13 - Nicolau Flamel
– Nicolau Flamel
– Finalmente vocês vão encontrá-lo. – comemorou Sirius.
– Estava na cara o tempo todo... –Remo completou.
Dumbledore convencera Harry a não tornar a procurar o Espelho de Ojesed,
– Que bom. – Lily disse aliviada – Você estava começando a perder a cabeça por causa daquele espelho.
e durante o resto das férias de Natal a capa da invisibilidade permaneceu guardada no fundo do baú.
– Mas não precisava exagerar. – Tiago disse chateado – Vocês deviam ter usado a capa para explorar a escola...
– É isso que vocês fazem a noite? – Frank perguntou curioso.
– É. – Sirius disse dando de ombros.
Harry gostaria de poder esquecer o que vira no espelho com a mesma facilidade, mas não conseguiu. Começou a ter pesadelos. Sonhava repetidamente com os pais desaparecendo em um relâmpago de luz verde enquanto uma voz esganiçada gargalhava.
Lily suspirou e segurou com força a mão do filho.
— Está vendo? Dumbledore tinha razão, aquele espelho podia deixar você maluco — disse Rony, quando Harry lhe contou os sonhos.
Hermione, que voltou um dia antes do período letivo começar, viu as coisas de outro modo. Estava dilacerada entre o horror de pensar em Harry fora da cama, perambulando pela escola três noites seguidas ("E se Filch tivesse te apanhado!") e o desapontamento que ele não tivesse ao menos descoberto quem era Nicolau Flamel.
– Eu tentei no primeiro dia... – Harry disse dando de ombros.
Quase perdera as esperanças de encontrar Flamel em um livro da biblioteca, embora Harry tivesse certeza de que lera o nome em algum lugar.
– Vocês deviam ter reduzido as buscas à coisas que Harry leu depois de descobrir que era um bruxo. – Frank disse como se fosse evidente.
– Naquela época não seria tão difícil assim. – Alice disse concordando com o namorado.
Quando o novo período letivo começou, eles voltaram a folhear os livros durante os dez minutos de intervalo entre as aulas. Harry tinha ainda menos tempo do que os outros dois, porque o treino de Quadribol recomeçara.
Olívio estava puxando pelo time como nunca fizera antes. Até mesmo as chuvas intermináveis que substituíram as nevadas não conseguiam esmorecer a sua animação.
– Treinos na chuva são imprescindíveis. – Tiago disse satisfeito – Jogos de quadribol não são cancelados por causa de uma chuvinha qualquer.
– Nem mesmo por causa de tempestades. – Gina disse concordando com Tiago.
Os Weasley reclamavam que Olívio estava se tornando fanático, mas Harry o apoiava.
– Isso mesmo! – Tiago disse orgulhoso – Tem que levar quadribol a sério.
Se ganhassem a próxima partida, contra Lufa-Lufa, passariam a frente da Sonserina no campeonato das casas pela primeira vez em sete anos. Além do desejo de ganhar, Harry descobriu que tinha menos pesadelos quando voltava exausto dos treinos.
Então, durante um treino particularmente chuvoso e enlameado, Olívio deu uma notícia ruim ao time. Acabara de se enfurecer com os Weasley, que davam mergulhos violentos um sobre o outro e fingiam cair das vassouras.
— Vocês querem parar de se comportar feito bobos! — berrou. — Isso é o tipo de atitude que vai fazer a gente perder o jogo! Snape vai apitar dessa vez e vai procurar qualquer desculpa para tirar pontos da Grifinória!
– Isso não! – Tiago gritou irritado. – Como ousa se meter com o quadribol?
– Ele quer roubar para Sonserina! – Alice disse aborrecida.
– Ele só quer uma chance de azarar Harry sem ser interrompido. – Sirius rosnou com raiva.
– Por favor. – Hermione disse nervosa – Esperem o fim dos livros para julgamentos.
Severo também não entendia por que iria apitar o jogo. Não fazia qualquer sentido. Ele sabia as regras do quadribol, mas nunca teve qualquer interesse no jogo.
Jorge Weasley realmente caiu da vassoura ao ouvir isso.
— Snape vai apitar o jogo? — perguntou embolando as palavras com a boca cheia de lama. — Quando foi na vida que ele apitou um jogo de Quadribol? Ele não vai ser imparcial se tivermos chance de passar à frente de Sonserina.
O resto do time pousou ao lado de Jorge para reclamar também.
— A culpa não é minha — disse Olívio. — Nós é que vamos ter de nos cuidar e jogar uma partida limpa, para não dar a Snape desculpa para implicar conosco.
Estava tudo muito bem, pensou Harry, mas ele tinha outra razão para não querer Snape por perto quando estivesse jogando Quadribol.
Severo desejou que o livro parasse de falar nele daquele jeito, Sirius e Remo não paravam de estalar os dedos em sua direção, e a expressão de Tiago era de dar medo. Não que Severo tivesse medo de qualquer um deles, mas estava obviamente em minoria.
Os outros jogadores se demoraram conversando no final do treino como sempre faziam, mas Harry rumou direto para a sala comunal de Grifinória, onde encontrou Rony e Hermione jogando xadrez. Xadrez era a única coisa em que Hermione perdia, uma experiência que Rony e Harry achavam que lhe fazia muito bem.
Hermione revirou os olhos.
— Não fale comigo agora — pediu Rony quando Harry se sentou ao seu lado. — Preciso me concentrar. – Aí, viu a cara do Harry.
— Que aconteceu com você? Está com uma cara horrível.
Falando baixinho para ninguém mais ouvir, Harry contou aos dois o desejo sinistro e súbito de Snape de ser juiz de Quadribol.
— Não jogue — disse Hermione na mesma hora.
— Diga que está doente — aconselhou Rony.
— Finja que quebrou a perna — sugeriu Hermione.
— Quebre a perna de verdade — insistiu Rony.
– Não adiantaria nada, – Sirius disse – Madame Pomfrey conserta ossos em segundos.
– E espero que você não abandone seu time por causa disso. – Tiago disse indicando Severo com a cabeça.
– Mesmo arriscando perder a vida? – Alice perguntou a Tiago, revoltada.
— Não posso — respondeu Harry — Não temos apanhador de reserva. Se eu fujo, Grifinória não vai poder jogar.
Tiago olhou para Harry com orgulho.
Naquele momento, Neville entrou aos tombos na sala comunal.
– O que fizeram com você? – Alice perguntou a Neville preocupada.
Neville apenas suspirou e indicou que Remo continuasse lendo.
Como conseguira passar pelo buraco do retrato ninguém sabia, porque tinha as pernas grudadas pelo que eles imediatamente reconheceram ser o Feitiço da Perna Presa. Devia ter precisado andar aos pulos como um coelho até a torre de Grifinória.
Todo o mundo caiu na gargalhada menos Hermione, que ficou em pé de um salto e fez o contrafeitiço. As pernas de Neville se separaram e ele se endireitou, tremendo.
— Que aconteceu? — perguntou Hermione, levando-o para se sentar com Harry e Rony.
— Malfoy — disse Neville com a voz trêmula. — Encontrei-o na saída da biblioteca. Ele disse que estava procurando alguém em quem praticar o feitiço.
– Eu espero que vocês se vinguem desse garoto em algum momento. – Frank, que normalmente era sensato, disse irritado.
— Vá procurar a Professora Minerva! — insistiu Hermione. — Dê parte dele!
Neville sacudiu a cabeça.
— Não quero mais confusão — murmurou.
— Você tem de enfrentá-lo, Neville! — disse Rony. — Ele está acostumado a pisar nas pessoas, mas não há razão para você se deitar aos pés dele para facilitar.
– Rony tem razão. – Remo disse para Neville – Enfrente as pessoas, não deixe que elas pisem em você.
Neville sorriu para Remo.
— Não precisa me dizer que não sou bastante corajoso para pertencer a Grifinória. Draco já fez isso — disse Neville engasgado.
– Tenho certeza de que não foi isso que Rony quis dizer. – Alice disse para Neville com carinho.
Harry apalpou o bolso de suas vestes e tirou um sapo de chocolate, o último da caixa que Hermione lhe dera no Natal. Deu-o a Neville, que estava com cara de quem ia chorar.
— Você vale doze Dracos — disse Harry. — O Chapéu Seletor escolheu você para Grifinória, não foi? E onde está Draco? Naquela Sonserina nojenta.
– Você vale milhares de Dracos, Neville. – disse Harry – Eu estava errado.
– Obrigado. – Neville sorriu para Harry.
A boca de Neville se contraiu num sorrisinho enquanto desembrulhava o sapo.
— Obrigado, Harry. Acho que vou para a cama... Você quer o cartão, você coleciona, não é?
Quando Neville se afastou, Harry olhou para o cartão de Bruxo Famoso.
— Dumbledore outra vez. Ele foi o primeiro que...
– Finalmente! – comemorou Tiago.
E soltou uma exclamação. Olhou para o verso do cartão. Em seguida olhou para Rony e Hermione.
— Encontrei!— murmurou — Encontrei Flamel! Eu disse a vocês que tinha lido o nome dele em algum lugar. Li-o no trem a caminho daqui. Escutem só isso:
O Professor Dumbledore é particularmente famoso por ter derrotado Grindelwald, o bruxo das Trevas, em 1945, e ter descoberto os doze usos do sangue de dragão, e por desenvolver um trabalho de alquimia em parceria com Nicolau Flamel.
Hermione ficou em pé de um salto. Não parecia tão animada desde que eles tinham recebido as notas do primeiro dever de casa.
– Que tipo de pessoa se anima com notas de dever de casa? – Sirius perguntou rindo.
— Não saiam daqui! — disse e saiu escada acima em direção aos dormitórios das meninas.
Harry e Rony mal tiveram tempo de trocar um olhar intrigado e ela já estava correndo de volta, com um enorme livro velho nos braços.
— Nunca pensei em olhar aqui — falou excitada. — Tirei-o da biblioteca há semanas para me distrair um pouco.
— Distrair? — admirou-se Rony, mas Hermione mandou-o ficar quieto, enquanto procurava alguma coisa e começou a folhear as páginas do livro, ansiosa, resmungando para si mesma.
Finalmente encontrou o que procurava.
— Eu sabia! Eu sabia!
— Já podemos falar? — perguntou Rony de mau humor.
Hermione não lhe deu resposta.
— Nicolau Flamel — sussurrou ela teatralmente — é, ao que se sabe, a única pessoa que produziu a Pedra Filosofal.
A frase não teve bem o efeito que ela esperava.
— A o quê? — exclamaram Harry e Rony.
— Ah, francamente, vocês dois não leem? Olhem, leiam isso aqui.
– Nessa altura você já devia ter percebido que não. – disse Rony.
Ela empurrou o livro para os dois, que leram:
O antigo estudo da alquimia preocupava-se com a produção da Pedra Filosofal, uma substancia lendária com poderes fantásticos. A pedra pode transformar qualquer metal em ouro puro. Produz também o Elixir da Vida, que torna quem o bebe imortal.
Falou-se muito da Pedra Filosofal durante séculos, mas a única Pedra que existe presentemente pertence ao Sr. Nicolau Flamel o famoso alquimista e amante da opera. O Sr. Flamel que comemorou o seu sexcentésimo sexagésimo quinto aniversário no ano passado, leva uma vida tranqüila em Devon, com sua mulher, Perenelle (seiscentos e cinqüenta e oito anos).
— Viram? — disse Hermione, quando Harry e Rony terminaram. — O cachorro deve estar guardando a Pedra Filosofal de Flamel! Aposto que ele pediu a Dumbledore que a guardasse em segurança, porque são amigos e ele sabia que alguém andava atrás dela, esse é o motivo por que Dumbledore quis transferir a pedra de Gringotes.
— Uma pedra que produz ouro e não deixa a gente morrer! — exclamou Harry. — Não admira que Snape ande atrás dela! Qualquer um andaria.
– Não acho que ele esteja atrás dela para ele... – Sirius cochichou para Remo.
Remo não podia deixar de concordar.
— E não admira que não conseguíssemos encontrar Flamel em Estudos aos avanços recentes em magia — disse Rony — Ele não é bem recente, se já fez seiscentos e sessenta e cinco anos, não é mesmo?
Ninguém conseguiu resistir, todos riram do comentário de Rony.
Na manhã seguinte, na sala de Defesa Contra a Magia Negra, enquanto copiavam as diferentes maneiras de tratar mordidas de lobisomem, Harry e Rony continuavam a discutir o que fariam com uma Pedra Filosofal se tivessem uma. Somente quando Rony disse que compraria o próprio time de Quadribol foi que Harry se lembrou de Snape e da partida que se aproximava.
— Eu vou jogar — disse a Rony e Hermione. — Se não fizer isso, o pessoal de Sonserina vai pensar que tenho medo de encarar Snape. Vou mostrar a eles... Vamos tirar aquele sorriso da cara deles se vencermos.
– Isso! – Tiago disse contente. – Não deixe que nenhum sonserino idiota te impeça de vencer.
— Desde que a gente não acabe tirando você da quadra — disse Hermione.
À medida que a partida se aproximava, porém, Harry foi ficando cada vez mais nervoso, mesmo que negasse isso para Rony e Hermione.
– Na verdade você não era muito bom negando. – Hermione disse.
O resto do time também não estava tão calmo assim. A ideia de passar à frente de Sonserina no campeonato das casas era maravilhosa, ninguém fazia isso havia quase sete anos, mas será que conseguiriam, com um juiz tão parcial?
Harry não sabia se estava ou não imaginando, mas parecia estar sempre encontrando Snape por todo lugar em que ia. Às vezes, ele até se perguntava se Snape não o estava seguindo, tentando apanhá-lo sozinho. As aulas de Poções estavam se transformando numa espécie de tortura semanal. De tão ruim que Snape era com Harry. Seria possível que Snape tivesse descoberto que os meninos haviam lido sobre a Pedra Filosofal? Harry não imaginava como, no entanto, por vezes tinha uma horrível sensação de que Snape podia ler pensamentos.
– Você pode? – Lily perguntou de repente.
– Atualmente não. – Severo disse dando de ombros – Mas é um assunto que muito me interessa. Tenho intenção de aprender.
Tiago, Sirius e Remo se entreolharam preocupados.
Harry sabia que, quando lhe desejassem boa sorte à porta do vestiário na tarde seguinte, Rony e Hermione estariam se perguntando se o veriam vivo outra vez. Isto não era o que se poderia chamar de consolo. Harry mal ouviu uma palavra da conversa de Olívio para animar os jogadores enquanto vestia o uniforme de Quadribol e apanhava sua Nimbus 2000.
Entrementes, Rony e Hermione tinham encontrado um lugar nas arquibancadas junto a Neville, que não conseguia entender por que eles estavam tão sérios e tampouco por que haviam trazido as varinhas para o jogo.
– Vocês deviam carregar a varinha com vocês o tempo todo. – Sirius disse.
– Eles viviam em uma época mais tranquila, não deviam ver necessidade de andar com varinhas. – Remo explicou.
Mal sabia Harry que Rony e Hermione tinham andado praticando secretamente o Feitiço das Pernas Presas. Tinham tido essa ideia ao verem Draco usá-lo contra Neville e estavam preparados para usá-lo contra Snape se ele desse o menor sinal de querer machucar Harry.
– Ótima ideia! – aprovou Sirius com um sorriso.
— Agora não esqueça, é Locomotor Mortis — cochichou Hermione enquanto Rony escondia a varinha na manga.
— Eu sei — Rony respondeu com maus modos. — Não chateia.
Mas no vestiário, Olívio puxara Harry para um lado.
— Não quero pressioná-lo, Potter, mas se há um dia em que precisamos agarrar o pomo logo de saída é hoje. Termine o jogo antes que Snape possa favorecer Lufa-Lufa demais.
– Isso por que ele não quer te pressionar. – Tiago disse desaprovando a atitude do capitão da Grifinória.
— A escola inteira está lá fora! — disse Fred Weasley, espiando para fora da porta. — Até mesmo, putz, Dumbledore veio assistir!
– Ninguém teria coragem de azarar Harry na frente de Dumbledore. – Lily disse mais calma.
Severo ficou feliz em perceber que Lily não se referiu diretamente a ele.
O coração de Harry deu um salto.
— Dumbledore? — disse, correndo até a porta para se certificar se Fred tinha razão. Não havia como confundir aquela barba prateada.
Harry poderia ter dado uma grande gargalhada de alívio. Estava seguro. Simplesmente não havia jeito de Snape ousar machucá-lo se Dumbledore estivesse assistindo.
Talvez fosse por isso que Snape estava com a cara tão zangada na hora em que os times entraram em campo, uma coisa em que Rony também reparou.
— Nunca vi Snape com uma cara tão feia — disse a Hermione.
– Fico pensando em como devia estar a cara dele se estava pior do que o normal. – Sirius cochichou para Remo e Gina.
— Olhe, começou. Ai!
Alguém cutucara Rony na cabeça. Era Draco.
— Ah, desculpe, Weasley, não vi você aí. — Draco deu um largo sorriso para Crabbe e Goyle.
— Quanto tempo será que Potter vai se aguentar na vassoura desta vez? Alguém quer apostar? E você, Weasley?
Rony não respondeu, Snape acabara de achar uma penalidade na Grifinória porque Jorge Weasley mandara um balaço nele.
Hermione, que mantinha todos os dedos cruzados no colo, apertava os olhos fixos em Harry, que circulava sobre os jogadores como um falcão, à procura do pomo.
— Sabe como eu acho que eles escolhem jogadores para o time da Grifinória? — disse Draco bem alto alguns minutos depois, quando Snape aplicou nova penalidade em Grifinória sem a menor razão. — Escolhem as pessoas que dão pena. Vê só, o Potter, que não tem pais, depois os Weasley, que não tem dinheiro. Você também devia estar no time, Longbottom, você não tem miolos.
– Esse garoto é insuportável! – Lily disse irritada.
Severo também não estava mais aguentando o garoto Malfoy. Ele falava da morte de Lily com despeito.
Neville ficou muito vermelho, mas se virou para encarar Draco.
— Eu valho doze Dracos, Malfoy — gaguejou ele.
Draco, Crabbe e Goyle rolaram de rir, mas Rony, que continuava sem coragem de despregar os olhos do jogo, disse:
— Isso mesmo, responda a ele, Neville.
– Isso Neville. – Remo disse – Enfrente esse idiota!
— Longbottom, se miolos fossem ouro, você seria mais pobre do que Weasley e isso já é muita coisa.
As mãos de Frank tremiam de raiva ao ouvir que Malfoy foi tão maldoso com seu filho.
Os nervos de Rony já estavam esticados ao máximo de tanta preocupação como Harry. — Estou lhe avisando, Draco... Mais uma palavra...
— Rony! — disse Hermione de repente. — Harry!
— Quê? Onde?
Harry inesperadamente dera um mergulho espetacular, que provocou exclamações e vivas da torcida. Hermione se levantou, os dedos cruzados na boca, enquanto Harry voava para o chão como uma bala.
— Você está com sorte, Weasley, Potter com certeza localizou dinheiro no chão! — disse Draco.
– Por que é isso que um apanhador faz... – Sirius respondeu com ironia sabendo que Harry devia ter localizado o pomo.
Rony reagiu. Antes que Draco soubesse o que estava acontecendo, Rony partiu para cima dele e o derrubou no chão.
Neville hesitou, depois pulou o encosto da cadeira para ajudar.
– Isso! – Sirius comemorou e acenou com aprovação para Rony e Neville.
– Eu acho que vocês podiam ter usado as varinhas. – Tiago disse em tom de concordância – Muito mais classe.
– E você já tinha aprendido a azaração da perna presa de qualquer jeito! – Remo concordou alegremente.
— Vamos, Harry! — Hermione gritou, pulando em cima da cadeira para observar Harry se precipitar na direção de Snape, ela nem sequer reparou que Draco e Rony estavam embolados em baixo de sua cadeira, nem nos pés arrastados e gritos que saiam do redemoinho de socos que era Neville, Crabbe e Goyle.
No alto, Snape virou na vassoura bem em tempo de ver uma coisa vermelha passar veloz por ele, deixando de atingi-lo por centímetros, e no segundo seguinte, Harry saia do mergulho, o braço erguido em triunfo, o pomo seguro na mão.
As arquibancadas explodiram, tinha que ser um recorde, ninguém era capaz de lembrar do pomo ter sido agarrado tão depressa.
Tiago bateu palmas para Harry com orgulho.
— Rony! Rony! Cadê você? A partida terminou! Harry ganhou! Nós ganhamos! Grifinória está na frente! — gritava Hermione, dançando da cadeira para o chão e dali para a cadeira e se abraçando com Parvati na fileira da frente.
Harry saltou da vassoura antes de chegar ao solo. Não conseguia acreditar. Agarrara. O jogo terminou, nem chegara a durar cinco minutos. Quando Grifinória invadiu o campo, ele viu Snape pousar ali perto, a cara branca e os lábios contraídos, depois Harry sentiu uma mão no seu ombro, ergueu a cabeça e deparou com o rosto sorridente de Dumbledore.
— Muito bem — disse Dumbledore baixinho, de modo que somente Harry pudesse ouvir. — Que bom ver que você não ficou pensando naquele espelho... Manteve-se ocupado... Excelente...
– E ainda assim ai está o senhor, lembrando ele do espelho. – Lily disse desconfiada.
Snape cuspiu com amargura no chão.
Harry deixou o vestiário sozinho algum tempo depois, para levar sua Nimbus 2000 de volta à garagem.
– Não acho que você devia andar por ai sozinho, quando alguém está tentando te matar. – Gina disse inquieta.
Não se lembrava de ter se sentido mais feliz. Realmente fizera agora uma coisa de que poderia se orgulhar, ninguém poderia mais dizer que ele era apenas um nome famoso. O ar da noite nunca lhe parecera mais gostoso. Caminhou pela grama úmida, revivendo mentalmente a última hora, que era um borrão de felicidade: Grifinória correndo para erguê-lo nos ombros, Rony e Hermione a distância, pulando de alegria, Rony dando vivas com o nariz escorrendo sangue.
Harry chegara à garagem. Recostou-se na porta de madeira e contemplou Hogwarts, com suas janelas avermelhadas pelo sol poente. Grifinória na liderança. Ele conseguira, mostrara a Snape...
E por falar em Snape...
Severo se perguntou por que aquele livro não podia deixa-lo em paz, e se os outros também falariam tanto sobre ele.
Uma figura encapuzada descia rapidamente os degraus de entrada do castelo. Sem dúvida não queria ser vista, andava o mais depressa que podia em direção à floresta proibida. A vitória de Harry se apagou de sua mente enquanto o observava. Reconheceu o andar predador da figura. Snape, escapulindo até a floresta enquanto todos jantavam, que estava acontecendo?
Harry tornou a montar a Nimbus 2000 e levantou voo.
– Ah, Harry, – Lily disse pesarosa – por que não pode deixar de se meter em confusão?
– Se ela está pensando isso no primeiro livro imagine nos próximos. – Rony sussurrou para Hermione.
Planando silenciosamente sobre o castelo, viu Snape entrar na floresta correndo. Seguiu-o.
As árvores eram tão juntas que ele não conseguia ver aonde fora Snape. Voou em círculos cada vez mais baixos, roçando a copa das árvores até que ouviu vozes. Planou em direção a elas e pousou, sem ruído, em uma alta bétula.
Subiu com cuidado em um dos ramos, segurando-se firme na vassoura, tentando espiar por entre as folhas.
Embaixo, na clareira sombria, estava Snape, mas não estava sozinho. Quirrell estava com ele. Harry não conseguiu distinguir a expressão no seu rosto, mas a gagueira estava pior que nunca.
Harry apurou o ouvido para entender o que conversavam.
—... Não sei por que você quis se encontrar logo aqui, Severo...
— Ah, quis manter o encontro sigiloso — disse Snape, a voz gélida. — Afinal os alunos não devem saber sobre a Pedra Filosofal.
Harry se curvou para frente. Quirrell balbuciou alguma coisa.
Snape interrompeu-o.
— Você já descobriu como passar por aquela fera do Hagrid?
– Você está ameaçando outros professores para fazerem seu trabalho sujo? – Sirius perguntou com raiva.
– Tem algo errado nisso. – disse Remo pensativo, de repente.
— M... M... Mas, Severo, eu...
— Você não quer que eu seja seu inimigo, Quirrell — ameaçou Snape, dando um passo em direção a ele.
— N... N... Não sei o que você...
— Você sabe perfeitamente o que quero dizer.
Uma coruja piou alto e Harry quase caiu da árvore. Firmou-se em tempo de ouvir Snape dizer:
—... As suas mágicas de araque. Estou esperando.
— M... Mas eu n... N... Não...
— Muito bem — interrompeu-o Snape. — Vamos ter outra conversinha em breve, quando você tiver tido tempo de pensar nas coisas e decidir com quem está a sua lealdade.
E jogando a capa por cima da cabeça saiu da clareira. Estava quase escuro agora, mas Harry pôde discernir Quirrell, parado muito quieto como se estivesse petrificado.
— Harry, onde é que você esteve? — perguntou Hermione com a voz esganiçada.
— Vencemos! Você venceu! Nós vencemos! — gritou Rony, dando palmadas nas costas de Harry — E deixei o olho de Draco roxo e Neville tentou enfrentar Crabbe e Goyle sozinho!
– Muitas vitórias para a Grifinória. – Sirius disse orgulhoso.
Ainda está desacordado, mas Madame Pomfrey diz que ele vai ficar bom.
– Da próxima vez você sai mais inteiro. – Sirius disse para Neville e recebeu um olhar de reprovação de Alice.
— Isso é que é mostrar a Sonserina! Todos estão esperando você na sala comunal, estamos dando uma festa, Fred e Jorge roubaram uns bolos e outras coisinhas nas cozinhas.
— Deixem isso para lá agora — disse Harry, sem fôlego. — Vamos procurar uma sala vazia, esperem até ouvirem isso...
Ele verificou se Pirraça não estava na sala antes de fechar a porta, depois contou aos amigos o que vira e ouvira.
— Então tínhamos razão, é a Pedra Filosofal e Snape está tentando obrigar Quirrell a ajudá-lo a roubar. Ele perguntou se o outro sabia como passar por Fofo, e falou alguma coisa sobre as magiquinhas de Quirrell. Imagino que haja outras coisas protegendo a pedra além de Fofo, uma porção de feitiços, provavelmente, e Quirrell deve ter feito algum contrafeitiço de que Snape precisa para entrar...
– Isso realmente não faz sentido. – Tiago disse concordando com Remo.
– Snape conhece bem as Artes das Trevas, duvido que Quirrell saiba algum feitiço que Snape não conheça... – Remo disse lendo novamente o que estava escrito no livro.
– Então Severo não precisa de nenhum contrafeitiço de Quirrell. – Lily disse pensativa, – Talvez não estejamos enxergando alguma coisa...
– Mas ainda assim, – Sirius disse – ele perguntou sobre Fofo, ele tentou passar pelo cachorro no dia das bruxas. Coisas demais apontam para ele...
Severo via-se obrigado a concordar com todos. Nada daquilo fazia sentido.
— Você quer dizer que a Pedra só está segura enquanto Quirrell resistir a Snape? — perguntou Hermione alarmada.
— Terça-feira ela terá desaparecido — disse Rony.
– Acabou o capítulo. – Remo disse fechando o livro e pousando-o sobre a mesa de centro.
– Temos muito em que pensar... – Tiago disse mordendo o lábio.
– Mas podemos pensar depois. – Gina disse chamando a atenção de todos. – Agora temos um jogo de xadrez para assistir.
– Vou pegar minhas peças. – Rony disse levantando-se e correndo para o quarto.
– Ele realmente trouxe as peças dele do futuro? – Sirius perguntou a Gina, preocupado.
– Ele carregar o jogo com ele há anos. – Gina disse sorrindo vitoriosa.
Rony voltou do quarto com um tabuleiro de xadrez e suas peças, sentou-se à mesa e esperou por Sirius. Sirius levantou-se do sofá e apontou a varinha para o tabuleiro conjurando suas peças.
Severo que não estava interessado no jogo foi para o quarto enquanto todos os outros se agruparam para assistir a partida.
Quando a rainha de Rony esmagou o rei de Sirius miseravelmente uma hora depois, Gina levantou-se e encarou Remo, maldosa.
– Acho que alguém acaba de perder uma aposta. – Gina disse vitoriosa.
– Mas... – Remo disse ainda sem acreditar.
– Acho que é um bom momento para você fazer uma declaração de amor. – Tiago disse rindo.
Remo passou alguns segundos pensando enquanto andava de um lado para o outro na sala.
– A amizade é um amor que nunca morre! – Remo disse vitorioso – Sirius, eu te amo.
– Tem que concordar que ele se saiu bem. – Rony cochichou para Gina que não sabia o que dizer.
– Também amo você, cara. – Sirius disse dando um abraço em Remo enquanto todos seguiam para o quarto.
Severo já estava dormindo quando os outros entraram no aposento.
– Tem que reconhecer que eles são espertos. – Rony disse algum tempo depois sentado na cama de Hermione com ela, Harry, Gina e Neville.
– Eles percebem as coisas... – Hermione disse satisfeita – espero que eles tenham paciência para ler tudo antes de julgar.
– Sirius não tem muita paciência. – Harry disse pensativo. – Mas meu pai consegue controlá-lo.
– E Lily pelo jeito traz o melhor de Tiago para a superfície. – Hermione disse sorrindo.
– Frank e Remo são mais sensatos. – Gina disse se espreguiçando.
– Minha mãe é um pouco mais estourada, mas acho que não faria nada. – Neville disse bocejando.
Do outro lado do quarto Tiago, Sirius, Remo e Lily discutiam o que tinham acabado de ler.
– Acho que Severo não está tentando roubar a pedra. – Lily disse paciente.
– Tem muitas evidencias apontando para ele. – Sirius respondeu encarando a garota descrente.
– Eu sei, tudo aponta para ele, mas a conversa com Quirrell não faz sentido. – Lily disse bufando.
– Entendo o que Lily quer dizer. – Remo disse com cuidado – Para que Snape precisaria de Quirrell, Snape conhece artes das trevas melhor que qualquer um aqui.
– E o cachorro? – Sirius perguntou não querendo dar a Snape qualquer margem de confiança.
– Também não faz sentido, Sirius. – Tiago falou coçando a cabeça. – Hagrid deve ser o único que sabe como passar pelo cachorro, e provavelmente Dumbledore. Ninguém tentaria tirar a informação de Dumbledore, mas todos sabem que para fazer Hagrid falar basta embebedá-lo!
– É verdade... – Sirius disse pensativo.
– Como vocês sabem que basta embebedar Hagrid? – Lily perguntou chocada.
– Já precisamos fazê-lo falar algumas vezes. – Remo disse dando de ombros.
– Mas isso não vem ao caso. – Tiago interrompeu – Por que Snape iria atrás de Quirrell para descobrir sobre o cachorro? Isso não faz sentido.
– Entendo. – Sirius suspirou.
Frank e Alice conversavam entre si.
– Não consigo entender por que estamos aqui... – Alice disse acariciando os cabelos de Frank que estava deitado em seu colo.
– Neville foi criado pela minha mãe... – Frank disse de olhos fechados – Deve ter algo a ver com isso, talvez o livro diga o porquê dele não morar com a gente, e a gente possa mudar isso.
– Espero que não seja nada demais. – Alice suspirou – Espero que não estejamos mortos...
Na manhã seguinte todos voltaram aos seus lugares depois do café da manhã, um pouco mais familiarizados com seus companheiros de leitura e sua nova rotina. Lily sentou-se aconchegada a Tiago, estava cada vez mais à vontade com a proximidade entre os dois.
Sirius pegou o livro e levantou as sobrancelhas quando leu o nome do próximo capítulo.
– Capítulo XIV – Norberto, o dragão norueguês.
~~ x ~~
Olá leitores mais lindos desse mundo, como já falei, já passei do meio da câmara secreta e devo terminar nesse fim de semana.
Como sempre os comentários de vocês me fizeram feliz.
Clenery Aingremont: Também adoro PdA, foi meu livro favorito por muitos anos, até que saiu o EdP e RdM... Mas ainda tenho uma quedinha por PdA, só por causa do Sirius. Adoro as duas partes que você falou, apesar da minha favorita ser a parte do vira-tempo, por causa dela sou fascinada por fics de volta no tempo e etc. Mega Happy não é tão ruim assim, hehehe, existem expressões piores. Nunca li essa "Hogwarts lê" apesar de já ter cruzado com ela por ai... Não sei como é. E a LULU789 já pegou os links, vi no comentário dela. =)
Guilherme L: Te perdoo por não ter comentado nos outros, hehehe. Também gosto muito de EdP, por algum tempo foi meu livro favorito também, antes de sair RdM, acho que a tranquilidade dele é tipo a calmaria antes da tempestade... Você vai ver em CS que adoro jogar algumas coisas na cara do Snape, haahah, só ver a poção Polissuco, né?
Luiza Snape: Você gosta do Severo, né? Eu nunca gostei muito dele, de verdade, acho que apesar de ele ter tentado cuidar de Harry o tempo todo, ele estava apenas tentando (mal e porcamente) consertar a própria besteira... Mas não julgo quem gosta dele. Esse capítulo, que você escolheu, foi muito exclarecedor, acho que Lily vai entender muitas coisas... Não sei se vou colocar o epílogo, afinal, nem Harry, Rony, Hermione, Gina e Neville não sabem o que acontece no epílogo, não é?
Gi Molly Weasley: Fico feliz que tenha gostado! Só não respondeu minha perguntinha né? Mas tudo bem, hehe.
sempre-potterians2: PdA e RdM são meus livros favoritos! Sou completamente apaixonada por Sirius, e se tem uma pessoa que não podia ter morrido é ele! Apesar de entender que JK precisava matar ele e todos os marotos... Esse extra de RdM me deixou um bocado tocada, afinal, acho que apesar de tudo, Petúnia amava (do jeito torto e errado dela) o Harry. Se não ela não teria ficado com ele por todos esses anos, ela provavelmente teria mandado ele para um orfanato se o odiasse do jeito que dizia... Acho que ela amava muito a irmã, e a inveja acabou obscurecendo esse amor...
Dayane Caracas: Seja bem-vinda! Os marotos para mim sempre representarão a amizade verdadeira. Imagino que em PdA Tiago vá ficar muito decepcionado por ter confiado nas pessoas erradas, mas muito feliz por ter estado certo sobre Sirius o tempo todo... Sirius é o amor da minha vida, hahahah, e acho que muita gente chorou quando ele morreu, eu choro sempre.
LULU789: Que bom que gostou das reações, fico muito contente! Adoro EdP também, acho que as partes do "monstro" do peito de Harry vão deixar algumas pessoas bem constrangidas, hehehe. Que bom que está gostando!
Mary Lilian Potter: Só resolvi postar duas vezes na semana por que estou quase acabando CS. Se não, não teria como, não gosto de deixar ninguém esperando! Amo PdA (acho que já falei isso em umas 4 respostas de comentários). Pelo mesmo motivo que você, amo o Sirius! As suas partes favoritas também são minhas partes favoritas!! Devo começar PdA na próxima semana... Vai ser o melhor livro para mim até agora, pois os marotos vão aparecer bem mais...
Até o próximo capítulo meus queridos, comentem, deixem sua opinião, é o que me faz continuar escrevendo a cada dia... (E você, que está ai lendo e não comenta, por vergonha, ou por preguiça, manda só um OI! demora dois segundos e já me deixa feliz em saber que você está lendo!)
Comentários (14)
Eu acho que ia ser engraçado eles lendo o própio futuro, assim como os pais deles lendo o futuro.
2013-11-21concordo totalmente com oque disse , Petunia sempre amou Lily , do seu proprio jeito , mais amou...gostei do capitulo , principalmente da declaração do Remus , penso rapido ;) kk e já que capitulo passado vc fez uma pergunta pra nós , agr quero te fazer uma pergunta , qual foi o capitulo que mais gostou de escrever ate agora ? e o mais triste ? fora a morte do sirius :'( e outra pergunta , pensa em futuramente trazer mais alguns personagens ?XOXODani
2013-11-21AMEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Que perfect! PRECISO do próximo!
2013-11-21Eu e a minha amiga, Isabel, fizemos uma brincadeira que era escolher um garoto de cada geração (geração marauders, geração Trio de Ouro e a 3ª geração). Na geração marauders ela escolheu o Sirius (e me fuzilou com o olhar quando eu disse que eu também preferia o Sirius). Na geração trio de ouro eu escolhi o Oliver Wood. Sim! Devo ser a única potterhead na face da terra que prefere o jogador de quidditch Oliver Wood do que Draco Malfoy ou os outros lá. Mas eu gosto de personagens secundários! Fazer o que! Eu uso o Oliver na minha fanfic "Laços de Guerra". Ele é um persoangem não muito explorado e... Isso chama a atenção. Gostei dele principalmente depois de ler as fanfics da Iza Ribeiro que era "Colar de Rubi" e uma outra lá que agora esqueci o nome. Da 3ª geração eu acho que é o Teddy.
2013-11-21