Epilogo



Epilogo

                                                         XXX--XXX


O Ano-Novo mal acabara de nascer, e os dois rolavam na cama do segundo andar de Scatteree Pines, enquanto uma tempestade de neve fustigava as janelas. Dentro de casa, estavam seguros e aquecidos. Ferviam, provocan­do um ao outro com as mãos, a boca, o corpo. Hermione nunca se sentira tão luminosa e transparente, sem nada a esconder. Harry a abraçava e penetrava em seu corpo, e ela se agarrava a ele e renascia a cada movimento que fazia, levando-a junto como se mergulhasse num abismo.


— Amo você — murmurou desnorteada, muito mais tarde, enquanto a neve ainda caía lá fora e o vento as­sobiava na colina, isolando-os na ilha distante. Justa­mente onde quisera ficar. Hermione sorriu, com o rosto encostado no peito de Harry. Ele acariciou suas costas, e ela se aconchegou mais, lânguida e satisfeita.


— Vai ter que se casar comigo — disse ele, como se tives­se pensado muito tempo no assunto, como se estivesse convicto. Eram praticamente iguais, vinham do mesmo meio, possuíam o mesmo tipo de passado. Portanto, só lhes restava o futuro iluminado e dourado. Ela não ti­nha dúvidas.


— Só se prometer uma coisa — disse, contorcendo-se para poder olhá-lo.


— O que você quiser — respondeu num tom rouco que vibrou na escuridão do quarto, no corpo dela. Ah, este homem. Este homem perfeito, impossível, enlouquecedor. Não tinha ideia de que se podia amar tanto, e nunca tivera alguém que a amasse incondicionalmente, como se nunca houvesse decaído, como se fosse pura e nova, por dentro e por fora. Quanto mais a amava, mais ela acreditava ser possível.


— Quero o casamento mais absurdamente careta da sociedade — falou sorrindo — o espetáculo tradicional e completo. Todos os nomes conhecidos de Nova York. Os Rockefeller e Roosevelt. Uma cauda de 5 quilô­metros e seis dezenas de damas de honra, escolhidas a dedo, de acordo com o pedigree.


Harry deu uma gargalhada.


— Por que iria querer algo assim? Parece um pesade­lo. Para ser preciso, o seu pesadelo. E garanto que meu também.


— Não quero que restem dúvidas — falou, passando o dedo nos lábios dele. — Não quero que ninguém pense que é um erro, ou que o levei a isso usando algum dos meus truques maldosos.


— Mas usou — disse, chupando o dedo dela e, logo em seguida, beijando-a. — Foi isso que fez há cinco anos, e fiquei perdido, desde então.


— Quero tratar as coisas como os outros, do jeito que o seu avô sempre desejou que você tratasse: como uma grande fusão financeira de duas famílias históricas, como se espera desde o dia em que nascemos.


— Não parece com você. Não quero me casar com sua versão fantasiosa, arrumada para consumo.


Percebeu que ele dizia a verdade e sua admiração cresceu.


— Será o presente de casamento para nossas famílias — disse. Inclinou-se para fora da cama e tateou até en­contrar o que procurava. Segurando as algemas, vol­tou-se para Harry e sorriu.


— Mas o casamento... — sussurrou, montando nele e prendendo seu braço na barra da cabeceira da cama, fazendo-o gemer de excitação. — O casamento é ape­nas para nós. — Hermione começou a contorcer o corpo e a se movimentar, acendendo novamente a chama que era apenas dos dois. Harry puxou o braço da algema, fazendo com que batesse ruidosamente no ferro da ca­beceira, e riu quando ela parou de se mexer, esperando que ele reclamasse.


— Eu disse a você: não há nada que tenha feito que eu não tenha experimentado antes. Por mais que faça, Hermione, jamais conseguirá me chocar. — O sorriso dele era malicioso e doce, luminoso como o sol, e só dela. Acreditava nele. Harry levantou as sobrancelhas, desafiando-a, provocando. Seu olhar mostrava que ele a amava. Toda. — Mas pode tentar.


E foi o que ela fez.

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