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Ela estava presa. Não no sentido figurado, onde não se imagina uma saída para uma circunstância. Também não era do jeito bom, quando um amante lhe segura os pulsos sem possibilidade de reação. Astoria Greengress estava presa, fichada e sem dignidade alguma numa prisão trouxa – por mais incrível que isso possa parecer.
Tá certo que arremessar pedras na janela de alguém não é algo exatamente inteligente para se fazer num sábado à noite. Principalmente quando essa janela pertencia a alguém que guardava o seu coração (ou o que sobrara dele, não saberia dizer se os mil pedaços estilhaçados poderiam ser chamados de coração).
Mas afinal, quem Gina Weasley pensava que era?
– Astoria Greengrass? – O carcereiro trouxa perguntou pelo lado oposto das grades. Astoria levantou o rosto para encará–lo. – Pagaram sua fiança, você pode ir.
A loira suspirou profundamente em resposta. Draco dera um jeito.
Astoria Greengrass foi conduzida até a antessala da recepção da delegacia. Pelo vidro da porta pode ver que Draco estava a sua espera. A loira assinou os últimos papeis para que pudesse ser liberada, pegou sua bolsa e saiu à passos largos daquele lugar.
Por que, afinal, teve a brilhante ideia de arremessar uma pedra na Weasley?
– Por que diabos você estava atirando pedras na casa da Weasley? – foi a primeira coisa que Draco falou com se lesse os seus pensamentos.
– Porque eu sou estúpida... e pessoas estúpidas só fazem estupidez. – Astoria respondeu em pensamento, não teve coragem de admitir em voz alta.
– Não precisa falar. – Draco respirou fundo forçando a mandíbula. – Não agora. Vamos aquecer você.
Eles caminharam por alguns poucos minutos até entrarem em um café perto da rodoviária. Não era nenhum luxo, mas serviria para a ocasião. Tudo o que Astoria Greengress precisava era da sua droga favorita: cafeína.
– O que vai ser? – A garçonete perguntou entediada assim que os amigos sentaram em uma mesa mais afastada.
– Um cappucino. – Draco respondeu sem nem olhar o cardápio.
– Eu quero um expresso com uma parte de leite desnatado, duas colheres de açúcar, uma pitada de canela, hortelã e baunilha, por favor, num copo descartável de papel. – Astoria respondeu calmamente.
Os dois, Draco e a garçonete entediada, olharam Astoria com um quê de incredulidade. A loira pareceu não notar e só encarou o amigo depois que a mulher se retirou resmungando qualquer coisa.
– Eles eram policiais trouxas, Tori, como foi que você se deixou ser pega? – Draco a trouxe de volta para os problemas reais, não os da quantidade de sei lá o quê do seu café.
– É, eu sei... Estupidez, você me conhece. Eles apareceram bem na fucking hora... sabe?
– Mas que ideia idiota foi essa?
– Eu... estava andando por ai...
– Não ofenda minha inteligência, Tori, você não quer que eu simplesmente acredite que foi uma coincidência aparecer na rua da Weasley!
– Ok... eu fui lá. Não pra falar... só pra... vê–la...
– Tori...
– Não sei o que me deu...! – sua voz subiu dois tons. – foi uma raiva que não pude controlar... peguei uma pedra e... simplesmente... atirei na janela... queria acertá–la...! Queria que ela morresse! Que sentisse tudo isso...!
Draco a encarou, o olhar complacente e frustrado, o mesmíssimo que fez quando Astoria havia lhe contado sobre sua paixão por Gina Weasley. A garçonete interrompeu o contato visual para servir–lhes os dois pedidos fumegantes.
– Os tiras trouxas viram bem na hora... Não tive tempo de pegar a varinha...
– A Weasley viu alguma coisa?
– Não. Acho que não. Acho que não estava em casa.
– Tori, isso foi insano...
– Eu sei, foi estúpido... sempre sou eu e as minhas merdas, você sabe.
– O que você esperava? – Draco a encarou.
– Honestamente? Eu não sei...
– Tori... – Draco falou em tom quase paternal. – vocês terminaram... Você precisa seguir em frente... esquecê–la...
– Não dá, Draco... Eu não posso...
– Por que, Tori? – A pergunta veio engasgada. Poucos sabiam: Draco era apaixonado pela melhor amiga.
– Eu a amo. Eu... – a voz falhou – Eu ainda sou completamente apaixonada por ela.
– ... E ela? Ela é apaixonada por você?
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