15 - A floresta proibida
– A floresta proibida.
– Não me digam que depois de apanhados ainda descumpriram mais algumas regras? – Lily perguntou preocupada.
As coisas não poderiam estar piores.
Filch levou-os à sala da Professora Minerva no primeiro andar, onde eles ficaram sentados esperando, sem trocar uma palavra entre si. Hermione tremia. Desculpas, álibis e justificativas fantásticas substituíam-se umas as outras na cabeça de Harry, cada qual mais capenga do que a anterior. Ele não conseguia ver como iam se livrar desta encrenca. Estavam encurralados. Como podiam ter sido burros a ponto de se esquecerem da capa? Não havia nenhuma razão no mundo para a Professora Minerva aceitar que estivessem fora da cama, esgueirando-se pela escola a altas horas da noite, e muito menos que estivessem na alta torre de astronomia, que era proibida aos alunos a não ser durante as aulas.
Some-se a isso Norberto e a capa da invisibilidade e seria melhor começarem a fazer as malas.
Harry achou que as coisas não poderiam ficar piores. Estava enganado. Quando a Professora Minerva apareceu, vinha trazendo Neville.
– E o que você estava fazendo andando pela escola de madrugada? – Alice perguntou à Neville cruzando os braços sobre o peito e batendo o pé no chão ritmadamente.
— Harry! — exclamou ele, no instante em que viu os outros dois. — Eu estava tentando encontrar vocês para avisar que ouvi Malfoy dizer que ia pegar vocês, disse que vocês tinham um drag...
Harry sacudiu com força a cabeça para fazer Neville calar a boca, mas a Professora Minerva viu. Parecia mais provável que ela cuspisse fogo pelas narinas do que Norberto, ali a olhar os três de cima para baixo.
– Não queria que você tivesse tido problemas... – Harry disse a Neville.
— Eu jamais teria acreditado que vocês fossem capazes disso. O Sr. Filch diz que vocês estavam no alto da torre de astronomia. É uma hora da madrugada. Expliquem-se...
Era a primeira vez que Hermione deixava de responder à uma pergunta de uma professora. Olhava para os sapatos, imóvel como uma estátua.
— Acho que tenho uma boa ideia do que anda acontecendo — disse a Professora Minerva. — Não é preciso ser gênio para somar dois mais dois. Vocês contaram a Draco Malfoy uma história da carochinha sobre um dragão, tentando tirá-lo da cama e metê-lo em apuros. Eu já o apanhei. Suponho que achem engraçado que o Neville tenha ouvido a história e acreditado nela também.
– Minerva ficou criativa depois de uns anos com a gente... – Remo disse dando de ombros.
Harry surpreendeu o olhar de Neville e tentou lhe dizer, sem falar, que aquilo não era verdade, porque Neville tinha uma expressão de espanto e mágoa. Pobre Neville trapalhão. Harry sabia o que deveria ter-lhe custado tentar encontrá-los no escuro para avisar.
– Custou muito. – Neville disse triste. – Mas saber que não era mentira faz eu me sentir melhor.
– Nunca faríamos isso com você Neville. – Hermione disse simpática.
— Estou desapontada — disse a Professora Minerva. — Quatro alunos fora da cama em uma noite! Nunca ouvi falar numa coisa dessas antes! Você, Hermione Granger, achei que tinha mais juízo. Quanto a você, Harry Potter, achei que Grifinória significava mais para você do que parece. Os três vão pegar uma detenção, sim e você também, Neville Longbottom, não há nada que lhe dê o direito de andar pela escola à noite, principalmente nos dias que correm, é muito perigoso, e vou descontar cinquenta pontos da Grifinória.
– Não reclama! – Tiago gritou.
– Ela piora os castigos quando as pessoas reclamam. – Sirius disse com sabedoria de causa.
— Cinquenta?— Harry ofegou. Perderiam a dianteira, a dianteira que ele conquistara na última partida de Quadribol.
— Cinquenta pontos de cada um — acrescentou a Professora Minerva, respirando com esforço pelo nariz longo e pontudo.
— Professora... Por favor... A senhora não pode...
– Pare de discutir, – Remo disse – ela odeia que digam que está errada.
— Não venha me dizer o que eu posso e o que eu não posso, Harry Potter. Agora voltem para a cama, todos vocês. Nunca senti tanta vergonha de alunos da Grifinória antes.
– Isso é uma grande mentira. – Sirius disse revirando os olhos. – No nosso quinto ano Tiago e eu fizemos uma aposta...
– Sirius perdeu, – Tiago completou – e teve que entrar no lago nu.
– Mas Pedro começou a rir alto demais, e eles foram pegos por Filch. – Remo continuou.
– Eles? – Lily perguntou – Por que eles, e não vocês?
– Eu estava sob a capa do Tiago. – Remo disse encolhendo os ombros.
Lily achou aquilo estranho, não fazia o gênero de Remo deixar os amigos em problemas.
– Eu petrifiquei ele. – Tiago explicou – Ele tinha acabado de se tornar monitor, não queria que ele perdesse o distintivo.
Lily olhou para Tiago, admirada, ele se prejudicava para cuidar dos amigos. Severo achou Tiago idiota, por que se prejudicar quando poderia se safar tão facilmente?
– Filch nos pegou, – Sirius continuou – e me levou nu até McGonagall...
– Ela ficou possessa! – Tiago disse rindo – conjurou um roupão para ele na mesma hora.
– Mas aquela foi a vez que ela mais sentiu vergonha de alunos da Grifinória, – Sirius disse ligeiramente orgulhoso – pode ter certeza.
– Ela nos tirou cinquenta pontos, – Tiago disse divertido – e nos deu uma semana de detenções.
– Mas ela mandou Remo aplicar algumas das detenções. – Sirius completou às gargalhadas – Então não cumprimos todas.
– Por isso que ela sempre manda vocês cumprirem detenção comigo? – Lily perguntou de repente entendendo várias piadas que Tiago e Sirius faziam.
Tiago encolheu os ombros inocente.
Cento e cinquenta pontos perdidos. Isto deixava a Grifinória em último lugar. Em uma noite, tinham estragado as chances de Grifinória conquistar a taça das casas. Harry teve a sensação de que o fundo do seu estômago se soltara. Como iriam poder compensar a perda?
Harry não dormiu a noite inteira. Ouviu Neville soluçar com a cara no travesseiro durante o que lhe pareceram horas. Harry não conseguia pensar em nenhuma palavra para consolá-lo. Sabia que Neville, como ele mesmo, estava com medo do amanhecer.
O que aconteceria quando o resto de Grifinória descobrisse o que tinham feito?
– Eles vão pegar pesado. – Frank disse com pena do filho.
A princípio, os alunos de Grifinória que passavam pelas gigantescas ampulhetas que marcavam o placar das casas, no dia seguinte, acharam que tinha havido um engano. Como podiam de repente ter cento e cinquenta pontos menos do que no dia anterior?
E então a história começou a se espalhar. Harry Potter, o famoso Harry Potter, seu herói dos jogos de Quadribol, fora o responsável pela perda de todos aqueles pontos, ele e mais uns dois panacas do primeiro ano.
– Pelo menos para vocês não vai ser tão ruim assim... – Alice disse a Neville e Hermione.
Da posição de aluno mais popular e admirado na escola, Harry passou a de mais odiado. Até os alunos da Corvinal e Lufa-Lufa se voltaram contra ele, porque todos desejavam há muito tempo ver a Sonserina perder a Taça das Casas. Para todo lado que Harry ia, as pessoas o apontavam e não se davam ao trabalho de baixar as vozes para xingá-lo. Os de Sonserina, por outro lado, batiam palmas quando ele passava, assobiavam e davam vivas.
"Obrigado, Potter, ficamos lhe devendo essa!”
Somente Rony continuou do seu lado.
– Bons amigos sempre continuam. – Tiago disse sorrindo para Rony.
— Eles vão esquecer dentro de umas semanas. Fred e Jorge já perderam montes de pontos desde que chegaram aqui e as pessoas continuam a gostar deles.
– O segredo é sempre recuperar os pontos perdidos. – Sirius ensinou.
— Eles nunca perderam cento e cinquenta pontos de uma tacada, ou perderam? — retrucou Harry, infeliz.
— Bom... Não — admitiu Rony.
Era um pouco tarde para consertar o estrago, mas Harry jurou nunca mais se meter em coisas que não eram de sua conta. Bastava de espiar e espionar.
– E quanto tempo isso durou? – Gina perguntou sem conseguir conter o riso.
Sentia tanta vergonha que foi procurar Olívio para oferecer sua demissão do time de Quadribol.
– Não! – Tiago gritou com raiva. – Como vai recuperar os pontos se não ganhar o campeonato?
— Se demitir? — trovejou Olívio. — Que bem faria isso? Como vamos poder recuperar os pontos se não conseguirmos vencer no Quadribol?
Mas até mesmo o Quadribol perdera a graça. O resto do time não queria falar com Harry durante os treinos e quando precisavam se referir a ele chamavam-no de "o apanhador".
– Devia ser deprimente. – Frank disse com pena.
Hermione e Neville estavam sofrendo também. Não estavam apanhando tanto quanto Harry, porque não eram tão conhecidos, mas ninguém falava com eles, tampouco. Hermione parara de chamar atenção nas aulas, mantinha a cabeça baixa e trabalhava em silêncio.
– De que isso adianta? – Sirius perguntou negando com a cabeça. – O melhor jeito de recuperar os pontos é respondendo perguntas e chamando a atenção dos professores.
– Jogando quadribol é mais fácil. – Tiago disse sorrindo para Harry.
– Com alguns professores mandar uns presentinhos também ajuda. – Sirius disse malicioso. – Com Slughorn basta mandar bebidas caras e petiscos especiais.
– Resumindo – Remo disse – o melhor é chamar atenção, não se esconder.
– Nós temos um sistema. – Sirius disse encolhendo os ombros.
– Anotamos todos os pontos que perdemos em um caderninho para compensar depois. – Tiago disse sorrindo.
Harry quase se alegrava que os exames não estivessem muito distantes. Todas as revisões que precisava fazer o distraiam de sua infelicidade. Ele, Rony e Hermione ficavam sozinhos, trabalhavam até tarde da noite, tentando lembrar os ingredientes das complicadas poções, aprender os feitiços e encantamentos de cor, decorar as datas das descobertas mágicas e das revoltas dos duendes...
Então, uma semana antes de começarem os exames, a nova resolução de Harry de não se meter em nada que não fosse de sua conta, foi submetida a um teste inesperado.
– Uma semana... – Gina disse sorrindo para Harry – Mais do que eu tinha imaginado.
Ao voltar da biblioteca, sozinho certa tarde, ouviu alguém choramingando numa sala de aulas mais à frente. Ao se aproximar, ouviu a voz de Quirrell.
— Não... Não... Outra vez não, por favor...
Parecia que alguém o estava ameaçando. Harry se aproximou um pouco mais.
— Está bem... Está bem — ouviu Quirrell soluçar.
No segundo seguinte, Quirrell saiu correndo da sala de aulas ajeitando o turbante.
– Mas você não escutou mais ninguém com ele? – Lily perguntou pensativa.
– Não... – Harry respondeu constrangido.
– Isso é estranho. – Remo disse.
Estava pálido e parecia prestes a chorar. E desapareceu de vista, Harry achou que Quirrell nem sequer reparara nele. Esperou até que o ruído dos passos de Quirrell desaparecesse e, então, espiou para dentro da sala. Estava vazia, mas havia uma porta entreaberta na outra extremidade. Harry já ia em direção à porta, quando se lembrou de que prometera a si mesmo não se meter em nada.
Assim mesmo, teria apostado doze pedras Filosofais que Snape acabara de deixar a sala, e pelo que Harry acabara de ouvir ganhara uma nova agilidade nos passos. Quirrell parecia ter finalmente cedido.
– Mas você não o ouviu passando informação nenhuma para ninguém. – Remo disse pensativo.
Harry voltou à biblioteca, onde Hermione estava tomando os pontos de astronomia de Rony. Contou-lhes o que ouvira.
— Snape então conseguiu — exclamou Rony, — Se Quirrell contou a ele como quebrar o feitiço antimagia negra...
– Isso não faz sentido. – Tiago bufou nervoso.
Severo concordou com ele, estava começando a achar que mesmo que muitas pistas apontassem para ele, ele não estava tentando roubar a pedra.
— Mas ainda temos Fofo — lembrou Hermione.
— Talvez Snape tenha descoberto como passar pelo cachorro sem perguntar ao Rúbeo — disse Rony, correndo os olhos pelos milhares de livros que os rodeavam — Aposto como tem um livro por aqui que ensina como se passar por um cachorrão de três cabeças.
Severo desejou que parassem de falar como se tivessem certeza de que ele era o ladrão. Ele percebeu que Harry olhava para ele estranho novamente.
Então, o que vamos fazer Harry?
O brilho de aventura voltava a iluminar os olhos de Rony, mas Hermione respondeu, antes que Harry pudesse fazê-lo.
— Vamos procurar Dumbledore. Isto é o que deveríamos ter feito há séculos. Se tentarmos alguma coisa por conta própria, com certeza vamos ser expulsos.
– Por algum motivo acho que Dumbledore já sabe disso tudo. – Alice disse suspirando.
– Dumbledore sabe tudo que acontece em Hogwarts. – Lily disse categórica.
– Nem tudo. – Tiago, Sirius, Remo e Harry disseram juntos.
— Mas não temos provas — disse Harry. — Quirrell está apavorado demais para nos apoiar. Snape só precisa dizer que não sabe como foi que o trasgo entrou no Dia das Bruxas e que nem chegou perto do terceiro andar. Em quem vocês acham que eles vão acreditar, nele ou em nós? Não é bem segredo que nós o detestamos, Dumbledore vai pensar que inventamos isso para ele ser despedido. Filch não nos ajudaria nem que a vida dele dependesse disso, é muito amigo de Snape, e quanto mais alunos forem expulsos, tanto melhor, é o que ele pensa. E não se esqueçam nós nem devíamos saber da Pedra nem de Fofo. O que vai exigir muita explicação.
– Ele não deixa de ter razão. – Frank disse encolhendo os ombros.
Hermione pareceu convencida, mas não Rony.
— Se déssemos só uma espiadinha...
— Não — respondeu Harry decidido —, já demos muitas espiadinhas.
E, dizendo isso, puxou um mapa de júpiter para perto e começou a aprender os nomes das luas.
Na manhã seguinte, Harry Hermione e Neville receberam bilhetes à mesa do café da manhã.
Diziam a mesma coisa:
“Sua detenção começará às vinte e três horas.
Aguardem o Sr. Filch no saguão de entrada.
Professora Minerva”.
– Isso não faz sentido algum. – Lily bufou – Castigar alunos que estavam andando pelo castelo depois do horário, os mandando andarem por ai depois do horário...
No furor provocado pela perda de pontos, Harry esquecera que ainda tinham detenções a cumprir. Esperou que Hermione reclamasse que aquilo representava perder uma noite inteira de revisões, mas não disse uma palavra. Achava, como Harry, que teriam o que tinham merecido.
Às onze horas da noite eles se despediram de Rony na sala comunal e desceram com Neville para o saguão de entrada. Filch já se encontrava lá e também Malfoy. Harry esquecera que Malfoy pegara uma detenção também.
– Que maravilha, – Sirius disse seco – uma noite de detenção com Malfoy.
— Sigam-me — disse Filch, acendendo uma lanterna e levando-os para fora.
— Aposto que vão pensar duas vezes antes de desobedecer novamente ao regulamento da escola, não é mesmo? — disse caçoando — Ah, sim, trabalho pesado e dor são os melhores mestres, se querem saber. É uma pena que tenham suspendido os castigos antigos, pendurar o aluno no teto pelos pulsos durante alguns dias, ainda tenho as correntes na minha sala, conservo-as azeitadas para o caso de precisarem. Muito bem, lá vamos nós, e nem pensem em fugir agora, será pior para vocês se fizerem isso.
– Ele adora fazer esse discurso. – Remo revirou os olhos.
Eles caminharam pela propriedade às escuras. Neville não parava de fungar. Harry ficou imaginando qual seria o castigo.
Devia ser alguma coisa realmente horrível, ou Filch não pareceria tão contente.
A lua brilhava, mas as nuvens que passavam por ela lançava-os na escuridão. À frente, Harry via as janelas iluminadas da cabana de Hagrid. Então, ouviram um grito distante.
— É você, Filch? Ande logo, quero começar de uma vez.
O ânimo de Harry melhorou, se eles iam trabalhar com Hagrid então não seria tão ruim. Seu alivio deve ter transparecido no rosto, porque Filch falou:
— Acho que você está pensando que vai se divertir com aquele panaca? Pois pode pensar outra vez, menino. É para a floresta que você vai e estarei muito enganado se voltar inteiro.
– Isso é ridículo. – Severo disse irritado – Punir os alunos mandando eles para um lugar onde eles são proibidos de ir não faz sentido algum.
Lily acenou em concordância, não estava gostando nada daquela detenção.
Ao ouvir isso, Neville deixou escapar um gemido e Malfoy ficou paralisado.
— A floresta? — repetiu e não pareceu tão tranquilo como de costume. — Não podemos entrar lá à noite... Tem todo tipo de coisa lá... Lobisomens, ouvi falar.
Remo suspirou infeliz, duvidava que naquela época houvesse algum lobisomem na floresta proibida.
Neville agarrou a manga das vestes de Harry e pareceu se engasgar.
— Isto é o que pensa, não é? — disse Filch, a voz esganiçando-se de satisfação. — Devia ter pensado nos lobisomens antes de se meterem encrencas, não acha?
Hagrid saiu do escuro caminhando em direção a eles, com Canino nos calcanhares. Carregava um grande arco e uma aljava com flechas pendurada ao ombro.
— Até que enfim. Já estou esperando há meia hora. Tudo bem, Harry, Hermione?
— Eu não seria tão simpático com eles, Hagrid — disse Filch com frieza — afinal eles estão aqui para serem castigados.
— E por isso que você está atrasado, não é? — disse Hagrid, amarrando a cara. — Andou passando carão neles, não é? Isso não é sua função. Você fez a sua parte, eu pego daqui para frente.
— Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles — disse Filch maldoso, deu meia-volta e retornou ao castelo, balançando a lanterna na escuridão.
Malfoy virou-se então para Hagrid.
— Não vou entrar nessa floresta — disse, e Harry ficou contente de ouvir a nota de pânico em sua voz.
– Medrosão. – Alice bufou.
— Vai, sim, se quiser continuar em Hogwarts — disse Hagrid com ferocidade. — Você agiu mal e agora tem de pagar pelo que fez...
— Mas isso é coisa para empregados e não para estudantes. Achei que íamos fazer uma cópia ou outra coisa do gênero, se meu pai souber que eu estou fazendo isso, ele...
—... Lhe dirá que em Hogwarts é assim — rosnou Hagrid. — Fazer cópia! Para que serve? Você vai fazer uma coisa útil ou vai sair da escola. E se pensa que seu pai vai preferir que você seja expulso, então volte para o castelo e faça suas malas. Vamos!
Malfoy não se mexeu. Encarou Hagrid furioso e em seguida baixou os olhos.
– Ele sabia que Lucio o mataria se ele fosse expulso. – Sirius disse com um sorriso sombrio – Os Malfoy não aceitam qualquer tipo de humilhação, quase não permitiram o casamento de Narcisa por que Andrômeda fugiu...
— Muito bem, então — disse Hagrid — agora prestem atenção, porque é perigoso o que vamos fazer hoje à noite e não quero ninguém se arriscando. Venham até aqui comigo.
Ele os conduziu à orla da floresta. Erguendo a lanterna bem alto, apontou para uma trilha serpeante de terra batida que desaparecia por entre árvores escuras. Uma brisa leve levantou os cabelos dos meninos, quando eles se viraram para a floresta.
— Olhem ali, estão vendo aquela coisa brilhando no chão? Prateada? Aquilo é sangue de unicórnio. Tem um unicórnio ali que foi ferido gravemente por alguma coisa. É a segunda vez esta semana. Encontrei um morto na quarta-feira passada. Vamos tentar encontrar o pobrezinho. Talvez a gente precise pôr fim ao sofrimento dele.
– Matar um unicórnio é uma coisa terrível. – Severo disse – Matar uma coisa tão pura, leva a pessoa a uma existência condenada. – Severo conseguia imaginar quem gostaria de uma existência condenada...
Um calafrio subiu pela espinha de Lily.
— E se a coisa que feriu o unicórnio nos encontrar primeiro? — perguntou Malfoy, incapaz de conter o medo na voz.
— Não há nenhuma criatura viva na floresta que vá machucá-lo se você estiver comigo e com o Canino. E siga a trilha. Muito bem, agora, vamos nos separar em dois grupos e seguir a trilha em direções opostas. Tem sangue por toda parte, ele deve estar cambaleando pelo menos desde a noite passada.
— Eu quero Canino — disse Malfoy depressa, olhando para as presas de Canino.
— Muito bem, mas vou lhe avisando, ele é covarde. Então eu, Harry e Hermione vamos por aqui e Draco, Neville e Canino por ali. Agora, se algum de nós achar o unicórnio, disparamos centelhas verdes para o alto, ok? Peguem as varinhas e comecem a praticar agora, assim. E se alguém se enrolar, dispare centelhas vermelhas, e vamos todos procurá-lo, então, cuidado. Vamos.
– Não gostei nada disso. – Alice suspirou pensando em seu filho sozinho na floresta sem um adulto.
Lily sentiu-se culposamente aliviada por ser Neville e não Harry sozinho com Malfoy na floresta.
A floresta estava escura e silenciosa. Entrando por ela, chegaram a uma bifurcação, e Harry, Hermione e Hagrid tomaram o caminho da esquerda enquanto Malfoy, Neville e Canino tomaram o da direita.
Caminharam em silêncio, com os olhos no chão. Aqui e ali um raio de luar penetrava por entre os galhos e iluminava uma mancha de sangue prateado nas folhas caídas.
Harry viu que Hagrid parecia muito preocupado.
— É possível um lobisomem estar matando os unicórnios? – Perguntou.
– Lobisomens não matam animais. – Tiago disse com raiva fazendo Lily olhar para ele confusa.
– Eu sei. – Harry disse olhando Tiago nos olhos.
— Não com essa rapidez, não é fácil matar um unicórnio, eles são criaturas mágicas poderosas. Nunca soube de nenhum ter sido ferido antes.
Passaram por um toco de árvore coberto de musgo. Harry ouviu água correndo, devia haver um riacho por perto. Ainda viam manchas de sangue de unicórnio aqui e ali pela trilha serpeante.
— Você está bem, Hermione? — sussurrou Hagrid — Não se preocupe, ele não pode ter ido longe se está tão ferido e então poderemos... PARA TRÁS DAQUELA ÁRVORE!
Lily encolheu-se no colo de Tiago, preocupada.
Hagrid agarrou Harry e Hermione e guindou-os para fora da trilha e para trás de um enorme carvalho. Puxou uma flecha e encaixou-a no arco, e ergueu-o, pronto para atirar. Os três apuraram os ouvidos. Alguma coisa deslizava pelas folhas mortas ali perto, parecia uma capa arrastando no chão. Hagrid apertava os olhos para enxergar a trilha escura à frente, mas, passados alguns segundos, o ruído desapareceu.
– Uma capa... – Tiago suspirou preocupado. – Tem um bruxo na floresta, e não acho que ele seja amigável...
— Eu sabia — murmurou ele. — Tem alguma coisa aqui que está fora de lugar.
— Um lobisomem? — sugeriu Harry.
Remo suspirou desejando que eles parassem de falar em lobisomens.
— Isso não era um lobisomem e não era um unicórnio, tão pouco — disse Hagrid sério. — Muito bem, me sigam, mas tenham cuidado, agora.
– Isso é uma péssima ideia. – Lily disse preocupada – Hagrid devia pegar os outros e sair da floresta, não é lugar para crianças de onze anos...
Continuaram a caminhar mais devagar, os ouvidos à escuta do menor ruído. De repente, alguma coisa na clareira adiante, alguma coisa sem dúvida se mexia.
— Quem está ai? — chamou Hagrid. — Apareça. Estou armado! E na clareira apareceu um vulto — era um homem, ou um cavalo? Até a cintura, um homem, com cabelos e barba vermelhos, mas da cintura para baixo era um luzidio cavalo castanho com uma cauda longa e avermelhada. Os queixos de Harry e Hermione caíram.
— Ah! É você, Ronan — exclamou Hagrid aliviado. — Como vai?
Ele se adiantou e apertou a mão do centauro.
— Boa noite para você, Hagrid — disse Ronan. Tinha uma voz grave e triste. — Você ia atirar em mim?
— Cautela nunca é demais, Ronan — disse Hagrid, dando uma palmadinha no arco.— Tem alguma coisa à solta nesta floresta. Ah, sim, estes são Harry Potter e Hermione Granger. Alunos lá da escola. E este é Ronan. É um centauro.
— Já percebi — disse Hermione coma voz fraca.
— Boa noite — cumprimentou Ronan — São alunos, é? E aprendem muita coisa na escola?
— Hum.
— Um pouquinho — respondeu Hermione tímida.
— Um pouquinho. Bom, já é alguma coisa — suspirou Ronan.
Depois, jogou a cabeça para trás e contemplou o céu.
— Marte está brilhante hoje.
– Isso é ruim. – Tiago bufou.
– Não achei que você acreditasse em adivinhação. – Lily disse confusa.
– Existem profetas e profecias verdadeiras, e para quem sabe ler o céu sempre fala do futuro. – Tiago disse dando de ombros.
– A mãe dele é muito boa em adivinhação... – Sirius explicou.
– Ela sempre me ensinou sobre o céu. – Tiago disse suspirando.
— É — disse Hagrid, mirando o céu também. — Olhe, foi bom termos nos encontrado, Ronan, porque tem um unicórnio ferido. Você viu alguma coisa?
Ronan não respondeu imediatamente. Continuou a olhar para o alto sem piscar e então suspirou outra vez.
— Os inocentes são sempre as primeiras vitimas. Foi assim no passado, é assim agora.
— É, mas você viu alguma coisa, Ronan? Alguma coisa anormal?
— Marte está brilhante hoje — repetiu Ronan enquanto Hagrid o observava impaciente. — Um brilho anormal.
— Sim, mas estou me referindo a alguma coisa mais perto da terra. Você não notou nada estranho?
Mais uma vez, Ronan levou algum tempo para responder. Por fim disse:
— A floresta esconde muitos segredos.
Um movimento nas árvores atrás de Ronan fez Hagrid erguer o arco outra vez, mas era apenas um segundo centauro, de cabelos e corpo negros e de aspecto mais selvagem do que Ronan.
— Olá, Agouro — cumprimentou Hagrid. — Tudo bem?
— Boa noite, Hagrid, você vai bem, espero.
— Bastante bem. Olhe, eu estava mesmo perguntando a Ronan, você viu alguma coisa estranha por aqui ultimamente? É que um unicórnio foi ferido. Você sabe alguma coisa?
Agouro foi se postar ao lado de Ronan. Olhou para o céu.
— Marte está brilhante hoje — disse simplesmente.
– Centauros são complicados... – Alice bufou.
– Não se você sabe ler nas entrelinhas. – Remo disse ainda mais preocupado. – Os inocentes são as primeiras vitimas de guerras. Foi assim no passado e é assim agora.
– Marte está brilhando. – Tiago disse – O planeta marte prenuncia conflito.
– A floresta esconde muitos segredos, – Sirius disse sombrio – tem coisas na floresta que não deveriam estar lá.
Mais um arrepio subiu pela espinha de Lily, cada vez mais tinha medo do que aconteceria no livro.
— Já sabemos — respondeu Hagrid agastado. — Bom, se um de vocês vir alguma coisa, me avise, por favor. Vamos indo, então.
Harry e Hermione saíram com ele da clareira, espiando Ronan e Agouro por cima dos ombros até as árvores tamparem sua visão.
— Nunca — disse Hagrid irritado — tentem obter uma resposta direta de um centauro. Vivem contemplando as estrelas. Não estão interessados em nada que esteja mais perto do que a lua.
– Na verdade eles até deram muitas respostas... – Frank disse pensativo.
— E têm muitos deles aqui? — perguntou Hermione.
— Ah, um bom número... Vivem isolados na maior parte do tempo, mas tem a bondade de aparecer quando preciso dar uma palavrinha. São inteligentes, veja bem, os centauros... Sabem das coisas... Só não falam muito.
— Você acha que foi um centauro que ouvimos antes? — disse Harry...
— Você achou que era barulho de cascos? Não, se quer saber, aquilo é o que anda matando os unicórnios. Nunca ouvi nada parecido antes.
E continuaram a caminhar pela floresta densa e escura. Harry não parava de espiar, nervoso, por cima do ombro. Tinha a sensação ruim de que alguém os observava. Estava contente que tivessem Hagrid e seu arco com eles. Acabavam de passar uma curva na trilha quando Hermione agarrou o braço de Hagrid.
— Rúbeo! Olhe! centelhas vermelhas, os outros estão em apuros!
Alice pegou a mão de Neville nervosa.
— Vocês dois esperem aqui! — gritou Hagrid — Fiquem na trilha, volto para apanhá-los!
Eles o ouviram romper o mato e ficaram parados se entreolhando, muito assustados, até não conseguirem ouvir mais nada a volta exceto o farfalhar das árvores.
— Você acha que eles estão machucados? — sussurrou Hermione.
— Não me importo com Malfoy, mas se alguma coisa pegou Neville... É culpa nossa que ele esteja aqui.
Os minutos se arrastaram. Seus ouvidos pareciam mais aguçados do que o normal. Harry parecia estar registrando cada suspiro do vento, cada graveto que quebrava. O que estava acontecendo? Onde estavam os outros?
Finalmente, um grande barulho de mato pisado anunciou a volta de Hagrid. Malfoy, Neville e Canino o acompanhavam.
Hagrid vinha danado da vida. Malfoy, ao que parecia, se atrasara e agarrara Neville por trás para lhe dar um susto Neville se assustara e mandara o sinal.
Alice suspirou aliviada, fora o susto nada de ruim havia acontecido com seu filho.
— Teremos sorte se apanharmos alguma coisa agora, com a barulheira que vocês aprontaram. Muito bem, vamos trocar os grupos: Neville, você e Hermione ficam comigo, Harry, você com o Canino e esse idiota. Sinto muito — acrescentou Hagrid para Harry num cochicho — mas vai ser mais difícil ele assustar você e precisamos acabar o nosso serviço.
– Isso é loucura! – Lily gemeu nervosa. – Tire essas crianças dai Hagrid!
Então Harry entrou pelo coração da floresta com Malfoy e Canino. Andaram quase meia hora, embrenhando-se cada vez mais, até que a trilha se tornou impraticável porque as árvores cresciam demasiado juntas. Havia salpicos nas raízes de uma árvore, como se o pobre bicho tivesse se debatido de dor por ali.
Harry viu uma clareira adiante, através dos galhos emaranhados de um velho carvalho.
— Olhe... — murmurou, erguendo o braço para deter Malfoy.
Alguma coisa muito branca brilhava no chão. Eles se aproximaram aos poucos.
Era o unicórnio, sim, e estava morto. Harry nunca vira nada tão bonito nem tão triste. As pernas longas e finas estavam esticadas em ângulos estranhos onde ele caíra e sua crina espalhava-se nacarada sobre as folhas escuras.
Lily deixou cair uma lágrima, a morte de um ser tão puro quanto um unicórnio era muito triste.
Harry dera um passo à frente, mas um som de algo que deslizava o fez congelar onde estava. Uma moita na orla da clareira estremeceu... Então, do meio das sombras saiu um vulto encapuzado que se arrastava de gatas pelo chão como uma fera à caça. Harry, Malfoy e Canino ficaram paralisados. O vulto encapuzado aproximou-se do unicórnio, abaixou a cabeça sobre ferimento no flanco do animal e começou a beber o seu sangue.
Lily tremeu e escondeu o rosto no peito de Tiago que estava enjoado em pensar em alguém bebendo sangue de unicórnio.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
Malfoy soltou um grito terrível e fugiu, seguido por Canino. A figura encapuzada ergueu a cabeça e olhou diretamente para Harry. O sangue do unicórnio escorrendo pelo peito. Ficou de pé e avançou rápido para Harry, que não conseguiu se mexer de medo.
Então uma dor, como ele nunca sentira antes, varreu sua cabeça, como se a sua cicatriz estivesse em fogo, meio cego, ele recuou cambaleando.
– Dor na cicatriz? – Severo perguntou pensativo, Harry confirmou – estranho...
Ouviu cascos as suas costas, galopando, e aí alguma coisa saltou por cima dele, e atacou o vulto.
A dor na cabeça de Harry foi tão forte que ele caiu de joelhos.
Levou uns dois minutos para passar. Quando ergueu os olhos, o vulto desaparecera. Um centauro avultava-se sobre ele, mas não era Ronan nem Agouro, este parecia mais novo, tinha cabelos louros prateados e o corpo baio.
— Você está bem? — perguntou o centauro, ajudando Harry a se levantar.
— Estou, obrigado, o que foi aquilo?
O centauro não respondeu. Tinha espantosos olhos azuis, como safiras muito claras. Mirou Harry com atenção, demorando o olhar na cicatriz que se sobressaia, lívida, em sua testa.
— Você é o menino Potter. É melhor voltar para a companhia de Hagrid. A floresta não é segura à estas horas, principalmente para você. Sabe montar? Será mais rápido. Meu nome é Firenze
– Você sabe que as coisas estão ruins quando um centauro se oferece para deixar você montar. – Sirius disse soturno.
– O que ele quis dizer com “principalmente para você”? – Lily perguntou preocupada.
— acrescentou ao dobrar as patas dianteiras para Harry poder subir no seu lombo.
Ouviram repentinamente o ruído de galopes vindo do outro lado da clareira. Ronan e Agouro irromperam do meio das árvores, os flancos arfantes e suados.
— Firenze! — Agouro trovejou. — O que é que você está fazendo? Está carregando um humano! Não tem vergonha? Você é uma mula?
— Você sabe quem ele é? — retrucou Firenze — É o menino Potter. Quanto mais rápido ele sair da floresta, melhor.
— O que é que você andou contando a ele? — rosnou Agouro. — Lembre-se, Firenze, juramos nunca nos indispor com os céus. Você não leu o que vai acontecer nos movimentos dos planetas?
Ronan pateou o chão, nervoso.
— Tenho certeza de que Firenze achou que estava fazendo o melhor — falou em tom sombrio.
Agouro escoiceou com raiva.
— Fazendo o melhor! O que tem isso a ver conosco? Os centauros se preocupam com o que foi previsto! Não é nossa função ficar correndo por aí como jumentos recolhendo humanos perdidos na nossa floresta!
Firenze de repente empinou-se nas patas traseiras com raiva, de modo que Harry teve de se agarrar nos seus ombros para não cair.
— Você não viu o unicórnio! — Firenze berrou para Agouro. — Você não percebe por que foi morto? Ou será que os planetas não lhe contaram esse segredo? Tomei posição contra o que está rondando a floresta, Agouro, tomei, sim, ao lado dos humanos se for preciso.
– Tem que estar muito ruim para um centauro ficar do lado dos humanos. – Remo disse preocupado.
E Firenze virou-se depressa para partir, com Harry agarrando-se o melhor que podia, eles mergulharam entre as árvores, deixando Ronan e Agouro para trás.
E Harry não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.
— Por que Agouro está tão zangado? — perguntou. — O que era aquela coisa de que você me livrou?
– Eu tenho uma boa ideia de quem é... – Tiago disse nervoso – Mas espero realmente que o livro prove que estou errado.
Firenze abrandou a marcha, alertou Harry para manter a cabeça abaixada a fim de evitar os galhos baixos, mas não respondeu à pergunta. Continuaram por entre as árvores em silêncio por tanto tempo que Harry achou que Firenze não queria mais falar com ele.
Estavam passando por um trecho particularmente denso da floresta, quando Firenze parou de repente.
— Harry Potter, você sabe para que se usa o sangue de unicórnio?
— Não — disse Harry surpreendido pela estranha pergunta. — Só usamos o chifre e a cauda na aula de Poções.
— Porque é uma coisa monstruosa matar um unicórnio. Só alguém que não tem nada a perder e tudo a ganhar cometeria um crime desses. O sangue do unicórnio mantém a pessoa viva, mesmo quando ela está à beira da morte, mas a um preço terrível. Ela matou algo puro e indefeso para se salvar e só terá uma semi-vida, uma vida amaldiçoada, do momento que o sangue lhe tocar os lábios.
Lily começou a chorar, tinha percebido onde Firenze queria chegar e não aguentou.
Harry ficou olhando para a nuca de Firenze, que estava prateada de luar.
— Mas quem estaria tão desesperado? — pensou em voz alta — Se a pessoa vai ser amaldiçoada para sempre, é preferível morrer, não é?
— É — concordou Firenze —, a não ser que ela precise se manter viva o tempo suficiente para beber outra coisa, algo que vai lhe devolver a força e o poder totais, algo que significa que jamais poderá morrer. Sr. Potter, o senhor sabe o que é que está escondido na sua escola neste momento?
— A Pedra Filosofal! É claro, o elixir da vida! Mas não percebo quem...
— Não consegue pensar em ninguém que tenha esperado muitos anos para retomar o poder, que se apegou à vida, esperando uma chance?
Foi como se uma mão de ferro de repente apertasse o coração de Harry. Acima do farfalhar das árvores, ele parecia ouvir mais uma vez o que Hagrid lhe contara na noite que se conheceram:
"Uns dizem que ele morreu. Bobagem, na minha opinião. Não sei se ele ainda teria bastante humanidade para morrer".
— Você está dizendo — Harry falou rouco — que aquele era o Vol...
– Sabia... – Sirius murmurou sorumbático. – sabia que ele voltaria...
Remo suspirou nervoso.
— Harry! Harry, você está bem?
Hermione vinha correndo ao encontro deles pela trilha, Hagrid a acompanhava arfando.
— Estou bem — disse Harry, sem nem saber o que estava dizendo. — O unicórnio morreu, Rúbeo, está naquela clareira lá atrás.
— É aqui que eu o deixo — murmurou Firenze enquanto Hagrid corria para examinar o unicórnio. — Está seguro agora.
Harry escorregou de suas costas.
— Boa sorte, Harry Potter — disse Firenze. — Os planetas já foram mal interpretados antes, até mesmo pelos centauros. Espero que seja o que está ocorrendo agora.
Virou-se e entrou a trote pela floresta, deixando para trás um Harry cheio de tremores.
Rony adormecera no salão comunal às escuras, esperando os amigos voltarem. Gritou alguma coisa sobre faltas no Quadribol, quando Harry o sacudiu com força para acordá-lo. Em questão de segundos, porém, seus olhos se arregalaram quando Harry começou a contar a ele e a Hermione o que acontecera na floresta.
Harry nem conseguia se sentar. Andava para cima e para baixo na frente da lareira. Continuava a tremer.
—Snape quer a pedra para Voldemort... E Voldemort está esperando na floresta... E todo esse tempo pensamos que Snape só queria ficar rico.
Sirius não resistiu e olhou feio para Severo, apesar de tudo que estava estranho naquela história, ele não conseguia resistir em colocar a culpa em Snape.
— Pare de repetir esse nome! — disse Rony num sussurro de terror como se Voldemort pudesse ouvi-los.
Harry nem o escutou.
— Firenze me salvou, mas não devia ter feito isso. Agouro ficou furioso... Falou de interferência naquilo que os planetas anunciaram que ia acontecer. Eles devem estar indicando que Voldemort vai voltar. Agouro acha que Firenze devia ter deixado Voldemort me matar. Imagino que isso também esteja escrito nas estrelas.
— Quer parar de dizer esse nome!— sibilou Rony.
— Portanto só preciso esperar que Snape roube a pedra — continuou Harry febril —, então Voldemort vai poder voltar e acabar comigo. Bem, quem sabe Agouro vai ficar feliz.
Lily tremia ao ouvir seu filho falando daquele jeito aos onze anos.
Hermione parecia muito assustada, mas teve uma palavra de consolo.
— Harry, todo mundo diz que Dumbledore é a única pessoa de quem Você-Sabe-Quem já teve medo. Com Dumbledore por perto Você-Sabe-Quem não vai tocar em você. Em todo o caso, quem disse que os centauros tem razão? Isso está me parecendo adivinhação, e a Professora Minerva diz que adivinhar o futuro é um ramo muito inexato da magia.
– Hermione tem razão. – Alice disse tentando acalmar Lily – Voldemort não vai fazer nada enquanto Dumbledore estiver em Hogwarts.
O céu havia clareado antes de terminarem de conversar. Foram se deitar exaustos, com as gargantas ardendo. Mas as surpresas da noite não tinham terminado.
Quando Harry puxou os lençóis da cama, encontrou a capa da invisibilidade cuidadosamente dobrada sobre o forro. Tinha um bilhete espetado nela: “Por via das dúvidas”.
– É claro que foi Dumbledore que entregou a capa a ele... – Tiago disse ligeiramente aliviado.
– Podemos parar para comer? – Rony perguntou nervoso.
– A gente para no fim do próximo, – Lily disse chorosa – quero saber o que vai acontecer...
– Eu realmente acho melhor parar agora. – Hermione disse tentando ser delicada – Não acho que vamos conseguir parar até o final depois do próximo...
– Ah... – Lily disse ainda deixando lágrimas escaparem – tudo bem então.
Lily passou o almoço inteiro chorando, não conseguia suportar a ideia de seu filho encontrando Voldemort de novo, mas sabia que era o que aconteceria...
Tiago não estava muito melhor, acariciava os cabelos de Lily com o olhar perdido.
– Não acredito nisso. – Sirius disse a Remo – Não basta Voldemort destruir a vida de Harry uma vez?
– Vai dar tudo certo, Sirius – Remo disse olhando para Harry que comia com Gina do outro lado da mesa – ele está bem, está aqui, significa que no final deu tudo certo.
– O que me preocupa é tudo que ele teve que enfrentar no caminho... – Sirius suspirou – Queria estar com ele nesse período. Ajudar ele a enfrentar as coisas...
– Talvez você esteja, – Remo consolou – Talvez nós vamos aparecer nos próximos livros, e vá ter uma boa explicação para nossa ausência. – Remo desejava que isso fosse verdade – Se não, não teria razão de estarmos aqui lendo com eles...
– Espero que você esteja certo. – Sirius disse cabisbaixo.
Severo observava a tristeza de Lily e teve certeza de que não era ele quem estava tentando roubar a pedra.
– Vamos ler então? – Tiago disse depois que todos terminaram de comer.
Cada um voltou a seu lugar, ninguém tinha uma expressão muito boa. Tiago pegou o livro e olhou para ele por alguns segundos antes de abrir no próximo capítulo. Tiago suspirou pesaroso ao ler o nome do capítulo.
– Capítulo XVI – No alçapão.
~~ x ~~
Olá leitores queridos! Meu dia fica mais feliz quando entro aqui e vejo todos os seus
comentários. Tenho mais uma pergunta para vocês: Qual o seu personagem favorito de toda a saga? Como a maioria de vocês sabe o meu personagem favorito é o Sirius, sempre foi, desde que li PdA pela primeira vez há 14 anos.
Li Everllark: Fico feliz que esteja gostando tanto. Não pretendo desistir. Não mesmo!
Day Caracas: A Lily vai envelhecer anos em dias por causa das aventuras do filho, hehe. Quanto ao Sirius, tenho a intenção de que ele não morra na minha fic... então talvez a gente consiga consertar as coisas, não é?
Guilherme L: Ahhh, só vi seu pedido agora, se não teria postado domingo para você... Na verdade são 17 capítulos, e estamos chegando ao fim... Quanto à faculdade, é difícil mesmo, estou no meu oitavo período de direito, tenho faculdade, trabalho, uma casa e um marido para cuidar... Mas não consigo viver sem escrever, sou infeliz quando não escrevo (ou seja, tenho dormido cada vez menos, hahaha). O negócio é, vai dar tudo certo, é difícil, mas vale a pena.
Luiza Snape: Continuando!
Clenery Aingremont: Adoro você por esses seus comentários gigantescos! James Sirius não morre, mas acho que seria macabro demais se morresse, não é? São dragões demais para Lily, muito mais do que o necessário... Não parei de fazer as perguntas, só faço de vez em quando, tenho sete livros para escrever, e nem tantas perguntas assim, hehehe. Não pretendo parar, não mesmo! Eu sou fluente em inglês e espanhol, quando estou conversando com minhas amigas uso várias expressões dessas linguas, porém evito usar escrevendo, é um exercício de auto-controle. Acho que meu filme favorito teria que ser PdA também. Não sei bem porque, talvez por que nos outros eles inventam demais... O que menos gosto acho que é CdF, ou por que também é o livro que menos gosto, ou por que acho que eles cortaram coisas demais... As cenas que você citou também me incomodam bastante... Em PF não gostei deles terem cortado o duelo à meia noite, e achei idiota o jeito como eles encontraram o Fofo, muito melhor no livro, e o Neville não estar com eles... E também a Gina ter escondido o livro do Príncipe em vez do Harry, por que ele precisava esconder para fazer sentido ele saber onde estava a tiara de Ravenclaw em RdM! Não consigo ver os filmes por essas coisas, fico o filme todo falando o que ta errado e etc. Eu gostei mais do Richard Harris, ele parecia tão mais bondoso... Apesar de que quanto mais sombrio o livro ficava, mais sombrio Dumbledore parecia ficar também, então acabou sendo boa a mudança, o triste foi a forma como ocorreu... Ufa! Acho que respondi tudo!
Arthur lacerda: Aqui está, mais um para você!
LULU789: Acho que se eu fosse a responsável por transformar os livros em filmes cada filme teria umas 6 horas de duração, ou mais, por que eu ia querer colocar absolutamente tudo. Acho a história perfeita demais do jeito que é... Por isso não gosto muito dos filmes, acho que tiraram coisas demais, algumas necessárias, tipo o Harry escondendo o livro do princípe, se o Harry não foi quem escondeu, como ele se lembraria de colocar a tiara de Ravenclaw em cima de um busto no armário para voltar em RdM e destruir a Horcrux? Entende o que quero dizer?
Mary Lilian Potter: A reação de cada um deles vai ser diferente, talvez algumas surpreendam... Que bom que está gostando, fico feliz!
NathaliaHelena: Seja muito bem-vinda! Me esforço para não deixar os diálogos cansativos ou bobos demais, claro que às vezes uma ou outra brincadeira acontecem, afinal são os marotos... Fico feliz que tenha encontrado essa fic ontem, e fico mais feliz ainda que tenha comentado, adoro conhecer meus leitores!!
Gi Molly Weasley: Sério? É exatamente o mesmo livro e mesma parte favorita que eu!! Boa sorte com as provas, sei exatamente como é, também estou em semana de provas na faculdade...
Até o próximo leitores lindos! Não deixem de comentar e me fazer feliz.
Comentários (11)
Nossa, vida complicada..e eu reclamando da minha kkkk. Ah, não se preocupe, eu sempre tento dar um jeito de arrumar um tempinho pra ler/comentar..sei o quanto o feedback é importante porquê foi exatamente por isso que eu parei de escrever a fic que eu tinha. Querendo ou não você desestimula, estou vendo se volto a escrever próximo ano, além de ser sobre um tema que eu adoro(HP), escrever me permitia desopilar e esquecer os problemas um pouquinho. Ah, e você já ta perto de se formar( apesar que isso é relativamente pior, tendo que se preocupar com o TCC e tal), eu estou no meio e já estou morrendo...isso porque meu periodo praticamente acabou de começar, pelo menos o Natal e o recesso abençoado estão chegando,haha. Ah, meu personagem preferido sempre foi a Hermione, gosto dela na mesma proporção que odeio o Rony, que pra mim(sei que vou levar pedradas por isso) não incrementa em absolutamente nada na história se não fosse pela família dele( o unico momento importante dele na minha visão foi justamente o jogo de xadrez que está por vir, o único momento que vi ele fazendo algo útil) As únicas 2 coisas que odeio na JK foram: matar o Sirius e ter feito a Hermione ficar com o Rony no final, sempre fui defensor assíduo de H/Hr, apesar de relativamente gostar da Gina haha.
2013-11-26