Capítulo Único

Caminhava lentamente por todas aquelas estantes, a mão passando pelas mesas e o nariz aspirando aquele odor que tanto gostava.

Olhava os livros todos muito bem postos em seu lugar. Hogwarts era um lugar incrível e havia vivido as mais intensas emoções naquele lugar.

— Sente falta daqui? — Uma voz firme cortou o silêncio e fez Hermione olhar para trás.

— Era meu lugar favorito. — Respondeu sorrindo. — Vivi muitas coisas aqui.

— Eu sei. — O homem caminhou até ela, as mãos no bolso da calça social e um sorriso presunçoso adornando sua face altiva.

— Sabia que parece um trouxa, vestido desse modo? — Indagou divertida, vendo o rosto do mais alto se contorcer.

— Não me compare a sua gente. — Respondeu irritado.

O silêncio se estendeu entre eles, mas por incrível que pareça, não era incomodo e nem tinha consigo sentimentos ruins.

— O que faz aqui... Weasley?

— Minerva queria conversar comigo, algo sobre Rose. E você, Malfoy? — Perguntou de volta.

— O mesmo, Scorpius se mete mais em confusão do que eu poderia imaginar. — Respondeu soltando um riso baixo.

— Quem nos vê aqui, ficaria surpreso de não estarmos nos matando. Ainda depois de você ter ido para o lado sombrio. — Comentou a mulher, voltando a caminhar por entre as estantes.

— Eu não me orgulho dessa época. — Draco disse, seguindo a mulher.

— Ainda bem.

Caminharam lado a lado, até que pararam entre a seção de poções e história do mundo mágico. Ele olhou para cada livro ali e sorriu ao lembrar-se de algo.

— Você não foi a única a ter boas experiências aqui. — Afirmou sorrindo.

Hermione encarou o loiro, sorriu de lado e então abaixou a cabeça. Soube exatamente do que o homem falava.

— Que bom que não é mais aquele menino medroso e repugnante de anos atrás. — Falou a mulher passando a mão pela lombada de alguns livros.

— Repugnante, é, não sou mais. Mas medroso acho que continuarei sendo pelo resto da minha vida. — Brincou, arrancando uma risada gostosa da morena.

— Eu nunca esqueci aquele dia... — Sussurrou imersa em lembranças de sua adolescência naquele lugar.

— Foi o dia mais feliz da minha vida.

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Hermione estava mais uma vez na biblioteca mergulhada nos livros. Era de noite, mas ainda não havia passado o horário do toque de recolher, então estava tranquila.

O lampião ao seu lado era a única coisa que iluminava o lugar, às vezes um raio ou outro ajudava, mas a garota estava concentrada demais para notar a chuva que caia lá fora.

A Granger lia um livro sobre leis bruxas, tentando imaginar algo que pudesse ajudar Sirius a sair da escuridão e poder viver com Harry. Mas por mais inteligente que ela fosse não havia encontrado nada.

Ouviu passos se aproximando e virou rapidamente para o lugar de onde vinham. Esse movimento brusco fez o lampião cair, quebrando-se e deixando-a na escuridão.

Colocou a mão na cintura, mas lembrou-se que havia deixado à varinha no quarto.

— Quem está ai? — Perguntou, não obtendo resposta.

Os passos pararam e, quem quer que fosse, estava bem perto da garota. Ela conseguia sentir a respiração pesada indo de encontro a seu rosto.

Ia perguntar mais uma vez quem é que estava ali, mas lábios frios cobriram os seus, deixando-a atônita e com olhos arregalados.

Por um momento achou que seria Ron ou até mesmo Harry, mas tirou essa ideia da cabeça uma vez que o primeiro ainda não tinha condições de andar sozinho e o último era mais como um irmão.

Foi então que um raio cortou o céu, iluminou a biblioteca e fez o coração de Hermione saltar em desespero.

Quando o som alto do trovão se fez ouvir, o garoto que até então a beijava saiu correndo.

Ela só sabia pensar o que, diabos, havia dado no Malfoy para fazer isso.

=-=-=

— Esperei muito tempo para lhe perguntar isso. — Começou se virando para o loiro. — O que deu em você, para ter feito aquilo?

— Eu não queria admitir, mas eu gostava de você. Porém, como era uma sangue-ruim eu não queria aceitar... Desculpa. — Pediu, lembrando-se como aquela palavra deixava a mulher chateada.

— Suas palavras há muito não me causam efeito, Malfoy, não se preocupe. — Disse. — Então quer dizer que gostava de mim? Interessante.

— Se você acha... Aquela noite, foi mais um tiro no escuro, queria ter certeza se o que sentia era mesmo paixão ou ódio. No final, me arrependi de ter feito isso.

O silêncio voltou a reinar entre eles, até que Hermione suspirou e encarou os olhos acinzentados do homem.

— Se você não tivesse sido um canalha nojento desde o primeiro instante em que nos conhecemos, eu até poderia ter gostado de você. — Revelou, cruzando os braços.

— Imagino que não, você sempre foi apaixonada pelo pobretão.

— É verdade. — Concordou. Os dois voltaram a andar, dessa vez indo em direção à saída.

— Sabe, acho que no fim das contas te odeio sangue-ruim. — Draco disse, já no corredor do colégio.

— Eu ainda te acho um ser desprezível, Malfoy. — Hermione sorriu. — Boa sorte com Scorpius, que ele não tenha o gênio do pai.

— Espero que seus filhos não sigam os mesmo passos dos pais. — Retrucou se afastando.

Quando Hermione já não via mais o loiro, ela abriu um pequeno sorriso. Aquele havia sido seu primeiro beijo, na época ficou arrasada, visto quem tinha lhe roubado isso. Porém, pensando bem agora, até que não havia sido tão ruim assim.

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