Um pedido ao vento...
“Sinto falta do teu cheiro
Teu contato, desespero
Só restou pra mim
Lembrar da sua voz…”
Você sabe. Bem no fundo, onde resta um pouco de dignidade.
Você sabe, você vê, e você sente… mas não tem coragem suficiente para assumir que está apaixonado.
Do que tem medo? Se nossos beijos são tão desesperados, como se não fossemos mais nos ver? Se nosso abraço é tão apertado que conseguimos sentir as batidas do coração um do outro? Se os nossos olhares entregam o que estamos sentindo lá dentro?
Você tem medo. Eu tenho medo.
Só queria que um dia todo esse medo se transformasse em coragem, pra você vir pra mim e ficarmos juntos, porque juntos somos melhores… juntos podemos quebrar barreiras, construir sorrisos, ser felizes, mais do que somos quando estamos separados… como agora!
- * *
-- Eu não sou o cara certo para você!
Eu sei que a maneira, a forma como você me olhou, dizia o contrario, totalmente o oposto do que seus lábios disseram para mim… Você disse aquilo por puro despeito, falta de coragem de assumir para si próprio o que sentia naquele momento.
Você curtia todas nossas trocas de olhares, nossas chegadas um no outro totalmente inesperadas, nosso flerte, e como era bom quando íamos embora juntos e curtíamos o resto da noite, mas o melhor, é que a forma como você me olha, diz muito, é como se você fosse tão… Gostasse tanto da minha companhia que nada mais importava, que eu te fazia o mais feliz dos homens… E nada mais importava.
Eu sei entender olhares, e sei que o seu era desesperado, intenso, sedutor, imagino que da mesma forma com que o meu te observava. Com vontade, docemente, verozmente…
Lembro-me bem de que as melhores festas eram quando você estava presente, eu sentia que meu sorriso se abria mais, era mais espontâneo quando você estava lá, e você era da mesma forma.
Aquele leve “sorriso torto”, sem graça, mais no fundo feliz, como se estivesse esperando por anos para me rever, feliz, sempre feliz, diferente de outras pessoas com quem tivemos contato. Diferente de qualquer namorado, o laço era mais forte que qualquer nó, qualquer relação de muito tempo.
O tempo era mínimo, curto, e ao mesmo tempo máximo, feliz, urgente, esperado, totalmente inesquecível, e é por isso que rogo aos céus, nós temos que ficar juntos.
Juntos nós somos um só, uma paixão inexplicável.
Só nos sabemos do que conversávamos, o que sentíamos, a sensação do beijo, do toque…
E tenho certeza que se não estamos com outra pessoa até hoje, é porque alguma coisa deu certo entre nós, só falta ao orgulho ficar de lado e nos reaproximar outra vez…
Vejo suas fotos, e relembro nossos momentos e sei que do outro lado, você faz o mesmo, revê nossas conversar, lê minhas mensagens...
Eu sabia, eu sabia que você sempre e sempre voltaria para mim, que todas as vezes que nos encontrássemos aquela chama ainda estaria acesa, queimando dentro de nossos corpos…
Saímos com outras pessoas, sonhamos outros sonhos, mas quando nos víamos tudo era tão inexplicável que ninguém podia nos parar… Nem as fofocas conseguiam nos separar, porque o que sentíamos e vivíamos era muito mais forte;
Nós éramos muralha, fortificados, barrando até mesmo a brisa forte que insistia em nos perseguir. E essa brisa nunca foi capaz de nos derrubar ou mesmo provocar a mínima das rachaduras, essa brisa só fortalecia e nos fazia ter certeza do que queríamos, ficar um com o outro.
O importante não era assumir um relacionamento sério, era muito mais, éramos um elo inquebrável, um laço, um amor verdadeiro que nada podia atrapalhar. Nada podia desfazer, nada podia tirar esse sentimento do peito.
O sentimento era tão forte que até mesmo nos sonhos nos encontrávamos, além disso, podíamos passar meses sem conversar, sem nos ver, que a conexão era a mesma, forte, inabalável e o pouco tempo em que passávamos juntos, era capaz de mover barreiras, além de nos deixar felizes, completos, seguros…
- Não sou o cara certo para você! – Mas eu sabia que era, eu tinha certeza que não havia outra conexão estabelecida como a nossa. Um amor, um sentimento… ninguém nos afastava, nem mesmo nós próprios com todos os obstáculos que tinham.
E continua assim…
O mundo dá voltas e mais voltas… Sei que um dia ficaremos juntos, um dia. Talvez sejamos almas gêmeas, como é careta dizer isso, mas é a verdade, eu sei, você sabe… Um belo dia tudo muda e estaremos prontos, prontos para seguirmos juntos. Eu sei!
- * *
Lílian tinha acabado de chegar do trabalho, tomou banho, arrumou as madeixas ruivas que caíam até a cintura, passou um lápis, um pouco de sombra clara, e um batom vermelho, como no cotidiano.
Arrumou suas coisas e foi para a festa, tinha combinado com as colegas de trabalho de irem para um barzinho estilo pub que tinha aberto.
Era um lugar ótimo, tinham pessoas de várias idades, era fresco, tinha o local da boate, cadeiras fashion de mogno com estofado verde limão, tendência do verão, cores picantes.
Ana, Eliza e Tati já estavam por lá, tinham arrumado um lugar, e foi logo se sentar…
Todos se divertiram muito, tocava sertanejo no pub, e depois começaria a tocar musicas de boate, as conhecidas como trance, house e outras.
A ruiva deixou as garotas sozinhas e foi ao banheiro, retocar a maquiagem, jogou a franja, balançou os cabelos para arrumar os fios rebeldes e saiu do banheiro.
Abriu a porta.
Ele abriu a porta do outro lado.
Lílian reparou em seus olhos claros, verde-água, meio cor de caramelo, várias lembranças vieram à mente, os beijos, os passeios, as conversas, a história. E quanto tempo havia passado…
A garota ficou sem graça, ele deu aquele sorriso torto, justo aquele pelo qual ela havia se apaixonado perdidamente. O sorriso foi retribuído.
-Lílian…
Ele se aproximou, ambos se abraçaram, os corações batiam como um só… Ainda havia algo, ainda havia fogo, ainda havia paixão, mas paixão não dura tanto tempo, só podia ser…
Abriram um sorriso…
“Era meu sonho encontrá-lo casualmente, ambos sem ninguém, formados, independentes… e ver aquele olhar, aquele olhar, aquele olhar era o mesmo, o sorriso, o toque…” – pensou a garota. Algo me diz, como escritora deste romance, que ele também pensou o mesmo, sentiu o mesmo, era amor… Só podia ser…
Nada havia mudado.
“Saiba que ainda te espero…”
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