2 - Ola Diário
Ola Diário,
Vi você em cima da mesa quando cheguei de uma exploração com um amigo de meu padrinho, ele é botânico, ele resolveu dar uma olhada em umas plantas aqui das terras e eu o ajudei, foi até divertido ter alguém com quem conversar, ele é bem humorado tudo para ele é motivo de piada, até com minha licantropia ele ousa brincar, devo confessar que foi bom, ele me lembra meu amigos, irmãos (não de sangue, pois sempre fui filho único).
Estava folheando algumas páginas de você e lembrei que estava falando de minha infância. Enquanto as crianças normalmente lembram com tanta nostalgia de vossas infâncias eu lembro dessa forma só uma parte dela já que depois da mordida, como os trouxas sempre dizem “minha vida se tornou um inferno” literalmente, escrevo isso não para me fazer de coitado, mas é a mais pura verdade, tudo que vivi nenhuma criança ou melhor nenhum ser humano deveria passar.
O único para quem eles contaram o que ocorreu foi para meu padrinho que chegou de viagem três dias depois do fatídico dia, ele havia chegado de surpresa, meus pais se desesperaram, eu apenas ouvia as vozes no andar de baixo, já que depois do que aconteceu já não saia mais do meu quarto, eu podia notar o nervosismo na voz dos meus pais quando o vira, ele não estava entendendo nada, até que ele resolveu perguntar por mim, eles tentaram mentir dizendo que eu estava na casa de algum amigo e iria demorar, ele disse que me esperava e que não estava com pressa, ele perguntou das novidades já que no caminho para cá ele havia ouvido que teve um incêndio por aqui, mas alguns amigos haviam lhe contado que tinha visto lobos ao redor do vilarejo.
Foi nesse momento que percebi que minha mãe desatou a chorar, eu não me segurei, pois a única coisa que me desesperava agora mais do que a lua cheia era vê-la chorar, desci correndo as escadas e a abracei, e disse-lhe que a amava. Lembro de ver meu padrinho questionando o meu pai por que havia mentido sobre onde me encontrava, meu pai ate tentou se justificar, entretanto ele viu as ataduras em meu braço e perguntou o que havia ocorrido, sendo assim minha mãe resolveu lhe contar a verdade, ele ficou aturdido, e quando ele olhou para mim eu abaixei a cabeça com medo de ver mais culpa e tristeza nos olhos de uma pessoa, ou até mesmo de ser rejeitado por aquele que eu tanto adorava, mas foi neste momento que ele se ajoelhou levantou meu queixo com uma mão e com a outra bagunçou os meus cabelos e nos seus olhos vi carinho e ele disse para mim “Eu vou te ajudar a passar por isso, e saiba que nunca vou te deixar, vou cuidar de você e ninguém mais ira te ferir, ouviu pequeno, eu amo você e é só isto o que importa” então ele sorriu para mim e me abraçou.
O meu padrinho era um homem rico, muito amigo de meus pais, ele vivia viajando e era pesquisador eu adorava suas historias e toda vez que vinha de suas viagens me trazia presentes de onde passava e me contava mais histórias, eu tinha um sonho de ser como ele.
Depois disso ele falou para meus pais que era melhor nos mudarmos daquela vila e ir para outra, onde ninguém suspeitaria de nada, ele falou para reunirmos nossas coisas que teríamos que sair de lá antes da próxima lua cheia para minha segurança. Uma semana depois já saímos de lá e ele nos levou a outro vilarejo onde ele tinha uma casa bem longe do vilarejo, ao redor da casa tinha uma imensa floresta, ele a utilizava apenas na época em que estava estudando alguns artefatos na Inglaterra e gostava de ficar sozinho para pensar melhor, ele disse que aquele local seria meu novo lar, a casa era espaçosa era de dois andares como a nossa, mas tinha um imenso porão onde ele e meus pais passaram dias enfeitiçando, e arrumaram para eu passar minhas noites de lua cheia, enquanto eles se organizavam eu ficava trancado em meu quarto absorto em minhas leituras em busca de um refugio, pois era em meus livros que eu poderia continuar sendo a criança que eu era visitando os diferentes mundos da leitura, passaram-se semanas minha mãe já estava menos desesperada, ou tentava ficar na minha frente, meu padrinho e pai tentavam me convencer a conhecer o vilarejo, ou até mesmo a brincar nos arredores da casa.
Foi então que o dia que mais temia chegou, a lua apareceria completa e brilhante no céu e eu não poderia mais admira-la, meu corpo estava fraco, me sentia cansado apesar de não ter feito nada, minha mãe apareceu no quarto, me fez tomar banho e ir tomar café, ela me disse que meu pai e padrinho haviam saído, onde papai iria refazer seus negócios na cidade, mas logo haviam de chegar, eles apareceram na hora do almoço meu pai parecia animado por voltar a trabalhar e meu padrinho apenas sorriu para mim, eles tentavam agir normalmente, mas podia ver que eles estavam nervosos, pois passaram a tarde toda olhando no relógio até que deu por volta das 15:30 e eles disseram que eu teria que descer para o porão, mamãe desceu segurando minha mão e quando chegamos lá vi que era um lugar espaçoso meio claro eles enfeitiçaram as pareces para ficar passado imagens nela até que meu olhar se recaiu para umas correntes ao canto, foi nessa hora que meu sangue gelou, eles me levaram até lá e me disseram que eu precisava me acorrentar para minha segurança já que eles não sabiam como seria minha primeira noite, foi então que me veio uma imensa vontade de chorar, mas eu segurei, eu retirei minha camisa, e eles prenderam meus braços, as correntes estavam frias, eles ficaram lá tentando conversar comigo, papai me deu uma barra de chocolate para comer, mas meu estomago estava revirando, recusei e foi então que eu senti uma brisa passar por mim e me arrepiei todo, meu corpo começou a doer, minha mãe começou a chorar, me deu vontade de gritar, de chorar, mas nada saia parecia que cada osso do meu corpo estava se quebrando foi horrível, e depois disso não lembro de mais nada...
No dia seguinte quando eu recobrei minha consciência apenas abrir um de meus olhos, mas até isso parecia difícil, e tentei olhar ao redor, porém não consegui apenas ao fundo ouvi sons de passos na escada e desmaiei.
Quando acordei estava com dor, fome e cansado eles haviam cuidado de mim, percebi que ainda me encontrava no porão, porém em uma cama, tomei tanta poção que estava enjoado, descansei e eles ficaram se revezando para ficar comigo até que chegou a vez do padrinho ele ficou tentando me animar contou varias historias ate que tive que perguntar “Padrinho vai ser sempre assim?” e ele falou ”Assim como?”, “Vou ter que me transformar para sempre?”, ele respondeu, “Remus eu espero que não, pensa assim por enquanto você vai ter que suportar isso, eu não disse que iria te ajudar?”, “Disse, mas padrinho nunca mais poderei ser como eu era”, ”Filho todos mudam por vários motivos”, “Tio eu já entendi que minha mudança não será como a dos outros e já sei que não tenho, mas futuro e que meu sonho de ser pesquisador como você chegou ao fim”, ele me abraço e falou “Shhh criança pare com isso, nenhum sonho chega ao fim eles apenas tomam novos rumos e novos caminhos, você vai realizá-los e não ouse me interromper que eu ainda não terminei de falar, confie em mim, ouça nem sempre poderei estar aqui, pois preciso trabalhar, entretanto te prometo que se em algum lugar do mundo essa cura existir, vou trazê-la para você, saiba que aonde quer que eu esteja estarei pensando em você e sempre que puder virei e mandarei cartas e aí de você se não me responder” nessa hora tive que rir, “E tem mais nunca se esqueça de sonhar, não importa o quão difícil e dolorosa a vida pareça, entenda que os sonhos são importantes, pois estranhamente são eles que nos fazem permanecer lúcidos.”
Depois do que ele me disse fiquei mais calmo, a noite chegou e tive que passar pela aquela dor tudo de novo, e de novo até a lua chegar e recomeçar o ciclo até a próxima lua e a próxima e foi assim durante anos... E sabe de uma coisa nunca me arrependi e foi de ter confiado nele, no meu padrinho.
Obs.: Se gostou, ou não por favor deixe sua opinião, beijos e obrigado por ler!
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