Capítulo 14 - À Beira do Abism
7 de Abril de 1996.
— Greengrass não estava brincando quando disse que a escola agora seria comandada pelo pessoal da Inquisitorial Squad — reclamou Sarah, jogando a mochila em cima de um pobre primeiranista.
Elas estavam no Salão Comunal da Gryffindor, esperando até a hora do almoço. Depois que Sarah e Amber viram o novo Decreto Educacional, a manhã delas não foi uma das melhores com os Slytherin descontando pontos como desejavam.
Com a traição de Marietta, Amber esperava que Harry se tocasse do tipo de gente que Cho era, mas ele pareceu apenas chateado que ela não soubesse escolher bem os amigos. Talvez a Amber estivesse se metendo demais na vida amorosa do irmão, não apenas por ciúmes, mas para tentar fugir um pouco da sua.
— O melhor que podemos fazer agora é ficar na nossa — murmurou Amber.
— Ficar na nossa? Malfoy descontou 5 pontos do Rony porque a camisa estava amassada e 10 da Hermione por ser uma... — ela hesitou — Você sabe. É melhor ele abaixar a bola ou eu vou dizer algumas coisinhas para aquele loiro oxigenado.
— Sarah, você não quer levar outra detenção com a Umbridge! — repreendeu Amber, preocupada.
— Você não entende, Amber! — Sarah estava furiosa — Eu, Fred e George ficamos quietos na nossa porque vocês nos pediram, mas agora as coisas mudaram! Não vamos deixar Umbridge comandar o colégio.
Fred e George, que acabavam de entrar no Salão Comunal, pareciam orgulhosos da menina, mas Amber percebeu que o sorriso de Fred estava um pouco hesitante.
— Sarah, precisamos falar com você — ele disse, se mexendo incomodado.
Sarah também percebeu isso, já que sua expressão passou de furiosa para intrigada.
— O que aconteceu? — perguntou.
— É melhor conversamos ali fora — sugeriu George, já que Fred não parecia muito capaz de falar.
Eles saíram do Salão Comunal e foram até uma das salas de aulas vazias. Sarah pensou que eles iriam colocar proteções na porta, mas eles não pareciam dispostos a isso.
— Sarah, você está mesmo disposta a tudo para que infernizemos a vida da Umbridge em Hogwarts? — perguntou George, seriamente.
— É claro — respondeu Sarah, como se fosse óbvio, ainda não entendendo a atitude do namorado e cunhado.
— Nós vamos fazer algo durante o almoço, mas não queremos que você se envolva — disse Fred, olhando para a parede oposta.
— Vão me deixar de fora? — indignou-se a garota.
Fred segurou a mão dela.
— Nós precisamos que você continue o caos para a Umbridge — ele disse, evitando olhar em seus olhos — Nós não queremos estar aqui tempo suficiente para que ela nos expulse.
Sarah começou a entender o que eles iriam fazer.
— Vocês vão fugir de Hogwarts? — ela perguntou para confirmar.
— Depois de aprontar uma das grandes — confirmou George, sorrindo levemente.
— Sarah, você não vai — disse Fred, rápida e firmemente, antes que ela tivesse a ocasião de protestar — Sua mãe vai te matar se fizer algo assim.
— E vocês estão preocupados com seus pais? — retrucou Sarah.
— É diferente. Nós já aprendemos tudo o que tínhamos que aprender. Estamos no sétimo ano — disse Fred, negando com a cabeça — Já você ainda está no quarto ano. Nós só faltaremos os exames, mas você nem chegou aos OWL’s ainda.
Sarah abaixou a cabeça, olhando para suas mãos entrelaçadas.
— Não estou pedindo que você deixe de causar o caos, apenas... Tome cuidado. Não queremos que você ganhe mais uma cicatriz — ele acrescentou, acariciando as duas cicatrizes que ela mantinha no dorso da mão.
— Você é a menina mais corajosa que eu já conheci na minha vida — brincou George, também olhando para as cicatrizes — Nem Ginny teria coragem de escrever “Umbridge is a cow”.
Sarah deu de ombros, dando uma risada que não chegava aos olhos.
— Ei! Não fica assim! — disse Fred, a abraçando — Nos veremos logo.
Ela pensou em várias coisas para dizer, mas apenas murmurou um “eu sei”.
— Okay, vamos parar com isso, pois já estou começando a ficar emotivo — brincou George, limpando uma lágrima imaginária.
Fred lhe deu um tapa na cabeça, soltando-se da namorada.
— Se eu fosse você, falaria com Angelina — disse Sarah, virando-se para George.
— Melhor não. Ela vai tentar me impedir — respondeu George, negando com a cabeça.
— Pelo menos, despeça-se discretamente dela — insistiu.
— O George vai acabar entregando o jogo — riu Fred.
— Se não falar com ela, ela vai ficar furiosa — retrucou Sarah.
— Eu já falei com ela hoje — suspirou George, perdendo o humor — Ela vai perceber quanto tudo acontecer que aquilo foi um adeus.
— Depois eu sou o dramático — murmurou Fred.
Sarah deu um sorriso, um pouco mais animado e puxou o namorado para o último beijo deles, por alguns meses.
— Sou inocente demais para isso — debochou George, colocando as mãos sobre os olhos.
— Me surpreenda, Frederick Weasley — disse Sarah, afastando-se — Se for me deixar, pelo menos que seja por algo impressionante.
— Será — prometeu Fred, sorrindo abertamente.
Sarah deu uma piscadela e saiu da sala.
***
Alguns minutos depois que Sarah e os gêmeos saíram do Salão Comunal, Amber guardou os livros na mochila e seguiu para o Salão Principal. Não queria que os Slytherin descontassem pontos por chegar atrasada ou por não comparecer.
“Isso aqui está virando uma escola militar” pensou, amargamente.
Então começou a enorme explosão, Amber correu para a escadaria, misturando-se ao aglomerado de alunos curiosos.
— Droga, marauders — ela murmurou, mas com um sorriso de canto.
Naquela tarde foi quase impossível ter aulas, mas nem Hermione, nem Amber e nem os professores se importaram com isso. De fato, todos se divertiram ao ver o primeiro dia da nova diretora, correndo de um lado para o outro.
Salão Comunal da Gryffindor às 20:00
O quadro da Fat Lady abriu-se, dando passagem aos gêmeos Weasley, que foram recebidos com vários aplausos. Sarah levantou-se, abrindo espaço para se aproximar.
— Eu pensei que vocês iriam embora hoje — reclamou Sarah, dando um soco no braço dos gêmeos.
— Nós também — os dois responderam juntos.
— Mas acho que vamos causar um pouco mais de caos antes de nos mandarmos — complementou George.
— Está reclamando? — perguntou Fred, um sorriso brincando em seus lábios.
— Foi bom o aviso prévio — disse Sarah, dando de ombros, antes de puxar o namorado para um beijo que fez todos os presentes no Salão Comunal assobiarem — Posso aproveitar o tempo que nos resta — acrescentou, ofegante, quando se separaram.
3 de Maio de 1996 – Salão Comunal da Gryffindor.
— São apenas os OWL’s — disse Sarah, jogando alguns panfletos, que estavam em cima do sofá, no chão.
— Sarah, ano que vem será a sua vez. Não quer ser uma auror? — perguntou Amber, sem nem olhar para os panfletos e revistas jogados por todos os cantos do Salão Comunal.
— Sinceramente, com o número de OWL’s e NEWT’s que é necessário para conseguir... Estou pensando em apenas ajudar os gêmeos com a loja — ela disse, sentando-se no sofá, ao lado de Amber.
— Não pode estar sendo séria! — exclamou Amber, incrédula.
— Cara, eu não quero trabalhar par ao Fudge — disse, pegando alguns panfletos e olhando entediada — Por que será que não vimos esse panfletos no ano passado?
— Porque todos estávamos preocupados demais nos divertindo do que revisando para as provas — respondeu Fred, aparecendo de repente, como sempre.
— Com vocês é assim até hoje, não? — perguntou Amber, divertida — Estou surpresa que ainda tenham matérias para cursar.
— Sinceramente, ninguém liga para os exames até que eles chegam — Sarah deu de ombros.
— Infelizmente, existem as matérias obrigatórias — disse George, com pesar.
— Se não existissem vocês provavelmente repetiriam de ano — observou Amber.
— Você conhece alguém na história de Hogwarts que já tenha repetido de ano? Se até Crabbe e Goyle chegaram até o quinto ano — observou Fred, sarcástico.
— Ah! Quase me esqueci! Sarah, vamos aprontar hoje e você vem conosco — disse George.
Amber olhou para eles indignada.
— Ainda tem a cara de pau de planejar comigo por perto? — perguntou.
— Se quiser participar — ofereceu George, com um sorriso galanteador.
Amber bufou, cruzando os braços.
— Por que você não olha esse aqui? — perguntou Sarah, entregando um panfleto sobre “trabalho em relação com os muggles”.
— Eu não preciso. Já sei a profissão que quero seguir — retrucou Amber, jogando o panfleto de volta para a mesa.
Sarah deu de ombros, desistindo de fazer a amiga se distrair e dirigiu a atenção para os gêmeos.
— Harry precisa falar com Sirius — Fred sussurrou, aproximando o seu rosto de Sarah, fazendo com que os demais não desconfiassem de nada. Eles andavam bastante assim, ultimamente.
— Com o meu pai? — perguntou Sarah, com o cenho franzido.
— Existe outro Sirius? — ironizou.
— Tecnicamente... — ela deixou no ar
— Você me entendeu! — ele cortou-a — Precisamos distrair Umbridge para que Harry possa falar com ele.
— É sobre o porquê ele está tão estranho ultimamente? — perguntou Amber, metendo-se na conversa.
— Provavelmente — respondeu George.
— Contamos com a sua ajuda, pequena? — perguntou Fred, com um sorriso maroto.
— Concordo e não chame de pequena — Sarah levantou-se, impedindo que o namorado lhe desse um beijo.
Ele resmungou, fazendo Amber e George rirem.
— Me sinto meio excluída — brincou Amber, mesmo que no fundo fosse verdade — Até vocês sabem mais sobre as preocupações de Harry do que eu?
— Na verdade, Ginny quem nos contou — disse George, dando de ombros.
Sarah e Amber trocaram um olhar divertido que fez Fred fechar a cara, olhando atravessado para Harry, que estava no outro sofá.
— Desde quando você lê entrelinhas? — perguntou Sarah, estranhada — Os Weasley não são lerdos?
— Desde que você me mandou aquela indireta no Hogwarts Express — retrucou Fred.
— Vamos, companheiros — disse George, metendo-se no meio dos dois e colocando um braço em volta do ombro de cada um — Temos muito que planejar. Depois vocês namoram a vontade.
4 de Maio de 1996.
Harry parecia completamente convencido de ir até a sala da Umbridge às cinco da tarde, conversar com Sirius. Amber estava ansiosa, esperando que assim seu irmão se acalmasse e lhe contasse o que lhe deixou tão incomodado. Já Hermione estava furiosa, tentava convencê-lo a não fazer. Conhecia Harry há 5 anos e parecia que não conhecia a personalidade do amigo.
Snape estava dando a Harry o mesmo tratamento que dava a Amber, na maioria do tempo. Isso fez a menina pensar se o que incomodava Harry tinha alguma relação com o professor ou se ela estava vendo ligação em duas coisas que não exisitiam.
Quando deu 14:00, Amber levantou-se e pegou o frasco de vidro.
— O que pensa que está fazendo, Potter? — perguntou Snape, rispidamente.
— Tenho uma reunião sobre as carreiras com a professora McGonagall, professor — respondeu Amber, o mais neutra possível.
— Certamente, mas creio que não poderá entregar sua poção agora, já que ela exige... — ele começou, mas Amber levantou o frasco de poção cheio.
— ...Essa cor?
Snape calou-se diante disso, a poção estava perfeita e tinha sido preparada com menos tempo do que estava prescrito no livro. Amber foi obrigada a usar um de seus truques para poder preparar a poção a tempo de ir à sala da professora McGonagall meia hora mais cedo, mas não chegou a trapacear. Ela depositou o frasco cuidadosamente em cima da mesa do professor.
— Com licença — ela disse, antes de pegar sua mochila e sair da sala de aula, antes que Snape se recuperasse de seu choque e a impedisse.
“Tente me humilhar novamente para você ver” ela pensou, vitoriosa.
Ela logo chegou perante a porta do escritório da professora McGonagall, no exato momento em que Parvati saía.
— Entre, Potter — disse a professora McGonagall lá de dentro.
Amber entrou e fechou a porta.
— Sente-se — convidou a professora.
Ela sentou-se na cadeira em frente a professora e colocou a mochila em seu colo. Ela percebeu a presença de Umbridge, mas ignorou-a completamente.
— Esse encontro é pra falar sobre as possíveis carreiras que você pode seguir e te ajudar a decidir que matérias você deve continuar nos sexto e sétimo anos — começou a professora — Você tem alguma ideia do que gostaria de fazer depois que deixar Hogwarts?
— Sim, eu gostaria de ser medibruxa — respondeu Amber, decidida.
— Vai precisar se esforçar muito para isso — disse a professora, pegando um dos folders da pilha de papéis, em cima da mesa.
— Eu sei disso...
— Bem, você vai precisar de seis NEWT’s e eles não aceitam notas menores que Excede as Expectativas. Você quer saber que matérias você deve cursar?
— Sim, eu suponho que Potions e Herbology?
— Sim. Eu também recomendaria Transfiguration, pois muitas vezes os medibruxos se deparam com situações em que precisam desfazer ou realizar uma transfiguração.
Amber concordou com a cabeça.
— Vou lhe avisando que não aceito estudantes com menos de E.E — disse a professora, mesmo que fosse evidente que só dizia por obrigação, já que Amber era uma boa aluna na matéria — Também necessitará cursar Spells, pois não existem apenas poções para curar algum ferimento causado, obviamente. E como de praxe, Defense Against the Dark Arts — ela se virou para Umbridge — Suponho que não tenha contra a senhorita Potter, certo, Dolores?
Umbridge levantou a cabeça ligeiramente e deu mais um de seus sorrisos falsamente dóceis.
— Ah, não! Apesar de nossas desavenças no começo do ano letivo, a senhorita Potter pareceu ter aprendido com seus erros. A contrário do senhor Potter.
Amber sentiu seu sangue ferver, mas resolveu ignorar o comentário.
— Claro que ambos precisam aprender a controlar os seus temperamentos... — ela ia continuar, quando a professora McGonagall interrompeu-a, voltando-se para Amber.
— Como a senhorita já sabe, o professor Snape não aceita menos que Excelente nos OWL’s, mas considerando seu histórico escolar, eu não considero necessário declarar as notas necessárias para seguir sua ambição. Alguma pergunta?
— Que tipo de testes de aptidão o Ministério faz quando você obtém os NEWT’s suficientes? — perguntou Amber.
— Essa é uma profissão sem fim, Potter. Não é quando você terminar o colégio que irá deixar de estudar, afinal a medibruxaria evolui a cada ano. Você precisará provar que sabe reagir bem sob enorme pressão, ter grande atenção e dedicação. Afinal, qualquer distração poderá custar a vida do paciente. Em resumo é isso, fora os testes que comprovem que você administra perfeitamente bem as matérias que cursar. Mais alguma pergunta?
— Não, é só isso, professora.
— Então a consulta está concluída.
Amber levantou-se na hora em que o sinal para Divination soava.
17 de Maio de 1996.
Lee tinha acabado de subir para os dormitórios masculinos (após a partida dos gêmeos, Lee, Sarah e Angelina se aproximaram bastante) quando Amber entrou no Salão Comunal, completamente furiosa.
— Aquele filho da puta desgraçado! — Sarah olhou assombrada para Amber, que xingava a torto e a direito.
— Opa! Opa! Opa! Calma! O que aconteceu? — perguntou.
— O idiota do outro monitor-chefe — ela respondeu, ainda xingando a quarta geração da família do dito cujo.
— Você não sabe nem o nome dele? — Sarah tentou brincar, mas Amber lhe lançou um olhar cortante.
— Aquele imbecil tentou me beijar!
Sarah começou a gargalhar, deixando Amber mais irritada ainda.
— Você gostaria se Alicia tentasse beijar o seu namorado? — retrucou, fazendo a morena parar de rir.
— Golpe baixo! — ela resmungou, cruzando os braços.
— Quer saber? Eu cansei disso! Tentei retirar pontos de uma Slytherin por estar andando pelos corredores até tarde, o Montague interviu. Bem que ele podia ter continuado sumido pelo resto do ano.
— Pelo menos a Gryffindor ganhava a copa de quidditch.
— Cara, mesmo se ganharmos essa taça, não vamos ganhar a taça das casas! A Slytherin está com essa vantagem da Umbridge e o IS.
— Você falou com a Greengrass depois do que aconteceu?
— Bem pouco, para falar a verdade. Só sei que ela saiu do IS, mesmo com a irmã dela a pressionando, como sempre.
Amber ficou andando pelo salão quase vazio (exceto por elas) por uns momentos, até que foi andando em direção ao quadro da Fat Lady.
— Aonde você vai? — perguntou Sarah.
— Falar com a McGonagall. Não quero mais fazer parte disso — respondeu Amber, saindo do Salão Comunal.
Sarah suspirou e subiu para o seu dormitório.
— Saudades do meu irmão? — Ginny perguntou, assim que ela entrou.
— Pois é... Já faz uma semana desde que eles foram embora — respondeu Sarah, jogando-se na cama.
— Eu só imagino a cara da mamãe quando descobriu que eles fugiram do colégio.
— Eles teriam a cara de pau de voltar para The Burrow pegar suas coisas?
Ginny levantou uma sobrancelha para Sarah que logo depois respondeu sua própria pergunta:
— É, eles teriam.
— Você já quis ter algum irmão? — perguntou Ginny, curiosa.
— Não, eu gosto da atenção que recebo. Se tivesse algum irmão, minha mãe teria que dividir essa atenção — respondeu Sarah.
— Amber é quase como a sua irmã.
— É, tem isso também.
— Você já sentiu ciúmes dela?
Sarah ficou calada por uns minutos.
— Sim, quando eu era menor — respondeu — Não entendia o porquê da minha mãe ter que cuidar dela. Também não entendia porquê todas as outras crianças conheciam e moravam com seus pais e eu não.
— Tem certas coisas que nós não entendemos quando somos mais jovens — concordou Ginny.
— Dia 30 é o jogo, está preparada? — Sarah mudou de assunto.
— Eu acho que nos daremos bem.
— Pode apostar.
As duas bateram as mãos.
Escritório da professora McGonagall.
A professora McGonagall estava preparando-se para ir para o seu quarto quando ouviu uma batida na porta.
— Entre — ela concedeu.
Logo depois, Amber entrou na sala.
— Senhorita Potter, algum problema? — perguntou a professora, temendo que Harry tivesse tido outro pesadelo.
— Me desculpe por vir tão tarde, professora — começou Amber — Mas preciso tratar de um assunto urgente e não pude esperar.
— Do que se trata?
— Não quero mais fazer parte da monitoria.
A professora sentou-se na cadeira, olhando para o rosto decidido da garota.
— Posso saber o motivo dessa decisão? — perguntou.
— Diversos — admitiu Amber — Primeiro: com a Inquisitorial Squad, os monitores não tem mais a mesma autoridade que tinham quando Dumbledore administrava o colégio. Segundo: eu agüentei até agora, mas sinto que não sou boa o suficiente para assumir esse cargo...
— Potter, se eu a escolhi no meio de tantas setimanistas extraordinárias é porque você tem sim vocação para ocupar este cargo — interrompeu McGonagall — Caso contrário, eu não teria burlado as regras e brigado com o conselho por essa nomeação.
Amber corou fortemente e começou a sentir-se um pouco culpada por estar desistindo, quando McGonagall tinha feito tudo aquilo, depositando sua confiança nela.
— Não estou lhe pressionando — acrescentou a professora, rapidamente — Se quiser sair, eu não irei impedi-la. De qualquer forma, como você mesma disse, os monitores já não tem mais a mesma autoridade de antes.
— Eu ia dizer que a terceira é por causa dos OWL’s. Eu preciso me concentrar nos estudos se quero seguir a profissão que escolhi, mas parece um pouco “desculpa esfarrada” comparando aos setimanistas. E a outra razão é justamente o outro monitor-chefe.
A professora McGonagall observou sua expressão por alguns minutos. Se a professora estivesse com a varinha, Amber juraria que estava usando Legilimency para saber qual o problema com o outro monitor. Por fim, suspirou e levantou-se da cadeira.
— Muito bem, senhorita Potter — ela disse, finalmente — A senhorita está liberada de suas funções até segunda ordem.
— Obrigada, professora. Boa noite.
— Boa noite, Potter.
Amber saiu da sala dela mais tranquila.
7 de Junho de 1996.
Seguindo o exemplo dos gêmeos, o restante dos alunos criou coragem para desafiar a Umbridge abertamente, sem medo das conseqüências.
A Gryffindor ganhou da Ravenclaw no jogo do dia 30, portanto ganharam a copa de quidditch. Amber e Sarah descontaram sua raiva aparente em Chang, mas fazendo de forma que a madame Hooch não percebesse que ela era seu único alvo.
“Ainda bem que Harry não estava jogando, caso contrário teria entregado a snitch para ela” pensou Amber.
Quanto mais próximos dos OWL’s eles estavam, mais nervosos ficavam. Sarah arrumou como distração e diversão roubar os livros de Amber, enquanto ela (tentava) estudar. A garota só se lembrava de comer, pois Harry a obrigava.
Os alunos do 6º e 7º ano se aproveitavam dos desesperados quintanistas para vender produtos que prometiam “altas notas” nos OWL’s, mas na verdade era tudo uma farsa.
— Beba isso — ofereceu Sarah, pegando um copo de suco de abóbora e dando a Amber, que revisava desesperadamente para o teste de Spells do dia seguinte.
A garota estava tão distraída que pegou o copo e bebericou-o. No meso instante, sentiu-se mais relaxada. Não tinha sentido que estava tão tensa e ansiosa.
— Agora vamos largar esse livro — completou Sarah, pegando o livro do colo de Amber e jogando na sua mochila — Você se dará bem! É uma das melhores alunas do ano.
— Obrigada — agradeceu Amber, começando a jantar de verdade.
Ela duvidava que teria conseguido dormir sem o calmante dado por Sarah.
17 de Junho de 1996.
— Viu? Não foi tão difícil assim, foi? — perguntou Sarah, enquanto elas caminhavam para o Salão Principal almoçar.
— Não foi tão difícil? Não foi tão difícil? — repetiu Amber, indignada.
— Está querendo dizer que foi? — perguntou Ginny, com o cenho franzido.
— É claro que não foi! Mas é praticamente a prova final dos muggles, com exceção de que a deles é do ano recorrente, já a nossa é desde o primeiro ano! — respondeu Amber — Podemos ter aprendido algumas coisas diferentes do que aqui em Hogwarts! Cara, nós deveríamos ter chegado pelo menos no meu 3º ano! Assim eu poderia escolher Ancient Runes ou Aritmancy no lugar de Divination.
— E eu fui burra a ponto de escolher essa matéria — lamentava-se Sarah — Pensei que fosse a mais fácil de todas! Sem contar que a Ginny a tinha escolhido também...
— Ninguém nunca pensaria que essa aula é uma piada — concordou Ginny.
— E quanto a Potions: por sorte não foi Snape quem aplicou o exame — disse Amber — Eu percebi que tanto Harry quanto Neville estavam bem mais relaxados.
— Defense Against the Dark Arts foi a mesma coisa, não? — perguntou Sarah.
— Por sorte.
As duas entraram no Salão Principal e correram para a mesa da Gryffindor, estavam atrasadas.
— Você é maluca por largar a monitoria — Ginny começou o assunto, afastando sua mente dos OWL’s.
— É — concordou Sarah — Você me livrava a cara várias vezes e podia andar durante a noite quando quisesse, sem perder pontos.
— Se até a Hermione está pirando, imagine eu! — defendeu-se Amber.
— Hermione tem fixação. Você está bem mais relaxada do que ela — contradisse Sarah — Você não repreendeu os alunos do primeiro ano por rirem alto demais no Salão Comunal.
Amber bufou, sentindo-se vencida.
— Falando em Divination — ela murmurou — Tenho prova agora a tarde e de noite teremos o exame prático de Astronomy. Não é tão difícil...
— Fale por você mesma — retrucou Ginny.
— Alguns planetas são fáceis de interpretar. Marte foi nomeado em homenagem ao deus romano Marte, correspondente a Ares da mitologia grega. Ou seja, guerra. Mesma coisa com Vênus — disse Amber, simplesmente.
— Vai me dizer agora que quando Voldemort roubou Gringotes, Mercúrio estava brilhante? — debochou Ginny.
— Eu não sei, eu não estava aqui quando isso aconteceu — retrucou.
— Pensei que os planetas quem tinham sido nomeados em homenagem aos deuses — disse Sarah.
— Os estudos científicos começaram depois de Cristo, os romanos vieram antes e se estenderam alguns anos após — explicou Amber, levantando-se — Eu tenho que ir.
— Mas você mal comeu — bronqueou Ginny.
— Não é por causa dos exames, é outra coisa...
Ela saiu do Salão Principal apressada.
— Deve estar criando coragem para escrever certa coisa — adivinhou Sarah.
— Você quando quer é completamente implicante — riu Ginny.
Sarah deu de ombros, pegando um pouco mais de comida com o garfo e colocando na boca.
— Só estou dizendo a verdade — ela murmurou, mastigando a comida.
Ginny fez um som de nojo e deu um tapa no braço da amiga.
Salão Comunal da Gryffindor à noite.
Os alunos da Gryffindor discutiam assustados sobre o que haviam acabado de presenciar da torre de Astronomy.
Estava todos prestando os seus OWL’s sobre a matéria, quando viram um grupo de pessoas andando em direção a cabana de Hagrid. Era Umbridge, Dawlish e outros aurores.
Houve uma briga com Hagrid e McGonagall interviu, recebendo quatro feitiços estuporantes. Hagrid e Fang conseguiram fugir, mas McGonagall... Foi levada para o St. Mungus.
Assim que Amber chegou ao Salão Comunal, correu para o dormitório feminino e sentou-se em cima da cama, apoiando o rosto entre as mãos.
Primeiro Dumbledore, agora Hagrid e McGonagall. Não existia mais resistência fora os alunos, e Umbridge poderia expulsa-los num estalar de dedos, afinal ela era a diretora.
Seu corpo gritava por descanso, mas quando ela deitou-se, seus olhos não se fecharam tão rápido, como de costume.
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