The Midnight love
5 anos depois.
A melodia melancólica do piano negro ecoava pela sala como a voz de uma pessoa. Era suave e explícito, nada que a nossa heroína quisesse seguir na verdade.
- Tente agora Helena.
A jovem jogou seus cabelos negros para trás e pôs-se a tocar uma melodia alegre e imprecisa. Tentava imitar aquele som que lhe agradava tanto, o som das flautas dos camponeses.
- Não! Não! Está tudo errado! Não é assim! – gritou o homem coçando a careca – Já é a quinta vez!
Ela riu, estava se deliciando com a situação.
- Eu desisto! – ele agarrou suas partituras com toda força e saiu da sala, esbravejando: - Vou encontrar alguém que aprecie minha arte!
Assim, gritando, bateu a porta causando um forte estrondo, acordando alguns quadros.
- Por que não faz algum esforço? – disse Helga, saindo de braços cruzados do canto escuro da sala –
- Isso não me agrada.
- Agrada sua mãe.
- Não giramos em torno dela Hufflepuff– disse, levantando-se –
Um velho narigudo pintado em um quadro a óleo olhava feio para as duas, seu sono havia sido interrompido mais uma vez.
A mulher tocou-lhe o ombro esquerdo e olhou com compaixão dentro de seus olhos.
- Você sabe que isso não te levará a lugar nenhum não é? Seu futuro já está traçado criança – falou, tocando-lhe o queixo –
Helena abriu a boca, mas nada tinha para dizer. Dispensou mentalmente o que poderiam ser horas de uma interminável falação e saiu da sala, deixando Helga ponderando sobre sua educação.
Os corredores estavam menos espaçosos naquela tarde. Todos pareciam estar comentando algo, e não era sobre sua aparência.
- Helena! Helena!
Uma curiosa figura de estatura baixa corria descalça pelos corredores, gritando em alto som o nome da garota. Erguia a mão direita para cima, guardando algum tipo de mensagem.
Todos fecharam suas bocas para observar o que aconteceria em seguinte.
- Senhorita Helena! – gritou a criaturinha ofegante, fazendo uma exagerada reverência – Um bilhete de sua mãe.
A garota endureceu o semblante e agarrou o pedaço de pergaminho, lendo em silêncio seu conteúdo.
‘’ Salazar solicitou a presença de todos do castelo no Salão Principal hoje a noite. Faça o favor de comparecer, não faça essa desfeita.
Ansiando por seu bom senso,
Sua mãe, Rowena Ravenclaw. ‘’
‘’ O que será que Slytherin quer com tudo isso?’’ Perguntou-se Helena, erguendo a barra do vestido azul e subindo sorrateira as escadas para o seu quarto na torre.
Já em seu quarto, Helena desamarrou o primeiro nó de laços de seu busto, e então desamarrou o segundo, mas, algo estava diferente na atmosfera em seu quarto.
Ela virou-se, tomando um susto. Havia um homem sentado em uma das poltronas dispostas pelo canto do quarto.
- Quem é você? – perguntou Helena tirando sua varinha de dentro do vestido –
Ele pareceu não ouvir sua voz de início, mas após alguns segundos levantou-se pomposo da poltrona e fez uma breve reverência.
- Barão Mikael da casa dos Goshawk.
- Deve enxergar o suficientemente bem para notar que esta não é sua casa e sim o meu quarto, Barão Goshawk.
- Desculpe – disse ele, abaixando a cabeça – A Viscondessa de Ravenclaw pediu para acompanhá-la até o salão e eu pensei que seria prudente encontrar-lhe em seu quarto.
Helena riu, e então apontou a varinha para o tórax de Mikael.
- Como pôde ser tão estúpido ao pensar isso? Eu pareço alguma meretriz para você vir ao meu quarto desse jeito? Saia daqui imediatamente!
Ele engoliu a seco, fechou o punho de raiva, mas nada fez, apenas assentiu com a cabeça e exibindo um notável sentimento desconfortável, saiu do quarto deixando Helena sozinha.
No salão principal, todos os estudantes ocupavam as quatro mesas, sussurros incessantes eram inevitáveis e ficavam cada vez mais difíceis de serem contidos.
- Ela já deveria estar aqui – disse Rowena impaciente, tamborilando os dedos pela mesa –
- Tenho certeza que ela chegará em breve...- tranqüilizou Helga –
Salazar suspirou pesadamente, não se preocupou em demonstrar a raiva que sentia.
- Rowena, não vou tolerar os caprichos de sua filha essa noite...Eu quero todos aqui!
- Não seria prudente gritar na frente de nossos alunos, contenha-se Salazar – interveio Griffyndor, varrendo o salão com os olhos –
...
Helena amarrou o último laço do vestido. Era um de seus mais bonitos, embora não gostasse muito dele. Era cor bronze e seus adornos e desenhos eram todos bordados a ouro.
Abriu a porta, estava quase forçando um sorriso quando percebeu que Mikael a esperava do lado de fora.
- Vamos? – disse ele estendendo a mão –
- Não preciso de sua companhia Barão – falou Helena entre os dentes, segurando a barra do vestido e descendo as escadas lentamente para o salão –
- Eu adoro desafios senhorita Ravenclaw – disse o barão, forçando uma risada, acompanhando a garota –
Helena finalmente chegou ao salão, sendo fuzilada pelo olhar dos quatro diretores por seu tremendo atraso.
Apenas abaixou o olhar e seguiu para a mesa, sentando ao lado de sua mãe, e ao seu lado, Mikael.
Seus olhos miraram Salazar, ao seu lado havia uma cadeira vazia, para quem era aquele lugar?
Salazar se levantou da mesa abruptadamente batendo de leve uma colher de prata em sua taça de ouro.
- Como devem ter notado, essa noite não teremos um jantar comum...- Salazar suspirou, então continuou a falar – Essa manhã, uma presença muito ilustre chegou ao nosso castelo, esta pessoa será uma exímia ajudante para elevar nossa escola ao mais alto nível, eu quero que dêem boas vindas a minha auxiliar Morgana Le Fay! – disse Salazar apontando a mão para as portas do Salão, fazendo-as abrir –
As portas de mogno polido se abriram e uma mulher alta e de cabelos longos começou a andar lentamente.
De longe, todos podiam notar a ligeira semelhança que tinha com Rowena Ravenclaw, mas em seu olhar havia uma coisa escura.
Trajava vestes completamente escuras e possuía um cabelo levemente despenteado, contido por um capuz que levemente ia caindo conforme o seu andar. Sua capa negra esvoaçava às suas costas, e ao seu redor, uma áurea desconfortante pairava, deixando todos próximos sem ar.
Embora seu estado fosse pouco delicado, possuía uma sedução que poucos ali poderiam domar. Apanhou com leveza a mão de Salazar e sentou-se ao seu lado, olhando com freqüência para Rowena e Helena.
Após a breve apresentação de Morgana, os elfos domésticos serviram as mesas e todos se colocaram a comer.
- Por que demorou tanto para descer querida? – disse Rowena, forçando um tom agradável –
- Porque este devasso estava no meu quarto – disse a garota, despreocupada comendo algumas batatas cozidas –
Helga abafou algumas risadinhas com a mão, enquanto Mikael arregalou os olhos, engasgando com a comida.
- Perdão viscondessa, eu não tinha más intenções.
Rowena suspirou e então voltou a atenção para sua comida.
Na outra ponta da mesa, Gryffindor estava intrigado com a presença de Morgana.
- Em muitas das minhas viagens, ouvi falar de uma ótima preparadora de poções e extraordinária duelista, muitas pessoas elevam a personalidade de Morgana a um patamar lendário...Você é mesmo Morgana Le Fay? – perguntou Godric, tomando um pouco de vinho –
Antes mesmo que Morgana pudesse responder, Salazar disse:
- É claro que ela é Morgana, se eu a apresentei como Morgana, ela não poderia ser outra pessoa. Faça perguntas mais inteligentes Gryffindor – disse Salazar rindo –
- Salazar...- começou Helga – Eu não entendi o que você quis dizer com, ‘’elevar a escola ao mais alto nível’’. Ainda não está insistindo naquela impertinente idéia, está?
Morgana lançou um olhar penetrante para Helga e esboçando um sorriso suave respondeu:
- A idéia de Salazar é simplesmente extraordinária, é claro que nascidos trouxas que queimam nosso povo na fogueira, não são merecedores de nosso vasto conhecimento, Salazar manterá esse conceito até a morte, Srta Helga.
A mulher ruiva mordiscou o lábio inferior, ligeiramente irritada com o tom de Morgana, respondeu:
- A magia não deve ser restrita a ninguém, ainda sonho em um dia, poder praticar magia aos olhos de quem quiser ver, um mundo onde possamos praticar nossa nobre arte como quisermos, Srta Le Fay – disse Helga, imitando o tom de Morgana –
- Você é muito ingênua Hufflepuff – debochou Morgana, virando-se para o outro lado –
Helga abriu a boca, mas foi contida por Godric.
- Não encoraje isso, Helga – sussurrou Gryffindor –
Ao final do jantar, o barulho no castelo ficou ameno, porém os mais diversos pensamentos pairavam na cabeça de todos.
- Ainda não acredito que me chamou aqui para isso Salazar – disse Morgana rindo, sentada na cama de dossel verde –
- Você é muito segura, mas nunca conseguiria domá-lo sozinha. Se continuarem a insistir, essa será a única saída.
- Eu só espero que não desça a esse ponto, Salazar.
Morgana enroscou seus braços no pescoço de Slytherin e encostou seus lábios nos dele, fechando a cortina.
As paredes frias de pedra negra estavam limpas, não haviam quadros na torre da Corvinal.
O relógio de madeira bateu doze vezes indicando meia noite e ao mesmo tempo, alguém bateu três vezes na porta.
Helena levantou um pouco atordoada, ainda não havia conseguido dormir. Apanhou sua varinha e murmurou um feitiço conjurando uma pequena luz.
- O que faz aqui a essa hora? – perguntou Helena irritada –
- Pensei que poderíamos conversar...- disse Mikael sorrindo –
- Não sei se está fazendo de sonso ou se você é burro, barão...Mas eu não gosto de você, e não pretendo gostar.
Helena cuspiu suas palavras de maneira fria e penetrável. Fez menção de fechar a porta mas o barão segurou seu pulso com força.
- Helena Ravenclaw, você irá se casar comigo não importa o que tentar – disse Mikael, encostando seu nariz ao nariz de Helena –
A garota soltou seu pulso e fechou a porta com força. Uma lágrima quente desceu pelo canto de seu olho esquerdo.
A angustia lhe sufocava até o pescoço, e não havia lugar melhor para se recompor do que o mundo exterior.
Helena amarrou uma capa negra ao vestido e se atirou da janela da torre caindo perfeitamente de pé sob o gramado lá em baixo.
A atmosfera fora do castelo parecia ter saído de um livro. Nada parecia ter mudado desde a última vez que tivera saído. A feira a noite era ainda mais extraordinária do que de dia.
Passeava feliz na frente das barracas, o som da música pitoresca lhe agradava os ouvidos, mas, em momento algum houve algo que lhe agradasse tanto aos olhos quanto aquilo, ou melhor, ele.
Ela respirou fundo, precisou tomar um pouco mais de ar já que o seu coração estava palpitando. Seu estômago estava cheio de borboletas e suas bochechas coraram.
Ele estava sentado em um barril de vinho, seus olhos estavam fechados e sua alma dedicava-se ao violino, que produzia um som tão doce e inocente quanto seu próprio coração haveria de ser...
Seu nome? Era...
- Jack! Já chega por hoje, vou ir sozinho e você vai voltar a pé!
Ele parou bruscamente de tocar o violino provocando um som desagradável, mas ao parar de tocar, não pode deixar de ver a bela Helena suspirar.
Comentários (1)
*------------------* Que foda : 3 : 3 Principalmente os personagens, Helena ta perfeita.Espero que continue a história, muito bem escrita *-*
2013-11-28