com Tiago.
– Isso significa que Sirius tem. – Lily disse categórica – Assim como eu e Tiago. E Severo...
Harry levantou a cabeça e encarou a mãe profundamente, depois de alguns segundos deixou um sorriso escapar, e isso era tudo de que Lily precisava para ter certeza de que estava certa.
– Eu estava mesmo estranhando Pedro não estar aqui... – Remo disse com um suspiro – E se ele não tem uma segunda chance... Há algo de muito estranho nessa história...
A Profª. Minerva assoou o nariz e disse com a voz embargada:
— Menino burro... Menino tolo... Nunca teve jeito para duelar... Deveria ter deixado isso para o ministério...
— E vou dizer uma coisa, se eu tivesse chegado ao Black antes de Pettigrew, não teria apelado para varinhas, eu teria despedaçado ele aos bocadinhos — rosnou Hagrid.
— Você não sabe o que está dizendo, Hagrid — disse Fudge com severidade. — Ninguém, a não ser bruxos de elite do Esquadrão de Execução das Leis da Magia, teria tido uma chance contra Black depois que ele foi encurralado. Na época, eu era ministro júnior no Departamento de Catástrofes Mágicas, e fui um dos primeiros a chegar à cena depois que Black liquidou aquelas pessoas, nunca vou me esquecer. Ainda sonho com o que vi, às vezes. Uma cratera no meio da rua, tão funda que rachou a tubulação de esgoto embaixo. Cadáveres por toda a parte. Trouxas berrando. E Black parado ali, dando gargalhadas, diante do que restava de Pettigrew... Um monte de vestes ensangüentadas e uns poucos, uns poucos fragmentos...
– Isso também não faz sentido algum! – Tiago disse de repente – Se Sirius fosse um comensal da morte, depois de matar o Pedro, por que ele simplesmente ficaria parado ali esperando ser capturado. Ele é rápido o bastante para desaparatar antes do ministério chagar, ele não precisava ser preso, então por que ele praticamente se entregou?
– Nenhum sentido. – Remo concordou enfático.
Sirius ainda estava de cabeça baixa, mas deu um meio sorriso entre suas lágrimas, Tiago ainda estava ao seu lado. Seu melhor amigo, praticamente um irmão, ainda o defendia. Cada vez mais ele tinha certeza de que havia algo de errado naquela história, algo que não fazia nenhum sentido, mas estava ali, na cara deles, eles só tinham que encontrar.
A voz de Fudge parou abruptamente. Ouviu-se o barulho de cinco narizes sendo assoados.
— Bem, aí tem você, Rosmerta — disse Fudge com a voz carregada. — Black foi levado por vinte policiais do Esquadrão de Execução das Leis da Magia e Pettigrew recebeu a Ordem de Merlim, Primeira Classe, o que acho que foi algum consolo para a coitada da mãe dele. Black tem estado preso em Azkaban desde então.
Madame Rosmerta deu um longo suspiro.
— É verdade que ele é doido, ministro?
— Eu gostaria de poder dizer que é — disse Fudge lentamente. — Acredito que é certo que a derrota do mestre o desequilibrou por algum tempo. O assassinato de Pettigrew e de todos aqueles trouxas foi trabalho de um homem desesperado e acuado, cruel... Sem sentido. Mas eu encontrei Black na última inspeção que fiz à Azkaban. Vocês sabem que a maioria dos prisioneiros lá ficam sentados no escuro resmungando; não dizem coisa com coisa... Mas fiquei chocado com a aparência normal de Black. Conversou comigo muito racionalmente. Me deixou nervoso. Deu a impressão de estar meramente entediado, perguntou se eu já tinha acabado de ler o meu jornal, com toda a tranqüilidade, disse que sentia falta das palavras cruzadas. Fiquei realmente espantado de ver o pouco efeito que os dementadores estavam causando nele, e, vejam, ele era um dos prisioneiros mais fortemente guardados do lugar. Dementadores à porta da cela dia e noite.
– Isso também não faz nenhum sentido. – Severo disse confuso – Black estava cercado de dementadores, dia e noite, não devia estar bem.
– Sirius tinha alguma coisa na cabeça mantendo ele são. – Tiago disse sem se importar de estar conversando diretamente com Severo.
– Mas que tipo de coisa pode manter alguém são por doze anos, cercado por dementadores? – Remo perguntou coçando a cabeça.
– Alguma coisa que não seja alegre. – Sirius murmurou com a voz morta levantando a cabeça – Nada que seja feliz. Talvez apenas a certeza de que sou inocente. Pelo menos é a única coisa que me impede de me afogar no vaso sanitário agora mesmo.
– É isso. – Tiago concordou exultante – Você tinha certeza de que era inocente, isso não é um pensamento feliz, por que apesar de ser inocente você estava preso e nós... mortos.
– Mas se Sirius é inocente, – Lily disse pensativa – quem é o culpado? E por que Sirius se deixou ser capturado?
– Só consigo pensar em duas coisas. – Tiago disse encarando Sirius preocupado – Alguma outra pessoa nos traiu, e matou o Pedro e deixou Sirius para ser preso.
– Ou? – Frank perguntou curioso.
– Prefiro pensar apenas nessa opção por enquanto. – Tiago suspirou – A outra opção é ruim demais...
— Mas para que o senhor acha que ele fugiu? — perguntou Madame Rosmerta. — Por Deus, ministro, ele não está tentando se juntar a Você-Sabe-Quem, está?
— Eu diria que esse é o plano dele, hum, a longo prazo — disse Fudge evasivamente. — Mas temos esperança de pegar Black bem antes disso. Devo dizer que Você-Sabe-Quem sozinho e sem amigos é uma coisa... Mas se tiver de volta o seu serviçal mais dedicado, estremeço só em pensar na rapidez com que se reergueria...
Ouviu-se um leve tilintar de copo em madeira. Alguém pousara o copo.
— Sabe, Cornélio, se você vai jantar com o diretor, é melhor voltarmos para o castelo — sugeriu a Profª. Minerva.
Um por um, os pares de pés à frente de Harry retomaram o peso dos seus donos; barras de capas rodopiaram no ar e os saltos cintilantes de Madame Rosmerta desapareceram atrás do balcão do bar. A porta do Três Vassouras tornou a se abrir, deixando entrar mais uma rajada de flocos de neve e os professores desapareceram.
— Harry?
Os rostos de Rony e Hermione surgiram embaixo da mesa. Os dois o encararam, sem encontrar palavras para falar.
– Acabou o capítulo. – Frank murmurou.
Sirius levantou-se e sem dizer nada, foi para o quarto, Tiago e Remo foram atrás dele, mas quando Lily fez menção de ir atrás dos três Harry impediu.
– Vamos pedir o almoço e comer. – Harry disse categórico segurando o braço de Lily com delicadeza – Eles precisam conversar.
– Isso está errado. – Remo disse sentando-se ao lado de Sirius na cama – Tem alguma coisa muito estranha nessa história.
– Remo tem razão, algo ai não faz o menor sentido... – Tiago disse pensativo, sentado do outro lado de Sirius.
– Mas o que? – Sirius perguntou com a voz abafada – Eu também não acredito que eu tenha te traido e matado Pedro, mas qual é a outra alternativa?
– Outra pessoa me traiu e armou para parecer que foi você... – Tiago disse com um suspiro.
– Mas como isso seria possível se eu sou o fiel do segredo? – Sirius perguntou balançando as pernas nervoso.
– Só se você for um engodo... – Tiago disse pensativo – Nós podemos ter dito para todo mundo que você seria nosso fiel e usado outra pessoa, para enganar Voldemort, já que você seria a escolha obvia... Pelo menos isso parece algo que nós fariamos...
– Quem poderia fazer isso? – Remo perguntou abismado – Vocês não pensam que foi eu, pensam?
– Claro que não! – Tiago disse revirando os olhos – Mas quem quer que tenha sido, teria que nos conhecer muito bem, a ponto de ter minha confiança.
– Talvez tenha sido alguém que ainda não conhecemos? – Sirius disse dando de ombros – Afinal isso é daqui a 4 anos, pode ser alguém do trabalho ou algo assim?
– Duvido muito... – Tiago disse coçando a cabeça – Vamos comer alguma coisa e ler o próximo capítulo, só assim para sabermos o que realmente aconteceu.
Os Marotos voltaram para a sala e comeram em silêncio. Todos os outros os observavam atentamente.
– O que vocês tanto conversaram? – Lily perguntou a Tiago com delicadeza algum tempo depois quando já haviam voltado para os sofás.
– É melhor não falar sobre isso, Lily. – Tiago disse passando o braço pelo ombro de Lily mantendo-a em um abraço – Pelo menos não agora...
Rony deu um suspiro profundo antes de pegar o livro que Frank havia deixado na mesa e abrir no próximo capítulo:
– Capítulo XI – A Firebolt.
Aqueles que são parte do grupo da fic no facebook sabem os motivos para eu ter demorado tanto para postar esse capítulo, mas de qualquer forma vou explicar ao resto de vocês. Nas últimas duas semanas estive em provas na faculdade e com apoio do pessoal do grupo deixei de postar esse capítulo e de escrever para poder me dedicar mais aos meus estudos. Ia voltar a postar regularmente ontem, mas estou doente e tive que ir para o hospital. Por esse mesmo motivo não vou conseguir responder os comentários agora. Gostaria de pedir a paciência de alguns de vocês, que não sabem nada sobre a minha vida e meus motivos para demorar e nunca dão uma palavra de incentivo, só sabem cobrar capítulos, eu sou humana, tenho uma vida fora da FeB e tenho o direito de estudar para minhas provas, se quererm me cobrar alguma coisa, comentem mais do que um simples "Atualiza logo". Aos outros que esperaram sem me cobrar e entendem que nem sempre tenho a possibilidade de postar, meu muito obrigada pela paciência e compreensão. Todos vocês me são muito queridos. Espero que não deixem de comentar. No próximo capítulo respondo os comentários do capítulo 9 e 10.
Quem quiser fazer parte do grupo da fic, onde posto novidades, prévias e enquetes:
https://www.facebook.com/groups/742689499098462/
Quem acertou as frases da semana?
Comentários (18)
OI JUUUH! Espero que você tenha visto o meu comentário no capítulo anterior. Eu te entendo quanto a faculdade. Semana de provas enche o saco e pessoas pedindo "ATUALIZA LOGO" várias e várias vezes pode ser meio (muito) pressionante. Enfim, eu AMEI o capítulo e não vejo a hora de você postar o próximo. Melhoras pra você, espero que não seja uma doença grave (eu sei como ficar doente é horrível ;S). Enfim, esperando aqui ansiosamente. Beijo ;*
2014-07-01Oie Juh!primeira vez comentando aqui! Amei o capítulo!Venho lendo desde ‘‘Marotos lendo Harry Potter e a pedra filosofal‘‘ e nunca tinha comentado, alias nem conta eu tinha. Mas desde de a primeira fic eu esperava ansiosa por este capitulo, queria muito ver a reação dos marotos quando Fred e Jorge dessem o mapa a Harry e todos queríamos ver a reação de todos ao descobrirem o motivo de Sirius ter passado 12 anos em azkaban, e depois de esperar quase que desesperadamente po esse capitulo eu só tenho uma coisa a dizer: QUE ODIO DA ALICE! jesus já pensei em milhares formas de tortura para ela! venho feliz em dizer que mesmo estando com grandes expectativas para esse capitulo, vocÊ não me decepcionou, coisa que costuma acontecer quando se tem expectativas demais, então muito obrigado mesmo! Sempre admirei muito a amizade dos marotos, principalmente a de James e Sirius e tambem achei lindo a Lily não duvidar de Sirius nem um minuto! infelizmente errei as frases mais na proxima eu acerto! é isso Juh melhoras, fique boa logo! ( No face eu sou Beatriz Costa)
2014-06-30Espero que o Tiago pare de prpvocar a Alice e o Snape pois fica putinho quando é provocado e quando os amigos são, então ele deveria tomar um pouco de vergonha na cara e não encher a paciência dos nào marotos. Alias no fim quero ver a cara do Thiago quando ver a memória do Snape chorando e falando que queria ter morrido no lugar da Lily
2014-06-30Esse capitulo fez valera espera . Ta , eu sei , eu sei , no seu lugar eu tambem ficaria fu da vida com essas cobranças .Li esse cap mordendo meu travisseiro , tamanha a anciedade d saber qual a reaçao deles .Os marotos ( menos o Pedro) sao meus personagens favoritos. Ao contrario d todo mundo torço para q n percebam q o Pedro é o traidor , pq senao vai perder toda a grassa da revelaçao .Caso vc n tenha lido meu comentario no menu da fic . Estou acompanhando desde Pedra Filozofal, só n comentei pq n tinha conta nesse site. Adoro sua fic
2014-06-30Oiee Juh, espero sinceramente que você possa ficar bem logo(a saúde em primeiro lugar), comecei a ler as suas Fics há umas duas semanas, e não consigo parar mais, (não cosegui me dedicar aos games, meu roteado resolveu quebrar na hora menos oportuna, e a internet discada é simplesmente horrível) seu jeito de escrever e como você encherga fundo as caractéristicas de cada personagem realmente me toca muito. Esse capítulo, com certeza, foi um dos mais tensos, a alegria dos marotos em descobrir que o Harry finalmente conseguiu ter o Mapa do Maroto, foi completamente sufocada pela descoberta do motivo da prisão do Sirius... Pobre Sirius, epero que ele supere esse momento extremamente triste e consigua voltar a ser o Sirius brincalhão até o fim do livro (acho que as próximas partidas de quadribol devem melhorar o humor dele e do Tiago ). Me emocionei muito com a conexão que o Harry tem com a Lily, e não tenho duvida que ele trocaria tudo para poder ter ela devolta na vida dele. Alie realmente nãosabe a hora de ficar quieta, quando começamos a pensar que ela vai melhorar um pouco me vem acusando o Sirius denovo, (Frank deve ser muitíssimo calmo)prevejo novas azarações contra ela. Realmente, Snape nunca conseguiu superar as magoas do passado, nem o Remusco ficou livre do rancor dele. Não posso esperar pra ver a reação do Tiago ao descobrir que a Grifinória vai ganhar o campeonato de quadribol e quando o Harry produzir o seu patrono como o dele. Acho que o Tiago já tem ideia do que pode ter acontecido, ele enfrentaria todos os dementadores de Askaban pelo Sirius, só espero que diferentemente de antes elenão tenha 1% de suspeita sobre o Remo, assim como foi dito Lily e Tiago foram mortos por que depositaram sua fé na pesoa errada, fiquei realmente triste quando li PdA, e descobri que o Sirius e o Tiago suspeitaram que o Remo era o espião, as vezes me pergunto se o Sirius morreria pelo Tiago e vice versa porque eles não acham que o Remo faria a mesma coisa por eles? sei que a amizade do Sirius com o Tiago era especial, mas o Remo nunca teve amigos antes de chegar em Hogwarts e eles simplesmente sabendo do probleminha peludo que ele tem, não deixaram de ser amigos dele, pelo contrário, viraram animagos ilegalmente para ajuda-lo... imagino a dor dele a descobrir que 2 dos seus melhores amigos morreram e o outro está sendo acusado de mata-los, ach que o Remo merecia um crédito a mais. Seu final foi perfeito como sempre, leve o tempo que for para escrever o próximo capítulo, cuide de você primeiro. Com certeza se J. K. Rowling lê-se suas palavras, conseguiria se emocionar como eu.PS: Joguei todas as pragas possíveis no rato maldito, só um avada não é o suficiente.Melhoras, beijos e abraços.
2014-06-30Noossaaaaa, não consigo nem agradecer ao capítulo antes de comentar sobre ele! Demais! Adorei, coitado do Sirius:(((( muito triste por ele. Apesar do Remo ser meu preferido, gosto muito do Sirius tbm e pelo modo como vc escreve, nos leva a considerar o medo que ele tem de ser igual a família, de um dia não conseguir resistir e cair em tentação, indo para o lado das trevas. O que seria é claro uma grande perda pra Ordem, pois Sirius é um excelente bruxo.Tiago está desolado, é triste que tenha que esperar pra saber que seu "irmão" não o traiu.Aff... não gosto de falar mal, mas a Alice é uma idiota! Se não acredita no Sirius deveria ao menos ficar calada como Snape e Frank! Mas não!!! Fica dando palpites idiotas!!!Olha eu revolts! HAHAHAHANem acredito que vc foi abençoada e conseguiu escrever, e ainda arrasou com esse capítulo maravilhoso! Vc realmente escreve muito bem! As emoções fora muito bem esploradas! Parabéns!Um grande beijo e até a proxima!
2014-06-30Juh, cuide da sua saúde primeiro, a gente espera sem problema nenhum.A frase sobre a vassoura do Tiago se eu lenbro direito, eu acertei.Sobre o cartão da Gina, achei fofo o Harry estar preocupado em estar magoando ela por ter colocado o cartão em baixo da fruteira.Sobre o cão que gosta de quadribol, eu fiquei na duvida entre o Tiago e o Sirius e errei já que coloquei que era o Tiago.Acho que Rony e Hermione não pensaram que era dificil para o Harry falar sobre o que ele ouvia quando os dementadores se aproximavam dele.Ri quando quando o Remo dize que estava tentando fazer parecer que ele e Snape não tinham nenhum passado, diferende do Snape e eu aposto que o Snape não gostou nenhum pouquinho disso.É claro que a Hermione ia descobrir varias coisas com o trabalho do Snape, ela é bem esperta para isso.Remo é sim um bom amigo, com toda certeza foi uma sorte ele estar em Hogwarts esse ano.Finalmente a Alice esta aprendendo a ficar calada, é uma pena que isso não dure o capitulo inteiro.É uma enorme pena que o Snape não tenha aceitado apostar com o Sirius essa é uma aposta que eu adoraria ver.Fico feliz que Lily tenha percebido que o Harry tambem tem uma conexão com ela tambem, na verdade eu acho que ele é muito mais ligado a ela do que ao Tiago, isso é uma coisa que da para ver bem RDM, na parte do anel, quando ele pede para a Lily ficar perdo dele.Tiago vai pular de alegria a hora que descobrir que o Harry vai ganhar uma firebolt e principlamente a hora que souber que foi presente do Sirius. Rei muito com as conversas dos Marotos sobre o mapa e tambem a hora que eles contaram aos outros, a verdade é uma só todos ali na sala, ate mesmo o Snape tem que admitir que os três são muito inteligentes. Fico imaginando como será a cara da Lily a hora que descobri que o cachorro do Tiago é o Sirius.Sirius fando de doces me fez pensar no Rony, lá no começo do livro no trem, enquando a Hermione falava ele ainda estava bem pensando em doces.Juh eu não vou comentar sobre a suposta verdadeira historia da prisão do Sirius, por que em quando lia tinha vondade de matar o Pedro da forma mais lenda posivel, mais saiba que as reações dos personagens foram perfeitas.E sobre a conversa dos marotos no final, eu tinha vondade de gritar que eles pensaram em todas as posibilidades menos que foi o Pedro que traiu o Tiago e a Lily e o Sirius foi atras dele, mais entendo que nessa epoca o Pedro é ainda amigo deles e eles ainda confiam no maldito rato.Acho que é só.Beijos e melhoras.
2014-06-29OiiVei, na boa né, mas tenho uma cascata na minha casa! Foi demais, eu chorei pior do que quando li e descobri que a Hedwing tinha morrido. Foi mesmo muito forte, e eu sei como é. Além disso, como já disse no grupo, eu tenho a certeza abosuluta que o James (Tiago) já sabe quem, porque nessa parte: – Mas como isso seria possível se eu sou o fiel do segredo? – Sirius perguntou balançando as pernas nervoso.– Só se você for um engodo... – Tiago disse pensativo – Nós podemos ter dito para todo mundo que você seria nosso fiel e usado outra pessoa, para enganar Voldemort, já que você seria a escolha obvia... Pelo menos isso parece algo que nós fariamos...– Quem poderia fazer isso? – Remo perguntou abismado – Vocês não pensam que foi eu, pensam?– Claro que não! – Tiago disse revirando os olhos – Mas quem quer que tenha sido, teria que nos conhecer muito bem, a ponto de ter minha confiança. Quando ele diz que era um engodo, isso quer dizer que ele tem a certeza que não é o Sirius, e depois quando ele diz que não foi o remus, mas depois diz que tem de os conhecer bem a ponto de ter a confiança dele, isso aisujere que só podem ter sido os marotos ou Lily. Lily não é, já que foi morta, e ele discartou Sirius e Remus, então só sobra o Rabicho. Depois, a Mione tem de parar de ser chata, nem sequer dizer que o Sirius é inocente o harry pode? pelo menos deixem-no dizer isso, pelo menos podia calar a boca da estúpida da alice que so diz m*****! Se ela no capitulo anterior já estava melhor, agora piorou tudo! Ela merecia era que lhe acontecesse o que aconteceu á rapariga que denunciou a AD: ficar com a cara cheia de bolhas que depois ficam com uma cicatriz.
2014-06-29