Como se fazer entender?
Lily estava sentada no banquinho, com as pernas cruzadas e apoiando as mãos no assento. Uma cabeça morena estava deitada em suas pernas. O rosto sorria bobamente... Os cabelos escuros tão arrepiados como sempre, os olhos esverdeados agora com um brilho apaixonado. Lily o fitava com doçura, vez ou outra abaixando a cabeça para distribuir beijinhos pela bochecha do rapaz.
- Já passa de uma hora, Tiago... – Ela brincou.
- Pois que passe. Vamos voltar para o castelo só com a última carruagem. Melhor! Vamos voltar pela passagem da Dedosdemel. Não! Pela do Cabeça de Javali! – Ele devolveu risonho. Lily riu. – Já te contei o quanto amo sua risada?
Lily corou e desviou o olhar.
- Obrigada... – Murmurou voltando os olhos para ele. – Agora pare com isso ou vou ficar vermelha igual ao meu cabelo, Tiago! – Repreendeu, passando as mãos por fios teimosos que cobriam os olhos de Tiago, ao que ele somente riu gostosamente.
- Então nosso primeiro dia de namoro é, também, nosso primeiro dia dos namorados... – Ele zombou marotamente.
- E quem disse que estamos namorando? – Lily rebateu com falsa indignação.
- Eu estou dizendo! Ouviram? EU ESTOU NAMORANDO LILY EVANS!!! – Gritou como um bobo.
- Cale a boca, Tiago! – Pediu rindo de vergonha.
- Sabe muito bem como me fazer calar a boca de um modo eficiente. – A malicia estava visível no tom de voz do maroto.
- Eu sei... – Aproximou o rosto do dele. – Mas não vou usá-la! – Terminou, deixando um beijinho na ponta nariz dele e tornando a levantar.
- Lily, você é a pior! – Ela riu.
Os dois ficaram por ali durante bastante tempo, apenas curtindo a presença um do outro. Não viram a hora passar e, ao se darem conta já era quase 17h. Teriam de voltar ao castelo. Tiago arrastou Lily dali, alegando ainda ter comprar uma coisa antes de o passeio acabar. Entrou sem ela em uma lojinha e voltou 10 minutos depois, com um saquinho em mãos. A ruiva até tentou saber o que tinha dentro, mas Tiago avisou que ela só saberia quando chegasse ao castelo.
A volta à escola foi serena. Lily veio ao lado de seu novo namorado, com a cabeça apoiada no ombro dele. Tiago envolveu-a com um dos braços e puxou-a para mais perto, deixando um beijo no topo da cabeça da ruiva. O caminho foi silencioso, mas um silêncio deliciosamente confortável e doce.
Quando Lily Evans e Tiago Potter entraram no salão comunal da Grifinória, com as mãos dadas, houve gritinhos histéricos, assobios, aplausos e um berro escandaloso de, ninguém mais, ninguém menos que, Sirius Black.
- Eu sabia!! Ahá! Eu sabia que estavam namorando! E você, seu veado fingido!! Enganando o próprio amigo! “Não, Almofadinhas... Evans e eu não temos nada...”. Belo “nada” esse de vocês, eim? – Sirius zombava com fingida indignação. Fez voz de falsete para imitar Pontas e muitos alunos riram.
- Ah, isso... – Tiago coçou a nuca, levemente sem jeito. – Uhm... Pois é, né... Parece que a Evans e eu estamos juntos. Nós estamos, Evans? – sarcástico como sempre, Tiago caçoou de Sirius.
- Ahm, nós? É... Soa-me quase familiar... – comentou vagamente – Mas, infelizmente, não me relaciono com homens que não querem compromisso sério, Potter...
- Ah, não seja por isso!! – Ajoelhou-se perante ela e toda a Grifinória. – Lily Marie Evans, me daria você a honra de se tornar minha namorada? – Estendeu-a uma caixinha de veludo negro, que continha o mais belo anel de esmeraldas já visto.
A ruiva tentou conter a emoção que sentia e que ameaçava explodir de dentro de si. Aquele incontrolavelmente delicioso frio na barriga, acompanhado de um bambear de pernas, da palpitação frenética e descontrolada, descompassada, de seu coração. O efeito caótico que somente Tiago provocava nela. Respirou o mais fundo que pode, sentiu o ar... Alegre, morno como uma tarde de verão, doce... Viciante e apaixonante.
- É... Pode ser... – soou desinteressada. A feição de Tiago se quebrou em mil pedaços rachados de decepção. – Brincadeira, seu bobo! Óbvio que sim!
Nova erupção de risinhos, gritinhos, balburdia, berros... A ruiva pôs o anel e ficou a admirá-lo. Tiago a encarava, apaixonado com o contentamento explícito dela... Precisava gritar... Precisava gritar ao mundo sua alegria, mostrar o quanto estava feliz, completo, vivo... Apaixonado! Explodiria de tanto sentimento reprimido, de tantos berros não dados, de tanto amor na declarado... Não importava mais se estava a ser piegas, ou, até mesmo, tediante. Precisava fazê-lo.
- Ei! Escutem! – A balburdia foi diminuindo gradativamente até cessar. – Eu preciso compartilhar a minha alegria! Gente, vocês não devem imaginar o que eu estou sentindo agora... Lily, você me fez o homem... O homem não, ai que brega! O aluno mais feliz de Hogwarts inteira, e o que eu sinto é indescritível! É mais doce que suco de abóbora, mais bonito que um buque de rosas, mais... Mais... Lily eu sou completamente loco por você e te adoro tanto que dói, mas vale a pena sentir essa dor. Porque eu sei que você também sente algo assim por mim, e eu quero te fazer muito feliz, e vou conseguir, você é meu sonho e...
Lily já estava quase colada a ele, de modo que Tiago podia contar cada uma de suas sardas. Respirações descompassadas, silêncio sepulcral, clima romanticamente tenso... A ruiva o mirou nos olhos e murmurou em um tom alto o bastante para ser ouvida por toda a grifinória:
- Tiago... Você fala demais!
E os pés pequenos da ruivinha ficaram em sua ponta para que Lily pudesse alcançar a nuca do amado maroto e puxá-lo para si em um beijo caloroso e cheio de sentimento. Foi tudo permeado de gritos e aplausos, mas o lugar em que Lily estava já não a permitia ouvir nada disso. Flutuava na mais alta nuvem, envolvida pela única sensação existente. Tiago. Seus lábios nos dele, os fios negros enrolados por entre seus dedos... Quando falta do ar já não era mais suportável, Lily quebrou o contato físico, sem, no entanto, dissolver o visual.
Sorria involuntária e bobamente para o moreno que a encarava. Seus dedinhos finos e gélidos acarinhavam a nuca de Tiago. Trocaram um abraço apertado e depois deram as mãos, virando-se para os colegas de casa. Lene e Catherine a encaravam exultantes, completamente contentes com o resultado. Alice a observava surpresa, com os olhos arregalados e boca escancarada. Riu, certamente teria muito que conversar essa noite no dormitório.
***
- Dia 27 já está bem pertinho, eim? – Lily comentou sugestivamente em uma sexta-feira à noite.
Estava na sala comunal, sentada no sofá fazendo suas leituras habituais. Sirius e Tiago jogavam xadrez no chão do salão, com o moreno de óculo usando as pernas da namorada como apoio para a coluna.
- Dia 27? O que tem dia 27? – virou-se para ela, assustado, crente ser uma data que deveria lembrar.
- Seu aniversário, Tiago!!! – A ruiva retrucou incrédula.
- Pô, Pontas! Tu é burro ou te faz, cara? Não se lembrar do próprio aniversário! – Sirius zombava de seu canto.
- Cala a boca, Almofadas! – retrucou rindo. – Dama na... H3, xeque, Almofadinhas!
Sirius arregalou os olhos por um instante, assustado. Depois sorriu maliciosamente e pôs as mãos atrás do corpo, se espreguiçando.
- Boa jogada, Pontas. Mas talvez a Dama na e6 – a peça se moveu. – Seja melhor para dar um xeque mate! – Sirius riu da cara de idiota que Tiago fez.
- Agora que vocês acabaram o jogo, que tal falarmos de como vai ser o seu aniversário, Tiago? – Lily pediu animadamente em tom manhoso. Os outros dois, voltaram as atenções para ela.
- Não há muito o que fazer Lily, será uma segunda feira. Não quero festa! Nem surpresa. – O sorriso da menina murchou. – Lily... Vai ser meu primeiro aniversário depois de... – o silêncio que antecedeu a resposta foi incômodo - Sem os meus pais. Espero que entenda, só um bolinho para dividir com vocês já está bom.
- Ok, Tiago. – murmurou triste, mas compreensiva.
- Por que ninguém me pergunta o que eu quero de festa? – Sirius fez em tom ofendido.
- Porque todos nós sabemos qual será sua resposta. Então é preferível arrumarmos algo nós mesmos. Vai dizer que você não gostou da mini festa surpresa? – Lily brincou.
- Tá, foi até passável... – Os três riram. – Mas eu queria era uma festa surpresa de verdade, cheia de coisas divertidas e que nunca imaginaria!
- Grande surpresa seria se você já soubesse, né Sirius? – Lily rebateu com zombaria. – E também, a criatividade para festas vai se esgotando... Afinal, parece que todos os marotos resolveram nascer no mesmo mês! Primeiro o Remo dia 10, depois o Six dia 21, e agora o Tiago... Merlin me livre!
- Mas a minha tem que ser a melhor, né Lilindinha? – Tiago pirraçou dando-a um abraço de lado. Sirius e Lily riram do apelido novo.
O aniversário de Tiago chegou logo e, mesmo não tendo festa, a comemoração foi feita em estilo maroto, com muita bagunça e todos os amigos, incluindo Melhissa, reunidos na cozinha após a aula de astronomia de Lene, Cath e Remo. No fim, depois de toda a baderna cessar, Tiago ainda conseguiu alguns minutinhos a sós com sua amada ruivinha na torre do corujal. Tudo parecendo perfeito.
O trimestre acabou poucos dias depois do aniversário do maroto, trazendo o calor gostosinho do fim de primavera. Faltavam apenas mais dois meses para os temidos N.I.E.M’s, os exames de Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia. Lily e Marlene, juntamente com Catherine, estavam sendo vistas na biblioteca durante todas as folgas e tempos livres. Almoçavam com mais rapidez para tirar vinte minutinhos de revisões na biblioteca. De um modo geral, o tempo que estavam dedicando aos estudos era um pouco maior do que seria considerado aceitável e até normal!
Quem entrara em colapso com isso tinham sido os pobres Tiago e Sirius; rejeitados pelas namoradas, tinham como alternativa treinar cada vez mais para a final de quadribol, contra a casa da Lufa-Lufa, que aconteceria em duas semanas. Não obstante, a lua cheia se aproximava e Remo tentava conciliar todos os deveres de modo a não se atrasar com o conteúdo das matérias. Cada um absorto em suas próprias preocupações.
- Lily?
- Oi, Tiago...
- Está muito ocupada? – questionou mansamente em pé, ao lado da namorada.
- Sim. Tenho esse pergaminho de Runas Antigas, uma pesquisa de poções para amanhã, que a propósito sua agenda me mostrou que você não fez, e saio em quinze minutos para a reunião da monitoria. Isso tudo antes dos períodos da tarde. Por quê? – murmurou depressa, sem tirar os olhos do papel, rabiscando anotações rapidamente em uma letra caprichosa no pergaminho quase cheio.
- Ah... Nada... Queria saber se tinha um tempinho para mim... – soou triste, sentando-se ao lado dela e tocando de leve seu punho. O olhar de Lily se voltou para Tiago.
- Querido... Eu sei que você quer atenção... Mas isso é importante, ok? Olhe, amanha de noite vou estar livre... Não tenho aula nenhuma e nem compromisso de monitoria; se você quiser, podemos tirar um tempo juntos... – ela explicou o olhando com ternura.
- Amanha não posso, tenho treino de quadribol para o jogo. – Tiago retrucou amargando seus horários.
- Ah, então não reclama, Tiago! Quando eu posso você não quer...
- Não disse que não quero! Disse que eu não posso, Lily! Assim como você, eu também tenho compromisso! – reclamou se exaltando.
- Ótimo! Já que pensa assim, me dê licença que preciso fazer isso! – Lily soltou por fim, bufando e voltando sua atenção para seu pergaminho de Runas.
Tiago saiu da sala comunal pisando duro, chateado com a ruiva. O dia terminou trazendo mais deveres para os alunos. Lily e os marotos jantaram com rapidez e seguiram para sua aula de TCM, correndo atrasados. Lene e Catherine foram até a biblioteca adiantar a pesquisa de astronomia para segunda-feira.
Depois de quase uma hora de estudos, os olhos de Marlene começaram a pesar sobre o livro e sua letra já era feita de borrões negros sobre o pergaminho. Avisou à Cath que estava demasiado cansada para terminar o trabalho e que iria subir para a torre. Catherine sorriu e confirmou, dizendo que ainda ficaria estudando por mais algum tempo antes de se deitar. Depois de mais 20 minutos de transcrições de mapa lunares e marcação de páginas de livros sobre planetas, Catherine percebeu que estava perto do toque de recolher, agarrou a maior quantidade de livros que pode e os entregou à bibliotecária para poder retirá-los, pôs todos na mochila e saiu da sala, sem realmente pensar em algo específico. Os corredores estavam desertos e muitos alunos ainda estava em aulas.
Foi quando alcançou o fim da escada do 3º andar, que viu duas sombras discutindo em sussurros. Um misto de curiosidade e excitação perpassou seu corpo, instigando-a a verificar quem era. Logo se arrependeu.
A primeira pessoa oculta pelas sombras foi reconhecida logo pela loira. Alto e esguio como um fio de macarrão, uma voz roucamente grossa, cujo tom de raiva fazia as entranhas de Catherine se contorcerem de medo e tensão. Mulciber segurava alguém pelo colarinho do uniforme, fazendo um perceptível esforço para erguer, seja lá quem fosse, do chão.
- Já não lhe disse que quero notícias, palerma?! Por acaso é tão difícil falar com seus amiguinhos imbecis e descobrir algo de útil? – houve um estalo quando a mão fria de Mulciber acertou a cara da outra pessoa. Um choro baixinho começou. Cath enfiou a mão no bolso das vestes e não achou sua varinha.
“Excelente hora para deixar minha varinha no dormitório” Repreendeu-se.
- Mas Mulciber... – a voz tentou antes de ser puxada contra a parede dura do castelo. Os ouvidos de Catherine se apuraram, a voz lhe era familiar.
- Calado! Você está em sérios problemas, coisinha! Hoje era seu prazo final! Como vou chegar à reunião sem novidades para mestre? – outro estalo, Mulciber estapeava a vítima. – Escute bem... – a voz cortante como uma lâmina jorrava crueldade da boca do sonserino. – eu quero, até amanhã, informações sobre a posição de Potter! Ouviu? E do Black também! Precisamos de sangues puros do nosso lado, e se isso significar trazer o santo Potter para nós, faremos, entendido?
- Mas é claro... – a criatura ofegou. – O que, exatamente, quer saber do Potter e do Sirius?- nessa hora Catherine vacilou.
Não podia acreditar que ouvira essas palavras da boca de alguém como ele! Sabia quem estava sendo ameaçado por Mulciber, mas, dessa vez, não sentiu compaixão ou vontade de ajudar, quis que a pessoa morresse estapeada. Que recebesse um Crucius torturante até morrer. Sentia tanta raiva que nem podia crer. Justo ele! Alguém que era... Não podia simplesmente aceitar que aquele era...
- Como assim o que quero saber de Potter, Rabicho?!! Quero informações, planos futuros, localização após a escola, partido na guerra! Quero a vida de Potter em minhas mãos, bem mais do que já me disse sobre ele! Já chega de fatos idiotas que idolatram Potterzinho! Quero algo para ferrar a vida daquele canalha! Ache um segredo escabroso, eu sei lá... Faça! – rugiu com ódio.
Não houve tempo de nada, logo uma terceira sombra passou por Cath, se juntando aos outros dois. A pessoa sentiu a presença dela e Cath pode ouvir um gemido de surpresa quando a figura misteriosa reconheceu-a. Tudo se quedou silencioso.
- O que está havendo?
- Nada, Régulo... Estou conversando com esse montinho de bosta da grifinória...
- Chega, Mulciber, estamos em um corredor... As paredes têm ouvidos! – murmurou furtivamente.
- Ótimo! – havia ironia na voz dele. – Prefere que eu leve Pettigrew comigo para a sala comunal da sonserina?
- Não, só não fale desse assunto aqui no meio do castelo. Agora anda, desaparece. – pediu com arrogância.
- Me obrigue! – houve um silêncio rápido, que Cath supôs ser um em que eles se encaravam nos olhos. – Ok, Black!
Mulciber ajeitou a gravata e sumiu na escuridão do corredor.
- Você também, Rabicho. Tenho coisas a resolver neste corredor e não quero ser interrompido até terminar. – Rabicho guinchou e saiu a passos assustados. Catherine tentou sair dali em silêncio, sem ser percebida. Falhou.
- Morrison, eu sei que está aí. – a menina engoliu em seco. - O que você estava fazendo aqui, eim? – não parecia com raiva, só cansado.
- Já ouviu a expressão “Fiquei no lugar errado na hora errada”?
- Não acredito em acasos... – rugiu de volta.
- Falo sério, Black! Preferia não ter presenciado nada disso! – começou a lacrimejar de raiva.
- Não devia dizer isso, mas já tem bastante tempo que Pettigrew não é mais tão leal a vocês...
- Desde quando, Régulo? – ela o chamou pelo primeiro nome e nenhum dos dois parecer notar. Ela começou a chorar descompassadamente, com raiva do ex-amigo. – Como pode ser tão estúpida!! Todas as “idas à biblioteca”, os “estou cansado”, os “não posso hoje” eram desculpas para ir às reuniões de vocês! Como sou idiota!! Eu me ODEIO! – urrou furiosa.
- Morrison, acalme-se. – Régulo pediu, sentindo certa pena de vê-la assim. – Agora já está feito, não adianta lamentar a poção escorrida. – chegou próximo à ela e deu tapinhas quase amigáveis em seu ombro.
- Eu sinto se vou acabar com a sua fonte de informações sobre a grifinória, Black, mas eu não vou permitir mais o Pettigrew em meu grupo de amigos. – Catherine sibilou raivosa.
- Para mim está O.K. Rabicho não me transmitia nada de útil, era o contato do Mulciber. Ele sim ficará furioso, mas está beleza. Há tempos quero ver aquele topetudo quebrar a cara! – Régulo riu para ela, que se limitou a curvar a boca muito de leve. – Então... Boa noite.
-Ah, claro... Boa noite. E obrigada por não ferrar as coisas para mim àquela hora... Sabe, estou sem varinha. – logo se arrependeu amargamente de ter dado essa informação. Correu dali o mais rápido que pode, não dando oportunidades de Black voltar atrás com sua bondade. Régulo achou graça e não pode conter um sorriso.
Já passava um pouco das 9h quando Cath chegou à sala comunal. Muitos alunos ainda estavam lá, mas nada de marotos, ou mesmo Lily. Agradeceu internamente. Não estaria pronta para lhes dizer a verdade sobre Pedro. Não ainda... Subiu para o dormitório e encontrou uma Lene adormecida e uma Lily, já sonolenta, penteando os cabelos, já de pijama. Sorriu e encaminhou-se para um bom banho quente, tentando relaxar os músculos cansados e a cabeça cheia de preocupações.
Na manha seguinte acordou tão atrasada que perdeu a primeira aula. Recordou-se enquanto se vestia, que, para sua imensa sorte, não tinha aulas no primeiro período de sexta. Seu humor melhorou com isso. Contudo teve de agüentar ao duas aulas de transfiguração, do matutino, sem nada no estômago, já que perdera o café.
Quando cruzou com Pedro pela primeira vez aquele dia, na hora do almoço, evitou, de todos os modos, falar com ele. Desviou-se das brincadeiras e ficou com um temperamento mais recluso no período da tarde. O jantar, como de costume às sextas, foi mais cedo e o último período de astronomia acabou às 20h. Durante o dia todo, apenas uma coisa martelara na cabeça de Catherine: Contar a verdade sobre Pedro.
Como seus amigos reagiriam? Acreditariam nela? Brigariam? Cada um tomaria um partido diferente, contra ou a favor de Pettigrew? Nada parecia tão preocupante e necessário como a verdade. Mas era por um motivo justo, por um bem maior... Ao menos ela julgava assim. Caminhou de vagar desde a Torre de Astronomia até a sala comunal, pensando quem ainda estaria acordado por lá. Quando cruzou o retrato e viu os amigos juntos, teve certeza, precisava contar o que sabia e não importavam as conseqüências.
Marlene estava sentada ao lado de Sirius, quase adormecida. Lily revisava a matéria de transfiguração para o teste de segunda-feira enquanto acariciava a cabeça de Tiago, que estava deitado em suas pernas, conversando com Sirius.
- Gente... – sua voz saiu tensa. Os amigos olharam para ela, curiosos. – Preciso contar uma verdade para vocês!
Os outros a encararam, ansiosos. Tiago levantou-se de sua posição confortável para encarar Cath quando Aluado descia as escadas. Catherine achou que, com ele ali não conseguiria dizer a verdade, correndo o risco de ser retrucada por ele... Justo Ele! Iria doer muito!
- Oi pessoas! – percebeu o clima tenso. – Que clima de enterro, que houve?
- É que... Que... Ai meu Merlin! Eu não consigo! – Catherine irritou-se cerrando os punhos, de raiva.
- Calma, Cath... Que foi? – Lily murmurou, apoiadoramente.
- Eu não acredito ainda, é um choque para mim... Pettigrew é um traidor! – despejou com asco.
- Como? – Sirius se manifestou por primeiro, fitando a amiga. Como que esperando ouvir um “te peguei!”. Não houve um. – Acho que não entendi.
Catherine suspirou, sentando-se em uma poltrona, de frente para os amigos.
- Eu vi! Eu vi ele com os sonserinos! Ele é um comensal!
- Besteira, Catherine! – Tiago foi a defesa. – No mínimo vocês brigaram, não?
- Nunca mentiria sobre algo tão sério, Tiago. Seu amiguinho é um falsário.
- Ei! – Sirius se levantara. – Mais respeito com Pedro!
- Não posso acreditar que o defendam! Eu vi, Sirius, eu vi!
- Mas ninguém mais viu, como saber se você está dizendo a verdade? – Remo interferiu. A trinca se abriu mais no coração de Catherine, tinha ainda lá no fundo alguma esperança de que ele a defende-se.
- Eu estou! Nunca se perguntaram por que ele vai tanto à biblioteca? Ou por que ele nunca participa das nossas brincadeiras? – exasperou incrédula. Agora já estava de pé, mas ainda era bem menor que Sirius.
- Isso é um absurdo! Não vou aceitar ouvir isso, Catherine!
- Tiago, seja racional. Eu não mentiria! Além de ter visto, me confirmaram que é verdade a deslealdade do Pedro!
- E quem te confirmou, eim? – Sirius rosnou furioso.
- Foi o... O... OseuirmãoRégulo... – atropelou sem dar ar entre as palavras. Não a entenderam. – Disse que foi Régulo, seu irmão Sirius. – tentou em tom suave e baixo.
Um riso de escárnio foi solto, vindo de Tiago, seguido da gargalhada latida de Sirius. Lily e Lene apenas encaravam Catherine, meio sem reação.
- Você é mais tola do que parece, Catherine! Óbvio que Régulo teria achado incrível pregar uma brincadeirinha conosco. Gerar discórdia!
- Não, Tiago! Ele estava muito convicto do que me disse! – teimou, não sabia como definir, mas algo no tom do sonserino havia atraído sua confiança.
- Então estava sobre o efeito da Imperius. – Sirius retrucou, querendo encerrar aquilo. – Vai dormir um pouco que amanhã você vai ver que foi só uma peça do Regulinho.
- Não! Estou contando a verdade! Vi Mulciber ameaçando ele! Queria informações sobre você, Tiago. E você também, Six! – não desistiria.
- Catherine isso é loucura! Você deve estar sobre uma maldição, ou coisa do tipo! – Marlene interviu, sacando a varinha.
- Eu estou muito bem, obrigada! Estaria melhor se acreditassem em mim! Eu sei o que vi, Mulciber pediu informações sobre você, Tiago, para contar ao Lord das Trevas. Queria uma novidade, um segredo, uma coisa escabrosa sobre você...
- CHEGA! Catherine, isso é ridículo, patético! Você está querendo atenção? Peça que nós te daremos! Não invente mentiras sobre colegas inocentes! – Remo berrou mal-humorado.
- Remo, até você? – sua coragem para contar a verdade se esvaíra e agora restava um arrependimento coberto de culpa e mágoa. Remo outra vez era a causa de seus machucados. - Pettigrew não é inocente. – revidou tentando manter-se firme, sem desistir.
- Deu, Catherine! Eu confio em Rabicho e é o que basta. Seria capaz de minha vida por ele ou confiá-la a ele, mas nunca pensaria algo assim dele. Você foi uma péssima amiga. Não precisa se dar ao trabalho de falar comigo outra vez! – Tiago cortou-a, olhando-a magoadamente.
- Lily, você acredita em mim, não é? – recorreu ao apelo.
- Cath... Eu... Eu quero acreditar, mas você não tem provas.... Sinto muito, dessa vez você tá sozinha nessa... – Lily a olhava com pena, quase chorando.
- Lene?
- Cath, foi mal... Agora os meninos estão com a razão. É muito errado desconfiar da lealdade de um amigo como Pedro... Descansa que você vai ver que isso foi só algo que você imaginou...
- NÃO ESTOU LOUCA, MARLENE! Belas amigas vocês, aposto toda a minha herança no Gringotes que isso é só para não perderem os namorados. Mas, um dia, vocês vão ver que uma amizade verdadeira, vale mais que namoro de colégio! – a raiva se apoderou da loira, que a extravasou.
Tiago e Sirius sacaram as varinhas e apontaram para Catherine, Lily e Lene também se levantaram.
- Vai para o dormitório que é melhor, Catherine! – Lene aconselhou
- E Tiago, baixa essa varinha... Agora!
O silêncio era palpável entre os três, mas, paradoxalmente, o resto da sala estava barulhento. Repleto de risos e gritarias animadas
Catherine Morrison olhou os amigos mais uma vez antes de subir as escadas até seu dormitório, pensando quando foi que o laço de confiança e amizade se rompera tão irremediavelmente. Antes que pudesse evitar, grossas lágrimas salgadas saíram de seus olhos. Quentes, escaldantes, queimavam a pele do rosto de Cath ao escorrerem. Cada gota que se descia por suas bochechas levava consigo um pouco de sua raiva e rancor, da mágoa com Pettigrew, de sua dor tão profunda. Sabia que tomara uma decisão arriscada, mas agora nada mais se podia fazer...
“Às vezes precisamos falhar para lembramos que somos humanos”
Ela leu na primeira página do diário que sua mãe deixara para ela antes de morrer. Deitou de lado na cama e abraçou o diário, agora fechado. Mais lágrimas escorreram.
- Mamãe... Agora eu preciso tanto de você aqui...
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N/A: Meu Merlin, não me matem!
Eu sei que estou para lá de atrasada com esse cap. e que talvez ele não tenha sido lá tudo que vocês esperaram e tal, mas eu fiz o melhor que pude!
A semana de provas foi realmente bastante puxada, depois teve a estreia de A culpa é das estrelas...
Enfim, se você gostou do capítulo, pode comentar e dar sua opinião; se nao gostou deixe uma crítica que eu prometo ler e melhorá-la.
Espero que tenha ficado bom, porque para mim, ficou do jeito que eu tinha imaginado a cena. De qualquer mod, opiniões divergem...
Okay, é só isso por hoje...
Vou colocar uma foto Jily para vocês.
Da autora,
Morgana Pontas Potter
P.S.: O título desse capítulo deve levar direitos autorais. Papai querido, valeu pela ajuda!!!
P.P.S.: Desejo a todos uma boa copa do mundo!! Vai Brasil!
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