Sorriso estranho
Já faziam 5 anos agora que Harry recebera a carta de Hogwarts e entrara no mundo bruxo. Ele vivera diversas aventuras, enfrentando o Lord das Trevas cara a cara, fazendo grandes descobertas sobre o passado de seus pais e encarando, muitas vezes, a morte de frente. Mas nenhuma, vocês irão perceber, fora como essa.
***
Harry abriu a porta.
- Oh, me desculpe! A professora McGonagall...
E parou, para admirar a garota à sua frente. Ela era do tamanho de Harry, os cabelos compridos e castanhos, que começavam lisos e terminavam em cachos. Usava um jeans rasgado no joelho e uma blusa amarela, ao contrário dos demais alunos da escola, que usavam vestes compridas e negras. Tinha a boca rosada e feições delicadas, que davam a Harry a impressão de que ela precisava ser protegida. Harry Potter, o menino que sobreviveu, nunca tinha visto uma garota tão bonita antes na vida. E pensou, naquele momento, que não sabia se conseguiria continuar a sobreviver.
- Não tem problema. Eu já estava de saída... com licença.
Harry afastou-se, dando espaço para que ela passasse. "O perfume", pensou ele, "o perfume dela tem aroma de fruta." E poderia ter passado a vida inteira lá, parado, observando-a ir embora pelo corredor, se não fosse interrompido em seus devaneios por uma voz desagradável.
- O que você quer, Potter?
Snape estava sentado em frente ao lugar onde ela se encontrava segundos antes, escrevendo em um pergaminho com uma longa pena negra, os olhos fixos na mesa enquanto o fazia. Não se dera ao trabalho de observar o que acabara de acontecer a Harry, o que fora uma sorte, pensava. Harry foi até a mesa do professor e entregou-lhe um pedaço de pergaminho.
- A Professora McGonagall me pediu para entregar-lhe isto. Você deve assinar.
- E o que é isto, Potter? - disse Snape enquanto desenrolava o pergaminho, agora parecendo completamente interessado. Estavam escritos os seguintes dizeres:
"Prezado Prof.Snape,
Peço-lhe encarecidamente que assine esta nota dispensando o aluno Harry Potter da sua próxima aula, na quarta-feira. Como você bem sabe, o campeonato de Quadribol está chegando e os alunos devem treinar para tentar ganhar o título para suas casas. Harry, sendo o apanhador da Grifinória, irá jogar no próximo sábado, e pareceu-nos melhor que o treino fosse efetuado na quarta-feira de manhã, tendo em vista os horários do restante do time. Sei que compreenderá a situação tendo em vista as recentes condições a que todos estamos expostos, assim como você esteve na semana passada ao me pedir que dispensasse da minha aula dois dos jogadores da sua casa, Sonserina. Na próxima semana o Sr. Potter já estará de volta à sua sala de aula.
Atenciosamente,
Professora Minerva McGonagall."
Snape rosnou, antes de pegar a pena e assinar o pergaminho. Disse algo como "se eles tivessem escolhido outro horário para aquele treino perdido" e entregou a Harry a autorização.
- Aqui está, Potter. Dispensado. Só espero te ver novamente em duas semanas, quando voltar à minha sala de aula para aprender alguma coisa, ao invés de dedicar-se estupidamente a um jogo. Francamente...
- Obrigado, professor - disse Harry ao mesmo tempo em que saía da sala, amedrontado com a perspectiva de que Snape mudasse de idéia e ainda por cima resolvesse lhe dar trabalhos extras.
O ar de Hogwarts estava abafado naquela tarde de sexta-feira. O céu estava azul do lado de fora do castelo e estudantes se amontoavam na sombra das árvores e ao redor do lago, rindo alto e conversando. Harry pode distingüir, à distância, uma cabeleira vermelha que ele sabia pertencer a Gina Weasley, lendo na beira do lago. Do outro lado do gramado, saindo da cabana de Hagrid, o guarda-caças da escola, Harry viu Rony e Hermione, seus melhores amigos. Desceu as escadas correndo para encontra-los.
O que Harry não contava era que, no último lance de degraus, iria ter uma surpresa um tanto quanto desagradável. Malfoy estava parado, encostado ao corrimão, conversando com a garota que vira na sala de Snape. Ela sorria e Harry não pode deixar de pensar que esse era o sorriso mais bonito que já vira em toda sua vida, os dentes brancos à mostra, o cabelo caindo no rosto. Desceu as escadas vagarosamente, como se fosse importante demais olhar pra ela por mais um minuto, e saiu do castelo para o gramado verde.
"O que será que ela estava conversando com Malfoy", pensava ele, ao mesmo tempo em que ia na direção de Hermione e Ron, sentados agora próximos a Gina conversando alegremente. Devia parecer abatido quando chegou, pois bastaram dois passos de distância para que Hermione perguntasse preocupada se Harry estava bem e começasse a desfilar uma série de críticas a Snape, esclarecidamente pensando que este não assinara a autorização de Harry.
- Não é nada disso, Mione. Snape assinou minha autorização.
- Assinou? Então que cara é essa? Você devia estar feliz!
- Aposto como ele passou uma lista de dever de casa pra você! - disse Rony, a mão cobrindo os olhos e protegendo-os do sol.
- Não, não. Ele... ele me liberou tranquilamente. Parece que estava devendo o mesmo favor para McGonagall... eu... eu estou bem.
Mione e Rony se entreolharam e olharam de volta para Harry.
- Você tem certeza? Ah, Harry, não tente nos enganar... alguma coisa aconteceu. Pode nos contar, nós somos seus amigos, você não confia em nós?
- Bem... - Harry ia começar a falar quando foram interrompidos pelo grito de Gina, que apontava para o lago espantada.
Neville Longbottom, um quintanista, amigo de Harry, estava suspenso no ar por um dos tentáculos da Lula Gigante do lago. Segurava alguma coisa verde na mão que curiosamente tentava fugir, o que deu aos garotos a pista de que era Trevor, o sapo de Neville. Foi um azar para Neville, que foi tirado minutos depois pela Professora Sprout, que veio correndo da estufa 3, coberta de terra, mas foi uma sorte para Harry, pois ele não precisou contar nada aos amigos sobre a garota e sobre como ela sorria para Malfoy, pois logo em seguida deu o horário do jantar e eles foram para o salão principal rindo e brincando.
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