Um passeio à Hogsmeade
O dia seguinte amanheceu levemente ensolarado. Catherine acordou sentindo um raio quente de sol invadir sua janela e esquentar seu rosto. Espreguiçou-se, mas permaneceu deitada, enrolada em suas cobertas por um tempo. Pensou se deveria ir a Hogsmeade, levando em consideração que não tinha par. Lene certamente iria com o namorado e Lily iria com seu “novo” amigo, Tiago. Pedro iria só, mas ele provavelmente não queria companhia e Remo... Remo confessara na noite anterior, à custa de muita insistência dos amigos, que tinha sido convidado por uma corvina a ir a Hogsmeade e seu jeito “gentleman”não lhe permitira negar.
Realmente seria chato ir ao vilarejo sem companhia, ainda mais considerando que seu amor platônico iria com uma garota e ela poderia cruzar com o “casal” a qualquer momento. Sentou-se na cama e ajeitou os cabelos loiros que estavam desgrenhados.
Viu Lene ainda dormindo, com um sorriso muito engraçado no rosto, era maroto mais simultaneamente apaixonado. Riu baixo. A cama de Lily estava vazia, mas desarrumada. Levantando-se Cath abriu a janela e sentiu o vento gelado do inverno bater contra seu rosto, um arrepio instantâneo percorreu seu corpo, mirou o horizonte, pensativa. Viu algumas corujas, vindo em direção ao castelo, trazendo o correio, foi despertada de seus devaneios ao ouvir o barulho de água, vindo banheiro. Voltou à cama para arrumá-la, não levou mais que cinco minutos para alisar o lençol e cobri-lo com a colcha de lã, afofou os travesseiros e colocou seu ursinho de pelúcia sobre eles, sentou-se cuidadosamente na beirada da cama e observou Marlene dormir. Quando o barulho de água cessou, Cath retirou de dentro do malão uma roupa, seu jeans claro favorito e uma camisa de manga curta, branca com os dizeres “Keep Calm and Enjoy Magic” nas cores azul mar, verde musgo e vermelho. Buscou por seu tênis cano longo e uma meia grossa. Quando completou seu visual, esperou Lily sair do banheiro para poder ir se trocar.
Minutos depois a menina ruiva sai do banheiro, trajava um jeans escuro e uma blusa de manga comprida, azul céu. Seu cabelo ruivo estava solto e molhado. Calçava um all star verde-água com cadarços brancos.
- Bom dia, Cath!
- Bom dia, Pepper. - ( pimenta em inglês) Cumprimentou a outra, divertida.
- Vai tomar banho, Catherine! – Brincou Lily, risonha.
- Vou mesmo. – Curtiu a loira, entrando no banheiro.
- Vai a Hogsmeade?
- Não sei ainda. Acho que vai ser chato ficar lá sem ter companhia.
- Venha comigo! Simples! – Disse Lils, ainda alegre, pendurando sua toalha molhada no suporte.
- Você não vai com o Tiago? – Indagou ela de dentro do banheiro
- Vou, mas você pode nos acompanhar. Vai ser chato só nós dois. Parecerá um encontro.
- Coisa que Tiago realmente ia odiar que parecesse, né? – Zoou a loira, sendo sarcástica. - Tá bem, obrigada. – Disse ela em resposta, rindo.
Lily arrumou sua cama e guardou o pijama no malão. Viu que Lene ainda dormia e um pensamento maroto veio em sua mente. Dirigiu-se à cama da amiga e sussurrou quase inaudivelmente:
- Lene, acorda. Tá na hora de ir tomar café. – A menina não ouviu. Lily agradeceu a amiga ser meio mouca enquanto dormia. – Ah, que pena! Você não acordou do jeito bom, vou tentar do jeito mal, então. AGUAMENTI. – Pronunciou Lily apontando a varinha para a morena, encharcando-a.
- AHHHHH! Socorro! O que é isso? – Berrou apavorada
- Se chama água e pessoas limpas a usam para se lavar, sua porquinha!
- Que droga, Lils! Na melhor parte do sonho... – Reclamou Marlene, sentando-se e enxugando o rosto com os lençóis.
- Melhor parte? Deixa-me adivinhar... Com certeza tinha o Six, e você... Imagino que esses sonhos tenham algo de semelhante com a realidade em que estamos agora, na qual você vive para engolir o Sirius com beijos. – Lily fingiu pensar enquanto ria.
- Isso é ciúmes! Mas é desnecessário, Tiago não se incomodará se o passeio de hoje virar um encontro, sabe?!! – Provocou a morena, arrumando sua cama, levou uma travesseirada na nuca.
- Para aprender que nunca deve insinuar relações amorosas entre mim e Potter! – Respondeu Lily, em tom de brincadeira, pegando seu travesseiro e devolvendo-o à sua cama.
- Não era “Tiago”???
- Vai tomar banho, Lene!
A amiga a olhou com uma cara interrogativa.
- Não vi muita relação entre as frases, mas...
- Liga não, Lene. Nossa Pepper acordou com mania de limpeza você é a segunda que ela manda tomar banho hoje. – Brincou Cath, saindo do banho, trajando as vestes já escolhidas e trazendo a toalha úmida nos braços, bem como o pijama, que jogou no malão de qualquer modo.
Todas riram e Lene foi se arrumar. No dormitório masculino.
- PONTAS!!!! SAI DESSE BANHEIRO AGORA!!!! EU TO FALANDO SÉRIO SEU VEADO!!! VOU ARREBENTAR A PORTA! – Berrou Sirius que carregava nos braços sua roupa e a toalha, com anseios de tomar banho. – SE, POR UM ACASO, EU ME ATRASAR E DEIXAR A LENE ESPERANDO... VOCÊ VAI VER UM CACHORRO COM RAIVA!!!
- O Almofadinhas apaixonado é tão romântico, não acham? Ameaçou me matar por causa da Lene, que lindo!!! – Disse Tiago, saindo do banheiro e apertando as bochechas de Sirius que deu-lhe um tapa nos dedos, arrancando risadas dos demais. – Só para esclarecer, se tinha um encontro para o qual não podia se atrasar... Devia ter acordado mais cedo. – Sirius o olhou com irritação e entrou no banheiro.
- Pontas, que droga é esse fedor no banheiro? Por acaso usou aquele seu perfume horroroso de novo? – Indagou o moreno.
- O de alfazema? Sim, meu favorito. Se seu nariz é podre para apreciar bons aromas o problema não é meu! Os incomodados que se mudem. – Respondeu o de óculos. O outro bufou e entrou debaixo da água quente. – E temos aqui nosso amigo, Aluado... O rei dos engomados! Para quem o Sr. está se arrumando desse modo, Sr. Aluado Lupin? – Quis saber o outro, imitando voz de locutor.
- Você não se lembra de ter arrancado de mim a informação de que tenho um encontro? – Devolveu ele, penteando os cabelos castanho-mel.
- Ah, é mesmo!!! Aluado apaixonado!! – Zombou Tiago, guardando o pijama e arrumado seus lençóis, ou fingindo que arrumava.
- Menos, Pontas! – Avisou Remo, indo até sua cama e arrumando-a. Remo usava um jeans azul marinho e uma camisa social branca, totalmente abotoada, calçara seu tênis preto e separara seu casaco de couro para levar, caso esfriasse muito.
Tiago por sua vez ia mais simples, optara por seu jeans com uma blusa azul céu, por cima dela vestiu sua blusa de manga comprida, quadriculada azul marinho e branca, calçara o all star que usava para ir às aulas e nada mais.
Esperaram mais um pouco por Sirius, Pedro avisou que só iria ao passeio mais tarde e voltou a dormir. Quando Sirius saiu do banheiro, já passava das 8h30min da manhã. Trajava um jeans preto com uma camisa de manga comprida laranja, o tênis branco e deixara os cabelos molhados.
- O mais legal do passeio vai ser ver esse cabelo do Almofadinhas ficar todo ensebado por causa do frio e da neve. – Zombou Pontas, arrastando os amigos para fora do dormitório.
Ao alcançarem o salão comunal, tiveram de esperar mais alguns minutos até que as amigas descessem as escadas. Lily foi a primeira, quando veio, deixou Tiago meio atônito, estava realmente bonita.
- Bom dia, marotos!! – Disse sorridente, dando uma beijoca na bochecha de cada um.
- ‘Dia, Lils. – Cumprimentou Sirius, Tiago fez o mesmo, seguido por Remo.
- Lene disse que ainda vai demorar alguns minutinhos, Six. E a Cath...
- Estou aqui, Lils. – Falou a outra de cima da escada.
- Ótimo, vamos tomar café? As carruagens saem em meia hora. – Avisou a ruiva.
- Merlin, Marlene! Vamos perder o passeio. – Falou Sirius impaciente.
- Relaxa Six, tem outras carruagens que saem de hora em hora até a vila, mas você não vai poder ficar muito tempo se chegar tarde, né? – Falou Lily. – Ah! Tiago, chamei a Cath para ir conosco, tá?
- Tranquilo! – Disse sem muita emoção, tinha a intenção de ficar a sós com sua ruivinha. – Vamos então?
- Sim, não posso me atrasar, pega mal se eu deixar minha companhia esperando. – Falou Remo, indo em direção à saída da sala.
- É mesmo! Com quem você vai, Remi? – Quis saber a loira, com o coração em pedaços.
- Verão. Vou na mesma carruagem que vocês.
- Fale logo, Aluado. Quero saber se a conheço. – Implorou Tiago, descendo as escadas em direção ou salão principal.
- Não, Pontas. Não é uma das garotas que você já agarrou em um canto da escola. – Falou simplesmente o maroto, no que as garotas riram e Tiago emburrou-se.
Tomaram café e quando estavam saindo do salão, viram Lene e Sirius entrando para se alimentarem. A morena trajava um jeans com botas negras cano longo. Sua blusa era de cor nude e tinha a imagem de um pomo de ouro em vermelho, era de manga comprida e tinha uma gola alta que a menina cuidadosamente dobrou. Seus cabelos negros tinham sido escovados e desciam em forma de cascata por suas costas.
Chegaram aos portões, Lily avisou os amigos.
- Amigos, preciso coordenar a saída dos grifinórios, desculpem. Vejo vocês daqui a pouco, guardem um lugar para mim na carruagem.
- Droga! Eu tinha esquecido Lily! Não posso deixar “Ela” sozinha. – Falou Remo com um tom de culpa na voz.
- Não se incomode! Vá atrás dela e deixe que eu me viro. – Ela disse sorrindo.
Pouco depois Lily estava indo à carruagem que os amigos estavam. Entrou sorrindo, fechou a porta e só depois virou para encarar Cath, Tiago, Remo e a convidada do amigo. Surpreendeu-se ao descobrir quem era a corvina que faria companhia à Lupin. A garota misteriosa tinha os olhos castanho-escuros, assim como os cabelos que tinham algumas mechas naturais cor de mel. Usava óculos de lente quadrada e era alta e magra. Vestia uma legging preta, uma bata lilás com algumas frases em português escritas, em dourado. Usava uma bota cano curto que era adornada por uma fivela dourada e seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo lateral. Parecia meio desconfortável no meio de tantas pessoas desconhecidas.
- Eu sei quem você é!!! – Lily falou surpresa. – Você é a menina da corvinal! – A outra acenou a cabeça positivamente. – A do sexto ano. A que é aluna de intercâmbio!! – A menina continuou assentindo. – A que é do Brasil! Você é a tatara-tatara-neta de Merlin!!!! - Novamente ela assentiu, corando violentamente. Silêncio. Remo ficou estarrecido. Neta do mais poderoso bruxo do mundo. UAU! Estava indo a Hogsmeade com a neta de um bruxo famosíssimo. Sentiu-se muito envergonhado. Era raro sair com garotas e quando saía era com alguém tão importante. Sentiu-se diminuído. – Como é mesmo seu nome?
- Está certa! Chamo-me Melhissa. – Ela falou, estendendo o punho para que os demais vissem sua pulseira, que continha seu nome escrito.
- Como? –Quis saber Tiago, que não conseguira ler o nome escrito.
E a menina riu. – Melhissa. Sei que é um tanto incomum aqui, mas no meu país é bem normal. Podem me chamar de Mel, se quiserem. - Ela explicou.
- Ok, Mel. Eu sou Lily Evans. Mas, por favor, só Lily.
- Sou Catherine Morrison. Mas para mim, está bom Cath, Cacá, Rine. Como preferir.
- Me chamo Tiago...
- Potter. Eu sei. Conheço os marotos. – Ela o cortou, deixando ele e Remo um tanto corados. – Então agora conheço todos aqui.
- Não! Faltou Marlene, nossa amiga, o Sirius e o Pedro. – Disse Cath
- Ah! Ok. – Ela falou. Um silêncio fez-se na carruagem, quando estavam quase chegando a Hogsmeade, Cath o quebrou.
- Então, Mel... Você convidou o Remo para vir ao passeio? Ou ele que te chamou? – Questionou ela, tentando fazer com que soasse uma pergunta inocente.
- Ehrm... Um pouco dos dois eu acho. Digo, perdi uma aposta, precisava chamar um dos marotos para sair. Eu sou muito tímida para essas coisas e sei que o Black está namorando. Então me sobravam o Potter, o Pettigrew e o Lupin. Eu escolhi justo o mais tímido. – Ela deu uma risada nervosa. – E não sei ao certo se consegui terminar de falar sem gaguejar ou ele entendeu antes que eu precisasse pagar esse mico. E aqui estou eu, indo a Hogsmeade com um maroto.
- Engraçado. Eu ainda me pergunto por que mesmo escolhemos o Aluado como maroto. Ele é o único que vira tomate perto de garotas. – Brincou Tiago, no que as garotas riram e Remo corou.
- Não é verdade! – Defendeu-se.
- Ah é? Duvido que você seja capaz de dar um beijo na Mel, agora! – Pontas desafiou.
- Pontas!! Menos, Ok! – Falou Aluado, da cor de um pimentão, Mel estava parecida. Cath e Lily observavam tudo curiosas. – Ela ainda é uma garota e merece respeito.
- Que foi? Tem medinho de ser rejeitado? – Zombou o amigo, rindo. A raiva de Aluado subiu a cabeça. Sentou-se mais perto de Mel e deu-lhe um beijo rápido e delicado nos lábios. Suas orelhas queimaram violentamente e ele já não tinha como ficar mais corado. –AÊ, ALUADO!!! AGORA SIM!! – Berrou o outro alegre.
- Agora não me incomode! – Disse Remo, envergonhado. Catherine sentiu-se mal, seu coração apertou-se de tal modo que chegava a doer, todos seus amigos tinham uma vida amorosa perfeita: Lene tinha Sirius, Lily tinha Tiago, ainda que não admitisse que o amava, e Pedro tinha as comidas da cozinha. Cath queria Remo para si, mas não podia o ter. Seus olhos arderam, ela olhou para cima, tentando não chorar.
Chegaram ao vilarejo minutos depois. Remo despediu-se dos amigos e tomou Mel pelas mãos, saíram andando. Cath e Lily acompanharam Tiago até a Dedosdemel. O maroto passava pelas prateleiras rapidamente, escolhendo os doces que queria, já sabia onde estavam cada um deles. Cath apenas acompanhou Lily, que olhava tudo atentamente antes de escolher. Ao chegarem ao caixa, Tiago pagou os 7 galeões que custaram todos os seus doces, Lily arregalou os olhos, o maroto provavelmente passaria mal com tanto açúcar, porém não falou nada. Sua vez chegou, separara apenas duas “Varinhas de Alcaçuz”, uma caixa de “Delícias Gasosas”, um “Chiclete 7 sabores” e três “Barras de Chocolate da Bruxa Onilda”.
- São 3 galeões e 8 sicles. – Falou o atendente, monotonamente.
- QUE? É muito caro, não posso pagar por tudo, desculpe. Vou levar só... – Lily disse, surpresa.
- Ela vai levar tudo! Para viagem, sim? – Disse o maroto. – E acrescente três varinhas, por favor.
- Que? Não! Tiago é muito dinheiro! Não tenho como pagar tudo isso. Minha bolsa como tutora do 1º ano é bem baixa, sabia? – Lily falou, escandalizada.
- Eu vou pagar! – Finalizou, abrindo a carteira.
- Negativo. Não posso deixar!
- Quer algo da loja, Cath? – Indagou, ignorando a amiga. Cath negou. – Aqui está Sr. 4 galeões. Obrigado. – E saiu da loja puxando as amigas pelo braço. Foram até a loja de penas e tinteiros.
- Dessa vez eu pago, ouviu? – Repreendeu Lily, que separou duas penas e tinteiros de cor preta e azul. – Para mim é só. E vocês?
- Preciso de pergaminhos e penas, ainda tenho tinta o bastante. – Falou Cath
- Não preciso de nada, vim só para acompanhá-las. – Disse Tiago sorridente. Foram ao caixa pagaram pelos produtos e voltaram às ruas. – Querem cerveja amanteigada?
- Me parece bom! – Disse Lily contente. Os amigos rumaram para o “Três Vassouras” o pub mais popular do vilarejo.
Longe dali.
- Então... Você não é muito de falar, não é Remo? – Quis saber a garota.
- Digamos que Sirius e Tiago são os que entendem de garotas. – Respondeu envergonhado.
- E você? É bom em que? – Indagou de volta, querendo iniciar um papo.
- Eu? Bem... Estudos, leituras... Sou mais do lado da lógica e da razão, se é que me entende. - Disse, ainda andando de mãos dadas com a garota pelo vilarejo. – Sei que não é exatamente do que você gostaria de falar... Queria me desculpar por aquilo na carruagem. – Continuou, vermelho.
- Pelo beijo? Está tudo bem, soou um pouco vergonhoso no meio de todos, mas você foi um doce. – Ela falou gentil. – Obrigada – O maroto corou mais. Estava constrangido. Deu um pequeno sorriso e com a cabeça indicou um restaurante onde poderia se sentar com a menina. Entraram e se acomodaram bem, pediram dois copos de suco de abóbora e empada de carne para almoçarem. – Então... Quer falar de algo?
- Não sei. Você tem algo para contar, digo... Novidades? – Quis saber Remo, mais por educação com a menina.
- Não. – Comentou Melhissa, triste. – Bem, até tenho, mas são notícias tristes. – Ele apenas a olhou, encorajando-a a falar do que fosse, se ela quisesse. – Perdi meu avô há poucos dias. Eu iria voltar para o Brasil, mas as coisas ficaram sérias por aqui e minha mãe achou mais prudente que passasse o fim do ano na Inglaterra.
- Eu sinto muito. – Disse Remo sentindo-se estúpido. Obviamente estragara o dia fazendo a menina lembrar-se de coisas tristes. – Que tal mudarmos de assunto? Por exemplo... Fale-me de você, o que gosta de fazer?
- Bem, eu amo dança e pintura. Claro que tudo isso depois de magia, óbvio! Acho importante cuidar da família e... Bom, não sei. Na verdade quando digo família me refiro a de criação, né! Meus pais de verdade faleceram em uma enchente na minha cidade no Brasil, quando eu tinha seis anos. Meu irmão e eu fomos para um orfanato e hoje temos nossa família adotiva, que são tudo para nós! – Explicou ela alegre.
- Que bacana! Mas seu irmão também é bruxo? – Indagou Aluado
- Não! Só eu. Na verdade, é difícil saber de onde vêm meus poderes, pois nem minha mãe, nem meu pai eram bruxos ou filhos de bruxos. Dizem por aí que sou de uma linhagem perdida de Merlin, já que magia é hereditária até a 4ª geração. Então não sei explicar bem. E você? Sempre te vejo com os marotos, mas, sinceramente, você é uma incógnita, Remo Lupin. Não sei, na verdade, nada além do básico sobre você.
- E o que seria o básico? – Perguntou ele meio assustado.
- Grifinório, monitor, aluno certinho, maroto, não é muito chegado em quadribol, exímio jogador de xadrez, freqüentador da biblioteca... Hum... – Ela pensou, enumerando nos dedos os fatos que conhecia sobre ele. – Ah! Você tem... Um pequeno probleminha peludo. – Disse em um sussurro. Ele congelou, paralisou e empalideceu. Engoliu em seco abismado.
- Vo... Você sabe? Quem te contou?
- Eu descobri sozinha. Garotas não são tão burras, sabia? Ainda mais as corvinas. Não sei por que o medo. Não tenho preconceito com quem é assim, você é uma boa pessoa e é isso que importa! – Disse fitando-o nos olhos.
- Mas acima de tudo sou um monstro!
- Não, é não! E ai de você, se disser isso de novo! Pare de se menosprezar! – Ela repreendeu, Aluado sorriu. O almoço chegou, comeram em silêncio e pagaram a conta do restaurante e saíram. O vento gelado do inverno açoitava o rosto dos alunos de Hogwarts que se aventuravam nas ruas. Melhissa tremeu e cruzou os braços, protegendo as mãos. Remo pôs sobre ela o casaco de couro, com cuidado. Ela o vestiu e sorriu para Remo. Tornaram a vagar, sem rumo, pela cidade.
- Quer procurar os marotos? – Indagou ele.
- Acho que não. Importa-se de ir comigo até a loja de penas?
- De modo algum. – Falou sorrindo. Após terem as compras feitas, voltaram a passear.
– Que tal pararmos em um local para nos protegermos do frio? Conheço um esconderijo secreto dos marotos, venha!
Andaram por um tempo até alcançarem a praça inicial da cidade, ao invés de irem em direção ás lojas, foram rumo à floresta. Antes de adentrarem-na, Remo localizou a passagem de pedra, estava coberta de limo, empurrou-a e deu passagem a Melhissa. Ela entrou e esperou pelo maroto. O corredor de terra era comprido e estreito, embora alto. No fim dele, localizaram a clareira. Aberta e florida.
- Era um abrigo dos bruxos antigos quando sofriam ataques trouxas onde eram seqüestrados para irem para a fogueira. – Falou o maroto. - Poucos sabem que existe e em geral pode-se confiar que está vazio. Caso não esteja, veremos a pedra livre de qualquer lodo, limo ou sujeira. Um mecanismo simples e eficaz.
- Legal! – Falou ela encantada. Sentaram-se, novo silencio constrangedor. – Remo?
- Sim.
- Queria saber... Por que aceitou vir á Hogsmeade comigo?
- Como assim?
- Sei que você é diferente de Tiago e de Sirius, mas... Parece besteira... Não queria que você esquecesse-se de mim depois de hoje. Gosto de você, me entende? Muito! E não me importo com quem ou o que você é. Só vejo que é uma pessoa fantástica! – Disse melancólica.
- Mel... Eu... – Remo gaguejou, corando violentamente. – Olhe... Por favor, não me entenda mal... Eu adorei o passeio de hoje e você... Bom, você é uma pessoa fantástica! É esperta e muito educada, mas... Eu não sei se quero...
- Alguma companhia agora. Eu entendo Remo... Está tudo bem, é realmente muito oferecido da minha parte, querer cobrar de você alguma coisa. – Ela completou triste.
- Melhissa... Por favor, não me odeie. Você é maravilhosa, mas eu... Eu sou alguém que não merece uma pessoa tão boa como você. Podemos ser amigos se você quiser, só que...
- Remo... Quero poder te fazer feliz! Você é um ser humano como qualquer um, acima de tudo! Não me importo que não queira namorar comigo, mas por favor, não se isole de estar contente. Você merece alguém que te ame para te acompanhar em todos os seus momentos difíceis! É só o que te peço! – Implorou ela, em um choramingo.
- Certo. Faremos assim, eu prometo pensar com muito carinho e muita atenção no seu pedido, Ok? Agora eu que te peço... Tire essa cara feia e dê um sorriso. Vai... Não é difícil. – Disse ele, cedendo aos encantos da corvina. Fez-la o pedido mirando seus olhos e segurando uma de suas mãos.
Estavam de pé, embaixo de uma frondosa árvore, um carvalho. Melhissa olhava no fundo dos olhos amendoados de Remo, riu brevemente após o pedido dele. Ele por sua vez, colocou atrás da orelha da menina uma mecha do cabelo castanho dela que teimava em fugir e cobri-la o rosto, ela estremeceu e fechou os olhos. Remo surpreendeu-se, estava na companhia de uma garota e não corara tanto como de costume.
Pareceu pensar no que ela o dissera, sabia que jamais poderia fazer uma mulher completamente feliz devido à sua condição perigosa, nunca odiara tanto o lobisomem que lhe transferira a licantropia. Será que ele, Remo, merecia contentar-se em estar na companhia de uma garota? Será que merecia ter uma namorada algum dia?
- Remo? – A outra chamou, ainda com os olhos fechados.
- Hum...
- Devemos ir? Digo, para as carruagens? – Ela indagou abrindo os olhos e apertando a mão do maroto.
- Sim, vamos. – Ele respondeu corando. Pegou a mão da menina e a puxou levemente em direção à saída do esconderijo. Fizeram o trajeto até a vila em uma muda caminhada. Chegaram lá e aguardaram pelos amigos, conversando sobre o Campeonato da Liga Internacional de Quadribol da Grã-Bretanha.
Tiago não demorou a aparecer, junto com ele vinham Lene e Sirius. Traziam diversas sacolas da Zonko’s, Lene vinha com os braços cheios de sacos de lojas de roupa, além de montes de bolsas com livros e penas, materiais escolares e doces da Dedosdemel.
- Onde estão Cath e a ruiva? – Quis saber Remo.
- Ficaram no “Três Vassouras”, Lily disse algo como “Preciso te contar algo muito importante Cath. Vem comigo no banheiro?” e arrastou ela para lá. – Disse Pontas, dando de ombros.
- Merlin! Vejo vocês no castelo! Tchau marotos, Six leva minhas coisas. Tchau, garota-que-está-com-o-Remo-e-eu-não-conheço! – Berrou a menina, largando as sacolas na mão do namorado e correndo desvairadamente em direção ao pub, sua bolsa transversal batia violentamente contra seu corpo.
Em poucos minutos alcançou a porta do restaurante, esbaforida. Ofegava demais para tentar levar algum ar ao corpo, mas o dia estava frio e em poucos segundos seu peito ardia devido ao ar gelado que se concentrara em seus pulmões. Tossiu, bateu a neve das vestes e entrou no pub, tremendo. Pediu um copo de chocolate quente para si e rumou para o banheiro. Quando entrou lá, viu as amigas sentadas em um banco ao lado da porta. Cath abraçava os joelhos e soluçava e Lily a afagava os cabelos.
- O... O que houve? Lils...
- É que... Cath, a Lene pode saber? – Falou a outra em um tom de piedade. A loira soluçou e disse um sim, que veio afogado por lágrimas que eram praticamente arrancadas da menina, que tentava se controlar. – Ela não consegue... Ela ficou mal por ver o Remo com a Melhissa.
- E... Eu... Eu... Eunãoaodeio... – Gaguejou Catherine, soluçando e chorando copiosamente, Lene sentou-se do outro lado da amiga, que a abraçou e derramou lágrimas grossas em seu cachecol novo.
- Acalme-se! Vai passar, mas gaguejando assim, é impossível que a gente entenda algo! – Disse a morena com dó.
Mais alguns minutos de choro e soluços, Cath começou a controlar-se e a tremedeira da garota diminuiu, os soluços foram passando e pouco depois já havia somente lágrimas silenciosas que escorriam por seu rosto angelical.
- Eu disse que não odeio a Melhissa. A culpa não é dela, eu realmente amo o Remo, mas se ele não sente nada por mim, como eu sei que é... O máximo que posso desejar é que ele seja feliz. E espero que ela o faça assim. – Falou Cath secando os olhos. – Mas ainda dói, lá no fundo dói. Porque ele é minha paixonite desde sempre, sou a fim dele desde... O 5º ano eu acho, mas eu nunca fiz o que ela fez, chegar nele e convidá-lo para o passeio, sou mais comedida sabe?
As outras assentiram.
- Bem, nada melhor que um bom chocolate quente para afogar as mágoas. Vamos eu pago! – Disse Lene, arrastando as amigas para fora do banheiro.
Sentaram-se em uma das mesas e em poucos minutos seus chocolates chegaram, bebiam-nos em silêncio quando Cath falou.
- Juro que sentia falta dos nossos “Dia das Garotas”. Faz tempo que não curtíamos um tempo juntas.
- Eu sei, depois que comecei a namorar com o Six, deixei vocês meio de lado. Desculpem!
- Tá bem, a monitoria também tem me cobrado, estou cansando tanto que nem tenho mais tempo para nossos papos noturnos.
- Bem, então sugiro uma promessa. O juramento das garotas – Falou Cath empolgada.
- O juramento do chocolate! O que une todas as garotas ao redor do mundo!
- Boa, Lene!! Eu juro pelo meu chocolate, que nunca vou abandonar minhas amigas... – Falou a ruiva, levantando sua caneca.
- Que vou estar com elas em todos os momentos, bons ou ruins... – Continuou a morena imitando a amiga no gesto
- Que jamais vou desconfiar delas, palavra de amiga vale mais que uma dose de Soro da Verdade! – Finalizou a loira, juntando-se as demais.
- E todos os segredos serão compartilhados. Todas estamos de acordo com a promessa do... – Completou Lily.
- JURAMENTO DO CHOCOLATE!!!!! – Gritaram as três em uníssono, rindo, batendo as canecas e bebendo o chocolate.
Minutos depois, pagaram seus chocolates, saíram do pub e voltaram à praça principal e esperaram pelas carruagens. Foram as últimas alunas a voltar a escola. Chegaram de volta ao castelo por volta das 5h da tarde, dirigiram-se à torre da grifinória para verem os amigos, tomarem banho e depois irem jantar. Disseram a senha para a Mulher Gorda do Retrato e adentraram a sala comunal.
- Merlin! Amém vocês voltaram! Que demora, tem quase duas horas que chegamos!
- Eu sei, Sirius! Desculpe-nos. – Respondeu Lily, fazendo cara de inocente ao sentar-se entre Tiago e Remo no sofá.
- Hum, Ok. Mas o que foram fazer? A Lene voltou correndo para ver vocês... – Continuou Sirius, abraçando Lene pela cintura quando essa se dirigiu a ele.
- Foi mal, Six... Papo de garotas... – Disse Cath rindo perversa. – Meninas... Não vão esquecer eim? Juramento do chocolate!!! – As demais riram.
- Eu realmente odeio piadas internas! – Reclamou Potter, entediado. Os outros riram da frustração do amigo.
- Liga não, Tiago... Algum dia você descobre... Quem sabe no próximo passeio a Hogsmeade... – Devolveu Lily bagunçando com as mãos os cabelos negros do maroto.
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N/A: Comentários? Sim? Não? Talvez?
Tentem fazer uma autora feliz. *-*
Talvez eu poste mais no sábado de carnaval, mas não é uma promessa, porque tenho muito dever do colégio. Obrigada por quem lê e até o próximo capítulo.
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